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N° 152 : “ÉTICA DA RECIPROCIDADE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 27 de Abril de 2014

Gente! O rapaz achou a grana que eu perdi junto com o boleto que eu ia pagar e pagou a fatura. Isso é verdade mesmo! Existem pessoas assim, sim. Muito obrigado, Marco Antonio: o universo vai te abençoar sempre”. Quem publicou isso na maior dede social mundial foi a corretora de imóveis Karine Peyrot, da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Ela se referia ao profissional de segurança Marco Antonio da Silva. A história, em resumo, foi assim: Karine juntou seiscentos Reais com uma conta a pagar que vencia naquele dia, saiu de moto para fazê-lo, e o dinheiro caiu na rua junto com a conta. Marco Antonio, junto com uma senhora cujo nome não foi revelado na matéria publicada que li, estava para pegar um ônibus e encontrou o dinheiro junto à conta, no chão; na verdade, ele achou quinhentos Reais, e a tal senhora achou os outros cem. Então, decidiram ir até uma lotérica, e Marco Antonio pagou a conta. Isso mesmo: sem nem saber de quem era, mas deduzindo os fatos, pagou a conta, que teve troco. Depois, postou uma digitalização da conta paga na rede, na esperança de encontrar a dona e até devolver o troco. Karine mal pôde acreditar, quando alguém que lhe conhecia avisou ter visto o post, notificando o feito. Depois de contatos, foi à casa do rapaz, que tinha nas mãos para entregar-lhe a conta – devidamente paga – e o troco. E nasceu uma inusitada amizade.

Uma verdadeira ‘enxurrada’ de comentários sobre o fato incomum se desencadeou pelas diversas redes sociais; centenas, ou talvez milhares. Afinal, não é tão usual ver uma atitude desta. Muito interessante… No quinto século antes da Era Cristã, o sábio chinês Confúcio (551-479 a.C.) disse notáveis palavras: Não façais aos outros aquilo que não quereis que os outros vos façam!  Este preceito, conhecido historicamente como o “Princípio da Ética da Reciprocidade”, ainda hoje é venerado no meio dos colossais modelos de comportamento social e até político que o afamado preceptor ensinou – hoje tão carentes, ainda. Mas, o que a história acima retrata, havida entre os personagens recentes do ‘berço da imigração germânica’ no Brasil, se assemelha a um modelo ético que avança mais, que dá um grande passo adiante, ensinado por alguém que sobrepujou Confúcio. Esse outro preceptor assim ensinou: ”Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a Lei e os Profetas “ (Mateus 7.12, ARA). Notou a diferença? Um modelo é de afirmação negativa, preventiva – “Não façais…”. Já o outro modelo é de afirmação positiva, proativa – “Fazei…”.

Ninguém há de pensar, se pretende ser legítimo, que Jesus Cristo apenas adaptou, em paráfrase, o eminente chinês. Primeiro, porque Jesus Cristo, embora aparecendo na história quase cinco séculos depois de Confúcio, o antecede em medida eterna: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU“ (João 8.56-58, ARA). Mas, também, porque Jesus esta sumarizando a Lei e os Profetas, o que antecede Confúcio em séculos. E Jesus é o próprio  inspirador dos profetas (como se vê em I Pedro 1.11).

Neste caso, estamos aí, diante de um ‘inovador’ e desafiante modelo: fazer a outrem o que desejamos que nos façam eles, à semelhança do que o Marco Antonio fez com a Karine nos pampas, é algo notoriamente incomum, mas ingentemente necessário. Já pensou se surgisse uma nova geração de políticos praticando esta máxima?  Seria mais longa a sua carreira política, ou é melhor seguir o pragmatismo do ‘corrupto, mas ativo’ (uma variante minha do slogan “rouba, mas faz!”)? Já pensou se surgisse uma nova geração de profissionais e empresários da saúde que, após o juramento de Hipócrates, praticasse essa máxima? Teríamos uma amenização do tormento que costuma ser (com honrosas exceções) a peregrinação por assistência nessa necessidade?  Já pensou se surgisse uma nova geração de juristas (advogados, legisladores, magistrados) que, além de esperar dos depoentes e as testemunhas o cumprimento do juramento típico (“juro dizer a verdade, somente a verdade, e nada mais que a verdade”), passem a ser, eles próprios, praticantes dessa máxima? Já pensou se surgisse uma nova geração de comerciantes, industriários e prestadores de serviços à sociedade que, além de buscar o resultado econômico de seus investimentos (não raras vezes, buscando-o bem mais acima do que deveriam), se entendessem, acima de tudo,  como servidores do semelhante, à luz do que o Mestre-Maior-de-Todos-os-Mestres ensinou na sua ética? Já pensou se surgisse uma geração de cristãos (incluindo esses que se metem a escrever mensagens de plataforma cristã, como o que escreve estas linhas), verdadeiramente praticante da ética desse mestre, fazendo notável diferença em sua sociedade? No seu modelo, a ética, mais que um modelo sucessor e preventivo, é antecedente e proativo. O que quero dizer é o seguinte: Muito mais importante do que retribuir com o bem a quem pratica o bem, é praticar o bem que se espera vir do outro lado… 

A Karine publicou que a sociedade precisa de gente como o Marco Antonio. Jesus, ao proferir tais palavras, publicou que o mundo inteiro precisa de gente como ele, Jesus, o professor e o único exemplar perfeito nessa prática: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem se desanimem” (Hebreus 12:1-3, NVI).

Nenhum referencial ético será completo, ou suster-se-á, se não for ancorado nesse modelo singular – Jesus. É curioso: Quando ele terminou de proferir o famoso Sermão da Montanha, “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina; com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mateus 7:28-29, BCF). Qualquer político, qualquer jurista, qualquer comerciante, qualquer industrial, qualquer servidor, qualquer cidadão, cristão ou não (mas, principalmente, cristão) que quiser ter um referencial ético cristalino, genuíno, modelar, digno de ser copiado, tem uma boa opção: leia, releia, ‘treleia’ (e, não pare nunca, porque a memória é fraca, e a natureza humana mais ainda) as páginas dos evangelhos bíblicos. Elas retratam o maior modelo, e sintetizam (especialmente nos capítulos 5 a 7 de Mateus) o melhor compêndio. Se quiser ampliar a leitura, faça contínuo também o seu acesso ao capítulo 20 de Êxodo (onde está o Decálogo). Se ainda quiser adição à riqueza, pelo menos o ‘livro’ de Provérbios de Salomão entra nessa imprescindível conta, que, prá ser perfeita, carece ‘apenas’ dos outros mil cento e cinqüenta e quatro capítulos bíblicos. E basta!

Extrapolando o registro da Karine sobre o Marco Antonio: o nosso mundo de século XXI está precisando, urgentemente, de gente que “faça aos outros aquilo que aspira que os outros lhes façam”. Última consideração: por quem começaremos? Bem, se eu mesmo tenho que responder a esta pergunta, não tenho outra resposta se não – eu mesmo! Se eu mesmo não começar, nem posso pleitear.  Que tal você pensar do mesmo modo?  

O autor da canção que acompanha esta mensagem referenciou-se num importante texto do Antigo Testamento: II Crônicas 7.14. 

Oportuno, para tempos como os que estamos vivendo… Canta o Quarteto Vozes da Liberdade.

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'