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O Bem e o mal a cada dia

N° 159 : “ELE É MEU FILHO…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 15 de Junho de 2014

 – Venha comigo! Eu sou teu pai, eu não te criei para isto…

– Me deixa ir… Eu quero ir, quero melhores estudos, quero uma sociedade melhor, quero meus direitos…

– Ei, cara! Você é meu filho, quem te ama sou eu, e eu pago os seus estudos. Você terá os seus direitos quando estiver trabalhando e ganhando seu próprio dinheiro!, respondeu o pai. 

O garoto tinha saído de casa dizendo à mãe que ia andar de skate; mas o pai foi à sua busca, junto com a mãe, porque disse ter temido por sua integridade. E, puxando pelo braço o filho Renan, o motorista paulistano Osvaldo Baldi, de 50 anos, arrebatou-lhe da multidão. A multidão – um tanto de mascarados na frente – seguia para fazer o que denominara “manifestação”. Tentando impedir o pai de tirar do seu meio o filho, a multidão cercou o menino de 16 anos, gritando em coro “deixa, deixa”. O pai, resoluto, com o apoio da esposa, conseguiu vencer a barreira, tirando Renan dali, exclamando:- Ele é meu filho! E assim, arrancou a máscara que lhe cobria a cabeça, justificando-se (e com razão):- Manifestação debaixo de máscara não é manifestação! 

Deve ter sido uma cena forte, carregada de adrenalina de ambos os lados. Corajoso, esse pai. Pelo menos naquele ato, demonstrou ser homem de iniciativa, de determinação. Não o conheço, não sei da vida dele. Pode até ser que tenha seus defeitos, como pai (assim como eu tive e ainda tenho os meus). Mas, consigo acreditar que ele de fato ama o filho. Vi a cena. Não cabe na minha cabeça que ele estava bancando o artista para as câmeras, enfrentando o que enfrentou. Ao contrário, o que me parece, de verdade, é que ele acredita firmemente na inconsequência quanto a um filho de 16 anos mentir para a mãe quanto às suas intenções, vestir uma máscara preta a cobrir toda a cabeça, e sair junto de um punhado de outros mascarados dispostos a enfrentar até a polícia. A sua exclamação, a justificar o corajoso ato, me ecoa, ainda, aos tímpanos : Ele é meu filho!

Faz-me lembrar uma voz, muitos anos atrás, com declaração parecida – ao menos na primeira parte. Aliás, não foi uma única vez, senão duas. Na primeira ocorrência, o brado celeste foi:  “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mateus 3.17, NVI). A ocasião disto foi o batismo de Jesus, ao início da sua missão terrena. A segunda vez ocorreu pouco mais de dois anos após a primeira. Estava Jesus num monte, e em sua companhia estavam três discípulos. No alto monte, no meio de uma nuvem fulgurante que os envolveu, a mesma voz repetiu as palavras, com um acréscimo – “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.” (Mateus 17.5, BCF). Percebeu o acréscimo? Um verbo e um pronome pessoal do caso oblíquo. OUVI-O.  

Quem bradou do céu? Deus, o Pai! De quem Ele falou, ou a quem se referiu, na forma apontada por esse pronome? Deus, o Filho. Deus, o Pai, o Todo-Poderoso, do céu determinando – Ouvi ao meu Filho!  Se me fosse dado fazer comparações, compararia aquela voz celestial à voz do paulistano Osvaldo Baldi – Ele é o meu Filho. Mas, há uma diferença crucial: Osvaldo, se fosse fazer algum acréscimo, ante os apelos do filho Renan, diria, talvez – Não deis ouvidos a ele, porque é meu filho!  Deus, não. Seu único Filho genuíno e eterno tem dEle – Deus – credencial suprema: Ouvi-O.

Então, como vamos fazer para ouvir Jesus? Porventura tem Ele algum email, lá no céu, onde se encontra? Não, não tem. Bem! Por estes dias, ouvi uma exclamação, de alguém bem mais jovem que eu: Email é coisa do passado, careta!  Entendi! A ‘onda’ agora é a rede social onde todo mundo está plugado. De acordo com as estatísticas do mundo da internet, são simplesmente 1,1 bilhão de usuários com perfil na rede. Que tal procurar o perfil dEle, por lá? Não, não vai achar. Mas há um meio infalível (e até suficiente): Tudo quanto Ele tem a nos dizer, prá tudo que nos seja necessário e útil, de forma a cumprir-se o desiderato divino, está escrito em letras colossais na Escritura Sagrada. Novidade? Não, eu acho que já posso adivinhar, no seu caso – nenhuma novidade!

A novidade, talvez, esteja naquele pequeno complemento da voz no monte: Ouvi-O! Ouvi-O! Ouvi-O! Entendeu? Precisa repetir outra vez? Falta-te ouvi-lo? Carece você de ouvi-lo? Ouvi-lo mais? Com mais frequência? Com ouvido mais dócil? Reverbero uma vez mais, então: Ouvi-O! É o que demanda o Pai celeste. Sabe por que? “Quem ouve a minha palavra, e crê naquEle que me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida ” (João 5.24, ARC). E mais: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida ” (João 6.63, ARA).

Sabe de uma coisa? Se ocorrerem mais manifestações, daqui em diante, me lembrarei do Osvaldo Baldi, com seu gesto heróico, arrancando o filho de onde ele não o queria, como pai – “Ele é meu filho! ”, disse, com todo direito. Mas, em seguida, me lembrarei também, imediatamente, daquEle que, de lá do céu, bradou amorosa e condescendentemente: ‘Ele é meu Filho! Escutem o que Ele tem a dizer!’ É o que pouca gente quer fazer; é o que todo mundo deveria fazer; é o que eu te convido a fazer!… Afinal, foi um insondável sortimento da graça divina que O fez enviá-lO a nós, e proporcionar-nos as únicas palavras de vida eterna e de graça que valem a pena ser ouvidas. Disse o Osvaldo, junto ao Renan: Ele é meu filho! [Mas, não o ouçam], deduzo, em acréscimo. Disse Deus, junto a Jesus: Ele é meu Filho! Ouçam-no, para o próprio bem de vocês!   

Para terminar, o hino de um compositor norueguês, que se radicou em solo norte-americano. Pastor, compôs milhares de hinos, coros e produções poéticas cristãs. Uma característica da letra original deste hino, em língua inglesa, é a forte compulsão de textos bíblicos em sua poesia. Trata-se de uma evidência de quão impressiva foi a ordem divina – A Ele ouvi ! – na consciência deste compositor sacro. Segundo testemunho do próprio autor, era ele já casado, servindo ao Senhor na pregação, quando resolveu colocar seus dons musicais também a serviço do Mestre. Todos os seus parcos recursos eram investidos na subsistência do lar simples. “Foi num pequeno órgão a pedal, arrematado num bota-fora por cinco dólares, onde comecei minhas composições. Este hino surgiu exatamente naquele período de grandes dificuldades”.

Wonderful Grace of Jesus (1919)
Maravilhosa Graça [de Jesus]
Haldor Lillenas (1885-1959)

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 158 : “ÚLTIMA MILHA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 08 de Junho de 2014

“Quando voltei a esta cidade, depois do tempo que passei nos Estados Unidos em meus estudos, eu não tinha idéia do que Deus tinha reservado para mim. Na minha cabeça, os planos haviam sido construídos numa direção, mas Deus os construíra noutra direção. O empreendimento que pensara assumir, não assumi. A igreja que eu não pensara assumir, assumi. Eu me perguntava – para que, Senhor? E hoje, depois do tempo já passado à frente desta querida igreja, estando aqui a inaugurar esta obra, este templo,  posso dizer que já não tenho mais planos próprios. Cumpri o propósito de Deus. Posso dizer como o apóstolo Paulo: ‘Combati o bom combate; completei a carreira, guardei a fé!’ Se Deus quiser me chamar para Si, estou pronto!”. Talvez não com as mesmas e precisas palavras, são estas que, pela minha memória, vêm à tona, quando me lembro daquele culto de consagração do novo tempo da então Terceira Igreja Presbiteriana em Governador Valadares; no evento, passava a denominar-se Igreja Presbiteriana Memorial, em meados da década de Setenta. Na ocasião, corista que eu era, participei daquele culto junto com o coral. Poucos meses depois, em 1977, estava de volta àquele templo, para a cerimônia fúnebre do autor das palavras – Rev. Silas Crespo Rosa; dele, e de sua esposa, Almeny Marques Crespo. De fato, no ato subseqüente do plano soberano de Deus, haviam eles chegado ao fim da jornada, à “última milha da jornada”. A lembrança quase me faz pensar que ele anteviu o ato de Deus.

Amanhã, para alguns que estão envolvidos em certo empreendimento da educação teológica mineira, será dia muito especial também. Depois de dezoito anos de lançamento da “pedra fundamental”, depois de dezesseis anos de início de trabalhos de edificação civil, inaugura-se o campus da instituição de ensino superior em que milito. Foi um longo trajeto. Agora, fim da jornada, por assim dizer! De certo modo, para certas mãos, em certo aspecto, combate combatido, carreira completada. O que vem pela frente, pela multiforme sabedoria de Deus (Efésios 3.10)? Qual a nova jornada? Quantas milhas mais? Só Deus sabe…

E é assim mesmo: começamos um empreendimento aqui, seguimos adiante… Alguns completamos; outros, não. Quando os completamos, regozijamo-nos (e com razão). Depois, vem a pergunta – e agora? Qual o próximo passo? Não raras vezes, é possível que o outro empreendimento já esteja diante dos olhos. Alguns instrutores de administração dizem que liderar, administrar é como jogar bem o xadrez – move-se uma peça já calculando as próximas jogadas, sob a presunção das próximas jogadas do adversário. Assim o empreendedor. Termina um empreendimento, já tendo planejado o seguinte.  Nem sempre, digo eu… No entanto, uma coisa é certa: ninguém, ninguém mesmo, pode ter afiançada a ‘próxima jogada’. O dono do tempo e dos dias de cada um diz: As coisas que estão encobertas aos nossos olhos, pertencem exclusivamente ao Senhor, o nosso Deus; entretanto, as coisas patentes aos nossos olhos, porquanto reveladas, pertencem a nós e aos nossos filhos, todos os dias, a fim de que a obediência às palavras da lei de Deus seja por nós cumprida (Deuteronônio 29.29, em tradução livre e parafraseada minha). Assim é o dia de amanhã, assim são os nossos planos para empreendimentos.

