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Nº 022 – “LUZ NAS TREVAS”

Ministérios EFRATA – Arautos de Vida
Dezembro de 2015

No final da década de Setenta tive, como aluna de uma das classes de curso técnico, uma garota surda. Foi uma experiência marcante: a cada dia, esforçar-me por pronunciar todo o conteúdo da aula em boa gesticulação labial, numa posição frontal, para que ela pudesse “ler” meus lábios. Nunca vou esquecer… Os demais alunos, sem qualquer restrição auditiva ou visual, poderiam usufruir todo o ensino facilmente; para ela, era um enorme esforço, mas ela dava conta.

Imagine você, professor, ou professora. Bem, talvez não precise imaginar, se já for… Imagine, agora, tendo um aluno ou uma aluna surda… Como acha que se sairia? Imagine, num passo a mais, que sua aluna, além de surda, é também muda. Aumentou o desafio, não? Imagine mais um pouquinho: que sua aluna, além de surda e muda, é também cega. Como seria possível ensinar-lhe? Quase impossível! Mas, quero convidar sua imaginação a um patamar ainda mais desafiador: já que sua aluna é surda, muda e cega, imagine agora que  você é cego (ou cega). Inimaginável? Que escola vai querer um professor ou uma professora com cegueira? Pois, aí estão os ingredientes da história verídica da professora Anne Sullivan, com sua aluna Helen Keller.

Helen Adams Keller (1880-1968) nasceu saudável, no lar de Arthur Keller e Kate Adams. Entretanto, uma escarlatina que a atingiu na idade de dezenove meses a deixou definitivamente surda e cega; a mudez veio como conseqüência. Quando chegou à idade de seis anos, já tinha um comportamento instável e agressivo. Seus pais foram à procura de ajuda. Um médico, em Baltimore, os encaminhou ao hoje famoso Alexander Graham Bell, que, naquele tempo, ajudava crianças surdas. Graham Bell os encaminhou ao Perkins Institute for the Blind (Instituto Perkins para Cegos). Ali, foi encaminhada ao casal a professora que faria parte da vida de Helen pelos próximos 49 anos: Anne Sullivan Macy (1866-1936). Ler uma das duas biografias, ou assistir o filme (The Miracle Worker, 2000 – O Milagre de Anne Sullivan) dá uma dimensão mais profunda de como tudo se deu…

Com muito custo (e tempo), Anne Sullivan, então aos vinte anos de idade, e sem jamais ter ensinado alguém, foi conquistando pequenas vitórias: primeiro, a confiança de Helen; depois, sua submissão; depois, o início de uma forma de comunicação singular. Anne passou a se comunicar com Helen, ensinando-a, por linguagem tátil. O braille é uma de suas formas. Anne ‘escrevia’ com os dedos na palma da mão de Helen, e esta foi aprendendo a linguagem. Além disto, Anne ensinou Helen a ‘ouvir’, através da captação das vibrações de seus lábios e laringe; para tanto, Helen posicionava seus dedos, simultaneamente, sobre lábios, nariz e garganta de Anne. E, assim, a vida antes amargurada da menina assumiu um novo horizonte. Uma das inquietantes perguntas que Helen fez a Anne foi: Qual o nome daquEle que está lá em cima? Anne ‘soletrou’ na palma de sua mão: G-O-D  (D-E-U-S). Então, Helen sorriu, e ‘digitou’ na mão de Anne: Eu sempre soube quem Ele é; queria saber Seu nome!

Certa ocasião, Anne apresentou Helen ao pastor Phillips Brooks (1835-1893). Foi este quem começou a descortinar-lhe uma nova percepção de Deus. Brooks é o autor do hino “Pequena Vila de Belém” (O Little Town of Bethlehem). Numa das cartas que Helen escreveu a Brooks, afirmou que, ainda que não pudesse ver ou ouvir, ela sabia sobre Deus; nas suas trevas, Ele era a sua luz. Já adulta, mesmo cega, surda e muda, Helen Keller escreveu doze livros, e entregou a muitos a sua mensagem.    

