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O Bem e o mal a cada dia

N° 29 : “TUDO EM NOME DELE!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Outubro de 2011

A delegação desportiva do nosso país tomou parte da abertura dos jogos panamericanos com estilo singular entre as demais 42 nações participantes. De olho nos dois eventos de escala mundial que ocorrerão aqui no Brasil, a partir de menos de três anos próximos, procurou passar a mensagem da sua riqueza e da sua variedade étnica e cultural. Uma imagem multicolor, como é a da bandeira nacional, destacou-se entre as demais delegações. Para acentuar, os dirigentes usaram esta mesma mensagem – a da variedade multicultural – quando escolheram um nipo-descendente para ser o cabeça da nossa delegação. Não deixou isto de levantar algumas controvérsias. Brasileiros de ascendência lusa, hispânica, ítala, germânica, coreana, entre outras, polarizaram um ridículo debate.Uns, talvez por sentimento de inveja, criticando a escolha. Outros, aplaudindo a iniciativa, repercutiram positivamente o fato. Alguns debates internéticos, só pelas amostras que vi, devem ter chegado a um clima acalorado. Alguns chegaram a defender que o único tronco, genuína e historicamente ascendente neste território “ocidental”, ao sul do equador, é o indígena. 

    Para as pessoas normais, que não cultivam tantas psicopatias anômalas (embora compreensíveis, sob o ponto de vista do que a Queda e o pecado produziram na raça humana), deve ter sido uma experiência de empatia positiva ver a família de Hugo Oyama em lágrimas, vendo-o carregar a bandeira brasileira, e puxar o pelotão branco-azul-verde-amarelo. Eu, que tenho em minha ascendência o suísso-germânico, mas também tenho o luso e ainda o indígena, fiquei pensando se deveria tomar partido… Neste caso, me restariam muitas dúvidas: quem sabe, deveria eu me anunciar como um descendente indígena-luso-suísso-germânico? Ou quem sabe, luso-indígena-suísso-germânico?  Hummm… Matematicamente, as combinações são múltiplas, se eu desconsiderar (para considerar) a ordem…

   Bem, você está lendo e não está me vendo, agora… Então, vc não vê que eu não consigo conter um sorriso, sorrateiro e maroto… Sabe por que? Simples, a razão: é que me vem à mente, junto com estas reflexões, a pergunta – E daí? Ou ainda – Quanto isso importa? Que diferença faz, muito objetivamente falando, se somos descendentes de “primeiro mundo”, de “segundo”, ou de “terceiro”? Que grande diferença faz, se somos índio-descendentes, ou afro-descendentes, ou nipo-descendentes, ou teuto-descendentes? Como diria um  primo meu (talvez não exatamente com estas palavras) – "isso vale nada!" Não estou me referindo a aspectos transitórios, como o legado histórico de uma cultura (não deixa de ter sua oportunidade de ser belo), ou os privilégios circunstanciais (como maior ou menor acervo familiar, dependendo do caso), ou regalias privativas (tais como as que são oferecidas, por força de lei discriminatória, de modo grotesco e bizarro, a segmentos populacionais, em concursos e universidades)… Nada disso. Nem me interessa levantar (ou mesmo alimentar) essa discussão aqui. Meu plano de percepção é outro.

   Me interesso em suscitar a questão –  “de que vale isso”, sob o aspecto da minúscula singularidade que representamos, no tempo e no espaço. Da ótica do tempo, essas convenções (lembremo-nos – começaram por causa de um movimento soberbo e vaidoso, o da torre de Babel) não representam coisa alguma, ante a ETERNIDADE. Diante do infinito do tempo, qualquer finito que seja, por mais “zeros” que se acrescente a qualquer conjunção de algarismos, é coisa alguma. É nada! Nada vezes coisa nenhuma, que resulta em zero mesmo !! A propósito, três declarações pétreas, do Livro: "Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa." (Tiago 4.14) "Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada" (I Pe 1.24,25) "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." (I João 2.15-17)

  Tanto faz, para o teutônico “de estirpe”, para o japonês, para o bretão, para o celta, para o hindú ou para o indígena… Tanto faz, para o branco, para o amarelo, para o negro ou para o pele-vermelha (incluindo nisso a diversidade da cor do cristalino dos olhos), se vivemos 100 minutos, 100 dias, 100 meses, 100 anos ou 1000 anos. Ante a eternidade, qualquer que seja a longevidade, é nada. 'Nadinha', mesmo. Da ótica do espaço, também é simplesmente “nenhuma” a significância de termos nascido aqui, no lugar convencionalmente chamado de Ocidente, seja ao sul, seja ao norte do equador, ante a IMENSIDÃO da Criação. Ou, se nascemos na Europa, na África, na Ásia ou na Oceania. Nada importa, visto da perspectiva de que somos um planeta singular – caso único, se nascemos no entorno do Atlântico, ou do Mediterrâneo, no entorno do Mar do Norte, ou do Índico, ou do Pacífico; quer dizer: isto, visto do ângulo de que somos esse caso único da criação divina, no meio de um imenso sistema solar, minúsculo no meio de uma imensa galáxia chamada Via Láctea, minúscula no meio de uma "infinidade" de gasláxias, até maiores – é o que nos ensinam. Estamos todos no mesmo barco; ou melhor, estamos todos nesse mesmo barquinho, num oceano quase imensurável.  Somos todos passageiros desta nave globular, que transita num espaço ainda tão 'in-mensu', que alguns físicos (especialmente os evolucionistas-materialistas) teimam em supor que beira o infinito. E nossa navezinha – chamada planeta terra – vai navegando pelo espaço, sem que os passageiros (nós, humanos) possam interferir no seu rumo. O seu piloto é invisível do lado de cá, mas está presente, lá e cá, desde a criação do mundo, comandando o seu rumo, até que chegue o dia da nova criação.

   Lembrando a verdade que não muda: "Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?" (Hebreus 1.3) Notou? Ele – Jesus Cristo – resplendor da glória divina, e expressão exata do Seu ser, é quem sustenta, pela palavra do Seu poder, todas as coisas que existem, toda a Criação. E, recebeu o Nome que está acima de todo nome… Seja no céu, na vastidão do universo, seja na terra, na suposta vastidão dos continentes e da sua história. O que, verdadeiramente, importa, é se conhecemos de verdade, de verdadeira comunhão, o “comandante”; se conhecemos de facto, aquele, que era no princípio, que é hoje, e que será eternamente; aquele que sempre tem estado com Deus, e que sempre tem sido Deus, ele próprio, por meio de quem todas as coisas foram criadas, e em cujas mãos está o destino de tudo. Nisto, se incluem as nossas vidas. É Ele, sim, quem tem (e o único que merece) as honras pelas prerrogativas que residem exclusivamente nele:

– É o Criador do universo

– É o seu Mantenedor

– É  também o seu Redentor

– É o preservador de nós outros, míseras criaturas, míseros humanos mortais, passageiros do mesmo barco, de existência, duração e segurança efêmeras.

– É também o julgador de nossas almas, de nossas ações, e de nossos corações.