Chega, porém, o dia em que o dono do tempo e dos nossos dias diz, em veredicto infalível: “Fim de jornada, última milha!”. Nessa hora é que faz bem a atitude semelhante à daquele ministro de Deus – “Estou pronto, para a hora que Deus quiser…”. O fim da jornada chega a todos… A última milha é inevitável!

Certo rei de Israel recebeu de Deus um aviso e uma ordem: “Põe  em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás! (II Reis 20.1, ARA). Em outras palavras: Fim de linha, Ezequias; última milha! Põe em ordem a tua casa. Ocorre a todo mundo. Talvez, hoje, enquanto você consegue ler aqui estas linhas rotas, Deus também esteja, por vias indiretas, a te dizer – põe em ordem a tua casa, pois o fim da jornada está perto, última milha à vista! Nessa hora, que valerá a expectativa do novo empreendimento? É a última milha, meu caro… Não estou dizendo que devemos abandonar todos os planos, todo o planejamento quanto ao futuro, e viver somente o que traz o dia de hoje. Não precisa disto. Antes, estou dizendo que cada milha precisa ser vivida sob a consciência de que pode ser a última. Precisa ser vivida diante da consciência de que pode chegar o dono da existência e dizer – fim de linha, última milha; é hora de por em ordem a tua casa, os teus empreendimentos, a tua vida. Até porque, há empreendimentos que podem ser subitamente tirados de nossas mãos, caso chegue o fim da jornada. Eis o que lembra o Mestre dos mestres: Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? (Lucas 12:2, NVI). Não será, no meio de tal conjuntura, inteiramente oportuno o conselho dado a Ezequias: Põe em ordem a tua casa? Por extensão, põe em ordem os teus negócios, põe em ordem os teus planos e empreendimentos, põe em ordem a tua vida?  

Aquele nobre pastor terminou, à frente de sua igreja, um notável empreendimento. Sem saber o futuro, disse uma verdade que Deus cumpriu – estou pronto para ir, na hora que Deus quiser… É assim que se portam aqueles que planejam ou assumem empreendimentos que podem demandar muitas milhas; mas, que vivem cada milha como se fosse a última. Nas fotos vemos companheiros que estavam ao nosso lado, em nosso empreendimento, começado dezoito anos atrás. Olhamos para eles com saudades, mas eles não estão mais entre nós. Poderia ter sido o que escreve as linhas tortas de aqui… Não seguiu este entre aqueles, que palmilharam sua última milha. No entanto, quem sabe, está ela próxima dos que, amanhã, hão de celebrar o advento? Ou, quem sabe, está a última milha da jornada bem na frente de quem, aqui ou alhures, esteja lendo as palavras que aqui vão findando? Põe em ordem o teu caminho, a tua vida, teu coração diante de Deus! A última milha está a caminho!…

Finalizo com mensagem cantada, de um compositor que deixou cerca de duas mil composições. Entre elas, uma que se faz presente na maioria dos hinários sacros brasileiros – Conta as Bênçãos, Dize Quantas São. Nesta, que hoje reproduzo na voz de James Lee S., tinha o autor a mesma sensação que teve Silas Crespo Rosa, que teve o rei Ezequias, quando Deus lhe advertiu. No entanto, viveu ainda quatorze anos, um a menos do que ainda durou a última milha de Ezequias.  Abaixo da letra, que é acompanhada de nossa singela ajuda com tradução, segue o nosso reprodutor de áudio online, para ouvir…  

THE LAST MILE OF THE WAY (1908)
A ÚLTIMA MILHA DA JORNADA
Johnson Oatman, Jr. (1856-1922)

If I walk in the pathway of duty,
Se eu andar na trajetória que me for exigida,
If I work till the close of the day,
Se eu trabalhar até findar o dia, 
I shall see the great King in His beauty,
Eu verei o grande Rei em sua pompa, 
When I’ve gone the last mile of the way.
Quando tiver trilhado a última milha da jornada.

When I’ve gone the last mile of the way,
Quando tiver trilhado a última milha da jornada. 
Lord, I’m gonna to rest at the close of the day;
Senhor, descansarei ao findar o dia; 
And I know there are joys that await me,
E eu sei que há delícias a esperar-me,
When I’ve gone the last mile of the way.
Quando tiver trilhado a última milha da jornada.

If of my blessed Lord I proclaim the glad story,
Se do meu bendito Senhor eu proclamar a bela história,
When I’ve tried my best to seek His sheep that are gone astray,
Quando eu tiver empregado o melhor de mim para buscar suas ovelhas perdidas, 
Lord, I am sure that you’ll show me your glory (Yes, Amen!),
Senhor, estou certo de que mostrar-me-ás tua glória (Sim, Amem!)
When I’ve gone the last mile of the way.
Quando tiver trilhado a última milha da jornada.

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 157 : “ENCHIRIDION”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 01 de Junho de 2014

 

Enchiridion! Sabe que palavra é esta? Ah! Antes de dizer, deixe-me dizer outra coisa: Sou ‘amante’ de genealogias. Não só de pessoas; também de palavras. Não sou um ‘linguista’, mas confesso minha fascinação por descobrir o rastreamento linguístico de certos vocábulos. Como nos advêm do latim, do grego, ou do grego através do latim, e assim por diante… Sabe, né? Coisas de gente que não tem o que fazer, e fica procurando como encher o tempo vazio! Aliás, minha curiosidade chegou ao ponto de, certa vez, pedir a um eminente colega, que estudava no curso de Letras de certa universidade federal, que me ajudasse a adquirir um dicionário etimológico greco-latino: um que ajudasse a identificar a origem grega das palavras latinas que chegam ao nosso vernáculo. É o caso da palavra acima. Pelo latim, nos adveio do grego. Literalmente, significa “o que cabe na mão”, mas sua tradução corrente é “manual”. Como nome próprio, designou obras importantes. Como a de Erasmo de Roterdam (1466-1536), por exemplo.

Erasmo foi um sábio holandês, que atendeu votos de vida monástica entre os católicos agostinianos. Estudou em Roterdam, Paris, Londres, Veneza e Basiléia. Também ensinou nalguns destes lugares, incluindo a prestigiada Universidade de Cambridge. OEnchiridion de Erasmo surgiu para ser um manual. Na verdade, seu nome completo era Enchiridion militis Christiani (“Manual do Soldado Cristão”), publicado um ano após a descoberta do Brasil, por Cabral; dezesseis anos antes do ato de Lutero, que deflagrou a Reforma religiosa. Foi, na verdade, uma ‘encomenda’: a esposa de um soldado francês, este amigo de um amigo seu, rendeu seu coração à piedade de Cristo, mas envergonhava-se do procedimento, às vezes nada honrado, de seu esposo. Atendendo ao pedido do seu amigo, Erasmo escreveu esse manual como um desafio a cristãos, para que conformem sua vida ao padrão de Cristo. Dele, extraio uma pequena citação: “Vocês ficam mudos e maravilhados pela hipótese de terem nas mãos uma túnica ou um sudário que supõem ter sido de Jesus Cristo, mas ficam sonolentos ao terem nas mãos, para ler, a própria palavra de Cristo? Acreditam ser importante abrigar uma lasca do madeiro da cruz em casa, mas não valorizam tanto carregar no peito o próprio mistério da cruz de Cristo!”

Erasmo denunciou, com esta palavra, a forma de religião (de cristianismo, no caso particular) dependente de sensações. Há muito disso ainda hoje. Antes que eu prossiga, preciso dizer que não condeno o lenitivo de certas sensações, em religião. Não há como negar que sensações são parte inseparável da verdadeira fé, e não apenas o elemento racional. Mas, sensações que são nutridas como se fossem respiradores artificiais para a religião são nocivas. Na medicina, estes últimos são um recurso extremo, para manter respirando um organismo que não consegue fazê-lo de maneira autônoma; portanto, são de uso temporário – dura até que a autonomia se restabeleça. Na vida cristã, sensações cultivadas como o uso de respiradores artificiais são sempre nefastas. Sensações adquiridas pelos olhos, sensações adquiridas pelos ouvidos, sensações adquiridas pelo tato, e até pelo olfato, criam uma dependência tal que ‘anestesia’ a pessoa para o cultivo da verdadeira fé, quando elas se ausentam.

Vê-se isto não apenas nos pedaços de matéria física como os que Erasmo questionou, mas também na produção artificial de ambientes, de ‘atmosferas’ (o clima de evento), de sonoridades, de representações cênicas, não importando de que coloração religiosa sejam, mesmo no cristianismo, de qualquer matiz. O mentor da religião cristã asseverou que a expectativa de Deus, Criador, Provedor e Redentor, é que qualquer forma de adoração a ele dirigida seja de um só padrão. Certa mulher samaritana disse a ele: “Nossos pais adoraram neste monte, mas vós [isto é, judeus] dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar.” (João 4:20, BCF). Ela se referia à tradição de seus antepassados, que reivindicavam uma única maneira – num monte – como aceitável a Deus, na adoração a Ele. Mas Jesus lhe acudiu a visão distorcida, respondendo: “Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte, nem em Jerusalém. Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade; e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade.” (João 4:21-24, BCF).

“Em espírito e em verdade”! Isto não afasta o sensorial, mas não é, essencialmente, sensorial. É, com o disse Erasmo, carregar no peito o próprio mistério da cruz. É preciso compreendê-lo minimamente, mesmo que sua dimensão mais exata esteja acima da nossa compreensão, como está. Quando vamos a uma igreja, o que lá nos atrai? O frenético movimentar de corpos, em meio ao estímulo de certa música que subliminarmente arrebata com seu ritmo (ainda que tenha uma mensagem cuja procedência bíblica possa ser identificada), ou a face e a comunhão daquEle que, por entre os simbólicos candeeiros de ouro, se apresenta com cabelos brancos como a alva lã, cujos olhos são como chama de fogo, cujos pés são como bronze, e cuja voz como a de uma multidão de águas? (Apocalipse 1.12-16). A temperatura que, de modo efêmero, emana do ajuntar-se de outras vidas (o que é até bom), mesmo de um programa que, confeccionado para erigir excitações, dissipa os seus fugazes efeitos tão logo se dissipa o ajuntamento, ou a alta temperatura que se produz à semelhança do que declararam os caminhantes de Emaús: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24.32, ACRF).  Deus mesmo, por intermédio do profeta, preveniu que mesmo procedimentos cerimoniais que Ele mesmo havia prescrito, cujo teor “em espírito e em verdade” se havia perdido, se tornaram, ante Ele, motivos de aborrecimento e canseira: “As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.” (Isaias 1.14, ARA). Ritos e expressões externas não lhE bastam: “em espírito e em verdade” implica numa religião de essência, movida pelo teor da Palavra de Deus (e tão somente por ela), conduzida pelo Espírito de Deus (e, tão somente por Ele).

Infelizmente, o diagnóstico de 2.600 anos atrás, ratificado nos dias de Jesus, continua largamente válido ainda hoje: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’” (Mateus 15:7-9, NVI).

Se alguém quer ser adorador do Deus verdadeiro, prestar a Ele culto em espírito e em verdade, precisa reavaliar, continuamente, se está produzindo, diante de Deus, meros lampejos de sensações, de artifícios enganosos, de nutrientes hedonistas, isto é, que primam pela auto-satisfação, ou verdadeira religião, verdadeira adoração, em espírito e em verdade. A primeira forma, como há 2.600 anos, só leva a Deus canseira e aborrecimento; em nada difere da idolatria explícita. A segunda O deleita! O enchiridion, para tal, continua sendo, como sempre o será, a Palavra de Deus! Inovações que não provêm da prescrição divina podem agradar à carência humana de sensações; não, a Deus!

Prá finalizar, deixo um hino de Cleland McAfee. Trata-se de uma composição surgida logo depois da perda trágica de duas sobrinhas, acometidas de difteria. O próprio autor cantou o hino, pela primeira vez, em noite a céu aberto, ante sua casa, isolada pela prática de quarentena. O hino se tornou uma espécie de consolo para toda a família, mas também um ode à plenitude da comunhão verdadeira com Deus.

 

NEAR TO THE HEART OF GOD (1903)
Junto ao Coração de Deus
Cleland Boyd McAfee (1866-1944)

There is a place of quiet rest,
Há um lugar de sereno descanso
Near to the heart of God,
Junto ao coração de Deus
A place where sin cannot molest,
Lugar onde o pecado não pode molestar
Near to the heart of God.
Junto ao coração de Deus.

O Jesus, blest Redeemer,
Oh Jesus, mui bendito Redentor,
Sent from the heart of God,
Enviado do coração de Deus
Hold us, who wait before Thee,
Sustenta-nos, a nós que em Ti esperamos,
Near to the heart of God.
Junto ao coração de Deus.

There is a place of comfort sweet,
Há um lugar de doce conforto,
Near to the heart of God,
Junto ao coração de Deus,
A place where we our Savior meet,
Lugar onde com nosso Salvador nos encontramos,
Near to the heart of God.
Junto ao coração de Deus.

There is a place of full release,
Há um lugar de pleno alívio,
Near to the heart of God,
Junto ao coração de Deus,
A place where all is joy and peace,
Lugar onde tudo é alegria e paz,
Near to the heart of God.
Junto ao coração de Deus.

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 156 : “MURMÚRIOS DA TERRA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 25 de Maio de 2014

Sabe onde foi parar o disco mais eclético do planeta? A propósito: eclético, por que? Porque, além de mensagens de voz, une gravações tais como a Quinta Sinfonia, de Beethoven, o primeiro movimento do Concerto Bradenburgo, de Bach, ou mesmo execuções de rock, tais como uma peça na frenética guitarra de Chuck Berry (1926…). Sim: sabe onde foi parar essa raridade, que ninguém adquiriu no planeta, para sua coleção? Na verdade, não é apenas um disco, mas mais de um. Bem, a esta altura dos tempos, estão simplesmente a mais de dezenove bilhões de quilômetros de seu ponto de partida. Mais precisamente, no interior da sonda Voyager 1, da NASA, já fora dos limites do nosso sistema solar, como se fora um presentinho ao primeiro ser extraterrestre que encontrar. A Voyager foi lançada ao espaço em 1977. E, deve continuar viajando por mais uns 15 anos, supõe-se. Os ‘discos’ de que estou falando constituem o famoso Golden Record, inspirado pelo astrônomo Carl Sagan (1934-1996). Além das gravações musicais, há fotos e diversas mensagens, em 55 idiomas terreais (até em Português). Muitas delas foram publicadas na obra de Sagan – Murmúrios da Terra (Murmurs of the Earth).

Algumas dessas mensagens são solenes, como a do então secretário-geral da ONU, Kurt Waldheim (1918-2007): “Eu lhes saúdo em nome do povo de nosso planeta. Estamos pisando fora de nosso sistema solar, adentrando o universo, em busca apenas de paz e amizade, para ensinar, se nos for solicitado, ou para aprender, se nos for concedido”. Mas, há outras parecendo bastante pueris: “Amigos do espaço, como estão vocês? Já se alimentaram, hoje? Venham e nos visitem, se tiverem um tempinho!”. Só que estão lá, no Golden Record, discos feitos em cobre e recobertos de ouro. É verdade mesmo. Quem sabe, quando uma das sondas Voyager atingisse um planeta com uma civilização distante e evoluída, teríamos nós, enfim, entrado em contato com os seres extraterrestres que deram origem à civilização humana… Não seria estupendo? Seria como se encontrássemos ancestrais distantes muito famosos. Já imaginou, uma nova descoberta da investigação do espaço, desbancando a expectativa de que, dentro em pouco, nossos destemidos astronautas estariam frente a frente com os marcianos? Seria fantástico!

Pergunto eu: até onde vai a presunção humana? Até onde vai essa sensação de que está ao alcance do homem investigar e descobrir fatos e lugares, por exemplo, do nosso espaço interestelar, simplesmente ignorando o que Deus mesmo tem dito sobre estes fatos e lugares? Até onde pode chegar a presunção humana de fazer o papel de Deus? De colocar-se no lugar de Deus? Quando a ocorrência do dilúvio universal, aquele, dos dias de Gênesis, trouxe Noé e sua família de volta à terra firme, bastou passar certo tempo de gerações de sua prole para ouvir-se a conclamação: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.” (Gênesis 11.4, ARA). Que aspiração: tornemos célebre o nosso nome… elevemo-nos até o céu… Presunção mais presunção… Jactância soberba de quem mal mal consegue subir uns metros – chegar até o céu!

Quando Jesus Cristo confrontou a arrogância das cidades de Israel, que deveriam ter tido a humildade de acolher o Filho de Deus, manifesto em sua humildade, chegou a imprecar contra uma das cidades – berço de sua criação como homem na terra: “E tu, Cafarnaum: serás levantada até o céu? Até o inferno, serás abatida…” (Lucas 10.15, ARC). Na advertência contra a arrogância e a presunção de certo reino, fala o profeta em nome de Deus: “Sua soberba foi lançada na sepultura, junto com o som das suas liras; sua cama é de larvas, sua coberta, de vermes. Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você que dizia no seu coração: ‘Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo’. Mas às profundezas do Sheol [inferno] você será levado, irá ao fundo do abismo! Os que olham para você admiram-se da sua situação, e a seu respeito ponderam: ‘É esse o homem que fazia tremer a terra e abalava os reinos, e fez do mundo um deserto, conquistou cidades e não deixou que os seus prisioneiros voltassem para casa? ” (Isaias 14.11-17, NVI).

Nota-se que a presunção humana vem de longa data. Não é só no ambiente da NASA, onde se tenta, há mais de vinte e cinco anos, descobrir pelo espaço sideral origens humanas, já tão claramente conhecidas pela Bíblia. Também em várias outras áreas da existência. O ser humano é presunçoso por natureza. Por isto tem tanta objeção em reconhecer a Deus a glória que a Ele pertence, e prestar-lhE a glória que lhE é devida.

Presunção é um veneno mortal que circula pelo sangue humano. A Bíblia denuncia que seria marca saliente da humanidade, nos tempos em que estamos vivendo: Romanos 1.30 e II Timóteo 3.2. Querer alcançar o espaço e os planetas, sob a suposição de que ali estariam os genitores dos habitantes deste planeta em que vivemos, dando conhecer a eles a nossa música, os sons e imagens das nossas culturas variadas, as mensagens de saudação, paz e boa-vontade, supondo-lhes ancestrais da nossa existência é, não apenas funda ignorância travestida de inteligência; é grosseira presunção, travestida de curiosidade científica. Assim somos nós, no geral. Por tal razão, a Palavra de Deus chega a classificar o homem de indesculpável: “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos…” (Romanos 1:20-22, BCF).  