"Os únicos que são realmente cegos são aqueles que não enxergam a verdade – aqueles que não miram seus olhos na visão espiritual. Pessoas cegas que têm olhos [espirituais] sabem que pertencem a um mundo incomparavelmente mais maravilhoso do que este mundo material que está diante deles. As flores que eles contemplam são as flores imortais que desabrocham no jardim de Deus”!  

Depois de certo tempo, Helen Keller passou a ser muito influenciada pelos ensinos de um cristão sueco, chamado Sweedenborg. Ela o lia em braille. Não obstannte as distorções de alguns de seus ensinos, o mais importante foi o  que se pode saber do seu testemunho:

Pouco a pouco eu comecei a descobrir que poderia lançar mão da Bíblia, a qual tantas coisas reverberava em mim, como uma ferramenta para garimpar preciosas verdades, na medida em que eu poderia usar meu corpo, entravado e vacilante, para  levar a níveis mais elevados  o meu espírito…

Anne Sullivan foi uma pessoa muito especial na vida de Helen Keller; dedicou sua vida a ela. Foi considerada um modelo de professora. Quando morreu, tinha sua pupila apegada às suas mãos. Helen, que chegou a dizer que não saberia viver sem ela, viveu ainda 32 anos, pela graça de Deus. Ao todo, faltaram poucos dias para alcançar a idade de 88. Por onde passava, inspirava vidas. Seu legado biográfico é invejável, e mostra como a posse de uma esperança gloriosa na eternidade pode fazer diferença no meio da adversidade. Anne e Helen, gente como Abel – mesmo depois de finda a jornada de aqui, ainda têm muito a falar (Hebreus 11.4). Por que são “arautos de vida”? Porque, mesmo no meio de uma situação de vida tão adversa, aparentemente tão sem esperança, mostram que há luz nas trevas, a vida renasce em meio ao dilúvio, o arco-íris reaparece com esperança.

Quando Noé soltou a pomba na janela da arca, depois de todo aquele dilúvio que cobriu (e destruiu) a terra (está lá, em Gênesis, entre os capítulos 6 e 9, inclusive), e a pomba trouxe a Noé o raminho de  oliveira no bico, a mensagem era clara, do jeito que Deus tinha dito: o dilúvio não será para sempre… Haverá vida, outra vez, e ainda há esperança! Confira, especialmente em Gênesis, capítulo 8. Concordemente com a nossa mensagem, nosso hino-tema é também mensagem de arautos de vida. Mesmo que o 'dilúvio' seja longo e hostil, não vai chover para sempre; há vida, depois dele… 

Nosso hino temático também fala disto. Na voz suave de Cynthia Clawson.

 Mais abaixo, letra e tradução, se quiser acompanhar…

IT   WON’T    RAIN   ALWAYS…  (1981)
NÃO VAI CHOVER PARA SEMPRE…
Letra : Gloria Gaither (1942…)
Música : Bill Gaither (1936…) & Aaron Wilburn (1950…)

Someone said that in each life:
Alguém disse que em cada vida 
Some rain is bound to fall:
Alguma chuva é fadada a cair
And each one sheds his share of tears:
E cada um entorna seu tanto de lágrimas
And trouble troubles us all:
E problemas afetam a todos nós
But, the hurt can't hurt forever:
Mas, a dor não pode ferir para sempre
And the tears are sure to dry…:
E as lágrimas por certo hão de se estancar… 

And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
The clouds will soon be gone:

As nuvens logo se dissiparão
The sun that they've been hiding:
O sol que elas têm ocultado
Has been there all along…:
Tem estado lá, em todo o tempo…
And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
God's promises are true!:
As promessas de Deus são reais
The sun's gonna shine in His own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He’s gonna see you through!…:
E Ele vela por ti…
The sun's gonna shine in God's own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He will see you through!…:

E Ele há de velar por ti! …

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Abraços
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional