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O Bem e o mal a cada dia

N° 49 : “EU SOU DELE, E ELE É MEU”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 18 de Março de 2012

Não faz muito tempo, um aluno (hoje, "ex") me pediu para redigir um artigo, para o jornalzinho que ele ajudava a editar, sobre um personagem de quem falei nas aulas de Apologética Cristã. Blaise Pascal (Paris, 1623-1662) foi um personagem singular da história ("O coração tem razões que a própria razão desconhece" – lembra disto?). Por um lado, um verdadeiro luminar científico: seu nome e parte de sua "ciência" se me tornaram familiares desde os primeiros anos ginasiais, com os estudos da Aritmética, até aos anos um pouco mais avançados dos estudos da Física e das probabilidades estatísticas. Por outro lado, um homem humilde, que passou por várias lutas e sofrimentos em vida. Perdeu a mãe aos três anos de idade, o pai aos vinte e oito, enfrentou a pobreza e a enfermidade grave, que lhe tirou a vida, por assim dizer. Aliás, uma vida, digamos, "curta", pois limitou-se a 39 anos e alguns meses mais.

   Pouco depois dos 30 anos de idade, passou pelo que ele mesmo considerou a "conversão" da sua alma e existência. Re-descobriu os postulados teológicos de Agostinho de Hipona, e abraçou-os. Não poucos têm identificado o pensamento de Pascal com o de Calvino, embora eu mesmo não saiba de evidências de que o primeiro tenha lido o último. Assim, embora sendo poucos os anos de sua vida, teve tempo suficiente para ser um dos mais agudos homens da Ciência, e meditar profundamente também nas verdades eternas. Diz-se que ainda pequeno teve uma experiência curiosa com seu pai. Pascal tinha saído para uma cavalgada. Num dado momento, na empolgação do passeio, seu cavalo se desequilibrou, a cela se desprendeu, e Pascal foi ao chão. Quase sem tempo para se levantar viu quando o cavalo já caía por sobre ele, o que não aconteceu por um triz. Ao chegar em casa, depois da assustadora experiência, foi logo ao encontro de Etienne, seu pai, para contar-lhe ofegante:

– Pai, não imagina o que me ocorreu – em minha cavalgada, hoje, eu caí, o cavalo caiu, mas Deus foi tão bom que impediu que ele caísse por cima de mim; me esmagaria, se acontecesse. O pai, que àquela altura era figura do lar que supria também a ausência da mãe, o trouxe para bem perto de si e disse:

– Filho, eu também tenho uma história para contar, e é da minha cavalgada também, quando voltava da cidade.

   O pequeno Pascal esperava uma coincidência na história a ouvir… – Imagina – continuou o pai – que fiz também uma outra longa cavalgada, cheguei em casa são e salvo, e meu cavalo em nenhum momento nem mesmo tropeçou; Deus não foi ainda mais bondoso comigo? Pascal experimentou algo que se poderia chamar de "providência visível" de Deus; seu pai experimentou algo que se poderia chamar de "providência invisível". Mas a verdade é que, tanto num caso semelhante ao primeiro quanto noutro semelhante ao segundo, só a boa mão do Criador, o Providente, pode garantir um final seguro e bom êxito de chegada.

   Não é assim a nossa vida? Damos certo valor aos "eventos", principalmente aqueles que parecem traduzir um tipo de "intervenção divina", quando os fatos parecem demandá-los. Mas, quando nenhum fato inusitado aparece para "precisar" da intervenção divina, damo-nos por satisfeitos porque a vida parece seguir o seu curso; e ela nos parece ir seguindo, até que outro fato novo ocorra, empurrando-nos para o refúgio do Rochedo Forte. Com certa frequência, somos todos tentados a ter nosso pensamento a fluir como o dos deístas: O relógio recebeu corda; o resto é consequência.

   Não é verdade! Não devemos desprezar os dias dos humildes começos (Zacarias 4.10) ou os de céu nublado, como se fossem de menor importância para Deus em relação a nós. Todos os dias, todos os momentos, todas as circunstâncias, estão sob a mão do Todo-Poderoso (embora Ele envolva o concurso das nossas responsabilidades nisto). Quantos dias de ausência de "eventos importantes" nos serão necessários para perceber a boa mão do Senhor no transcurso desses mesmos dias? Ou será preciso o evento, quem sabe uma desdita, quem sabe uma prova de fé e dependência, para que o nosso coração e a nossa mente comprove (de novo) que Ele é o "nosso abrigo na tentação, na provação e em todo mal" – verdadeiro refúgio, ainda que na tribulação ?

   Seu Manual de Existência assim afirma: "Em paz me deito, e logo pego no sono, porque, Senhor, só Tu me fazes repousar seguro". (Salmo 4.8); e veja que, embora tenhamos o cuidado constante de verificar se as portas e janelas estão fechadas, não precisamos ficar, a cada noite, gastando tempo a pensar quantos assaltantes estão de fora (nem onde estão), perpetrando seus planos malignos.

O próprio Autor da Criação afirma que Deus "faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos". (Mateus 5.45), o que prova que Seus preciosos cuidados estão constantemente ao nosso dispor, sob os ocasionais "eventos" ou sob "a mesmice" dos dias. Mesmo assim, quando sobrevêm os eventos, Ele também está por perto, e os Seus ouvidos se dispõem a ouvir e a atender, segundo a Sua vontade.

   Um grupo de pagãos, que pensava ser obra do acaso (ou do destino fatal) o que acontece a cada dia, mesmo que corriqueiro, ouviu do apóstolo a verdade que permanece eterna: "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração". (Atos 17.24-28.) Pouco notada é a força destas palavras, especialmente – pois nele nos movemos e existimos. É uma afirmação que complementa a outra – pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais! Tudo mais !!  Não é menos verdade por ser pouco notada. Portanto, temos razões de sobras, com ou sem "eventos importantes", para junto Dele permanecer, porque sabemos que somos do Senhor, e Ele a nós também se dá a pertencer. É promessa: Javé Nissi – o Senhor é a minha bandeira…(Êxodo 17.15).

   O cântico já muitas vezes por nós cantado num passado recente (cuja autoria não consegui identificar), traz uma mensagem pertinente… Ele está numa versão ligeiramente modificada da mais usual…

 HOJE SOU FELIZ

Perdido foi que Cristo me encontrou
Neste mundo vil;
Salvou-me, no Seu sangue me lavou.
Hoje sou feliz!

Hoje sou feliz, foi-se o meu temor;
Vou permanecer junto ao Salvador;
Foi-se a escuridão, raia a luz do Céu,
Pois eu sei que sou do meu Senhor
E Ele é meu!

Se muitas tentações me sobrevêm,
Para Ele vou;
Recebo forças que do Céu me vêm
Se com Ele estou!

Se negra noite assustar-me vem,
Sinto Seu amor:
As trevas tornam-se em luz também,
Com meu Salvador!

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Bom domingo, boa semana a seguir!
Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 48 : “DE OLHO NO PARDAL”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Março de 2012

Embora residindo em plena "selva de asfalto", numa região de Belo Horizonte bem próxima do aeroporto da Pampulha, minhas madrugadas têm permitido a mim mesclar a audição do ronco de motores de aviões e helicópteros com um outro tipo de sonoridade: a doce sonoridade da OSPOV, a  "ORQUESTRA SINFÔNICA DE PARDAIS E OUTROS VOLÁTEIS". Graças a Deus, uma certa retomada de consciência ecológica se recobrou nas cidades, nos últimos tempos. É possível ver (e ouvir), em plena cidade,  pássaros que há certo tempo atrás era difícil ver (e ouvir)… Joões-de-Barro, sabiás, bem-te-vis, entre outros, além da fartura de pardais. Na frente de minha casa, numa nesga de terra entre duas ruas, que acabou enchendo-se de vegetação, há pelo menos seis árvores frondosas, sem contar as que estão nas proximidades. Essas, o animal racional "evoluído" da criação não conseguiu ainda derrubar, para, quem sabe, abrir espaço ao 'progresso', deixar o chão 'mais limpo' (tem gente que ainda pensa que as folhas que caem das árvores no chão são sujeira !), ou coisa que o valha. O resultado é uma verdadeira sinfonia; em muitas manhãs é um verdadeiro deleite. Quer saber do que se junta ao melhor? Não pago um 'centavo' pelo 'espetáculo'. É inteiramente de graça. Dá vontade de ficar ouvindo até o último movimento, do Alegro ao Andante, cujo grand finale certamente só ocorre quando o sol castiga e as aves se ocultam nas sombras das próprias folhas. Infelizmente não dá: praticamente todos os dias já preciso estar bem longe de casa, antes que o sol se levante por detrás da 'serra do curral'. É bom saber que essas aves 'sinfônicas' ainda não desapareceram da cidade. Temos visto, com certa frequência, algumas mais exóticas, como o pica-pau, ou o pássaro-preto, de vez em quando um curió (até um cardeal já vi)… É a bondosa mão do Criador, apesar do homem, que as preserva. Aliás, veja que isto está assentado no Livro: "O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!" (Salmo 84.3) Sim, é verdade: O Criador, sábio, providente e benévolo como é, aprovisionou lugares de manutenção de Sua magnífica obra, e preserva até os pássaros. Eles são, inclusive, parte significante de Seu deleite. Porque o seu canto é em louvor do Criador. "Todo ser que respira, louve ao Senhor. " (Salmo 150.6)

    Curioso é que o autor de toda a Criação usa a figura do pardal para entregar-nos também uma preciosa mensagem:"Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais" (Mateus 10.29-31) Entendeu? Claro que entendeu. Eu duvido que não entendeu… Se Deus sabe a hora em que cai um pardal, ou quanto tempo deve ele durar, escapando de seus predadores naturais, quanto mais saberá cuidar de nós (e também nos preservar dos nossos 'predadores').