Não sou contra a investigação dos fatos e da verdade, a investigação científica. Pelo contrário, até. Mas, sou contra o elevado gasto de bilhões em dinheiro e riquezas da humanidade para a obstinada busca de respostas inalcançáveis por vias tão dispendiosas. Essas, podem ser obtidas com poucos recursos financeiros, em boas promoções, na aquisição do “velho livro da capa preta”; prá quem já o tem, fica, sem embargo, de graça.  Muito melhor, muito mais sensato é o homem recolher-se em sua insignificância, comparada à magnitude divina; é reconhecer como confiável e suficiente a revelação divina sobre si mesmo; é identificar os seus limites, os limites da sua investigação; é tributar louvor a Deus pelas fantásticas descobertas que, longe de desmentir o conhecimento que provém de Deus, o confirmam. E, por fim, policiar seu coração e sua mente presunçosos. “Pois, quem é que te faz sobressair? E, que tens tu, que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (I Coríntios 4.7, ARA).

Carl Sagan compilou as pretensas mensagens, em 55 idiomas, aos "extraterrestres", em "Murmúrios da Terra". Mas a terra não murmura: ela proclama, em alto e bom som, seu Criador. Assim proclamam também os astros, e todo o universo! 

Prá finalizar, que tal uma mensagem musical pertinente? Gary Smith executa, ao piano. A letra, numa de suas traduções, segue abaixo…

How Great Thou Art (1886)
Quão Grande És Tu
Carl Boberg (1859-1940), com melodia sueca tradicional

Senhor meu Deus, quando eu, maravilhado, Contemplo a Tua imensa criação,
A terra e o mar e o céu todo estrelado, me vêm falar da Tua perfeição.
Então minha alma canta a Ti, Senhor: Grandioso és Tu! Grandioso és Tu
Então minha alma canta a Ti, Senhor: Grandioso és Tu! Grandioso és Tu!
Quando as estrelas, tão de mim distantes, vejo a brilhar com vívido esplendor,
Relembro, ó Deus, as glórias cintilantes, que meu Jesus deixou, por seu amor.
Olho as florestas murmurando ao vento, e ao ver que Tu plantaste cada pé,
Recordo a cruz, o lenho tão cruento, e no Teu Filho afirmo a minha fé.
E quando Cristo, o amado meu, voltando, vier dos céus o povo Seu buscar,
No lar eterno quero, jubilando, a Tua santa face contemplar.

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses


Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 155 : “SEM VOLTA!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 18 de Maio de 2014

Em meados da década de sessenta, entramos naquele ônibus da São Geraldo para seguir viagem pela Rio-Bahia. No trajeto, começamos a escutar um som de música… Donde vinha? Os ônibus daquela época não eram como hoje: em alguns, basta enfiar um pluguezinho num orifício no braço da poltrona, e pode-se escolher o som. Alguém, ali dentro, portava uma caixinha envolta em capa de couro, cheia de orifícios, com antena telescópica e cerca de quatro botões: era um radinho de pilha, transistorizado. Que grande novidade! Eu, na minha idade de então, de rádio só tinha conhecimento daqueles de válvula, como o estupendo Hotpoint lá de casa. Me encantava vendo os filamentos das válvulas enrubescerem, através do orifício do painel; demorava ‘eternos segundos’, para esquentarem-se todas as válvulas,  até que se ouvisse algum som pelo alto-falante. E, então, em minha viagem, algum passageiro de vanguarda surgia com um radinho, transistorizado, movido a pilha. Era, para a época, uma novidade tão fantástica quanto o é, hoje, um equipamento de bolso que permite alguém comunicar-se com outra pessoa, em outro continente, com som e imagem online. 

Mas, que som vinha daquele radinho, que ficou na minha memória? Uma voz, semi-rouca mas agradável, com um tom meio sertanejo, cantando: “Prepare o seu coração, para as coisas que eu vou contar: eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão, e posso não lhe agradar…”. Aquela voz alegre e descontraída marcou boa parte do público brasileiro por décadas, até que silenciou, neste mês de maio: atendia pelo nome de Jair Rodrigues, embora com “Oliveira” de sobrenome final. No dia de seu sepultamento, os filhos estavam muito emocionados. A nora disse que as suas próprias filhas, netas de Jair Rodrigues, perguntavam repetidamente :

– Onde está o vovô?
– Ele morreu – disseram…
– E prá onde ele foi?
– Pro céu !
– Mas ele vai voltar?
– Infelizmente, não – foi a única resposta possível.  

A resposta de Thania Khalil às netas de Jair Rodrigues estava completamente (embora tristemente) certa. Aliás, coincidente com o que diz a Palavra do Criador do Universo. Valho-me da tradução do Padre Antonio Figueiredo para repetir: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo, assim Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não porém em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam” (Hebreus 9.27,28, BCF). Notou? Não tem essa história de sugerir que, depois da morte, haja alguma forma de voltar a este mundo. Morreu? O próximo evento é o encontro com Deus, perante o Seu tribunal, no dia do Juízo. Por isto, o apóstolo que escreveu a epístola aos Hebreus procura consolar os que pensam aleatoriamente no assunto (ou mesmo os que pensam com mais gravidade, ante o quadro que o enseja); aponta a esperança de salvação aos que esperam pelo Filho de Deus, crendo nele.

Quando o filho do rei Davi morreu, ainda tão pequenino, o pai, mesmo em profunda tristeza, declarou aos seus servos a mais vívida e crua realidade do fato: “Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o SENHOR se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.” (II Samuel 12.22,23, ARA). “Eu irei a ela, mas ela não tornará a mim”, disse Davi, acertadamente. O homem que ficou marcado, na história bíblica, pela dura prova que sofreu – Jó – sabia que o curso natural da existência é, de fato, unidirecional, e não bidirecional: “Já estariam no fim os meus poucos dias? Afasta-te de mim, para que eu tenha um instante de alegria,  antes que eu vá para o lugar do qual não há retorno, para a terra de sombras e densas trevas, para a terra tenebrosa como a noite, terra de trevas e de caos, onde até mesmo a luz é trevas"  (Jó 10.20-22, NVI). Você pode constatar na própria Escritura: à parte dos fatos que constituem exceção, quando uma ou outra ressurreição temporária aconteceu, não há espaço no ensino da Escritura para retorno. Os que ressurgiram, morreram de novo, e não retornaram. Foram casos específicos, para ocasiões específicas.

Em decorrência deste fato inevitável, peculiar à existência humana, é de suma importância atentar às palavras que o Autor da vida e da redenção utiliza, em tom de inolvidável advertência: “Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.” (João 12:35-36, ACRF).

De fato, podemos nos solidarizar com a família do Jair Rodrigues, nesse sentimento tão próprio da natureza humana. As netas dele vão crescer e a lembrança permanecerá, por meio de fotos, vídeos, gravações em áudio. A pessoa não estará mais aqui. E é o que acontece com todos os demais de nós. Tem volta? Prá cá, não. Esta convivência que aqui se desfruta é interrompida, em caráter permanente, quando chega o último suspiro. Mas, dizer que esse suspiro é “último” não faz plena justiça aos fatos. O corpo ressuscitará; o fôlego de vida se restaurará. Poderá ser diferente, nas propriedades físico-químicas, em alguma medida (certamente será). Mas, embora não haja volta prá cá, há avanço para a eternidade. Para os que têm assegurada a eternidade com Deus, por meio unicamente de Cristo Jesus, a expectativa é esperançosa, porque haverá reencontro no céu. Para os que não têm o céu assegurado, haverá eternidade, sim, mas a expectativa não é nada boa! O caminho, é de fato, sem volta!

Infelizmente ou felizmente, depende do ponto de vista, há notícias que podem não agradar (como a última, imediatamente acima). Por conseguinte, vou atrever-me a parafrasear o próprio Jair Rodrigues, em “Disparada”:Prepare o seu coração, para as coisas que eu vou contar: eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão, e posso não lhe agradar… Pois, já contei… Dizer o que acabo de repetir, e que vem da parte do próprio Deus, pode não agradar; mas, não é menos verdade por isto! Estimo que o seu coração já esteja preparado!

Nossa mensagem musical de hoje decorreu de uma “encomenda” de alguém que, em dado momento e sob grave enfermidade, se viu prestes a tomar o caminho sem volta.  Dwight Lyman Moody (1837-1899) era um dos que havia sofrido muito com o grande incêndio de Chicago de 1872. Sob sua “encomenda”, o nosso autor de hoje compôs "Manso e Suave, eis Jesus nos chamando". Um ano antes, já havia o grande evangelista sido grandemente impactado com a poesia hoje cantada. Para o autor, todo dia era dia de expectativa do encontro. A interpretação é do grupo Joe Parks Singers. 

LEAD ME GENTLY HOME, FATHER (1879)
GUIA-ME TERNAMENTE PRÁ CASA, PAI
Will Lamartine Thompson (1847-1909)

Lead me gently home, Father, lead me gently home, Father !
Leva-me ternamente prá casa, Pai, leva-me ternamente prá casa, Pai! 

Lest I fall upon Your wayside, lead me gently home!
Para que eu não caia andando ao teu lado, Pai, leva-me ternamente prá casa!

1. Lead me gently home, Father, lead me gently home!
Leva-me ternamente prá casa, Pai, leva-me ternamente prá casa!
When life's toils are ended, and parting days have come,
Quando as labutas da vida terminarem, e os dias da partida chegarem,
Sin no more shall tempt me, ne'er from You  I'll roam,

Pecado já não mais tentar-me-á, nunca me apartarei de Ti
If You'll only lead me, Father, lead me gently home.

Se apenas me conduzires, Pai, leva-me ternamente prá casa.

2.Lead me gently home, Father, lead me gently home !
Leva-me ternamente prá casa, Pai, leva-me ternamente prá casa!
In temptations hour, Father, when sore trials come…
Na hora das tentações, Pai, quando duras provações chegarem… 
Oh! Be near to keep me, take me as Your own
Oh! Sê perto para gaurdar-me, toma-me como um dos teus 
For I cannot live without You, leave me gently home!