 "Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Romanos 11.36) Certas nações, como o Brasil, reverenciam oficialmente (por meio de estipulação legal de um feriado nacional) a memória de Maria, a mãe de Jesus, segundo a natureza que Ele somou à sua eterna natureza divina. Mas, de acordo com a Bíblia, de acordo com as palavras do próprio Jesus, e de acordo com o reconhecimento até da própria Maria, Ele – Jesus – é quem realmente merece as maiores – e únicas – honrarias. Ninguém mais que ele. Tudo procede dEle, plenifica-se nEle, e converge nEle. "O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus."(I Coríntios 3.20-23)

  "Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração" (Atos 17.28)Se nascemos, e sobrevivemos, e crescemos – créditos para Ele! Se adquirimos uma profissão reconhecida, e honra entre os homens – créditos para Ele! Se somos brasileiros natos, ou afro-descendentes, ou teuto-descendentes, ou ítalo-descendentes, ou nipo-descendentes, ou qualquer-outra-coisa-descendentes, tanto faz – créditos para Ele! Se adquirimos bens, poucos ou muitos – créditos para Ele! Se temos apenas um teto onde morar, ou então muitos outros imóveis – créditos para Ele! Se o veículo em que nos movemos é um equino, ou uma bicicleta, ou um importado de alta tecnologia, tanto faz – créditos para Ele! Se constituímos família (que  “perpetua a nossa memória”), de novo – créditos para Ele! Enfim, seja qual for a circunstância – pois sempre é passageira, efêmera – os créditos não nos pertencem; pertencem ao autor e consumador da vida, das realizações e mesmo da fé! Precisamos pensar nisto. Precisamos propagar isto. Precisamos ser dominados por esta convicção. "Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?" (I Coríntios 4.7)

    O hino de hoje é uma verdadeira poesia. Tal poesia captura esse sentimento de pura e constante dependência de Cristo Jesus. Expressa essa convicção, a qual, com um ordenamento adequado da mente, e um alinhamento correto do coração, sintetiza tudo quanto foi lembrado nas passagens acima. A interpretação é na suave voz do grupo Heritage Singers, e faz parte do antigo vinil “New Creation”. Ouça (e acompanhe com a tradução, se precisar) … Ao“primeiro e último, o alfa e o ômega” (Apocalipse 22.13), seja a devoção e a glorificação das nossas vidas, em postura, palavras e ações!

ALL IN THE NAME OF JESUS
Stephen Adams, 1975

Truth and beauty, and happiness
Verdade, e beleza, e alegria
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus
Health and healing, peace and rest
Saúde e restabelecimento, paz e descanso 
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus
Joy and gladness, forgiveness too
Gozo e prazer, perdão também
Life everlasting and free
Vida eterna, e livre 
All that I've longed for and all I need
Tudo quanto tenho almejado e tudo quanto preciso
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus

Care and comfort, healing and grace
Cuidado e conforto, cura e graça
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus
Welcome, and pardon, a hiding place
Bem-estar, desculpa, um lugar de refúgio
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus
Warmth and sunshine, friendship true
Calor [fraterno] e luz do sol, companheirismo verdadeiro
Fulfillments and blessing untold
Realizações e bênçãos inauditas
Hope for tomorrow and help for today
Esperança para o amanhã e esperança para o hoje
It’s all in the name of Jesus
Tudo é em nome de Jesus

CORO
Jesus, Oh Jesus, He's here and He'll show you the way
Jesus, oh Jesus, Ele está presente, e Ele mostrará o caminho 
Jesus, Christ Jesus, He's all that you need today!
Jesus, Cristo Jesus, Ele é tudo quanto você precisa hoje!
Jesus, Oh Jesus, He's here and He'll show you the way
Jesus, oh Jesus, Ele está presente, e Ele mostrará o caminho 
Jesus, Christ Jesus, He's all that I need today!
Jesus, Cristo Jesus, Ele é tudo quanto eu preciso hoje!
The Name of Jesus is all I need today!
O Nome de Jesus, é tudo quanto eupreciso hoje!

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Bom Domingo, boa semana,
Ulisses
 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 28 : “ALÉM DO CREPÚSCULO…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 09 de Outubro de 2011

Nesta semana, uma repercussão mundial acompanhou o passamento do gênio Steve Jobs. Com "apenas" 56 anos de idade, Jobs foi vencido por uma batalha de 7 anos contra o câncer pancreático, câncer esse que chegou a afetar o fígado, exigindo até um transplante. Nada adiantou. O mundo inteiro tem alguma coisa, algum apetrecho, em casa, no carro, no seviço, seja lá onde for, a lembrar Steve Jobs. Sua vida passou a ser mais esquadrinhada, com lembranças dos seus feitos e façanhas. Por uma delas, destaques reverberaram pela TV, por ter sido paraninfo da turma 2005 da renomada Universidade de Stanford. Mesmo com o seu próprio abandono inconcluso da universidade, a honraria de paraninfo lhe propiciou um discurso que marcou época, para ficar na história – é o que muitos dizem. Aqui, copio algumas das declarações do seu discurso:

Às vezes a vida te bate com um tijolo na cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me fez continuar foi que eu amava o que eu fazia. Você precisa encontrar o que você ama… continue procurando até encontrar, não pare". 

“Você não pode conectar os pontos olhando para a frente; você só pode conectar os pontos olhando para trás. Assim, você precisa acreditar que os pontos irão se conectar de alguma maneira no futuro. Você precisa acreditar em alguma coisa – na sua coragem, no seu destino, na sua vida, no karma (sic), em qualquer coisa. Este pensamento nunca me deixou na mão, e fez toda a diferença na minha vida.” 

“Lembrar que eu estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que eu encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Por que quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo o medo de se envergonhar ou de errar – isto tudo cai diante da face da morte, restando apenas o que realmente é importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira para eu saber evitar em pensar que tenho algo a perder. Você já está nu."

“Isto foi o mais perto que cheguei da morte e espero que seja o mais perto que eu chegue nas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso dizer agora com mais certeza do que quando a morte era apenas um conceito intelectual: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para ir para lá. Ainda, a morte é um destino que todos nós compartilhamos. Ninguém conseguiu escapar dela. E assim é como deve ser porque a morte é talvez a melhor invenção da vida. É o agente que faz a vida mudar. É eliminar o velho para dar espaço ao novo." 

   Interessante, a perspectiva. Tem algo de muito positivo: A perspectiva de que a vida é passageira, e de que algo, comum a todos, põe termo a ela; também, de que a expectativa de que a morte, que lhe poderia chegar mais rápido do que imaginava anos antes (como chegou), se tornara um estimulante para valorizar a vida, e encorajar os passos mais significativos, os saltos mais ousados, a busca mais intensa do futuro que vale a pena. Pena que ele, pelo menos naquele ponto da sua própria vida (por volta dos 50 anos de idade), o ensino por ele recebido em sua infância, adolescência e parte de sua mocidade na Igreja Luterana (do Sínodo de Missouri) havia sido mesclado com crenças orientais frontalmente em desacordo com a Palavra de Deus. Por exemplo, a crença de que a morte é uma pedra de passagem para uma existência subsequente de aperfeiçoamento, reencarnada, num ciclo sucessivo de ocorrências (samsara), até que se chegue a essa perseguida perfeição, mediante libertação da matéria (nirvana). Crer nisto é crer em algo que contraria frontalmente o ensino da Escritura, a Palavra de Deus.

   De fato, a Palavra de Deus proclama – "Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte dos seus santos!" (Salmo 116.15). Isto oferece garantia de que ela não nos amedronta, não nos apavora, não infunde desespero. Mais que isso: passar por ela significa (ou significará) passar pelo processo que Paulo chama de semeadura para a vida eterna. "Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscita em incorrupção; semeia-se em desonra, ressuscita em glória; semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder" (I Coríntios 15.42,43). Neste caso, tal como assevera a Palavra eterna do Infalível, o Imutável, o Soberano: Não há novo ciclo de existência neste mundo. Não há segunda chance. Daqui, para a eternidade, nada mais (ou nada menos) do que isso. Estamos numa rota – Jobs estava certo, mas pelas premissas erradas – que não proporciona retorno. E daí? Que diferença faz? Muita, muita mesmo. O tipo de esperança que nutrimos aponta para o cenário que esperamos. O apóstolo afirma ainda (e nos convida a fazer a mesma afirmação, com o mesmo brio): "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial" (II Coríntios 5.1). E depois? Depois, não é como disse Carlos Drummond de Andrade – "morreu, acabou, não tem mais nada! " Definitivamente, não! Após a morte, vem a ressurreição. Após a ressurreição, seremos empossados em nossa habitação celestial. Não será necessário um "MST" – cada um terá seu título, sua posse, sua habitação. E ela será magnífica!

    O que significa, na mente de alguém que não conhece de verdade como é um cristão, como é a esperança da vida eterna, asseverar que mesmo aquele que quer ir para o céu não quer morrer para lá chegar ? Será verdade?  E, se for, que tipo de verdade é? Que tipo de qualificação, de ressalva, deve acompanhá-la . É preciso que fique claro: não somos como quem não tem esperança! E mais: essa esperança não é uma mera expectativa do que aspiramos… É muito mais do que isso: é uma firme convicção em cima das promessas daqu'Ele que não falha… E não falha, simplesmente por causa de quem Ele é: Ele é Deus! Deus é Deus! Se Deus é Deus, é o criador; se é o criador, é o Todo-Poderoso. Se é o Todo-Poderoso, Ele não falha, nem tampouco Sua promessa, Sua  Palavra! Então, de novo, a pergunta – E depois? Depois é Deus, é a vida eterna, é o paraiso, é a habitação celestial. "Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.Por esta razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade do nosso Senhor… A ele seja a glória, tanto agora, como no dia eterno" (II Pedro 3.13,14,18).

   Numa tarde de 1936, em sua casa nas cercanias de Winona Lake, estado de Indiana (EUA), Virgil Prentiss Brock e sua esposa Blanche Kerr Brock receberam os primos Horace Burr e sua esposa, Grace, para um jantar. Da varanda de sua casa, Virgil e Blanche sempre podiam ver o pôr-do-sol. Mas, naquele entardecer, houve um belíssimo, não usual pôr-do-sol. Incomum mesmo. Com o comentário de Virgil, sobre a beleza do cenário, Horace acrescentou: – De fato, eu mesmo nunca vi um pôr-do-sol tão lindo. Virgil registrou o acontecimento assim falando: – Naquele momento, nós três não sabíamos o que dizer – se concordar, se achar graça, ou se engolir em seco… [A questão que os atordoava era – Horace era cego]. Virgil arriscou-se a dizer que a muita gente era incompreensível quando Horace, cego que era, pudesse fazer uma afirmação como tal. E Horace, com a mesma serenidade, apenas respondeu: – Mas eu vejo; sim, eu vejo, através dos olhos dos que os têm; e não apenas isto: eu consigo ver além do que os olhos deles vêem – agora, por exemplo, eu vejo além do crepúsculo" Isto foi suficiente para que Virgil, com a ajuda de sua esposa, compusesse esse que considera o seu predileto hino. Aqui, vai acompanhado do belíssimo poema declamado por George Younce (1930-2005), já nos seus últimos anos de vida, ao meio do hino. Detalhe: no auditório, estava a esposa de George, Clara que, cerca de apenas 2 ou 3 anos depois, veria seu esposo partir. George era cardíaco, e dependia de 3 diálise renais por semana.

BEYOND THE SUNSET (1936)
ALÉM DO CREPÚSCULO
Virgil Prentiss Brock (1887-1978)  & Blanche Kerr Brock

Beyond the sunset, O blissful morning, when with our Saviour heaven's begun.
Além do crepúsculo, que abençoada manhã, quando, com nosso Salvador, terá início o céu 
Earth’s toiling ended, O glorious dawning; beyond the sunset, when day is done.
As labutas terrenas findaram, ó glorioso alvorecer; além do crepúsculo, quando o dia chegar.

SHOULD YOU GO FIRST – A. K. ROWSWELL (elocução de George Younce)
SE FOR VOCÊ PRIMEIRO
Should you go first and I remain to walk the road alone
Se for você primeiro, e eu ficar, para caminhar sozinho a estrada 
I'll live in memory's garden, dear, with happy days we've known

Viverei no jardim das memórias, querido(a), dos dias felizes que desfrutamos
In spring, I'll watch for roses red, when fades the lilac blue

Na primavera, vou aguardar pelo rubro das rosas, quando fenece o azul dos lírios
And, in early fall when brown leaves call I'll catch a glimpse of you

E, logo ao início do outono, quando as folhas marrons o anunciam, terei um rápido vislumbre de você…

Should you go first and I remain, to finish with the scroll
Se for você primeiro, e eu ficar, para terminar a jornada
No lenghtening shadows shall creep in to make this life seem droll

Nenhuma sombra prolongada há de se esgueirar prá fazer esta vida parecer mais divertida
We've known so much of happiness, and we've had our cup of joy

Já tivemos bastante suprimentos de alegria, e também o nosso cálice de regozijo
But, memory is one gift of God that death cannot destroy.

Mas, memória é um dom de Deus que a morte não pode destruir.

Should you go first and I remain, for battles to be fought…
Se for você primeiro, e eu ficar, para batalhas que ainda precisam ser enfrentadas
Each thing you've touched along the way will be a hallowed spot

Cada coisa que você tiver tocado ao longo do caminho será um símbolo sagrado 
I'll hear your voice, I'll see your smile, and though blindly I may grope,

Ouvirei sua voz, verei seu sorriso, e ainda que um tanto cego eu venha a tatear 
The memory of your helping hand will buoy me on with hope.

A lembrança de sua mão ajudadora há de balizar me à frente com esperança

Should you go first and I remain one thing I'd have you do
Se for você primeiro, e eu ficar, preciso que você faça uma coisa
Walk slowly down that long, long path, for soon I'll follow you

Vá devagar, no caminho daquela longa, longa jornada, pois logo te seguirei 
And, now, I want to know each step you take that I may walk the same

E, então, quero saber de cada passo que você der, para que eu possa fazer o mesmo
For someday, someday down that lonely road you'll hear me… call your name!

Pois, um dia, um dia, ao fim daquela longa jornada, você vai ouvir… chamar teu nome!

Beyond the sunset, O glad reunion, with our dear loved ones who’ve gone before.
Além do crepúsculo, ó feliz reunião, com os nossos mui amados que partiram antes de nós
In that fair homeland we’ll know no parting; beyond the sunset for evermore!
Naquela ditosa morada, já não mais saberemos o que é 'separação'; além do crepúsculo, para sempre e sempre!

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 27 : “NÃO TE ASSOMBRES… ELE TE AJUDARÁ!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 02 de Outubro de 2011

 Recebi, de ontem para hoje, uma MSG esperada há vários dias. Veio do Pr. David Cordeiro, hoje pastoreando em Cândido Abreu, Paraná. David, um baiano destemido, foi meu aluno alguns anos atrás, no seminário. Depois de ordenado, foi ele desafiado a assumir o campo missionário na cidade de Colniza, MT. Esta cidade, situada na divisa com o Amazonas, foi emancipada em 1998. Seu surgimento faz parte da desoladora história da ocupação da floresta amazônica, com a derrubada das matas para exploração da madeira e das riquezas do solo. Quando surgiu, era apenas borda da Amazônia; hoje, a borda está bem acima. Colniza é também conhecida por ter sido identificada pela OEA, pouco tempo de sua emancipação, como a "cidade mais violenta do país", dada a taxa de homicídios per capita.

   A razão da minha expectativa com a mensagem recebida da parte do pastor David, eu conto logo… No primeiro semestre de 2010 ele fazia parte de um elenco de cerca de 26 missionários, desbravadores, espalhados pelo território brasileiro, aos quais levamos mensalmente uma singela contribuição de apoio. Sua esposa, Alenice, é mineira, cuja família reside "aqui" em Betim. Naquela ocasião, tiveram a feliz notícia de que seu primogênito estava a caminho. Numa de suas viagens, quando ela contava com seus cinco meses de gravidez, estando na cidade de Juína (MT), resolveram encaminhar-se a um médico, a fim de fazer um pré-natal. Por ser Juína um centro bem maior que Colniza, isto seria mais estratégico. E lá foram eles. Entre os procedimentos, um ultrassom corriqueiro. Bem: corriqueiro na rotina de o fazer, mas não tanto no resultado. O médico teve a imediata suspeita de que algo estava, digamos (usando palavras dele)  … "errado" ! – Tem algo errado aqui !!!  Acho que vcs vão ter um bebê "diferente" do previsto…        – "Diferente" ? Como assim, "diferente", doutor? – Acho que o bebê de vcs é anencéfalo. Talvez seja melhor fazer outros exames para constatar e, se for o caso, "tirá-lo". [ Esclarecimento, talvez desnecessário: “Anencéfalo” significa “sem cérebro”. É o caso de fetos que, em seu sistema nervoso central, não dispõem de cérebro (ou dispõem minimamente, ou muito diminuto), senão apenas, na maioria dos casos, apenas do aparelho cervical e da base cerebral da coluna]. Foi mais ou menos assim a palavra médica – curta e direta ao assunto. Desnecessário dizer que a esposa do missionário, no auge dos sonhos de ter seu primogênito, não estava preparada para a "surpresa". Mas, que "tirá-lo", que nada. "Se Deus quiser que seja assim, que o seja! " Entretanto, seria, mesmo, verdade? E agora? Dilema: seguir viagem para Colniza, lá na longínqua fronteira com o Amazonas, ou voltar para Belo Horizonte, e "tirar a prova dos nove"? E as orações? Deus não é o mesmo, ontem, hoje e sempre? Deus não é Deus de poder? Não é Deus de milagres? Não "pode muito, em sua eficácia, a súplica do justo"

   Quando de volta a Betim, o médico de cá confirmou o diagnóstico, desta vez com um pouco mais de parcimônia e diplomacia. À exceção do milagre, e à exceção da "intervenção", somente uma de duas coisas a fazer: Esperar, e cuidar, esperando somente pelo milagre… ou … esperar, e cuidar, mesmo SEM o milagre. David e Alenice resolveram optar pela segunda via. Todo o pré-natal foi finalizado aqui em Betim, e o bebê nasceu. Nasceu, mas nasceu com tempo marcado para deixar aqui seus pais, de coração angustiosamente apertado, mas "miraculosamente" confortado, e partir logo para encontrar-se com Aqu'Ele que assim o fizera. E Deus o levou. "Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis,e a minha alma o sabe muito bem!" (Salmo 139.14). Como se haveria de pensar nisto, numa hora dessas ?…Talvez só quem tenha o privilégio  de ter filhos, digamos, "diferentes", pode aquilatar que privilégio ("diferente") é esse – durem eles o quanto durarem. E, ademais, milagres até podem acontecer, mas o fato básico que os caracteriza como "milagres" é por fazerem parte daquela porção da Providência divina que chamamos de "extraordinária". Se fosse "ordinária", não seria com milagres. Seria, meramente, providência, pertencente à ordem natural das coisas.Deus não o quis. Ou, com outras palavras: "O Senhor o deu, o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!" (Jó 1.21)

   A ciência hoje se debruça sobre este, digamos, "problema". Normalmente, os prognósticos indicam expectativa de vida de horas ou poucos dias. Mas, para "apanhar os sábios na própria astúcia deles", Deus proporcionou que a pequena anencéfala Marcela de Jesus (sic) Ferreira, em Ribeirão Preto, desse alegrias por 01 ano e 08 meses à sua casa, sobrevivendo inclusive com respiração natural (para o espanto dos "doutores).[ Nota: um dia posso contar o porque desse "sic" aí acima… ]

   Mas, deixemos o fenômeno do anencefalismo de lado. Hoje, depois de um ou dois emails em que meu querido ex-aluno me pediu sigilo, de uns meses para cá, até que tudo se consumasse na nova etapa, dão-me conta, ele e Alenice, da nova dádiva de Deus na vida deles: acaba de nascer "Isabel", forte e saudável. A propósito: "Isabel", que era o nome da mãe de João Batista, significa "dádiva de Deus", e o nome se origina da confiança naqu'Ele "que cumpre Suas promessas!" A experiência do povo de Deus mostra que, de forma independente daquilo que lhes sucede, é a poderosa mão de Deus que está por sobre. De modo nenhum ela se aparta. É o olhar de Deus que supervisiona e superintende tudo, por mais incompreensível que cada ocorrência diária, por Ele mesmo proporcionada, se apresente, em seus dissabores peculiares. A promessa é a mesma de outrora: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel". (Isaías 41:10)   "A minha destra fiel"… "A minha destra fiel"… "A minha destra fiel"… "Eu te sustento com a minha destra fiel", diz o Todo-Poderoso, o Fiel, o Imutável, o Todo-E-Sempre-Sábio. "Não te assombres" quer dizer, não te espantes. A vida é assim, mas não te assombres. Nós somos instrumentos do Criador para trazer outros pequenos seres humanos ao mundo, para nele viverem. Eles vão crescendo, e vão ocupando nossos lugares, assim como fomos ocupando os lugares dos que nos antecederam, e já deixaram este mundo. Mas, penso (talvez eu esteja pensando um tanto e meio atrasado) que deveríamos, desde cedo, ir preparando nossos filhos para enfrentar a vida de um jeito um pouco mais eficiente. Como disseram ao Amir Klink, quando tencionou ele atravessar sozinho, num pequeno barquinho a remo, os 7000 km do Oceano Atlântico (da Namíbia ao Brasil). As vozes mais encorajadoras não deixaram de advertir o quão perigoso e traiçoeiro é o mar. Mas, encorajaram, pregando cada cuidado que deveria ter. Depois que concluiu a inusitada jornada, feita em cerca de cem dias, exclamou: "O mar não é um obstáculo – é um caminho!" Nessa advertência a ser pregada aos nossos filhos (e eles, aos seus), cabe bem a palavra: "Não te assombres – eu estou contigo! " Porque, a tendência de nos assombrarmos nos acompanha, como a própria sombra.

    Deus foi com Pr David e Alenice, durante  a dura jornada de mais quatro meses, até que seu bebê ("diferente") veio a nascer.  Ele foi o mesmo Deus que, não só a eles, mas a todos os que, em meio a uma existência que tem todo tipo de assombro e espanto, ainda afirma:- " … Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel ! " 

   Agora, vamos ao hino de hoje: Ele surgiu por causa de um apelo feito por um jovem recém-convertido a Cristo. Ele pedia aos conselheiros ajuda, pois tinha intenso temor de que não daria conta de levar adiante a fé, diante de tantas "ciladas" da vida. Miss Ada Ruth Habershon, que o compôs, se referiu ao texto acima, de Isaias 41.10.Robert Harkness pôs-lhe a música, e foi cantado primeiramente numa campanha evangelística com cerca de 4000 presentes. Ada Ruth Habershon era uma compositora britânica, que assistia ao Metropolitan Tabernacle, onde Charles Spurgeon pregava. A convite de D. L. Moody, visitou também os Estados Unidos, e acompanhou algumas das campanhas. Compôs vários hinos nelas usados. Robert Harkness era pianista australiano, domiciliado na Escócia e depois nos EUA; foi ele quem pediu a Ada Ruth uma composição com o fim atendido. Abaixo, uma das versões em Português (eu gosto mais da versão do Cantor Cristão),bem como a composição original, em inglês. Interessante a convicção calvinista da autora no último verso, cuja ênfase é maior no poema original.

He Will Hold Me Fast
Cristo Ajudará (1906)
Ada Ruth Habershon (1861-1918) & Robert Harkness (l880-1961)

1. Vacilando minha fé,
   Cristo ajudará.  
   Perseguido, sem mercê, 
   Cristo ajudará.

CORO: Cristo ajudará,
      Sim, me ajudara!
      Seu amor por mim não muda;
      Sempre ajudará.

2. Crente inútil eu serei
   Se não me valer,
   Nem serviço prestarei,
   Sem o Seu poder.

3. Com Seu sangue me comprou, 
   Não me deixará;
   Vida eterna me outorgou; 
   Sim, me ajudará.

1. When I fear my faith will fail,
    Christ will hold me fast;
    When the tempter would prevail,
    He can hold me fast.

2. Refrain : He will hold me fast,
    He will hold me fast;
    For my Savior loves me so, 
    He will hold me fast.

3. I could never keep my hold,
    He will hold me fast;
    For my love is often cold,
    He must hold me fast.

4. I am precious in His sight,
    He will hold me fast;
    Those He saves are His delight.
    He will hold me fast.

5. He’ll not let my soul be lost,
    Christ will hold me fast;
    Bought by Him at such a cost,
    He will hold me fast.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
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NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 26 : “QUEM OUSARIA DIZER?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 25 de Setembro de 2011

Há alguns ditados que aprendemos a repetir pela vida: – "Água mole em pedra dura, tanto bate, até que fura…" – "Quem ri por último, ri melhor…" – "Nem tudo o que reluz é ouro!" – "Em terra de cego, quem tem um olho é rei… " E por aí vai… Há algumas letras de músicas, há algumas frases marcantes, que costumam não sair da memória. E, não saindo, são fáceis de se repetir. Fáceis, e frequentes. Como exemplo, algumas das cantigas que nossos pais usaram em nosso período de infância, e que tornamos a usar com nossos filhos. Há imagens que marcam, e não saem da mente tampouco. Por exemplo: Um acidente visto pela TV, é uma coisa. Um acidente visto em caso real, é outra coisa. Creio que me lembro de todos os que já vi… Mais marcantes ainda foram aqueles que presenciei na estrada, em que aconteceram óbitos. Não saem da memória. 

    Há algumas afirmações bíblicas que são também presença frequente, seja na memória, seja na nossa repetição."O Senhor é o meu pastor, e nada me faltará ", frase tirada do Salmo 23  é uma construção de palavras que anda na ponta da língua de qualquer cristão. Assim são também algumas outras afirmações bíblicas. Mas há um tipo de afirmação bíblica desafiadora. É desafiadora por ser comprometedora. E se é comprometedora, é porque confronta interesses e inclinações usuais do nosso dia-a-dia. O exemplo que vou citar é o da última afirmação que há na Escritura, antes apenas da invocação final da graça de Cristo. A afirmação é: "Amém! Vem Senhor Jesus!  [Maranatha] (Apocalipse 22.20) O texto sagrado, depois de 1187 versículos, e antes apenas do que fecha a revelação, proclama este desiderato. Acredito piamente que todos os crentes em Jesus Cristo já leram (ou ouviram ler) essa afirmação derradeira da Palavra. Mas acredito também que não são muitos os que, dentre esses, fazem destas palavras uma expressa aspiração sua. É preciso cultivar um certo tipo de ânsia diante do Eterno e Altíssimo para o fazer. Em que este tipo de afirmação é desafiadora? Na medida em que confronta nosso apego ao mundo presente. Veja como são desafiadoras as afirmações do apóstolo:  "Porque, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Filipenses, 1.21) No mesmo livro e capítulo ele acrescenta : "Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (verso 23).

   Há algumas condicionantes necessárias para se entender tais afirmações.Uma delas é o desprendimento: o apóstolo, em que pese serem estas palavras inspiradas por Deus, vivia e respirava desprendimento desta vida, e anseio ardente pela vindoura. Ele mesmo declarou que desprezou tudo, e a tudo considerou refugo, por causa do Reino de Cristo e o seu amor. Outra condicionante é o "viver" : o fato de ele afirmar que o viver é Cristo já elimina a possibilidade de sua expectativa ser um mero escapismo da vida.O viver é Cristo. Logo, enquanto vivesse, viveria com ele e por ele (II Coríntios 5.15). Mais outra condicionante é a diferença de valores : se o viver é Cristo, o morrer é "lucro", quer dizer, "vantagem" – saio ganhando muito com isso – seria o equivalente. Essa é a razão da expectativa dos peregrinos que confessam estar procurando uma pátria superior, isto é, celestial, da qual Deus é o arquiteto e o edificador (à semelhança de Hebreus 11).   

   O apóstolo, os peregrinos de Hebreus, são todos paradigmas dos cristãos de todos os tempos, todas as eras, que anseiam pela "aurora do grande e glorioso dia" da vinda de seu Rei-Redentor. "Sou forasteiro aqui, em terra estranha estou, celeste pátria, vi, é para onde vou", é o refrão que vem à sua mente a cada novo dia.E não pode ser diferente. Afinal, estamos neste mundo, mas não pertencemos a ele. O que há, por aqui, que pode nos fazer amar mais o presente século, o presente mundo, do que a pátria que aguardamos? O que há por aqui que seja melhor do que por lá? O que podemos conquistar neste mundo que mais valor tem do que os valores da vida porvir? Quem podemos anelar mais do que a Cristo ? Por que razões "maranatha" não é uma expressão constante de quem ama a Cristo, e aguarda por ele? Somos daqueles que devem viver "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo " (I Ts 2.13). É lícito enfrentar, com envolvimento pleno, a lufa-lufa de Segunda a Sexta (ou de Segunda a Sábado): o ascetismo medieval se mostrou uma prática insana e superada para promover comunhão intensa entre discípulos e seu Senhor. "Mas não podemos esquecer de que "a nossa pátria está nos céus, de onde aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3.20).

    O hino que segue anexo hoje é uma composição marcante, datada de 1971. O casal que o compôs tem várias composições proclamando, exaltando a volta de Cristo. Aqui, ocorre através da gravação de uma apresentação ao vivo num grande auditório da Irlanda, com o grupo que estava junto com os compositores, acompanhados de grande coral. Na letra abaixo, coloco algumas expressões entre colchetes. São apenas qualificações pessoais do tradutor. Mesmo correndo o risco de extrapolar a intenção dos autores, esses colchetes servem para dar uma maior consistência bíblica à afirmação poética, evitando que se abrigue um entendimento equivocado dela, em relação ao que a Bíblia ensina sobre o assunto.

   A primeira ocorrência se refere ao grande dia do coroamento [final] do Rei; como a Bíblia ensina que ele JÁ reina desde que foi entronizado no céu (At 2.33), mas que AINDA há de subjugar por completo todos os inimigos debaixo dos seus pés (I Co 15.25), o acréscimo na tradução tem por fim assinalar esta distinção escatológica. O último dos últimos inimigos é a própria morte, quando ele há de consumar o triunfo do seu reino.

   A segunda ocorrência pontua o fato de que, no evento da "aurora daquele grande e glorioso dia", contemplaremos a face de Cristo, mas não para perder de vista depois essa contemplação; jamais! Haveremos de contemplá-lo de uma vez por todas e para todo o sempre! 

   A terceira assinala algo que deve ser lembrado : no momento presente, segundo o que ensina a Escritura, há dois estados para os  "santos": o estado da "graça", que se refere aos "santos" hoje presentes no mundo, embora sob graça, os quais aguardam ardentemente o dia do encontro com seu Senhor, que será o dia de seu "descanso definitivo"; mas há também o estado de  "glória intermediária", referente ao descanso que já gozam as almas dos santos que partiram, embora seus corpos ainda aguardem a ressurreição. Isto não é definitivo, porque AINDA não é o "novos céus e nova terra", a ressurreição. Entretanto, tanto estes como aqueles, a partir da "aurora daquele grande e glorioso dia", hão de ser conduzidos ao estado triunfal da glória – alma e corpo ressurretos, transformados – para o Descanso Final da Vida Eterna. O que mais chama a atenção no hino é a "ousada" declaração, que aclama – "[bem que] poderia ser este o dia!". Quem mais o diria? Não são muitos os crentes que o ousariam, com  santa ousadia…

THIS COULD BE THE DAWNING OF THAT DAY! (1971)
PODERIA SER ESTE MOMENTO A AURORA DAQUELE DIA
Bill & Gloria Gaither

A parade began at Calvary
Uma parada (marcha) começou no Calvário
The saints of all the ages fill its ranks
Os santos de todas as eras preenchem suas fileiras
For the sands of time they're marching
Pelas areias do tempo eles estão marchando
To their King's great coronation
Para o dia do grande coroamento [final] de seu Rei
And this could be the dawning of that day
E poderia ser este momento a aurora daquele dia!

Coro:
This could be the dawning of that grand and glorious day

Poderia ser este momento a aurora daquele dia!
When the face of Jesus we'll behold
Quando contemplaremos [para sempre] a face de Jesus
Dreams and hopes of all the ages are awaiting His returning
Sonhos e esperanças de todos os tempos estão aguardando sua volta
And this could be the dawning of that day!
E poderia ser este momento a aurora daquele dia!

All the saints are getting restless
Todos os santos [aqui] ainda estão sem [seu definitivo] descanso
They're not bound by shackles forged of earthly gold
Eles não são detidos pelas algemas forjadas com o ouro terreal
Since that day they knelt at Calvary
Desde aquele dia em que eles puseram-se de joelhos perante o Calvário
They've been pilgrims ever wandering
Eles têm sido peregrinos vagueando
Just looking for a place to rest their souls
Tão somente esperando pelo lugar em que suas "almas" hão de descansar!

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Obs.: Se vc quiser ver esta apresentação, clique em => http://www.youtube.com/watch?v=hxEFd7dTg4k

Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
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N° 25 : “QUEM ESTÁ CONDUZINDO?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 18 de Setembro de 2011

Quem há de contradizer que estamos vivendo mesmo num mundo turbulento, surpreendente, arriscado o tempo todo? Nesta semana, um acidente descomunal assustou todos os usuários da Rodovia Imigrantes, que liga a capital paulista à baixada santista (e vice-versa). Assustou até quem não é usuário… A serra, na subida/descida da baixada santista, é mesmo perigosa. Eu mesmo, certa feita que a descia pela Mogi-Bertioga, passei quase duas horas no breu da noite (cerca de 50 km) de pura tensão ao volante, devido à densidade da neblina, numa estrada em que as curvas que descem se multiplicam uma após outra, numa fila que parecia interminável. Desta vez, o número de veículos envolvidos quase bateu o recorde: foi a segunda maior ocorrência da história. Perda de vida, houve. Prejuízos, foram diversos. As notícias apresentaram um crescente de dados concernente à extensão: no início, 50 veículos; depois, 60, foi subindo à primeira centena, à segunda e, ao final, falou-se de 3 centenas de veículos envolvidos. No fim, 2 kilômetros de engavetamento. O motivo ?  Entre os principais, a forte neblina num dia chuvoso de final de inverno… Um dos motoristas de caminhão lamentava-se pela dupla perda… Disse ele: "As condições de visibilidade real não chegavam a 20 metros; com piso molhado, quando a gente dá pela coisa, mete o pé no freio, mas aí não dá mais tempo… só tem que segurar no volante e esperar o choque…" Perguntado se o seguro cobriria todo o prejuízo, ele respondeu com ar sem graça: – Eu não tenho seguro; sabe como é, né? A gente só põe a tranca na porta depois que entra o ladrão" !

   Fico a considerar a analogia com a nossa vida: Se ao menos pudéssemos "enxergar 20 metros à frente", então ainda estaria muito bom. O problema é que não enxergamos um metro sequer. Apenas conjecturamos. Mesmo que tivéssemos todo o equipamento eletrônico de precisão do Airbus 330 do Air France 447, ainda seria insuficiente para determinadas turbulências. Não nos é dado conhecer o futuro, suas circunstâncias, suas surpresas… Nem ao menos podemos efetuar a estatística do percentual entre as boas e as más surpresas que há pela frente. Apenas nos damos a insensata sensação de poder sobre esse curso, tencionando isso ou aquilo. Costumamos dizer: – Hoje vou fazer isso… – Amanhã vou fazer aquilo… – Na próxima semana terei aquiloutro… – Me casarei daqui a "x" tempo… – Formo-me no fim do ano… – Daqui a dois meses, quero estar numa praia, ou numa roça, ou num acampamento… – Construirei aqui a minha edificação… – Daqui um mês, estarei vendendo tanto… E assim vai, por diante… Nos esquecemos de que somos "migrantes", numa "Imigrantes" com espessa neblina à frente dos olhos.

   Os exemplos de advertência, sinais de placa "amarela" (às vezes até de "vermelha") se sucedem em nossa vida. Entretanto, por vezes estamos tão "atentos" à imaginação do que queremos que esteja na chegada, que não vemos as "placas" no caminho. Algumas delas assinalam assim, por exemplo:  "Qual de vós, por mais ansioso que esteja, que pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida? (Lucas 12.25) Ou então: "Atendei, agora, vós que dizeis – Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por um instante, e logo se dissipa.Em vez disso, devíeis dizer: Se o  Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões.Toda jactância semelhante a essa é maligna" (Tiago 4.13-16). 

   Nossos planos, nossos projetos, são tão falíveis, tão sujeitos à frustração, quanto aos daquele pai de família que, na manhã de uma Quinta-feira, sai com a família inteira dentro do carro, partindo da cidade de Santos, e diz prá turma, com um sorriso triunfal entre lábios : – Hoje, enquanto eu cuido de meus negócios lá em São Paulo, vocês podem passar a tarde no shopping. Depois me encontro lá com vocês. Mas, eis que, a certa altura da serra, seu carro vira um pequeno caixote, engavetado entre um ônibus (parado, porque já bateu à sua frente) e uma caminhonete carregada (que bate em sua traseira, sem ter conseguido se segurar). Certamente o salmo mais lembrado, o mais cantado e decantado, o mais usado para pregações e palavras de conforto, seja o Salmo 23. É uma metáfora pastoral, didática, davídca. "O Senhor é o meu pastor, e nada me faltará… Ele me faz repousar em pastos verdejantes…  Leva-me (conduz-me) às águas de descanso…" Que fartura de riqueza nessa analogia, nessa metáfora. Pode alguém, em tempos como os que estamos vivendo, com tantos riscos, com tanta turbulência, com tanta "neblina", querer mais algo além? É ele quem nos conduz às águas tranquilas… Só Ele o pode !!! Essas águas tranquilas são o "oásis" que podemos desfrutar a cada dia, no consolo da Sua presença, ao buscá-la… … No conforto da Sua Palavra, ao recorrer a ela… … No recôndito da Sua poderosa mão, ao tomar nela o refúgio, porque é o único… … Na segurança da Sua provisão, a Sua Providência sábia, porque é a única alternativa para enfrentar a "serra" e a "neblina". Mas, por que às vezes este oásis, este conforto, este recôndito, esta segurança, nos parece falhar? É preciso fazer uma anamnese. Buscar, na história pregressa, as causas, a etiologia. Pronto: Encontramos!

   A resposta do motorista do caminhão ajuda, por analogia, a diagnosticar a grande maioria dos casos : "A gente só põe a tranca na porta depois que entra o ladrão" – foi o que ele disse. Nessa maioria, o problema está conosco mesmo: estamos pensando tanto no shopping das crianças e no dia de promissores negócios, que nos esquecemos da neblina. Pensamos que o nosso futuro (ou mesmo os passos próximos) estão sob o controle das nossas mãos – e não estão! Quanto à minoria que sobra, deixo para os casos da sabedoria soberana do Eterno, que sabe o que faz, mesmo quando não o entendemos. Refiro-me aos casos de minoria em que não falta a devida confiança por deposição dos passos de vida nas mãos do Eterno…

Assim é a vida. Precisamos urgentemente de um GPS mais poderoso. Um que mostre bem mais do que 20 metros à frente. Ou então, que nos controle com precisão a posição, o tráfego, a velocidade, a proximidade com os outros na pista, a visibilidade trôpega sob a neblina. Eis o GPS (poderoso): "O Senhor é o meu pastor, e nada me faltará… Ele me faz repousar em pastos verdejantes…  Leva-me (conduz-me) às águas de descanso…" Não podemos nos esquecer : nessa vida de neblina espessa todo dia, onde a estrada é sempre perigosa, e o tráfego cada vez mais intenso e pesado, só Ele nos conduz às águas tranquilas!

    Agora, um pouco acerca do nosso hino de hoje: Era o começo da Guerra Civil norte-americana (1861-1865).  No templo da Primeira Igreja Batista em Phil­a­del­phia [Penn­syl­van­ia], um jovem recém-formado no seminário estava ao púlpito, convidado para suprir-lhe por dois domingos. Ele já havia pregado sobre o Salmo 23 mais de uma vez antes, ao tempo do seminário. Mas, naquela manhã, os irmãos estavam todos impressionados com o rumo da guerra; ele próprio estava – como não? Havia tanto que dizer sobre o salmo… Rico que é… Mas, naquela manhã, Joseph Henry Gilmore se deteve apenas na frase – "he leadeth me beside the still waters". Nossa tradução Almeida Revista e Atualizada diz – "Leva-me para junto das águas de descanso". A Corrigida diz – "guia-me mansamente às águas tranquilas". A turbulência externa atingia as famílias, as igrejas, o país inteiro. Mas Gilmore acentuou – "ele me guia junto às águas tranquilas, conduz-me para junto delas". As palavras não saíram da mente de muitos que lhe ouviram, no restante daquele Domingo. E não saíram da mente dele próprio. Depois do culto, passou a mão num lápis, e começou a escrever; riscou, re-escreveu, e o poema que disto resultou, extraído do salmo, está transcrito abaixo. Este autor foi, depois professor de seminário, professor universitário, e autor de várias obras literárias. Mas, até onde consta, este poema é a única obra sua que se transformou em hino. Dois anos depois, um dos maiores compositores musicais daquele tempo – William Bradbury – pôs-lhe a música. É o mesmo que compôs a música de "Just As I Am", "Sweet Hour of Prayer", por exemplo. A seguir, uma das versões cantadas, em nossa língua.

HE LEADETH ME
JESUS ME GUIA (1862, Letra; 1864, Música)
Joseph Henry Gilmore (1834-1918) & William Batchelder Bradbury (1816-1868 )

1. He leadeth me, O blessed thought!
O words with heav’nly comfort fraught!
Whate’er I do, where’er I be
Still ’tis God’s hand that leadeth me.

Refrão:
He leadeth me, He leadeth me,
By His own hand He leadeth me;
His faithful follower I would be,
For by His hand He leadeth me.

2. Sometimes mid scenes of deepest gloom,
Sometimes where Eden’s bowers bloom,
By waters still, over troubled sea,
Still ’tis His hand that leadeth me.

3. Lord, I would place my hand in Thine,
Nor ever murmur nor repine;
Content, whatever lot I see,
Since ’tis my God that leadeth me.

4. And when my task on earth is done,
When by Thy grace the vict’ry’s won,
E’en [even] death’s cold wave I will not flee,
Since God through Jordan leadeth me.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil

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N° 24 : “TÉ QUE PASSE A TORMENTA…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 11 de Setembro de 2011

Na mesma semana em que o mundo relembra 10 anos do "11 de Setembro", celebrou seus  90 anos de idade o Rev. Mosie Lister (08/Set). Mosie Lister "nasceu" para a música, a música evangélica. Pelo menos, assim pensavam seus pais. Entretanto, dois sérios problemas de saúde – percepção auditiva e garganta – limitaram muito sua capacidade de cantar. Mas, Deus concedeu que a cabeça e as mãos continuassem capazes. Durante a Segunda Guerra Mundial, por quatro anos, serviu como militar à Marinha. Conheceu horrores da guerra. A Guerra parece ter "afinado" as "cordas da sensibilidade". Depois que voltou, escreveu algumas das mais tangentes canções evangélicas do pós-Guerra. Vozes famosas, como Pat Boone, B. J. Thomas, George Beverly Shea e Elvis Presley, interpretaram canções como…

… Then I Met The Master (Então Encontrei o Mestre)

… Till The Storm Passes By ('Té que Passe a Tormenta)

… Where No One Stands Alone (Onde Ninguém Fica Sozinho)

… How Long Has It Been ("Que Tempo Já Faz").

    A propósito… hoje é 11 de Setembro ! A chocante lembrança das imagens vistas pelo mundo naquela manhã de uma Terça-feira, ainda é viva na memória de nós todos.  Não só as imagens do choque das aeronaves cheias de passageiros nas "Torres Gêmeas" do World Trade Center, mas as várias imagens que se sucederam: O desmoronamento das duas torres…; os aterrorizantes estrondos, acompanhados e sentidos à distância no tremor que produziram; a intensa fumaça com pó e cinza que encheu os quarteirões de Nova York em seguida…; a constatação do número de vidas perdidas…; a montanha de ruínas a remover…  A "Torre Norte" ficou queimando em chamas por mais de uma hora e meia, até ruir; mas à "Torre Sul", menos de uma hora bastou para ter o mesmo destino. Membros de algumas famílias de vítimas, passado o tempo que já passou, afirmam que o tempo pode passar, a lembrança começar a toldar, mas a dor, o sentimento, não passa. Apenas pode ser momentaneamente substituído. Mas volta. E atormenta, dia e noite.  