   Na verdade, o zelo de Deus sobre todo o restante da Sua Criação não é tão intenso e interessado quanto o é sobre os que temem o Seu Nome, e sabem porque (no uso dos atributos da razão, mas também do sentimento e até da vontade) foram criados pelo Supremo; mais que criados, porque são chamados e remidos no Seu precioso Nome. E veja mais: Sei que é difícil, pois sei (mesmo por experiência própria, embora certamente jamais o tipo de experiência mais dolorosa que se pode ter) que a vida nos aperta de todos os lados. Portanto, sabendo que é assim, e que talvez não seja diferente para quem quer que seja, com toda a certeza sou assaltado pelas mesmas dúvidas, pelas mesmas ansiedades, e pelas mesmas fraquezas que qualquer um que me lê. Por isto, reconheço que é difícil encarar o que vou anotar; mas vou anotar, a despeito do que me vem a alma, porque o que vai ainda acrescido provém do Fiel, Aquele que era, que é e que será eternamente – cuja palavra é firme como Ele próprio (e Ele não depende de nós para suster Sua palavra): "Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? {ao curso da sua vida; ou à estatura}. E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." (Mateus 6.25-34) Isto serve para nos lembrar: Por mais quente que seja o dia, causticante com o sol que se esgueira pelo meio do buraco da camada de ozônio, e invade a terra com cada vez mais quantidade de UV-A e UV-B, dá para esperar que na manhã seguinte os pardais estarão lá, antes de vir o escaldante, acompanhados dos bem-te-vis, dos sabiás-laranjeiras, dos canários, com uma nova sinfonia (e tudo sem ensaio – não é fantástico ?).  

   Da mesma forma, o Criador já está 'acordado' antes de despertarmos, e já está lá adiante, lá na colina onde a trajetória da madrugada permite ver o sol sair da cortina, renovando Seus cuidados para o dia. Haverá lutas; haverá dissabores; haverá tormentas… Mas, Ele estará lá, estará junto, estará sustendo. Ele tem seu olhar nos pardais, mas também o tem especialmente em nós. 

   A propósito, de novo a nossa mensagem com música de hoje fala disto também. A autora (também autora do clássico "Deus Cuidará de Ti") dá o seguinte testemunho do surgimento da composição: "No início da primavera de 1905, meu marido e eu estávamos em jornada no estado de Nova Yorque. Nesse ínteim, surgiu uma boa amizade com um casal – Sr e Sra Doolitle, verdadeiros santos de Deus. Sra. Doolitle estivera enferma, acamada por cerca de 20 anos. Seu marido era um paralítico incurável, que para locomover-se precisava de uma cadeira de rodas. A despeito de suas aflições, eram cristãos felizes, trazendo inspiração a quem quer que os conhecesse. Um dia, quando visitávamos o casal, meu marido fêz menção do brilho da vida deles, a despeito de sua dureza, e perguntou-lhes qual o segredo. A Sra. Doolitle deu uma resposta simples: 'His eye is on the sparrow, and I know He watches me' (Seu olhar está sobre o pardal, e eu sei que Ele também me contempla). A beleza dessa expressão, simples e direta, de uma fé sem fronteiras, apoderou-se de mim e do meu marido. O hino resultou dessa experiência, e da lembrança automática das palavras do Mestre". Charles Gabriel pôs-lhe a música, sob solicitação da Sra. Martin, esposa do pastor Walter Martin. A primeira vez que ouvi a interpretação com a qual te presenteio agora, 26 anos atrás, eu estava muito, muito longe de casa.Como me foi confortador ouvir.  Fui atrás e comprei o LP. Ouça aqui, acompanhando com a tradução.

HIS EYE IS ON THE SPARROW (1905)
Seu Olhar Está Sobre o Pardal
Civilla Durfee Martin (1866-1948) & Charles Hutchinson Gabriel (1856-1932)

Why should I feel discouraged ?
Por que deveria sentir-me eu desencorajado ?
Why should the shadows come ?
Por que deveriam as sombras vir ?
Why should my heart be longing

Por que deveria meu coração estar suspirando ?
And long for heaven and home

E aspirando pelo céu e o lar
When Jesus is my portion

Se Jesus é a minha porção
My constant friend is he

Meu amigo constante ele é
His eye is on the sparrow

Seu olhar está no pardal
And I know he watches over me 

E eu sei que ele contempla a mim!

    I sing because I'm happy
    Eu canto porque sou feliz
    I sing because I'm free 
    Eu canto porque sou liberto

    His eye is on the sparrow
    Seu olhar está no pardal
    And I know he watches over me 
    E eu sei que ele contempla a mim!

Whenever I am tempted
Toda vez que sou tentado
Whenever clouds arise
Toda vez que as nuvens se levantam
When songs give place to sighing
Quando as canções dão espaço ao suspiro
When hope within me dies
Quando a esperança dentro em mim fenece
I draw the closer to Him
Eu me encaminho o mais perto Dele
From care He sets me free
Por [Seu] cuidado ele me liberta
His eye is on the sparrow
Seu olhar está no pardal
And I know he watches over me 

E eu sei que ele contempla a mim!

 Estrofe não cantada aqui :

"Let not your heart be troubled!" 
"Não se atemorize o vosso coração!"
His tender words I hear
Suas ternas palavras eu ouço
And resting on His goodness
E descansando em Sua bondade
I lose my doubts and fear
Eu deponho minhas dúvidas e temor
Though by the path He leadeth
Poquanto pelo caminho Ele guia
But one step I may see
Ainda que um passo eu não consiga ver
His eye is on the sparrow
Seu olhar está no pardal
And I know he watches over me 

E eu sei que ele contempla a mim!

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Abraços, boa semana !
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 47 : “NÃO VAI TARDAR…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 05 de Março de 2012

Recebi de minha filha, que acaba de mudar-se com o esposo para a capital paulista, onde agora tenta reiniciar a carreira advocatícia, uma dessas mensagens tipo "alerta geral", válida para este mês de Março. Nela, extraída de um dos grandes veículos de imprensa brasileiros, noticia-se a última reunião de uma ilustre comissão de juristas, a realizar-se nesta semana, numa das capitais do país. A dita comissão de juristas foi criada para nutrir o novo projeto de lei que vai reformar o Código Penal Brasileiro no congresso. O nosso CPB data de 1940, embora já tenha sofrido emendas. Sabe como é, né? Tudo evolui, precisamos 'evoluir' também, nessa área. Agora, vejamos algumas das tendências do nosso novo (e moderno) futuro Código Penal, se aproveitadas as sugestões de juristas e sociedades de classes :

– fim do "regime aberto" para cumprimento de penas

– exclusão de vários tipos penais, por serem considerados arcaicos

– descriminalização de um certo tipo de eutanásia – a ortotanásia (com a respectiva autoridade para julgar sua oportunidade)

– revogação de certos casos de contravenção

– ampliação da descriminalização dos casos de aborto

– rediscussão de crimes de natureza sexual

    Se for seguida a tendência ocidental contemporânea, é lícito prever-se um afrouxamento da ética e das virtudes, uma relativização mais folgada no tocante aos crimes de natureza sexual e uma acentuação do chamado "direito das liberdades individuais", como é o caso típico já em diversas nações no tocante à homossexualidade e ao arbítrio pessoal quanto ao "uso pessoal do corpo". Faz-me lembrar o argumento jurídico do personagem real Ramon Sampedro, perante os magistrados na Espanha da década de Noventa, em busca da eutanásia assistida. Seu caso real foi vivido na interpretação de Javier Bardem, no filme Mar A Dentro. – "Numa sociedade que preza a propriedade privada, não me é lícito fazer o que quero do meu bem mais precioso, minha única propriedade verdadeiramente privada – o meu corpo "? (Ramon Sampedro acabou por morrer de eutanásia ilegalmente assistida  e clandestina, no ano de 1995, quando deixou um 'testamento' à sociedade, e outro aos juízes).