Pois eu não posso viver sem Ti, leva-me ternamente prá casa! 

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 154 : “AMOR INIGUALÁVEL”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 11 de Maio de 2014

Não pergunto ‘por que’, mas ‘para que’… Qual o propósito de Deus nisto tudo”… Esta foi uma das frases de uma mãe, diante do quadro do seu filho. Outra, foi: “Não desistam, lutem com toda força mesmo que te digam o contrário. Coloquem seus filhos na mão de Deus que ele ampara ”. Quem disse foi Rosana Polisel, empresária paulista, mãe de Tomás (29), Maíra (28) e Vítor (27). O filho mais velho há muito vinha sendo amante de esportes radicais. Já efetuou dezenas de saltos de pára-quedas no Brasil. Em 26 de Outubro de 2012, de férias nos Estados Unidos, Tomás, resolveu fazer, por lá, um salto de pára-quedas; estava em Phoenix, no Arizona. Da empresa onde trabalhava como analista de sistemas tinha ganho, como prêmio, um carro. Nem chegou a tomar posse do prêmio. Seu salto, o primeiro (e único) fora do Brasil, deu errado. O pára-quedas principal não se abriu. Paraquedistas relatam a estatística de que um em cada 6.500 saltos resulta neste dramático imprevisto. Mas, há o pára-quedas reserva, de emergência. As chances estatísticas de um pára-quedas reserva falhar, depois de o principal já ter falhado, são extremamente raras.

Entretanto, no caso do Tomás, a raridade aconteceu. Falhou o principal, falhou também o reserva, logo em seguida. Este último enroscou-se no principal semi-aberto, causando uma queda praticamente livre: morte certa. Ocorre que Tomás não morreu. Os socorristas que o resgataram no deserto de Phoenix ficaram impressionados. “Era prá ter tido todos os ossos triturados”, disseram eles. Tomás foi levado inconsciente ao hospital. Rosana, sua mãe, viajou rapidamente do Brasil para lá. Ao chegar, os médicos já tinham um documento para doação de órgãos para ela assinar. “Seu filho gostaria de viver como um vegetal, ou gostaria que fossem desligados os aparelhos que o mantêm vivo? ” – perguntaram-lhe. Rosana questionou se ele já tinha morte cerebral, e os médicos não a confirmaram. Então, ela declarou que sua vontade é que lutassem como todos os meios para que seu filho vivesse. “Deus me deu meu filho e eu não assinei nenhum contrato dizendo que só iria ter ele comigo enquanto ele estivesse bem. Ele será sempre meu filho e digo que Deus me dá forças todos os dias, pois meu lado humano de mãe não suportaria tudo isso”.  Tomás sobreviveu de uma forma que dizem ter sido miraculosa. Dos Estados Unidos, foi removido para o Hospital das Clínicas em São Paulo, embora tenha ficado tetraplégico. Hoje, ele se comunica com os olhos, através de um código de piscadas.

Nesse meio tempo, o outro filho, o Vítor, estava de casamento marcado. E, como arranjar forças para casar um filho, com outro entre a vida e a morte, já tetraplégico? Só em Deus, foi o que disse Rosana. Em setembro de 2013, Tomás pôde ir para casa. Para o neurologista, a palavra “milagre”, uma espécie de providência divina com caráter não usual, talvez seja difícil de pronunciar. Rosana sabe que não deve alimentar a esperança de que seu filho volte a andar. Mas, o fato de ele poder, mesmo sob todas as limitações típicas, exercer pessoalmente várias de suas escolhas (vestir ou não tal roupa, ficar na cama ou na cadeira, ficar em casa ou passear, etc…), já constitui um conjunto de pequenos “milagres”, além do “milagre” de ter sobrevivido. E, ao pensar que ele poderia ter morrido ali mesmo, no solo, com dois pára-quedas enroscados em volta do corpo no deserto, torna-se um presente especial de “dia das mães” ter o filho junto de si. Por causa disto, Rosana deixou as atividades pessoais, e passou a dedicar-se tempo integral ao filho.

Persistência e confiança em Deus foram dois ingredientes essenciais para o coração arrojado daquela mãe. Persistência e confiança em Deus são ingredientes indispensáveis para qualquer mãe que se preze. Perder um filho sem lutar por ele? Jamais! Perder um filho para as más companhias, para os falsos amigos e amigas, que não serão capazes, jamais, de fazer o que faz uma mãe “leonina” por seu rebento? De jeito nenhum! Perder o filho para os vícios e os desmandos efêmeros deste mundo cruel? Nunca!  Faz lembrar Mônica (331-387), a mãe do jovem Agostinho de Hipona (354-430). Morreu com apenas 56 anos de idade. Orou a Deus anos a fio por seu filho, mesmo quando um tanto perdido na corrompida Roma. O marido lhe disse: “Continue a orar a Deus, não desanime; é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”!  Pouco antes de morrer, estando em sua companhia de volta para a África, pôde dizer ao filho, recém convertido: “Uma única coisa me movia a viver um pouco mais – ver-te com Cristo antes de encontrar-me, eu mesma, com Ele”. Agora, o filho que Deus mesmo recobrou para si, depois de vinte anos de intercessão materna, a vê expirar, pouco tempo depois do que disse.

Que espécie de força, que espécie de amor, que espécie de fibra, vemos em mães assim? Onde pode estar espelhado, de onde pode ser proveniente, senão de Deus mesmo? ”Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.“ (I João 4.9, BCF).  Pode alguém apontar uma forma mais forte, mais sublime, mais altruísta, mais exemplar de amor do que esta forma – a sacrificial? Não é assim, nos casos mais típicos o amor de mãe? E não é muito mais sacrificial o amor de Deus? ”Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.“ (Efésios 2.4-9, ARC). 

Você seria capaz amar assim, como a Rosana, mãe do Tomás, ou como a Mônica, mãe do grande Agostinho de Hipona? Ah! Sim, certamente… Muitas mães seriam capazes, pois isto é próprio da figura de mãe. Aliás, mãe que é mãe, numa hora destas, não vê defeito no filho; só vê quanto precisa ele dela. E como Deus, você seria capaz? Deus, mesmo vendo todos os nossos defeitos, mesmo sabendo precisamente quanto somos maus e ingratos, mesmo profundamente entristecido (e até ofendido, por que não?) pela maneira como O tratamos, manifestou o Seu grande amor sacrificial em favor de quem não o merecia.  ”Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores“ (Romanos 5.8, ARA).  Maior que a expressão de mãe, só mesmo a expressão de Deus! Maior que o amor de mãe, só mesmo o amor de Deus! Maior que o sacrifício de mãe, só mesmo Deus, no sacrifício do Seu Filho encarnado! Entretanto, se muitas mães acabam recebendo certo nível de menosprezo da parte de seus filhos, é possível entender a razão pela qual também Deus recebe tal menosprezo dos homens. É a natureza humana, diferente da divina, cujo ‘espelho’ mais acessível a nós, por aqui, está nas mães! Se são elas insubstituíveis aqui na terra, quanto mais Deus e Seu Filho Amado, na eternidade!!!

Uma significativa mensagem musical, prá encerrar. Ministro da Palavra de Deus por quase 50 anos, foram mais de 500 os hinos por compostos pelo mesmo autor. Neste hino, ele coloca em poesia e em harmonia musical o atributo mais impressivo de Deus – “porque Deus é amor! ”. Mais de 30 cantores ou grupos sacros gravaram este tangente hino. Dando a impressão superficial de que o amor de Deus é incondicionalmente manifesto a todos os seres humanos, é preciso que se diga que somente os que Nele – Deus, em Cristo – são redimidos é que alcançam todo o benefício sacrificial desse amor imensurável. Com essa importante ressalva, ouça o belo hino, e acompanhe a letra abaixo, se precisar. A interpretação (inglês) é do The Gaither Vocal Band. 

 

THE LOVE OF GOD (1949)
O AMOR DE DEUS
Vesphew Benthon Ellis [Vep Ellis] (1917-1988)

The Love of God has been extended to a fallen race
O Amor de Deus tem sido estendido à raça caída
Through Christ, the Saviour of all men,
Por meio de Cristo, o Salvador de todo homem, 
There’s hope in saving Grace!
Há esperança na Graça salvadora!

The Love of God is greater far
O Amor de Deus é muito maior
Than gold or silver ever could afford
Que tudo quanto o ouro ou a prata possam comprar
It reaches past the highest star
Alcança bem mais longe que a mais distante estrela
And covers all the world!
E cobre todo o mundo!
Its power is eternal, its glory is supernal
Seu poder é eterno, sua glória é superna
When all this earth shall pass away
Quando passar toda esta terra
There’ll allways be the Love of God!
Permanecerá para sempre o Amor de Deus!

It goes beneath the deepest stain
Ele vai além da mais profunda nódoa 
That sin could ever leave
Que o pecado possa deixar
Redeeming souls to live again
Redimindo vidas para viver outra vez
Who will on Christ believe! (Will believe!)
Aqueles que vierem a crer em [Jesus] Cristo!

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

 

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
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N° 153 : “PROGNÓSTICOS PARA HOJE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 04 de Maio de 2014

Qual a profissão (ou ocupação) dela?  Em geral, dizia-se que era “terapeuta holística sensitiva”; era como ela mesma gostava de se auto-intitular. Deve ser algum tipo de eufemismo técnico para “vidente”, “prognosticadora”. Essa era a chamada “Mãe Dinah”, que deu seu suspiro vital derradeiro na última Sexta-feira. Benedicta Finazza (1931-2014) alcançou fama quando a mídia propalou que ela tinha previsto a morte trágica do irreverente grupo “Mamonas Assassinas”, na década de Noventa. Determinada revista de expressão nacional afirma que, além deste fato, outros também foram por ela preditos, vindo a se cumprir… Assuntos com Paulo Maluf, Xuxa, Sílvio Santos, príncipe William, seleção brasileira, etc. Assim, a “sensitiva” chegou a ser consultora de empresários e políticos. No entanto, a mesma revista põe na conta dela notáveis gafes proféticas: previu a “Terceira Guerra Mundial” para 1984 (já se passaram 30 anos), previu um excelente mandato para Fernando Collor a partir de 1990 (foi deposto pelo congresso), e previu também (entre outros erros) que Ayrton Senna teria um ano vitorioso em 1994. Não só não venceu uma só corrida de Fórmula I, como também, lamentavelmente, veio a falecer num drástico acidente; no último dia 1° de Maio, foram lembrados os vinte anos de sua morte na Itália. E, agora, com a sua morte, a própria filha – também ‘vidente’ – diz que todos foram pegos de surpresa com o rápido avanço do quadro de septicemia que levou a “terapeuta” ao óbito. Isto é sinal de que nem mãe nem filha previram o fim de vida da ‘profetiza’.

Em matéria de previsões e profecias, há supostos acertos e também vários desacertos entre os gurus deste mundo. Predições catastróficas para 1914, 1935, 1972, 1982, foram se frustrando, uma após outra. A expectação para a ‘virada’ do segundo milênio se diluiu sem traumas. Recentemente, badaladas predições, aparentemente baseadas num calendário da civilização maia, encaminhavam o fim do mundo em Dezembro de 2012; pelo visto, mais uma frustração. Mesmo Nostradamus (1503-1566), afamado pelo alegado grande número de profecias, abrangendo até fim do mundo, tem sido apontado como um que errou flagrantemente. Com isto, muita gente acaba cética sobre qualquer tipo de profecia.

A Bíblia é um livro que também carrega, ao longo dos milênios, grande número de profecias. Entretanto, com ela acontece um fenômeno diverso. A começar com a primeira seção, chamada de Antigo Testamento. É a seção que cobre a história da civilização humana desde a sua criação, até a primeira vinda de Jesus Cristo ao mundo. A migração temporária, para o Egito, dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, cumpriu-se em cerca de duas décadas; as predições de Jacó para os doze clãs da sua descendência cumpriram-se ao longo de séculos, uma a uma; a predição do êxodo israelita cumpriu-se depois de quatro séculos no Egito, grande parte sob cativeiro; predições quanto aos reinos e quanto aos sucessivos domínios no mundo tiveram cumprimento em precisão “milimétrica”; elevado número de predições quanto à vinda do Filho de Deus ao mundo, com diversos detalhes, teve cumprimento rigoroso, nos mínimos detalhes…

Mas, se deixarem os céticos e os agnósticos falarem, dirão eles de certo número de profecias vétero-testamentárias que não se cumpriram. Lógico! São aquelas que se referem a fatos ainda futuros, ou que tomam os elementos de forma simbólica. É o caso do profeta Ezequiel, com a destruição de cidades, rios e nações; é o caso da profecia em Josué, com a destruição cabal dos inimigos de Israel; é o caso de Isaias, com a restauração universal da glória de Judá (Israel); é o caso do profeta Samuel, com a previsão do reinado eterno do “filho de Davi”. São profecias que usavam o simbolismo, e não tinham alvo primário de seu cumprimento nos próprios elementos simbólicos mencionados.

Quando nos transferimos para a seção chamada Novo Testamento, que cobre o tempo entre a primeira vinda de Jesus ao mundo, e aquela vinda vindoura, lemos diversas profecias que tampouco se frustram. Algumas cumprem-se logo, como a destruição de Jerusalém e seu templo; outras se delongam mais, como o alcance mundial do evangelho cristão. Bem! Há ressalvas: há profecias do Novo Testamento bíblico que são impossíveis de se constatar cumprimento, até agora. Mas, é fácil apontar a razão: referem-se a fatos que estão adiante, na história. Quão adiante, não dá prá precisar – pode ser bem perto, ou não. Por exemplo: ”Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.“ (I Coríntios 15.24-26, NVI).  Trata-se de uma profecia que está para se cumprir; pode ser muito brevemente, ou talvez, não. A precisão do tempo em que hão de se cumprir as profecias é assunto que Deus reservou exclusivamente para Si, como disse Jesus. Outro exemplo: ”Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre.“  (I Tessalonicenses 4.13-17, BCF).  No mesmo matiz, encontram-se profecias inclusas no último ‘livro’ da Bíblia – o Apocalipse. Há, ali, personagens singulares – também simbólicos, cujo aparecimento, ocupação e desfecho são retratados em profecias que estão para se cumprir… Breve, a partir de nós, hoje? Bem depois, quem sabe? Isto, não podemos afirmar… Só Deus é quem, efetivamente, sabe!

Uma coisa é legítima de se dizer: Apontar, na Bíblia, profecias frustradas, que jamais se cumprirão, é tarefa desprovida de sã esperança. Ora, se tantas profecias bíblicas se cumpriram fielmente, se é tarefa desprovida de sã esperança apontar-lhe profecias frustradas, é inteiramente sensato admitir (e até o convém) que as predições bíblicas ainda não consumadas não são como várias da “Mãe Dinah”, ou de outros prognosticadores de quaisquer tempos. Ao contrário, elas têm múnus próprio, porquanto procedentes do próprio Deus.  ”E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. “ (II Pedro 1.21, ARC).

Destarte, se a Bíblia prevê que o tempo está próximo, que é breve a vinda de Jesus, já que tantas profecias anteriores se cumpriram sem frustração, é bom esperar o cumprimento de mais esta: ”Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.“ (Apocalipse 22.7, ARA)…. Se a profecia diz ”Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão“ (Lucas 21.33, ARA), é de todo pertinente considerar quão confiável é a predição bíblica, diferentemente das demais… Ademais, se a profecia bíblica adverte -”Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade“ (II Pedro 3.9-11, ARA), por que arriscar tanto, achando que a vida continua do mesmo jeito que vai, que não precisamos nos preocupar com coisa alguma da eternidade e que, depois, “dá-se um jeito”? A profecia verdadeira – a bíblica – não foi dada, primariamente, para prover suprimento aos interesses existenciais e individuais, nesta vida; ao contrário, ela existe para prover necessidades da vida eterna. “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (João 5.39,40, BCF).  

Finalizo: hoje em dia, o ‘cardápio’ de prognósticos, vidências, adivinhações, predições e profecias é amplo e farto. Até se pagam por elas. Mas, nenhum destes elementos é seguro como é a profecia bíblica; nenhum é confiável como a palavra profética, dada por Deus aos que ele escolheu para tal; nada é tão factível de se cumprir quanto o que Deus mesmo, nas linhas da Escritura, tem asseverado por vir. Porque, tudo quanto já se passou, cumprindo profecias da parte Dele, respalda a confiabilidade do que vem pela frente.

Nossa mensagem cantada de hoje foi produzida por um compositor sacro que resolveu expressar, em poesia musical, quão confiáveis são as promessas proféticas de Deus, em Sua Palavra. Na sua mensagem, somente a fé poderia nos conduzir tão longe, num mundo tão adverso. Certo de que ele nunca falhou, e nunca falhará, deixou-nos este legado, aqui interpretado pelo grupo Heritage Singers.

WE’VE COME THIS FAR BY FAITH (1956)
Chegamos aqui, tão longe, pela fé
Albert A. Goodson (1933…)

We've come this far by faith,
Chegamos aqui, tão longe, pela fé
Leaning on the Lord;
Suportando-nos no Senhor;
Trusting in His Holy Word
Confiando em Sua Santa Palavra 
He's never failed us yet (He never will!).
Ele nunca nos tem falhado (Ele nunca falhará!)

Oh! We can't turn back,
Oh! Não podemos voltar atrás,
We've come this far by faith!
Chegamos aqui, tão longe, pela fé!

Just remember the good things God has done;
Tão somente relembre as coisas boas que Ele tem feito;
Things that seemed so impossible,
Coisa que pareciam tão impossíveis, 
We praise Him for the vict'ries He has won. 
Enaltecemo-lo pelas conquistas consumadas.

We've come this far by faith,
Chegamos aqui, tão longe, pela fé,
Leaning on the Lord;
Suportando-nos no Senhor;
Trusting in His Holy Word
Confiando em Sua Santa Palavra 
He's never failed us yet (He never will!).
Ele nunca nos tem falhado (Ele nunca falhará!)

Oh! We can't turn back,
Oh! Não podemos voltar atrás
We've come this far by faith!
Chegamos aqui, tão longe, pela fé!

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 152 : “ÉTICA DA RECIPROCIDADE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 27 de Abril de 2014

Gente! O rapaz achou a grana que eu perdi junto com o boleto que eu ia pagar e pagou a fatura. Isso é verdade mesmo! Existem pessoas assim, sim. Muito obrigado, Marco Antonio: o universo vai te abençoar sempre”. Quem publicou isso na maior dede social mundial foi a corretora de imóveis Karine Peyrot, da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Ela se referia ao profissional de segurança Marco Antonio da Silva. A história, em resumo, foi assim: Karine juntou seiscentos Reais com uma conta a pagar que vencia naquele dia, saiu de moto para fazê-lo, e o dinheiro caiu na rua junto com a conta. Marco Antonio, junto com uma senhora cujo nome não foi revelado na matéria publicada que li, estava para pegar um ônibus e encontrou o dinheiro junto à conta, no chão; na verdade, ele achou quinhentos Reais, e a tal senhora achou os outros cem. Então, decidiram ir até uma lotérica, e Marco Antonio pagou a conta. Isso mesmo: sem nem saber de quem era, mas deduzindo os fatos, pagou a conta, que teve troco. Depois, postou uma digitalização da conta paga na rede, na esperança de encontrar a dona e até devolver o troco. Karine mal pôde acreditar, quando alguém que lhe conhecia avisou ter visto o post, notificando o feito. Depois de contatos, foi à casa do rapaz, que tinha nas mãos para entregar-lhe a conta – devidamente paga – e o troco. E nasceu uma inusitada amizade.

Uma verdadeira ‘enxurrada’ de comentários sobre o fato incomum se desencadeou pelas diversas redes sociais; centenas, ou talvez milhares. Afinal, não é tão usual ver uma atitude desta. Muito interessante… No quinto século antes da Era Cristã, o sábio chinês Confúcio (551-479 a.C.) disse notáveis palavras: Não façais aos outros aquilo que não quereis que os outros vos façam!  Este preceito, conhecido historicamente como o “Princípio da Ética da Reciprocidade”, ainda hoje é venerado no meio dos colossais modelos de comportamento social e até político que o afamado preceptor ensinou – hoje tão carentes, ainda. Mas, o que a história acima retrata, havida entre os personagens recentes do ‘berço da imigração germânica’ no Brasil, se assemelha a um modelo ético que avança mais, que dá um grande passo adiante, ensinado por alguém que sobrepujou Confúcio. Esse outro preceptor assim ensinou: ”Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a Lei e os Profetas “ (Mateus 7.12, ARA). Notou a diferença? Um modelo é de afirmação negativa, preventiva – “Não façais…”. Já o outro modelo é de afirmação positiva, proativa – “Fazei…”.

Ninguém há de pensar, se pretende ser legítimo, que Jesus Cristo apenas adaptou, em paráfrase, o eminente chinês. Primeiro, porque Jesus Cristo, embora aparecendo na história quase cinco séculos depois de Confúcio, o antecede em medida eterna: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU“ (João 8.56-58, ARA). Mas, também, porque Jesus esta sumarizando a Lei e os Profetas, o que antecede Confúcio em séculos. E Jesus é o próprio  inspirador dos profetas (como se vê em I Pedro 1.11).

Neste caso, estamos aí, diante de um ‘inovador’ e desafiante modelo: fazer a outrem o que desejamos que nos façam eles, à semelhança do que o Marco Antonio fez com a Karine nos pampas, é algo notoriamente incomum, mas ingentemente necessário. Já pensou se surgisse uma nova geração de políticos praticando esta máxima?  Seria mais longa a sua carreira política, ou é melhor seguir o pragmatismo do ‘corrupto, mas ativo’ (uma variante minha do slogan “rouba, mas faz!”)? Já pensou se surgisse uma nova geração de profissionais e empresários da saúde que, após o juramento de Hipócrates, praticasse essa máxima? Teríamos uma amenização do tormento que costuma ser (com honrosas exceções) a peregrinação por assistência nessa necessidade?  Já pensou se surgisse uma nova geração de juristas (advogados, legisladores, magistrados) que, além de esperar dos depoentes e as testemunhas o cumprimento do juramento típico (“juro dizer a verdade, somente a verdade, e nada mais que a verdade”), passem a ser, eles próprios, praticantes dessa máxima? Já pensou se surgisse uma nova geração de comerciantes, industriários e prestadores de serviços à sociedade que, além de buscar o resultado econômico de seus investimentos (não raras vezes, buscando-o bem mais acima do que deveriam), se entendessem, acima de tudo,  como servidores do semelhante, à luz do que o Mestre-Maior-de-Todos-os-Mestres ensinou na sua ética? Já pensou se surgisse uma geração de cristãos (incluindo esses que se metem a escrever mensagens de plataforma cristã, como o que escreve estas linhas), verdadeiramente praticante da ética desse mestre, fazendo notável diferença em sua sociedade? No seu modelo, a ética, mais que um modelo sucessor e preventivo, é antecedente e proativo. O que quero dizer é o seguinte: Muito mais importante do que retribuir com o bem a quem pratica o bem, é praticar o bem que se espera vir do outro lado… 

A Karine publicou que a sociedade precisa de gente como o Marco Antonio. Jesus, ao proferir tais palavras, publicou que o mundo inteiro precisa de gente como ele, Jesus, o professor e o único exemplar perfeito nessa prática: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem se desanimem” (Hebreus 12:1-3, NVI).

Nenhum referencial ético será completo, ou suster-se-á, se não for ancorado nesse modelo singular – Jesus. É curioso: Quando ele terminou de proferir o famoso Sermão da Montanha, “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina; com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mateus 7:28-29, BCF). Qualquer político, qualquer jurista, qualquer comerciante, qualquer industrial, qualquer servidor, qualquer cidadão, cristão ou não (mas, principalmente, cristão) que quiser ter um referencial ético cristalino, genuíno, modelar, digno de ser copiado, tem uma boa opção: leia, releia, ‘treleia’ (e, não pare nunca, porque a memória é fraca, e a natureza humana mais ainda) as páginas dos evangelhos bíblicos. Elas retratam o maior modelo, e sintetizam (especialmente nos capítulos 5 a 7 de Mateus) o melhor compêndio. Se quiser ampliar a leitura, faça contínuo também o seu acesso ao capítulo 20 de Êxodo (onde está o Decálogo). Se ainda quiser adição à riqueza, pelo menos o ‘livro’ de Provérbios de Salomão entra nessa imprescindível conta, que, prá ser perfeita, carece ‘apenas’ dos outros mil cento e cinqüenta e quatro capítulos bíblicos. E basta!

Extrapolando o registro da Karine sobre o Marco Antonio: o nosso mundo de século XXI está precisando, urgentemente, de gente que “faça aos outros aquilo que aspira que os outros lhes façam”. Última consideração: por quem começaremos? Bem, se eu mesmo tenho que responder a esta pergunta, não tenho outra resposta se não – eu mesmo! Se eu mesmo não começar, nem posso pleitear.  Que tal você pensar do mesmo modo?  

O autor da canção que acompanha esta mensagem referenciou-se num importante texto do Antigo Testamento: II Crônicas 7.14. 

Oportuno, para tempos como os que estamos vivendo… Canta o Quarteto Vozes da Liberdade.

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
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ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'

N° 151 : “CEDO OU TARDE?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 20 de Abril de 2014

Meu Deus, que tristeza! O meu grande amigo Luciano do Valle foi ao encontro de Deus! Tão cedo… Meu coração está triste, mas não esquecerá jamais todo o carinho que você me deu. Ah! Meu amigo…”.  Foram estas as palavras que vários meios de imprensa reproduziram, ‘em nome’ de Hélio Castroneves (1975…), piloto de “Fórmula Indy”, quando da morte do mencionado. Luciano da Valle (1947-2014) era considerado o apresentador desportivo televisivo mais renomado do país. Sofreu um infarto cardíaco em 19 de Abril recente, quando de uma viagem de trabalho entre São Paulo e Uberlândia, para cobertura de mais um evento de futebol. Contava 66 anos de idade, então. Hélio Castroneves firmou grande amizade com o narrador, especialmente quando de eventos turbulentos que afetaram sua vida em passado relativamente recente, durante os quais Luciano do Valle se posicionou claramente solidário ao piloto.

E não é que a frase deste último arrebatou a minha atenção? Quero dizer, mais especificamente a exclamação central – “…foi ao encontro de Deus! Tão cedo…”. É muito clara a pertinência de se entender a frase dentro do seu contexto, como uma expressão de simpatia saudosa, fruto de elo afetivo genuíno. Então, minhas considerações a seguir não terão qualquer tom de crítica à afirmação. Tão somente se aproveitarão do dito para propor uma reflexão: Afinal, ir ao encontro de Deus é um fato que pode, eventualmente, ser qualificado como “cedo” ou “tardio”, como “antecipado” ou “atrasado”?

Bem verdade é que, se depender exclusivamente dos próprios seres humanos, ‘mandar’ certas pessoas, outras, “ao encontro de Deus” mais cedo acabaria sendo tributado ao caráter de um ‘serviço à humanidade’ (o que não discuto aqui e agora). Por outra ótica, não são raros os casos de alguém que, olhando para determinada vida, em seu estado de existência, ou então em seu perfil de personalidade e feitos, e palavras, diriam: “o que ainda está fazendo este (ou esta) neste mundo? ” Ao partirem deste, ainda que não digam com a boca, talvez com o coração ajuizariam: “já foi tarde”! E, similar ao caso acima reproduzido, inegavelmente há aquelas situações, muitíssimas, em que diríamos – “Mas, já Foi muito cedo! ”  Afinal, cedo, tarde, ou na hora precisa? Eis a questão (por empréstimo do famoso poeta inglês).

Sinto que preciso pontuar algumas verdades que, a despeito do meu pretexto, nada têm a ver, especificamente falando, com as menções da biografia do personagem Luciano do Valle (nem tampouco com a do automobilista que soltou a frase). A primeira verdade: “Deus não precisa de maior tempo para examinar os homens, e levá-los à sua presença para julgamento” (Jó 34.23, NVI). Neste caso, vale o preceito para todo homem, uma vez que, aos olhos de Deus, podem ser chamados à Sua augusta presença quaisquer dos seres humanos, a qualquer tempo, quando Ele bem entender. Deus não precisa observar, por muito tempo, a mim e a ti, para a decisão já tomada sobre o momento de chamar à Sua presença, ao Seu encontro, a mim e a ti.

A segunda verdade, é que todos temos (e teremos) de comparecer ante a presença do Todo-Poderoso: “Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus.” (Romanos 14.10, BCF). O Luciano do Valle já foi a esse encontro; outras 101 pessoas também se foram do nosso planeta, no mesmo minuto em que ele foi… Divulga-se a estatística de que são cerca de 102 mortes por minuto no mundo; daí, a razão de minha asseveração. No entanto, o Hélio Castroneves, eu e você, que ainda respiramos, também chegaremos ao nosso próprio minuto, quanto à marcação na agenda de Deus.