    A reunião do conselho de juristas, que está a assessorar os senhores deputados, será no próximo dia 09. Daí em diante, segue-se o caminho agendado, até à formulação final, nas Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania do congresso nacional. Quando recebi o email de minha filha, meu primeiro impulso foi responder com a seguinte frase (registrei-a, afinal): "Precisamos intensificar nossa preparação para a volta de Jesus, porque a humanidade está criando, cada vez mais, fatos que "apressam"  aquele dia! " E não tenho medo de errar. Jesus mesmo afirmou: "Contudo, quando vier o filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?" (Lucas 18.8). Como em Israel do Antigo Testamento, a concupiscência do povo durava certo tempo, e parecia tolerada por Deus, até que se enchia o "cálice da Sua ira". Em vários países dantes amplamente habitados por cristãos verdadeiros, estão agora povoados de cristãos nominais, em número crescente. Cresce assustadoramente, neles, também, o número de não-cristãos. E é nesses países que as leis, refletindo costumes cada vez mais deteriorados da sociedade, estão a regulamentar o antiético, hábitos que afrontam o caráter santo do Criador. Já o apóstolo, falando ainda no século I, adverte: "Portanto, vede prudentemente como andais: não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus ." (Efésios 5.15,16) Eu, sem a autorização do apóstolo, mas com certa noção de como a coisa tem andado desde o primeiro século até o nosso, costumo acrescentar… "…são maus, e vão de mal a pior " ! A advertência que esse mesmo apóstolo faz, no Livro da Verdade Eterna, quanto ao perfil do ser humano à medida que os "últimos dias" vão se esgotando, é de arrepiar. É só conferir em II Timóteo 3.1-9… Chama a atenção, no texto, a inclusão do imperativo – "Foge também destes" (coisa que muito cristão não sabe fazer). Outro apóstolo nos demanda ser criteriosos e sóbrios, sob oração, porque "o fim de todas as coisas está próximo." (I Pedro 4.7). Lendo todas as passagens sagradas da Escritura sobre o fim dos tempos, dá prá perceber que a maioria está relacionada com alguma sinalização da decadência das virtudes e dos bons costumes, com a prática generalizada da "anomia" (aversão à Lei divina). A impressão que dá, ao lê-las, é que estão falando com uma antevisão exatamente dos nossos dias, nesta altura do século XXI. Não tenho ilusões: "lei" é um instrumento legítimo que as nações dispõem para indicar, à sociedade, o "certo" e o "errado". Mas, o que estamos vendo, não só no Brasil, como também no resto do mundo "civilizado", é o retrato de cores cada vez mais intensas daquele cenário contra o qual o profeta dirigiu sua imprecação: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade; põem o amargo por doce, e o doce, por amargo" .(Isaias 5.20)

    Nunca vi uma época, na História, em que haja tanta sutileza para dourar a pílula do mal com imagem de bem, e vice-versa… Quanta sutileza para impor à sociedade (e até a um expressivo número de cristãos que 'engolem' tudo) que a escuridão é que é luz, e vice-versa… Que época, essa (como o autor latino citado no nome do blog de uns amigos meus –o tempora, o mores ). Não nos enganemos, não o percamos de vista: tudo isto mostra que Ele vem, e logo vem… Aliás, não vai tardar…

    A propósito, a nossa mensagem com música de hoje fala disto também. O autor já nos é conhecido: não faz muito tempo, usei numa das mensagens a sua composição "Meu Tributo", cantada em Português. Andrae Crouch captou a admoestação bíblica em relação ao tema acima mencionado, com propriedade e destreza. Para deleite e meditação pessoal, vai na interpretação do coro  Heritage Singers.

IT WON'T BE LONG (1972)
NÃO VAI TARDAR 
Andrae Edward Crouch (1942- )

It won’t be long, then we’ll be leaving here
Não vai tardar, e então vamos partir daqui 
It won’t be long, we’ll be going home!
Não vai tardar, estaremos nos dirigindo 'para casa'.

Count the years as months, and count the months as weeks
Conte os anos como meses, e conte os meses como semanas
And count the weeks as days, any day now : We'll be going home!
E conte as semanas como dias, e qualquer dia desses, então: estaremos nos dirigindo 'para casa'.
You look around the world today, you see trouble and heartache on every side
Você vê o mundo de hoje à volta, vê problemas e aflição por todo lado
But the Father says : Don’t worry! For I've called you by my Name, and you are mine…
Mas o Pai diz: Não se turbem! Pois vos chamei pelo meu Nome, e vós sois meus…
So, when the flames of affliction threaten to ravage your soul
Logo, quando as chamas da aflição ameaçam devastar sua alma
When the mighty waves of strife threaten to wash over that old ship of Zion   
Quando as poderosas vagas de conflito ameaçam encobrir a nauzinha de Sião 
Remember : that it won’t be long
Lembrem-se: Não vai tardar
For Jesus said – friends, I’m gonna leave you now
Pois Jesus afirmou – amigos, vou deixá-los agora
But just as sure as I’m leaving you, I’m coming back to receive you
Mas tão certo quanto os deixo, voltarei para recebê-los
And when he comes again this corruptible is gonna put on incorruption
E quando ele voltar, este corruptível vai se tornar incorruptível
This mortal is gonna put on immortality 
Este mortal vai se tornar imortal
For we shall be changed !
Porquanto nós seremos transformados!

We shall be like Him (3x) any day now : We’ll be going home !
Nós seremos à semelhança dEle (3x), qualquer dia desses: estaremos nos dirigindo para 'casa'.

It won't be long (it won't be long, it won't be long)
Não vai tardar… (não vai tardar, não vai tardar)
When we'll be leaving here (going home)
Quando nós partiremos daqui(indo para 'casa')
It won't be long (it won't be long, it won't be long)
Não vai tardar… (não vai tardar, não vai tardar)
We'll be going home (people, listen to us : it won't be long)
Estaremos indo para casa (pessoal, ouçam-nos: não vai tardar)
It won't be long (then we'll be leaving here)
Não vai tardar… (estaremos partindo daqui)
Then we'll be leaving here (you'd better be ready)
Então estaremos partindo daqui (é melhor que você esteja preparado)
It won't be long : we'll be going home!
Não vai tardar : estaremos indo para 'casa'!

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Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 46 : “POR QUE ME AMOU ASSIM?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 26 de Fevereiro de 2012

Notícias de estarrecer, chegam ao nosso conhecimento, vez ou outra. Em Sorocaba, nesta semana, foi presa uma mulher sob acusação de um crime antigamente raro, muito raro. Qual o crime de que é acusada? Tentativa de homicídio contra sua filha. Qual a idade da filha? Três meses de idade. Método: administração de um pesticida (Butox) junto ao leite da mamadeira. Razão: estava incomodando, o choro da criança. Bem, esta foi a alegação no primeiro depoimento. Sabe como é, né? Logo vêm exemplares de um certo tipo de "conselheiros", a sugerir como deve uma pessoa, em tal situação, pronunciar-se publicamente, ou perante as autoridades… Aí, as versões começam a modificar-se… "Fiz confusão com os frascos; pensei que era remédio para cólicas", passou a dizer ela…

    Onde é que estamos chegando, nestes tempos pós-modernos? Como pode uma "mãe" fazer uma coisa dessas? Se for verdade, pode merecer a nomeclatura honrada que estas três letrinhas designam? Pode merecer inclusão nesta categoria de seres humanos, categoria de altíssimo valor intrínseco? Certamente, não!

    Fala-se do amor de mãe, como uma espécie de amor de alta veneração, quando visto pelo paradigma. Mas cada coisa que se vê, hoje em dia… Aqui, em Belo Horizonte, já são registrados alguns casos de crianças recolhidas em "embalagens", próximo à lagoa da Pampulha. O ser humano é uma obra-prima da Criação, de fato. Mas, intrometeu-se um ingrediente tão nocivo nessa obra-prima (vide Gênesis 3 e Romanos 5.12), que as manchas vão ficando cada vez mais visíveis. Não obstante, uma coisa pode-se dizer, com certeza: Há uma modalidade de manifestação de amor que não muda,  e que permanece a mesma desde que o mundo é mundo: o amor de Deus!"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer, tenha a vida eterna". (João 3.16) "De tal maneira significa também "de maneira inigualável, sem par, sem paralelo". "Mas Deus… por causa do grande amor com que nos amou… nos deu vida juntamente com Cristo". (Efésios 2.4)

    Este é o amor "AGAPE". Das formas vocabulares que a rica língua grega nos legou para designar as modalidades deste sentimento, não existe uma única que possa adequadamente designar o amor de Deus! Mas esta palavra é a que melhor se aproxima. Em português, "amor" é "amor" em qualquer dimensão, com seus sinônimos. Em inglês, "love" é "love" para qualquer finalidade. Em grego, EROS é o amor cujo objeto focal é o "eu próprio" – amor "egoísta";  FILIA é o amor cujo objeto é ambivalente, quer dizer, eu e o meu próximo, ou vice-versa – é o amor "fraternal" (há uma variação desta forma, que envolve as relações familiares – mas não vem ao caso, agora); AGAPE é o amor cujo objeto não inclui o "eu próprio", e sim o destinatário do amor – é o amor "altruísta" ! Esta palavra, com teor semântico mais específico, ainda é pobre para representar o amor de Deus; é muito pobre, ainda. Por mais distinta e sublime que seja, ao nível humano, é paupérrima, em se tratando de Deus… Mas, dentre as disponíveis, é a que melhor se aproxima do sentimento divino. E outra coisa: Deus amou (e ama) quem Ele amou (e ama) porque quis Ele amar; se fosse depender dos destinatários do Seu amor, Ele não amaria. Não amaria simplesmente porque não merecemos, se fosse para considerar este critério. "Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores". (Romanos 5.8)  

    Não há paralelo nisto. É constrangedor! Tão constrangedor que o apóstolo, via inspiração, acrescenta: "Ora o amor de Cristo nos constrange…" (II Coríntios 4.14) Constrange porque é assim, uma dádiva sem merecimento, graciosa, e com um  preço impagável… Constrange também porque concede um privilégio cuja avaliação escapa a qualquer capacidade humana: a filiação por adoção em Cristo. Somos filhos de Deus! "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus". (I João 3.1). O amor de Deus, de que podemos nos beneficiar (e somos beneficiados), não é volúvel, não é combalido por circunstâncias, não se amolda à correspondência do nosso amor por Ele. Ai de nós se fosse assim. "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua própria vida em favor dos seus amigos". (João 15.13) Nada a assemelhar-se com o inconstante amor que o ser humano, por mais sublime e virtuoso que seja, possa manifestar.

    Aquela mãe de Sorocaba, caso se confirme a denúncia, fica a dever às genuínas e honoráveis mães de verdade. Mas Deus nada fica a dever, nem à Criação, nem a nós, nem a Si próprio, nem a quem quer que seja, mesmo no imaginário. Seu Filho, encravado naquela cruz, foi a maior prova. E que prova ! Nós, sim, é que ficamos a Lhe dever –  e muito, e sempre, e tudo!  E ainda fica faltando !! E como fica !!!

    O nosso hino de hoje fala disto também. Foi composto por um homem que tinha dotes musicais, mas usava-os tão somente para o seu deleite, e dos conhecidos. Ouviu uma pregação, numa campanha evangelística, e tornou-se rendido àquEle que é amor (I João 4.8b). Rendido, profundamente impressionado pela expressão do amor divino em Cristo, compôs o hino. Além deste, compôs mais uns 2000 hinos e cânticos… Como exemplo, a música do conhecido (e belo) hino de nossos hinários – "Oscilando minha fé, Deus me valerá"… Vai aqui, num áudio coral em nosso idioma.  Segue também a letra original, para os que tiverem curiosidade.

WHY SHOULD HE LOVE ME SO (1924)
Por Que me Amou Assim?
Robert Harkness (1860-1961)

Love sent my Saviour to die in my stead
Why should He love me so ?
Meekly to Calvary's cross He was led
Why should He love me so ?…

   Why should He love me so?    
   Why should He love me so?
   Why should my Saviour to Calvary go

   Why should He love me so?

Nails pierced His hands and His feet for my sin
Why should He love me so?
He suffered sore my salvation to win
Why should He love me so?…

O how He agonised there in my place
Why should He love me so?
Nothing witholding my sin to efface
Why should He love me so?

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Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

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N° 45 : “ADEUS À CARNE…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 19 de Fevereiro de 2012

 É "carnaval"… Pelo jeito,  tá cada vez pior… "Carnaval" é uma festa de origem pagã ou religiosa? Cristã ou anti-cristã? Vamos pelo começo: O cristianismo medieval, infelizmente, foi se afastando cada vez mais do cristianismo apostólico. Um dos sintomas desse afastamento, foi a incorporação, no "calendário" religioso, cada vez mais repleto de cerimonialismos fúteis, de festejos populares; para tanto, davam-se-lhes feições religiosas. Ora, no mundo grego havia um festejo pagão desde os tempos pré-socráticos. Os gregos celebravam, com oferendas aos "deuses" da fertilidade (do homem e da terra) as suas devoções. E as celebrações eram bastante "carnais". Os romanos, que já gostavam de festas (e como gostavam, principalmente as nababescas), copiaram o costume dos gregos. Os cristãos, seguindo o legado de suas origens hebraicas, consideravam tais festejos duplamente abomináveis a Deus. Mas, eis que veio o período da Idade Média, a "idade das trevas". Por que não transformar o gosto popular em algo útil à religião? E assim, por ordem de um bispo cristão romano, que se considerava maior em autoridade que outros, determinou-se uma adaptação para incorporar o festejo popular ao religioso. Daí em diante, seria uma festa de liberdade, para servir de "preparo" aos "cristãos" à sequência de 40 dias vindouros, o jejum de quaresma. Entre os variados rigores da Quaresma cristã, a exigência da abstenção de carne. Daí o nome – carne (ou caro) + levare (ou levale), que o latim de diversas formas designava, para indicar o "adeus à carne". Desse modo, a festa passou a servir para esbaldar, enquanto não chegava o rigor da abstinência dos quarenta dias. Os bispos romanos mais exigentes passaram a incluir também  outro tipo de abstenção, no período. Daí, a liberdade (ou libertinagem) dos dias antecedentes à Quarta-feira, primeiro dia da Quaresma, o jejum da carne. Parafraseando o célebre Antoine Lavoisier, neste mundo perdido nada se perde, nada se cria, tudo se copia! Então, cristãos nominais das nações ocidentais copiaram a licenciosidade dos gregos e romanos para, com o passar dos tempos, virar isso que hoje se vê. "Que se vê" é maneira de dizer, porque, em verdade, não merece ser visto…

    Os gregos dos tempos imediatamente anteriores à vinda de Jesus ao mundo (e até contemporâneos) se dividiam quanto ao ensino platônico: de um lado, levando ao pé-da-letra a ideia da inutilidade da carne (ou, utilidade meramente temporária), pregavam uma espécie de alienação do mundo, de qualquer tipo de prazer, e uma sublimação rigorosa do espírito – eram os estóicos. De outro lado, rejeitando os postulados platônicos, estava os opositores; estes pregavam que só há sentido na vida se ela for bem aproveitada, regiamente aproveitada, com liberdade franca aos sentidos, ao sensual – eram os epicureus. Para os primeiros, a carne é carcaça descartável; para os segundos, ela é a verdadeira sede das virtudes que merecem ser cultivadas. A propósito, a mentalidade que comanda o carnaval moderno (e o Big Brother, etc… ) é cada vez mais "epicurista"…

   E agora, com quem está a verdade? Se recorrermos à Fonte da Verdade, necessário será dizer – nem com um, nem com outro. Há limites impostos pelo "Dono da Verdade" para a sublimação do espírito (do contrário, vira ascetismo, alienação, exercício supostamente transcendental); e há também sérios limites para a liberação dos prazeres (pois, do contrário, vira carnalidade, animalismo). Mas não há, no ensino da Verdade do Criador, exigência de supressão, nem de um, nem de outro. Ao contrário, ambos os componentes devem ser "conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo." (I Tessalonicenses 5.23) De um lado, o Manual do Criador exorta, quanto ao corpo: "Porque fostes comprados por preço; agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo." (I Coríntios 6.20) De outro lado, exorta quanto ao espírito: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do corpo." (Provérbios 20.27) Corpo e espírito devem servir aos propósitos do Criador!

   Um dia, seremos revestidos de imortalidade, de incorruptibilidade, seremos transformados de uma imagem terrena para uma imagem celestial (I Coríntios 15.45-49), e conformados à plenitude da semelhança do Cordeiro em sua humanidade gloriosa e transformada – corpo e alma (corpo e espírito, incluindo todos os seus atributos). Um novo corpo – o atual miraculosamente transformado em glória –  e um novo espírito – o atual miraculosamente transformado em glória. Penso que cada referência que chega aos ouvidos e olhos sobre a carnalidade que campeia à nossa volta acentua e torna cada vez mais aguda a nossa convicção de que não pertencemos a este mundo, de que temos uma nova pátria, uma nova cidade, e de que lá os festejos serão santos, puros, gloriosos, perenes, indescritíveis, inigualáveis, incansáveis, e outros adjetivos mais. E, embora presos à missão terrena, somos cada vez mais sequiosos pela glória! Num certo sentido, eis aí o nosso "carnaval", o nosso "adeus à carne" (pelo menos, com os seus vícios e suas limitações de hoje)!

Maranatha!

   Deixo com vocês um áudio singular. Ira Stamphill  foi um pastor e evangelista norte-americano. Sua infância e adolescência foram muito sofridas, como ele próprio testemunhou. Pessoalmente, sou um grande apreciador de algumas de suas composições:Suppertime, I Know Who Holds Tomorrow,  He Washed My Eyes With Tears, We'll Talk It Over, e outras mais (foram muitas). Nesta gravação, um grupo canta ao vivo, informalmente regido pelo próprio Stamphill, pouco antes de haver falecido. O hino foi composto quando, pode-se dizer, Ira estava ainda em sua mocidade  – 35 anos de idade, quatro anos após a Segunda Grande Guerra. A voz que conduz, aqui interpretando, é a de Eva Mae LeFevre, aos 75 anos de idade, tendo seu filho (e pastor) Mylon LeFevre ao seu lado. Curiosidade: este hino foi tangentemente interpretado, numa inusitada gravação de hinos, por Elvis Presley, em 1960.

Ouça aí e acompanhe a letra…

MANSION OVER THE HILLTOP (1949)
A Mansão no Topo da Montanha
Ira Forest Stamphill (1914-1993)

I'm satisfied with just a cottage below
Eu tenho-me por satisfeito com apenas uma cabana cá embaixo
A little silver and a little gold
Um mínimo de prata e um mínimo de ouro
But in that city where the ransomed will shine
Mas naquela cidade, onde os resgatados há de fulgir
I want a gold one that's silver lined
Eu espero uma [morada] de ouro com brilho prateado

    I've got a mansion just over the hilltop
    Eu ganhei uma mansão lá no topo do monte
    In that bright land where we'll never grow old
    Naquela terra brilhante onde nunca mais envelheceremos 
    And some day yonder we'll never more wander
    E algum dia adiante nós não mais haveremos de vaguear
    But walk on streets that are purest gold
    Mas [sim] andar nas ruas de puro ouro.

Don't think me poor or deserted or lonely
Não me imagine pobre, deserdada(o) ou solitária(o)
[I'm not one bit discouraged – 
Não estou nem um pouquinho atemorizada]
I'm not discouraged – I'm heaven bound
Não estou atemorizada(o) – Meu foco está no céu  
I'm but a pilgrim in search of the city

Não sou mais que uma peregrina em busca da cidade
I want a mansion, a harp and a crown
Eu quero uma mansão, uma harpa e uma coroa. 
 

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Abraços, boa semana !
Ulisses

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N° 44 : “EMOÇÕES… SAUDADES…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 11 de Fevereiro de 2012

Ontem fui honrado de ver a formatura de meu filho caçula – o Israel. É difícil esconder que me sinto um pai orgulhoso: Israel se formou em Administração na UFMG mas, infelizmente, foi uma cerimônia muito restrita, num auditório pequeno da reitoria, o que gerou a imposição de limitar a dois convidados por aluno a possibilidade de acompanhamento. Não escolha dele, mas determinação da turma e da faculdade. Ainda haverá um culto, sem limitação de convidados.

   Como toda cerimônia de formatura, mesmo com a limitação de auditório, as partes comuns que todos já conhecemos. Uma pequena parte do discurso do professor e patrono da turma ficou na minha lembrança. Ele disse estar citando um poeta, ao mencionar as palavras: "Passamos uma parte da nossa vida colecionando emoções; noutra parte, colecionamos saudades". Eu já tinha ouvido uma vez a declaração, mas não sabia que era de um poeta. Fui pesquisar, e descobri de que poeta se trata: Paulo Bonfim. Paulo Lébeis Bonfim é um poeta brasileiro, nascido em São Paulo (1926), e o dito é extrato da obra "O Colecionador de Minutos", de 1959. Interessante! Muito interessante!! Sob certo aspecto, não deixa de ser verdade: em boa parte da vida, colecionamos experiências e, provavelmente a maioria delas produz suas emoções próprias. Guardamo-las… Não raro, afloram… Talvez seja a fase inicial, dure ela quanto durar, em cada caso individual. Depois, é bastante possível que predominem as saudades. É outra fase da vida, certamente. Mas, saudade traz emoção também. É inevitável.

   O poeta que, inspirado, escreveu o livro de Jó, registrou com palavras de profundo significado emocional uma declaração profética desse patriarca. Apesar de saber que o teor literal das palavras aponta para um conteúdo ligeiramente diferente, e que a versão Almeida Revista e Atualizada tenta capturar o sentido real por causa de diferenças contextuais, aprecio muito a forma desta versão, quando traduz: "Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim." (Jó 19.25-27) Fico pensando – Que emoção! Que "saudade"! Saudade esta, de alguém que não viu o seu Redentor, mas o esperava. Quando o apóstolo Pedro se encontrou com Jesus, após a crucificação, mas também após a ressurreição deste, por três vezes ouviu uma pergunta profundamente tangente: – "Simão, filho de João [Jonas], amas-me mais do que estes outros."  (João 21.15) Dá prá imaginar a emoção de Pedro, o mesmo que por três vezes havia negado a Jesus (como qualquer um de nós também poderia negar, talvez até mais rapidamente do que ele)? Jó, que não viu (ainda) o Redentor com seus próprios olhos, exclamou – Ah! Que saudade essa, que dilacera meu coração! Nós que também não o vimos (ainda) com estes olhos, e que ainda o veremos, podemos exclamar como Jó: Ah! Que saudade esta, do meu Senhor, que me aperta o coração… Mas, nem o vimos ainda !?!?!… Jamais nos encontramos pessoalmente com ele, certo?… Então, deve ser um tipo de "saudade" diferente… Ânsia de vê-lo…  Será ? Ou será que não? Se você tem dúvidas quanto a isto, então é melhor reler a pergunta de Jesus a Simão Pedro : Amas-me mais do que os demais ?Amas-me acima de tudo e de todos?  

   Lembro-me do Silas Paulo. Ele era um personagem um tanto diferente… Já tinha sido preso diversas vezes, na baixada fluminense. Era temido naquela "baixada". Estava agora sob liberdade condicional… Conheceu a Cristo na prisão de São Gonçalo, se não me falha a memória. Ouvi-o, em minha mocidade, em Governador Valadares, numa noite de Sábado, numa das igrejas da cidade… Não me aguentei, e fui buscá-lo para falar à minha igreja, aos meus companheiros de juventude, na Escola Dominical. Corpo marcado pelas drogas do passado, além das marcas das surras, com cortes e cicatrizes até no rosto, porém a voz firme e corajosa de quem sabia a quem agora amava, contou ele experiências de quando logo abraçou a fé. Uma delas: na mesma semana que o evangelho o transformou, pegou um aparelho televisor que estava em sua casa, e saiu com ele no braço, pela favela fora. Chegando em uma casa, ainda com o aparelho no braço, tocou a campainha. Alguém abriu… – Vim devolver esta televisão; é de vocês… Fui eu quem a roubei… – Mas, como assim? Você está louco? – disse-lhe a pessoa que abriu. – Sim, estou louco! Louco de amor por Jesus, que me salvou… Agora sou nova criatura.

   O poeta do patrono do meu filho deve estar certo, de alguma maneira: Colecionamos emoções, mas também colecionamos saudades. Como cristão, tenho uma espécie de saudade muito especial: a mesma de Jó! Bem, eu tenho que ir… Tenho que parar por aqui… Daqui a pouco minutos tomarei um ônibus em viagem… Antes do hino, fica no meu coração o eco da pergunta de Jesus, recebendo a resposta do patriarca bíblico: – Ulisses – Amas-me mais do que tudo e do que todos? – Ah! Eu o verei, ainda o verei, quando revestido de minha carne; de saudade desmoronam-me emoções no coração!

 Ouça o hino de hoje. Na língua original do autor, o título era :

"THAT's WHY I LOVE HIM SO!"
A Cristo eu Amo", 1915 
Scott Lawrence, em versão de língua portuguesa.

1. Cristo Jesus é meu bom Salvador,
   Desejo amá-Lo mais;
   Todos os dias Ele é meu Pastor;
   Desejo amá-Lo mais.

      CORO: A Cristo eu amo; oh, quanto o amo! 
      Na cruz a vida Ele deu!
      Com Seu sangue, Jesus me salvou, assim, 
      E em gratidão sou Seu.

2. Oh! que alegria é servir a Jesus;
   Desejo amá-Lo mais;
   Sempre com Ele, eu vivo na luz;
   Desejo amá-Lo mais.

3. Bem cedo ao Céu Ele me levará,
   Desejo amá-Lo mais;
   Eternamente Ele me guiará;
   Desejo amá-Lo mais.

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Abraços, boa semana !
Ulisses

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N° 43 : “NOS VEMOS LÁ…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 05 de Fevereiro de 2012

 A tragédia deste último Janeiro, dos três edifícios do Rio de Janeiro, revelou algumas histórias impressionantes de dor. Flávio Porrozi Soares, 34 anos, falava com a noiva pelo celular, quando a ligação foi abrutamente interrompida… sem continuidade! Luis Leandro de Vasconcelos, 40 anos, falou minutos antes com a mulher, pelo celular: "Estou terminando de instalar um servidor, e já vou…"; não foi, não se despediu da mulher, nem dos três filhos pequenos. Nilson de Assunção Ferreira, 50 anos, liberou minutos antes o filho, que com ele trabalhava no escritório contábil, prevenindo que iria logo para casa; não foi! Alessandra Alves Lima, 29 anos, falava com o marido, Victor, pelo MSN, quando também a comunicação foi interrompida…

     Para essas vítimas do Edifício Liberdade, não houve tempo de um "adeus", um "até logo"… As investigações estão se intensificando, na busca da causa do desabamento. Um engenheiro mineiro, consultado a opinar sobre o fato, lembrou que em algumas edificações, em que a sustentação do edifício depende também das paredes (e não apenas dos pilares, das lajes e das vigas), tirar paredes "é como tornar o edifício parecido com um queijo suíço ". Ainda não se pode afirmar, com certeza, a causa do desabamento; ainda não há quem se atreva a diagnosticar com certeza. Mas a história é, sem dúvidas, muito comovente.

    O episódio faz revolver minhas lembranças: a História registra a história de um homem incomum que também morreu em Janeiro. Seu nome é Inácio; Inácio … de Antioquia. Antioquia era a cidade mais importante da Síria nos dias áureos do Império Romano. E Inácio era um cristão naquela cidade; era ele quem conduzia a igreja local. Viveu ele 73 anos (35 a 108 da era cristã), e não viveu mais, por assim dizer, porque foi aprisionado por autoridades romanas, para ser levado a Roma, sob sentença. Sua sentença?  Bem, algo, digamos, muito "exótico", em se tratando de uma decisão de seres humanos para com um seu semelhante: Deveria ele servir de espetáculo no Coliseu romano, sendo servido de repasto a leões;  esses leões eram deixados certo tempo sem comida, para não se correr o risco de entrar no Coliseu, com carne humana à sua frente e, enfastiados, frustrarem a multidão sequiosa pelo "espetáculo". Foi assim que Inácio morreu! Ao contrário das vítimas do "Liberdade", com dia e hora marcados. Na trajetória a Roma, escoltado pelos militares romanos, Inácio teve permissão para escrever cartas – foram sete. E suas cartas se transformaram num verdadeiro legado de confiança, fé e testemunho. Escreveu ele a cristãos de 6 cidades, além da carta dedicada ao seu amigo, Policarpo, pastor em Esmirna. Mesmo sabendo que caminhava para a morte, Inácio incluiu em suas cartas várias recomendações, vários ensinos. Além disto, encarando a sua morte eminente como sua passagem, gloriosa e ansiada, à presença do Deus Altíssimo, confortava ele os irmãos. Eu disse isto? "Confortava ele os irmãos"? Disse! É isto mesmo!!! Quem haveria de morrer era ele, mas confortado Inácio já estava. Os irmãos, que o amavam, e que ficariam, é que recebiam dele o conforto. "Serei comido pelas feras; é o meu meio para alcançar a presença de Deus! Sinto-me como o grão de trigo e, pelos dentes das bestas-feras, me tornarei pão para com Cristo, meu Senhor!" Enquanto seguia, de Antioquia (Ásia) a Roma (Europa), sua mensagem de vida aos demais cristãos era : "Se não os ver de novo, por aqui, vê-los-ei por lá; apenas, me antecipo a vocês ! "  Possivelmente, há diferenças entre Inácio e o que se relata das vítimas do "Liberdade" (um sugestivo nome, diga-se de passagem, para um edifício fadado a desabar).Inácio não temia sua partida (até a aspirava)…

  • Inácio tinha certeza daquEle a quem veria, e com quem estaria, além…
  • Inácio reputou a maneira como Roma o condenou, por causa da pregação do evangelho, uma oportunidade para seu testemunho…
  • Inácio se despedia dos cristãos, pelas cidades por onde passou em sua via-crucis (maneira de dizer, porque não foi crucificado), acenando para eles a esperança de vê-los de novo, além…

   Esta esperança foi também ostentada pelo apóstolo Paulo, com o que ele nos infunde igual esperança: Em Atos 20.25 ele se despede de irmãos de Éfeso dizendo : eu sei que não vereis mais o meu rosto…   mas no mesmo texto, encoraja os irmãos com a "herança bendita"; em Colossenses 1.27, ele encoraja os irmãos com a esperança da glória, que é Cristo; a Tito, ele encoraja, encomendando a bendita esperança e manifestação da glória… (2.13) a Filemon, quando no estado de suia detenção, anima com palavras de reconhecimento, devido ao conforto que recebeu pelo testemunho do amigo e irmão a Timóteo, prevendo o martírio que em breve, de fato, se lhe sucederia – "estou sendo oferecido por libação, e o tempo de minha partida é chegado" (2ª epístola, 4.6), ainda encontra razões para encorajar outros irmãos, além do próprio Timóteo. Parece-me isto tudo um conjunto de considerações que demanda estado de prontidão para a hora, seja ela qual for. Inácio, Paulo, sabiam da iminência de seus momentos derradeiros. A maioria de nós não sabe. As vítimas do "Liberdade" nem sonhavam com isto. Isto não muda muito o quadro.

   Me lembro do presbítero Cristiano Pereira, muitos anos atrás, lá em Governador Valadares, a relatar um dos períodos críticos em que acompanhava ele o filho, Esdras, no Hospital Evengélico, em Belo Horizonte. Esdras, ainda jovem, estava sofrendo com uma osteomielite, com o que, dentro em pouco, partiria para seu Senhor. E seu Cristiano, num dos seus relatos, contava mais ou menos assim: "Meu filho tem passado por períodos de dores terríveis. Mas tem uma coisa curiosa que acontece, que só Deus pode explicar, porque só Ele pode fazer: as pessoas vão lá visitá-lo, e levar conforto; depois, saem de lá dizendo que eles é que foram confortados ". A verdade que não muda é aquela que incluiu Paulo, durante sua prisão em Roma, em sua carta : "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor."   (Filipenses 1.23-25)Para quem desfruta desta mesma esperança, não há surpresa, não há "hora errada", não há "erro de agenda". Se havia alguém com esta mesma esperança no "Liberdade", agora sua alma se encontra em gozo na presença do Cordeiro. E, cá entre nós, na presença do Cordeiro há um gozo que, do lado de cá, jamais conheceremos de fato; só em pequenas amostras ! Então, se eu for antes de algum de vcs, que me lêem, "há um outro lugar de encontro, perene, nalgum lugar dos céus, bem ao lado do Rio da Vida"! Nos vemos lá, ok ? Se for antes algum dos que me lêem, da mesma forma, então, fica combinado : nos vemos lá !… Aliás, esta é a poesia de Albert Brumley, escrita ainda nos dias de todas as incertezas e dores do final de Segunda Guerra Mundial. Ouça e acompanhe o texto, na voz "de algodão doce" de Cynthia Clawson…

IF WE NEVER MEET AGAIN … (1945)
Se Jamais Nos Vermos de Novo …
Albert E. Brumley (1905-1977)

Soon we'll come to the end of life's journey
Logo nós chegaremos ao fim da jornada da vida
And perhaps we'll never meet anymore
E talvez jamais venhamos a nos ver de novo
Till we gather in the heaven's bright city
Até que nos reunamos na brilhante cidade celestial
Far away on that beautiful shore
Lá, distante, naquela bela praia

    If we never meet again this side of heaven
    Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu  
    As we struggle through this world and its strife
    Enquanto lutamos neste mundo e seus embates
    There's another meeting place somewhere in heaven
    Há um outro lugar de encontro, nalgum lugar dos céus
    By the side of the river of life

    Bem ao lado do Rio da Vida 

Where the charming roses bloom forever
Onde as encantadoras rosas florescem perenemente
And where separation comes no more
E onde a separação jamais nos ocorre de novo
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu  
I will meet you on that beautiful shore

Eu te encontrarei naquela bela praia
Where the charming roses bloom forever
Onde as encantadoras rosas florescem perenemente
And where separations come no more
E onde separações jamais ocorrerão de novo
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu
I will meet you on that beautiful shore
Eu te encontrarei naquela bela praia

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses.

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N° 42 : “ELE É QUEM PILOTA…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Janeiro de 2012

    Algumas histórias já ouvi, usadas como ilustrações de vida, retratos da confiança de um filho no seu pai. Conto-lhes mais uma, hoje.

   No dia 17 de Janeiro último, passei por uma experiência que me lembrou aquele dia de Setembro do ano passado, a colisão de múltiplos veículos na subida da via Imigrantes. Quem não se lembra? Houve reports que chegaram a mencionar centenas de veículos, sob chuva e neblina, com mais de 2 quilômetros de engavetamento. Recorri ao acontecido, numa das mensagens anteriores, naquela mesma semana de Setembro. Nessa Terça, dia 17 último, em que estava também subindo a Imigrantes. Comigo, Maiza (minha esposa) e Suzana (minha filha), no banco de trás, vindo de Bertioga a São Paulo, por causa do processo de mudança de Suzana e Thiago para a capital. No banco da frente, à minha direita, Ulissinho. Thiago já estava em SP desde o dia anterior. Já no começo da subida, ainda entre Guarujá e Santos, o céu ficou preto e fechado, com a tempestade que logo veio. Para quem se lembra, foi aquela terça em que a enorme tempestade inundou boa parte de São Paulo, de Santo André, de São Bernardo do Campo, e arredores. A subida ficou extremamente perigosa. A Anchieta já estava bloqueada, por causa de acidentes. A Imigrantes ficou sobrecarregada. Maiza e Suzana, no banco de trás, estavam assustadas; a vontade era que parássemos. Mas, parar como? De que jeito? Quem conhece a Imigrantes na serra, sabe o que estou dizendo.Quem lembra dos detalhes daquele acidente múltiplo, em Setembro (detalhes esses que não saíam da minha cabeça, enquanto subíamos) já percebeu o tamanho do risco.  Os que já estavam parados na lateral direita da pista – até ônibus e caminhões – certamente não estavam parados por opção, porque essa opção, ali, principalmente sob tais circunstâncias, é simplesmente a pior de todas. Eu olhava pelo retrovisor, e via duas faces tensas e assustadas. E não posso negar que eu mesmo estava tenso e preocupado. 

    O fato mais curioso foi quando olhei para o "passageiro" à minha direita. Há alguns dos que me lêem que não sabem: meu filho mais velho (na idade, 28) é autista. Sua idade mental ainda se encontra na fase da "primeira infância". Mas, se não fosse tomar tantas linhas (encompridando este texto), eu lhes demonstraria que ele não é, assim, tão inocente e ingênuo quanto a certos riscos. Entretanto, quando olhei para ele, a apreensão que ele esboçava, se esboçava, era um tanto leve e insignificante, para as circunstâncias. Maiza ainda comentou com Suzana: "É, porque ele confia no pai, que está dirigindo! " Pronto! Lembrei-me do que eu queria dizer. Precisamente isto, esta cena, esta percepção, estas palavras, que quero trazer à tona, para o que quero dizer. Uma circunstância que me faz pensar em dois quadros opostos, e em contraste. Um quadro, analogia da vida de quem não tem a Deus por Pai, e não conta com Ele para as "Imigrantes sob tempestades" da vida. Sim, porque a nossa vida, isto é, a de todos nós, tem seus momentos ensolarados, tem seus momentos de brisa fresca, mas também tem seus momentos de tempestade e vendaval. Quão terrível é atravessar tais momentos sem ter a certeza de que há um Pai "com a mão no volante", com a mão no "timão" (como disse meu irmão, nesta semana, à minha filha). E quão inútil é atravessar a bonança e a brisa fresca, sem perceber Aquele que ambos os contextos proporciona. Andar pela bonança com auto-confiança parece ser bom. Mas é quando vem a tempestade, em meio às carretas e os "bi-trens" desenfreados, os quais parecem querer nos "engolir", que sentimos a nossa mão precisar da "mão-que-vem-de-cima". 

    O outro quadro é este: saber que, na bonança ou na tempestade, na brisa ou no vendaval, sozinhos na estrada ou no meio dos "monstros sobre rodas", a "mão-que-vem-de-cima" está ali, segurando sempre a nossa mão. Isto, lamentável dizer (mas, necessário dizer) é privilégio de "filho". E "filho", não é qualquer um (não, do ponto de vista natural)… "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber, os que crêem no Seu Nome" (Jesus, em João 1.12) Então, nesse quadro, nesse cenário, é um privilégio sentir como aquele meu "passageiro" da direita. Sabe, há duas maneiras pelas quais aprendemos a confiar em Deus: pela experiência e pela Sua Palavra. Contudo, a experiência, sozinha, não traz "seguridade" à confiança – ela fica volátil ! Não tem "âncora". A Palavra de Deus, com seus ensinamentos precisos e suficientes sobre Deus, traz significação à experiência. Tem de ser assim. Ela é a "âncora" (Hebreus 6.19). Meu filho autista, se é que confia em mim, confia pela experiência. Mas ele é autista. A "infância" não sai dele. Os que confiam no Senhor, é que "são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece firme para sempre" (Salmo 125.1) são aqueles que moldam a sua experiência à Palavra, simplesmente porque esta também  permanece  para sempre (Salmo 119.89). Por isto, o profeta trouxe aos "filhos da Aliança" a lembrança dos firmes propósitos divinos, falando assim: "Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei; não temas, porque eu sou contigo. Não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel." (Isaías 41.9-10)Nada como ter a Deus por Pai, confiar que Ele anda conosco, e que nos dirige, tanto na bonança quanto na tempestade. Nada como saber que Ele pilota… Como diz o antigo cântico infantil: "Meu barco é pequeno, e grande é o mar, Jesus segura minha mão. Ele é o meu piloto, e tudo vai bem, na viagem prá Jerusalém" (Jerusalém, aqui, é a metáfora do  céu – Gálatas 4.26; Hebreus 12.22; Apocalipse 21.2).

    Falando em cântico (e em barquinho), aqui vai o que desfecha a mensagem de hoje. A autora era esposa do ministro metodista John D. Wilson, na Pensilvânia. As lutas do ministério, junto com aquelas da lida familiar, eram sempre intensamente compartilhadas pela esposa. Também o era a deposição dessas lutas diante do Todo-Poderoso, em oração. Numa dessas épocas, sentindo como se estivessem num pequeno barquinho no meio de um mar revolto, o texto bíblico lido em Isaias 41.10 (aquele, de linhas acima) trouxe a Emily um grande conforto, conforto esse que ela partilhou com o esposo. Da letra da Palavra de Deus à letra do hino foi pouco tempo que passou, logo a seguir. Ao piano, acrescentou Emily a música, e então temos esse belo hino em versão de língua portuguesa. Infelizmernte, a versão não captou precisamente o sentido da última estrofe, que aqui tento captar (mesmo sem rima):

Quando eu chegar ao Rio Jordão
E suas turvas águas eu ver
Na beirada, verei meu Salvador
E – eu sei – [também ali] Ele há de me pilotar

[“Rio Jordão” é mais uma metáfora inspirada na Bíblia, porquanto foi a última travessia dos filhos de Israel, antes de tomar posse da “terra prometida”]

I WILL PILOT THEE
OH, NÃO TEMAS, SOU CONTIGO (1895)
Emily Divine Wison (1865-1942)

1. Se a fé por vezes falta, 
   Quando o sol não posso ver, 
   A Jesus eu digo humilde: 
   Oh, vem meu piloto ser…

CORO: "Oh, não temas, sou contigo, 
      Teu Piloto até o fim!
      Não te importes com o perigo – 
      Eis a mão, confia em Mim.
"

2. Quando a tentação me envolve 
   E não posso a Cristo ver,
   Eis que em meio à tempestade, 
   Ouço o Salvador dizer:

3. Quando a alma está ferida 
   Pelas ondas da aflição, 
   Volvo o olhar ao meu Piloto, 
   E este canto escuto então:

4. Se do mar à praia chego, 
   Mesmo havendo turbilhão, 
   Vejo meu Piloto ao lado,
   Creio em Sua direção.

Em inglês :

Sometimes when my faith would falter
And no sunlight I can see
I just lift my eyes to Jesus
And I whisper, "pilot me."

    "Fear thou not for I'll be with thee
    I will still thy Pilot be
    Never mind the tossing billows
    Take my hand and trust in Me
"

Often when my soul is weary
And the days seem oh! So long…
I just look up to my Pilot
And I hear this blessed song

When I come to Jordan's river
And its troubled waters see
On the brink I'll see my Savior
And I know He'll pilot me

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses.

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

 

N° 41 : “A FONTE DA JUVENTUDE!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 22 de Janeiro de 2012

  No Domingo passado eu não estava em Belo Horizonte (já não estava desde a Sexta antecedente); tampouco em quase todo o restante da semana. Por esta razão, saltamos um Domingo… Cheguei neste final de semana, e já tinha em mente uma abordagem, bem como um hino para seu desfecho. Entretanto, entrando aqui na minha caixa postal, encontrei mensagem de um primo que me fez mudar de ideia. A mensagem me endereçou a uma preleção da atriz Jane Fonda. O assunto da preleção foca como viver o que ela chamou de "o terceiro ato" da vida. A expressão inglesa "the third act" parece-me similar ao que por aqui costumamos chamar de "terceira idade". Vou aproveitar um "rasgo derivado" das minhas reflexões, e escrever sobre isto.

   Na preleção, Jane Fonda referiu-se a um falecido advogado norte-americano que a inspirou : Neil L. Selinger (1953-2011). Selinger faleceu pouquíssimo tempo depois do definitivo diagnóstico de sua rara enfermidade: ALS – Amyotrophic Lateral Sclerosis, também conhecida como "doença de Lou Gehrig". Trata-se de uma doença que avança rapidamente a degeneração física, mas que não afeta a mente. Por mera curiosidade, trata-se da mesma doença que afetou o físico inglês de Cambridge, Stephen Hawking. Selinger, por causa de sua enfermidade, aposentou-se "precocemente" de uma brilhante carreira de advogado em Nova Yorque. O que nele inspirou Jane Fonda foi a sua resolução de transformar o restante de vida em vida bem vivida,  apesar das crescentes (rapidamente crescentes, diga-se de passagem) limitações físicas. Então, dedicou-se a escrever. Como as mãos, os dedos se recusavam a trabalhar, a mulher e as três filhas serviram de amanuenses. Há um interessante depoimento sobre ele, escrito pela filha mais velha, em http://www.college.columbia.edu:80/cct/mar_apr11/alumni_corner. Um dos seus escritos traduz-se por "A Passagem do Tempo" (The Passage of Time).

   De acordo com os reports  que Jane Fonda mencionou, os avanços modernos acrescentaram cerca de 30 anos, em média, à existência humana, elevando a expectativa facilmente para noventa anos (a "terceira idade", em 3 supostas fases de trinta anos). Bem, eu duvido um pouco desse número. Moisés, cerca de 1450 A.C (portanto, quase 3.500 anos atrás), disse que a média limite da longevidade ficaria entre 70 e 80; neste último escore, caso houvesse vigor. In verbis, disse ele: "…acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos" (Salmo 90.9,10) Se o marco, na atualidade, passou aos 90, o "acréscimo" não foi tão grande, exceto se for considerada a média da primeira metade do século 20. Aí, sim: as duas grandes guerras e as epidemias puxaram o número para baixo, com certeza. Mas, a precisão numérica não importa. A verdade é que, mesmo que a média subisse ainda um pouco mais, elevando-se a 100 ou 120, não mudaria muito o quadro amplo da questão. Não estou insinuando que não se deva preocupar com a busca de melhor qualidade de vida para a "melhor idade".Absolutamente, não. Estou, em verdade, começando por pontuar que envelhecer é normal, é inevitável. A cantora Sandy, reconhecidamente bela de aparência, declarou, aos 29 anos de idade, ter um verdadeiro pavor pelo envelhecimento. Daí, cercar-se de todo tipo de cosmético, num frenesi stressante.

   O problema do "DNA" ("Data de Nascimento que Avança") é irreversível. Ou melhor: quase irreversível, porque já se sabe de um meio para reverter o envelhecimento. É, é isso mesmo que eu escrevi: já há reversão para o envelhecimento! A famosa "fonte da juventude" não é lenda: já se sabe onde está. E eu lhes conto: "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente" (Jesus, em João 8.51) "…E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor…" (Apocalipse 21.4) "Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à Árvore da Vida…" (Apocalipse 22.14) A conclusão é óbvia: Naquela nova pátria haverá novas vestiduras, "lavadas no sangue do Cordeiro", para todo aquele que receber e guardar a Palavra do Senhor. E este jamais verá a morte, porque terá a vida eterna. Jamais envelhecerá! Nunca mais, nunca mais mesmo! Por isto é que afirmou Salomão : "A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito" (Provérbios 4.18) Ei, Sandy : ouviu isto? Nem suas roupas, nem sua pele, nem você envelhecerá, se tiver seu lugar assegurado no céu! E o melhor de tudo: sem precisar levar cosméticos daqui – bastarão as "folhas da Árvore da Vida"! Ei, Jane Fonda, vale prá você também. E vale prá mim, e vale prá todos que me puderem ler…

   Alguém pode ser tentado em seus pensamentos assim: Mas não é sobre isso que estamos falando, e não é nisto que eu quero pensar agora. Lamento, porque o "bilhete" continua assim: "Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra" (Colossenses 3.2) Eu penso, eu tenho pensado, e tenho até ansiado. A verdadeira "fonte da juventude" vem (metaforicamente) da botânica, vem da flora… Vem da "flora celestial" : está na "Árvore da Vida", e você sabe de que, ou melhor, de quem eu estou falando.

   Deixe concluir com minha mensagem musical. Foi escrita por um missionário da Georgia, Estados Unidos. Após passar longo tempo fora de casa, em seus estudos e depois no ministério missionário, decidiu que era hora de visitar os pais em casa. Isto se deu em 1914. Entretanto, com o tempo passado, foi ele advertido: – Olha, já se passou muito tempo desde que você saiu de casa;  seu pai passou por algumas enfermidades e lutas, e essas enfermidades o envelheceram muito. Não se assuste quando chegar em casa e, principalmente, não o assuste".De fato, o susto ocorreu. Pensando e reconhecendo que seu pai já não era mais o mesmo, que em breve já não estaria mais no mundo, e que ele próprio – filho, ainda que mais novo – caminhava para a mesma sina, mas lembrando das promessas do Livro das Palavras do Eterno, compôs ele esse magnífico hino. A interpretação, em inglês, é de Jim Reeves, apenas com a primeira e a última estrofes.