A terceira verdade: Sob o domínio de Deus, tudo tem seu tempo determinado; nada ocorre, rigorosamente falando, mais cedo ou mais tarde do que deveria… “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz…” (Eclesiastes 3.1-8, ARA). Deixando de lado o eufemismo motivado pela simpatia pessoal e pelo natural sentimento, ninguém morre ‘antes da hora’; tampouco ‘depois da hora’. Não há descuidos da parte de Deus (Deus é Deus! Sempre foi, e sempre será!). Deus não se atrasa, nem se adianta; nem neste assunto, nem em qualquer outro assunto.

A quarta verdade, é que, postas as três verdades anteriores, importa que cada ser humano se prepare, devidamente, para o encontro com o Altíssimo. O profeta Amós traduz esta verdade em forma de advertência profética – “Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com teu Deus “ (Amós 4.12, ARC). Que ninguém se deixe iludir com a suspeição de que esta verdade é válida apenas para aqueles cidadãos asiáticos da borda leste do Mar Mediterrâneo, que em 1949 tiveram a sua autonomia nacional restaurada pela ONU; ou mesmo, para seus ancestrais dos tempos proféticos, apenas. Lembre-se do que explicitei mais acima, na segunda verdade, “todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus”… Este “todos” inclui também os romanos do tempo do apóstolo, inclui o próprio apóstolo (todos estes já morreram), mas inclui também os cidadãos de qualquer nação do planeta, em qualquer tempo, sem excluir os de hoje. Não seja cético a ponto de dizer – ‘eu pago pra ver’… A hora de cada um chega… Se dissermos, em acréscimo – “…chega, mais cedo ou tarde”,  não passa isto de força de expressão, de caráter puramente idiomático. Não será, em qualquer das hipóteses, “cedo ou tarde”: será na hora precisa e no tempo marcado por Deus, porque, “qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? ” (Lucas, 12.25, BCF).151 – Ralstom Clements – NO NIGHT THERE (1899)

Pense nisto:

  • Todos compareceremos perante Deus!
  • “Mais cedo ou tarde” é mera força de expressão; ninguém vai mais cedo ou mais tarde do que deveria, sob os olhos de Deus!
  • Para Deus, tudo tem seu tempo certo, determinado!
  • Ninguém pode acrescentar um cúbito (ou côvado, medida de extensão) ao curso de sua vida!
  • É necessário ter o devido preparo para esse encontro!
  • O único “manual” que pode preparar qualquer pessoa para esse encontro é a Bíblia, a Palavra de Deus! 

A composição musical que hoje nos segue na mensagem é uma obra prima. Sua mensagem aproxima nossas aspirações ao dia daquele encontro. 

NO NIGHT THERE (1899) 
Nenhuma Noite Lá (Há na Glória Um Bom País)}
John Ralstom Clements (1868-1946)

Ouça, nas vozes do Quarteto Templo, com o nosso 
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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 150 : “ALÉM DO AZUL”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 13 de Abril de 2014

A data era 12 de Abril de 1961; portanto, 53 anos atrás. O protagonista estava a bordo de um meio de transporte, denominado “Oriente” (é a tradução da palavra russa “vostok”). A viagem durou exatos 108 minutos, ou pouco menos que duas horas; no entanto, mais de 42 mil quilômetros foram percorridos, numa linha diagonal em relação ao eixo equatorial da terra. O protagonista era Yuri Gagarin (1934-1968), e o seu feito pioneiro foi a primeira órbita completa tripulada em torno do nosso planeta.

Na sua boca, colocam-se algumas frases de efeito que se tornaram marcantes. Por exemplo, afirmar “olhei para todos os lados, em torno do mundo inteiro, mas não vi Deus algum”. No entanto, a autoria desta declaração tem sido disputada, pois há quem a atribua ao presidente Nikita Khrushchev, valendo-se da publicidade em torno da figura do cosmonauta, em favor da propaganda comunista. Outra exclamação marcante do pioneiro foi: “A terra é azul ! ”. Há quem diga que até se emocionou, ao dizê-lo. Como foi o primeiro homem a ocupar uma posição no limiar da atmosfera, a cerca de 315 quilômetros acima da superfície terrestre, teve uma visão do planeta que, até então, somente Deus já tivera. Hoje, há imagens captadas de distâncias ainda bem maiores, mas nenhuma jamais conseguirá ver o nosso globo como Deus vê.    

Então, Gagarin descobriu que a terra é azul, não é? Fantástico! E, por que ela é “azul”? Dizem os físicos tratar-se de mero fenômeno cromatográfico, dependente da incidência da luz solar e da refração dessa luz no meio físico. Qual? A atmosfera, ora bolas. A quantidade de oxigênio na atmosfera, assim como a quantidade dele na água dos oceanos, que perfazem três quartos da superfície do globo, é que ‘empresta’ tal cor. Pelo mesmo fenômeno, até o céu é azul. Num dos meus estágios técnicos do curso de engenharia, estive algumas vezes numa ‘fábrica’ de oxigênio, indispensável aos processos siderúrgicos. Lembro-me que o chefe da fábrica mandou um funcionário trazer-me um balde de oxigênio líquido, à temperatura de ‘mais’ de 183 graus… negativos! O funcionário brincou: “põe aí dentro o dedo! ”. E o chefe logo advertiu: “faz isso, que o dedo vai ficar lá dentro! “. Mas, o interessante da minha lembrança é que o líquido, ali dentro, era azulzinho “da Silva”. É isso, então: somos privilegiados por viver num planeta, por enquanto caso único no universo, chamado pelo cantor e compositor Guilherme Arantes de “planeta água”! Oxigênio em larga escala nas águas dos mares, até pouco tempo atrás fartamente nutridos por seus tributários fluviais; oxigênio em larga escala na atmosfera também.  E, prá que? Para prover e sustentar a vida. Sem oxigênio, não há vida humana, e nem a esmagadora maioria das espécies tradicionais. Coisa de ‘arquiteto’ e ‘edificador’ extremamente sábio, mesmo; a propósito: Deus!

Yuri Gagarin descobriu a grande evidência do fenômeno; só não sei se chegou a conhecer o autor do fenômeno. Vinte séculos atrás, um homem ingressou na cidade mais avançada em Ciência no mundo de então (Atenas), e falou sobre esse ‘arquiteto e edificador”: “Pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais… pois nEle nos movemos e existimos; como alguns dos vossos poetas têm dito: ‘porque dele também somos geração “ (Atos 17. 25,28, ARA). Esse home era o apóstolo Paulo, que espantou a avançada civilização de ‘sábios’ gregos de então. O que eles pensavam sobre este assunto? A maioria, seguindo a amplidão das reivindicações dos sábios pré-socráticos, achava que a vida humana era o resultado evolutivo de alguma substância arquetípica qualquer – talvez a água (Thales de Mileto – 623~556 a.C.), o ar (Anaxímenes – 585~528 a.C.), a terra (Xenófanes – 570~460 a.C.), o fogo (Heráclito – 535~475 a.C.), ou outras hipóteses…

No entanto, passados cerca de dois e meio milênios, mesmo perpassando por Darwin, a Bíblia continua desafiando todas as hipóteses, com a sustentação da melhor e mais segura das alternativas: Deus criou o universo, Deus formou o homem, e forjou Ele também todas as condições favoráveis para que a vida progredisse… “Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados: Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus!” (Gênesis 2:4, NVI). E Yuri Gagarin, apenas 53 anos atrás, foi um pioneiro naquela visão privilegiada, que o levou a dizer – “A terra é azul!”.

Você pode seguir o profeta que quiser, prá modelar a explicação do fenômeno. Richard Dawkins (1941…), de Oxford, por exemplo. Se você se contenta em ser tachado de descendente de espécies primitivas, que advieram do caos, ou da terra, ou do ar, ou da água, ou do fogo, problema seu. Sinto-me muito confortável seguindo o ensino do profeta Moisés, e de todos que o sucederam, em cima do fato de que somos criação divina, prá viver num meio ambiental também por Ele construído – sabiamente construído, diga-se de passagem. Não apenas prá viver, meramente por viver, mas para observar e cumprir o propósito daquEle que nos criou. “A terra é azul!”, disse o cosmonauta. E nem poderia ser diferente… Pois Deus nos supre com vida, respiração, e tudo o mais, disse o escritor sagrado. O oxigênio nos é indispensável. E, temo-lo com fartura (ainda): na água e no ar. Por isto, é azul… É a evidência da sabedoria construtiva de Deus. Não é admirável? A frase de Yuri Gagarin trouxe atestado ocular à sapiência da obra divina. Mas, preciso dizer que Davi foi mais sábio: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes em toda a extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, que é qual noivo que sai do seu tálamo e se alegra como um herói a correr o seu caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso, até à outra extremidade deles; e nada se furta ao seu calor(palavras registradas cerca de três mil anos antes da frase de Yuri Gagarin, conforme Salmos 19.1-6, ARC).

Que maravilha: “a terra é azul!” Também, pudera: é obra sublime de Deus, com propósitos que vão muito além da nossa existência. A Bíblia o diz! E esse “azul” aponta prá mais longe… Aponta prá além do “azul”…

Alfred B. Smith, em plena fase final da Segunda Guerra Mundial, captou de modo singular esta percepção, e lançou-a em poesia e métrica musical. Foi por aquele tempo que participou do lançamento de “Youth for Christ” (Mocidade para Cristo). Como pastor e como ministro de música, trabalhou com Billy Graham, George Beverly Shea e John Peterson. Vale a pena ouvir…

“SOMEWHERE BEYOND THE BLUE” (1944)
ALÉM DO CÉU AZUL
Alfred Barney Smith (1916-2001)

Somewhere beyond the blue 
There's a mansion for me 
Somewhere beyond the blue 
I am longing to be 
I'll see my Saviour's face 
And sing of saving grace 
Somewhere beyond the blue, some day

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'