IN A LAND WHERE WE'LL NEVER GROW OLD (1914)
Numa Terra Onde Nós Nunca Envelheceremos
James Cleveland Moore (1888-1962)

I have heard of a land on the far away strand,
Eu tenho ouvido de uma terra naquela praia distante
’Tis a beautiful home of the soul;
Trata-se de um belo lar para a alma
Built by Jesus on high, where we never shall die,
Edificado por Jesus nas alturas, onde nunca morreremos
’Tis a land where we never grow old.
Trata-se de uma terra onde nunca envelheceremos.

Never grow old, never grow old,
Nunca envelheceremos, nunca envelheceremos
In a land where we’ll never grow old;
Numa terra onde nunca envelheceremos
Never grow old, never grow old,
Nunca envelheceremos, nunca envelheceremos
In a land where we’ll never grow old.
Numa terra onde nunca envelheceremos
In that beautiful home where we’ll never more roam,
Naquele lar mavioso, onde não mais vaguearemos
We shall be in the sweet by and by;
Desfrutaremos das doçuras todo o tempo
Happy praise to the King through eternity sing,
Alegres louvores ao Rei, por toda a eternidade a cantar
’Tis a land where we never shall die.
Trata-se de uma terra onde nunca envelheceremos.

When our work here is done and the life crown is won,
Quando nosso labor aqui se cumprir, e conquistada a coroa da vida 
And our troubles and trials are o’er;
E quando nossos problemas e provações terminarem
All our sorrow will end, and our voices will blend,
Toda a nossa tristeza vai findar, e nossas vozes se misturarão
With the loved ones who’ve gone on before.
Com os amados que tiverem ido antes de nós.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses.

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 40 : “TAMBÉM NAS SOMBRAS…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 08 de Janeiro de 2012

A atual condição climática do sudeste brasileiro está produzindo um notável contraste com a  região sul. Está fazendo lembrar os anos 1985 e também 1979. Vejo duas manchetes na mídia de ontem: Primeira: "Mais de 100 municípios gaúchos se encontram em estado de emergência, por causa da seca". Segunda: "Mais de 100 municípios mineiros se encontram em estado de emergência, por causa das enchentes". Que contraste! Fartura de água por cá, escassez por lá! Não parece contradição? Isto me fêz lembrar João Batista de Figueiredo, quando assumiu a presidência do país, em 1979: "Nós vamos precisar muito aprender a distribuir a renda, no nosso país, já que 'papai do céu' não aprendeu a distribuir as chuvas " (sic). Que blasfêmia!

   Que tal examinarmos um registro do Livro de Deus? Por exemplo, um registro do livro de Jó, dentro daquele Livro de 66 livros… Jó, você sabe, foi um personagem singular da história. Desafiou a Deus quando sob sofrimento, pensando que Deus deixara de ser justo, tornando-se injusto com ele – Jó. Deus, em sua maravilhosa compreensão, se deu ao trabalho de ouvir tudo quanto Jó tinha prá dizer, e depois lhe falou, num discurso de intrigantes perguntas, que fizeram calar a Jó,e fizeram-no proclamar algo sublime (Jó 42.1-5). Entre as queixas de Jó, entremeadas com as falsas insinuações de seus três amigos sobre o caráter de Deus, e esse discurso divino, há um discurso intermediário. Trata-se de alguém que falou em nome de Deus, um profeta, um tipo de Cristo, assim eu creio. Seu nome era Eliú. Esse nome significa "o meu Deus é Ele", apontando para Yahweh (Ex 3.14).  Eis o que ele disse: "Sobre isto treme o meu coração e salta do seu lugar. Dai ouvidos ao trovão de Deus, estrondo que sai da sua boca; Dai ouvidos ao trovão de Deus, estrondando que sai da sua boca; ele o solta por debaixo de todos os céus, e o seu relâmpago, até aos confins da terra. Depois deste, ruge a sua voz, troveja com o estrondo da sua majestade, e já ele não retem o relâmpago quando lhe ouvem a voz. Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Porque ele diz à neve: Cai sobre a terra; e a chuva e ao aguaceiro: sede fortes. Assim, toma ele inativas as mãos de todos os homens, para que reconheçam as obras dele." (Jó 37.1-7) E nós, que costumamos comentar sobre as ocorrências do tempo, não raras vezes como se criticando um "sujeito oculto" ("São Pedro", quem sabe, ou Deus, veladamente), sem nos apercebermos de que a mão de Deus, o Altíssimo, o Onipotente, está sob, sobre, à frente e por trás de tudo?

   Ao tomar conhecimento das desastrosas (e penalizadoras, no sentido de causar pena das vítimas), em contraste com o que se vê lá no sul, é possível que deixemos escapar expressões tais que:"Quem é que entende?" Eu sei que há uma interação misteriosa entre os desígnios do Eterno e a ação do homem. Por isto, temos que reconhecer que não temos sido – nós, os humanos – bons administradores, muito menos bons usuários temporários da Criação divina. Mas o que é pior: costumamos nos esquecer de que há um propósito divino por trás da consecução dos Seus propósitos, o que inclui as ações pelas quais o homem é o [ir]responsável. Esse propósito está explícito no último verso do texto selecionado acima: "Assim, torna Ele inativas as mãos de todos os homens, para que reconheçam[os homens] as obras dEle [Deus]".

  • Temos muito o que aprender sobre Deus…
  • Temos muito o que aprender com Deus…
  • Temos muito o que aprender de Deus…

   Cada preposição que uso acima, em três distintas sentenças, tem objetivo também distinto. "Sobre" Deus, isto é, do Seu Ser, do Seu caráter, das Suas virtudes, dos Seus atributos. "… a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz."( I Pedro 2.9 ) 
"Com" Deus, isto é, andando com Ele, imitando-O."Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celeste." (Mateus 5.48)
"De" Deus, isto é, da parte dEle, pelos meios que Ele próprio estipulou, para dar-se a revelar a Si mesmo. Ele se nos dá a revelar, a Si mesmo, nas Suas obras (a Criação, e a história dela, é uma de Suas obras); na pessoa do Seu Filho (é Jesus Cristo) e, didaticamente (em Seus propósitos), na Sua Palavra. "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis." (Romanos 1.20)
 "Porque ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito [ o Filho – Jesus Cristo], que está no seio do Pai, é quem o revelou." (João 1.18)
 "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." (II Timóteo 3.16,17)

   "Papai do céu" não deixou de saber, não desaprendeu a distribuir bem as chuvas, como impropriamente disse Figueiredo. Ao contrário, Ele sabe muito bem de tudo, sabe muito bem o que faz. Como diz o verso 5 acima, em Jó – Ele faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Mas o Seu propósito está proclamado – basta ter olhos para ler, e ouvidos para acolher: Quer Ele que os homens O conheçam, e O reconheçam. Aquele que teme ao senhor, pode andar sob qualquer situação, pois pode dizer, como no hino:
   "Quando as sombras o meu céu toldarem
   Mesmo que o sol não possa ver
   Em Jesus encontro meu refúgio
    Nas tormentas deste meu viver…"

   Que a aparência de contradição não nos deixe iludidos, não nos deixe confundidos. Que saibamos conhecê-lO, e reconhecê-lO, para O temermos de coração devotado.

  Em 1918, um pastor presbiteriano desligou-se amistosamente da sua denominação no Canadá, e fundou a People's Church em Toronto. Tornou-se aquela uma igreja devotada a missões cristãos no mundo inteiro. Oswald Smith era também um poeta. Entre hinos e poemas, contam-se cerca de 1200 as suas produções. Entre elas, "God Is In The Shadows". Quando Oswald Smith vendeu um volume para Zondervan Publications, com suas 210 primeiras composições, aplicou todo o recurso líquido na obra missionária.

O hino escolhido hoje, cantado em uma de suas versões em Português, às vezes causa certo escrúpulo por causa do estribilho. Entretanto, posso afirmar que ao dizer "Deus está nas sombras", com toda a certeza o autor não pensava em expressar uma ideia panteísta. Ao contrário, ele, que conhecia o verdadeiro Deus, expressava sua convicção, baseada na Palavra e em toda a revelação divina, como também experienciada num viver comum, de aflições e angústias, mas de convicção de que Deus nos acompanha também em meio às "sombras da vida". Fique com o hino abaixo:

God is in the Shadows (1938)
DEUS ESTÁ NAS SOMBRAS

Oswald Jeffrey Smith (1889-1985)

1. Se da noite as sombras te cercarem, 
   E a obra finda parecer,
   Amanhã risonho, Deus promete, 
   Sem mais nuvens negras a temer.

CORO: Sombras, Deus está nas sombras;
      Firme é Seu amor em cuidar de nós. 
      Sombras, Deus está nas sombras;
      Não nos deixará lutar em dor, a sós.

2. Se a Jesus anelas ver nas sombras,
   Se anseias dele Seu amor,
   Hás de achar o Salvador ao lado,
   Um constante amigo e protetor.

3. Quando as sombras o meu céu toldarem, 
   Mesmo que o sol não possa ver,
   Em Jesus encontro meu refúgio,
   Nas tormentas deste meu viver.

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque eu sei que tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam" (Salmo 23.4)

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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