   Sei que há muitas circunstâncias da vida que ilustram a sua dura realidade. Talvez, este episódio, de exatamente dez anos atrás, seja uma das mais impactantes ilustrações. Os fatos do monstruoso episódio são cenas dessa "ilustração". Não poucos clamando aos céus, naquele dia, e em muitos que se seguiram… Que quadro cheio de contrastes é a vida. A mesma capacidade, dada por Deus, fruto da imagem e semelhança do Criador "impressa" na criatura, é capaz de construir o belo, o complexo, o inusitado. Mas também é capaz de destruir, de aterrorizar, de desmantelar. Desmantelam-se edifícios, e também sonhos. Destróem-se grandes feitos, e também os ideais, grandes e pequenos. A vida é carregada de situações que enobrecem, mas também daquelas que embrutecem. Por isto o poeta registrou :

"Quando a tempestade ruge, com o seu feroz bramir, Quando as nuvens se acumulam, raios mil a despedir
Do trovão um som tremendo faz-se ouvir, e com pavor
Mas por sobre a tempestade soa a tua voz, Senhor!
Eis que ouvimos doce voz, a animar os que andam sós
E em ti sempre confiados, vão por ti, sempre a lutar

Nesta vida tormentosa, qual fragor do vasto mar" (Hino 162, Hinário Novo Cântico).

  A Bíblia registra que Jesus costumava locomover-se de barco, com seus discípulos. Numa delas, conforme registro de Marcos 4.35-41, era tarde da noite, e era-lhes necessário atravessar Tiberíades. Jesus dormia enquanto os discípulos navegavam, mas veio a tormenta. "Mestre, o mar se revolta, as ondas nos dão pavor; o céu se reveste de trevas…", certamente foi o que disseram os discípulos, ao acordá-lo… Mas, Jesus estava no barco. Doutro ângulo: quem estava no barco era Jesus! Era aquele que, a seu tempo, acalma a tempestade e a tormenta. Poderiam ter dito  : "Temos o salvador!" Porque, diz o salmista, no salmo que tanto impressionou Lutero: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos, ainda que a terra se transtorne, e os montes se transportem para o seio dos mares. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais se abalará. Deus a ajudará, desde o romper da manhã. Bramam nações, reinos se abalam; Ele faz ouvir a sua voz e a terra se dissolve. O SENHOR dos Exércitos (I'hvé Tsebaoth) está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde, contemplai as obras do SENHOR; que assolações tem feito na terra! Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo; quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações, sou exaltado entre os povos. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio." (Salmo 46)

    Cada um de nós sabe em que reside sua angústia, sua tormenta. E, se não há, se tudo ir bem, aguarde  – é bem provável que virá uma, e virá outra. Assim é a vida. Num dia há bonança, calmaria; noutro dia vem a tormenta, e vem a tempestade. Aquele que estava no barquinho de Tiberíades, estando conosco no barco, pode até não impedir de vir a tormenta. Mas, basta-lhe chegar o momento próprio – mesmo que seja aquele em que as ondas, ou o trovão, parecem infundir grande angústia – e ele ergue a voz. Um dia, um belo e esperado dia, e ele erguerá sua voz triunfante, a qual será ouvida por todo o planeta, por todo o universo. Naquele dia, todo trovão, toda tempestade, toda tormenta nos cessarão. Acaba tudo isso. A fumaça que será vista não mais atingirá os remidos; estará do outro lado. Hoje e aqui, em parte se cumpre a promessa que, lá, naquele dia, será plenamente consumada: "Então, na sua angústia, clamaram ao Senhor, e Ele os livrou das suas tribulações. Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram. Então, se alegraram com a bonança; e assim os levou ao desejado porto." (Salmo 107.28-30)

   Você lê o que escrevo, e não sabe das minhas tribulações. Eu escrevo, e não sei das suas. Enquanto escrevemos ou lemos, aqu'Ele que tudo sabe, e conhece intimamente a vida de cada um de nós, ou as circunstâncias que as envolvem, é o mesmo de ontem, de hoje, como sempre o será. A tormenta, a tempestade, as vagas e os trovões estão sob Suas mãos. Podemos nos alegrar com Sua bonança, a Seu tempo. Ele nos levará (como está levando) ao "porto seguro". Oh! Senhor: Leva-me ao "porto seguro"!!! Ouça, acompanhando o texto traduzido (se assim preferir), uma das composições de Mosie Lister.

 TILL THE STORM PASSES BY (1958)
('TÉ QUE PASSE A TORMENTA)
(Mosie Lister : 1921-  )

In the dark of the midnight have I oft hid my face,
No escuro da noite alta, frequentemente tenho ocultado minha face
While the storm howls above me, and there's no hiding place.
Enquanto segue o uivo da tormenta sobre mim, e não encontro esconderijo
'Mid the crash of the thunder, Precious Lord, hear my cry,
Em meio ao ribombar do trovão, Precioso Senhor, ouve meu clamor 
Keep me safe till the storm passes by.
Guarde-me seguro, 'té que passe a tormenta

Coro
Till the storm passes over, till the thunder sounds no more,

Té que a tormenta termine, 'té que trovão não mais ressoe
Till the clouds roll forever from the sky;
Té que as nuvens se desfaçam do céu
Hold me fast, let me stand in the hollow of Thy hand,
Segura-me de pronto, permita-me ficar no centro da Tua mão
Keep me safe till the storm passes by.
Guarde-me seguro, 'té que passe a tormenta

When the long night has ended and the storms come no more,
Quando termina a longa noite, e as tormentas não mais aparecem
Let me stand in Thy presence on that bright peaceful shore;
Quero estar na Tua presença, naquela brilhante praia de paz 
In that land where the tempest, never comes, Lord, may I

Naquela terra, onde a tempestade nunca mais vem, Senhor, que possa eu
Dwell with Thee, till the storm passes by.
Habitar contigo,'té que passe a tormenta 

Many times Satan tells me – "There is no need to try,
Muitas vezes Satanás diz (sussurra, na letra original) – nem adianta tentar
For there's no end of sorrow, there's no hope by and by"
Pois, não há fim para a tristeza, e depois, não há esperança
But I know Thou art with me, and tomorrow I'll rise
Mas eu sei que Tu estás comigo, e no amanhã me erguerei (ressurgirei)
Where the storms never darken the skies.
Onde as tormentas não mais escurecem os céus

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

 

 

N° 23 : “POR QUE’S”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 04 de Setembro de 2011

Nesta semana tive o privilégio de conhecer o Diogo Inawashiro. Diogo é pastor, sansei (neto de japoneses),  e candidata-se a ser missionário na terra natal de seus avós. Me lembrei do tocante filme Haru e Natsu, e comentei com ele –  a história das duas irmãs, separadas por uma contingência inesperada, na década de 1930, no porto de Kobe, Japão. Isto ocorreu quando a família estava para partir para o Brasil, a fim de tentar a sorte no "promissor país ocidental", mas a caçula foi retida pelo serviço médico japonês, por causa de um tracoma ocular. As duas irmãs somente se reencontram depois de 70 longos anos, no início dos anos 2000, depois de décadas sem notícia uma da outra, de muitas cartas emitidas de cada lado, que jamais chegaram às mãos destinadas.

Entre as motivações apresentadas pelo Diogo, para a urgência da evangelização no Japão, constam:

– População (10ª no mundo) de alta densidade demográfica, com 128 milhões num pequeno território geográfico

– Relação com o Brasil: além do Brasil ter a maior colônia de japoneses fora do Japão, o Japão tem a segunda maior colônia de brasileiros fora do Brasil

– Deficit cristão : o Japão está entre os países menos evangelizados do mundo

– Religiosidade: Xintoísmo (51,2% da população) e Budismo (38,3%) dominam aquele povo

– Taxa de suicídios: O Japão se tornou conhecido pela altíssima taxa de suicídios, mesmo entre jovens (a maioria das ocorrências afeta a faixa etária 24~29 anos).

  São cerca de 32 mil por ano, em média. É a mais alta taxa relativa (em relação à população) do mundo, que resulta em cerca de 25 para cada bloco de 100 mil pessoas. Pouco mais do que a Rússia, mas o dobro do que ocorre nos Estados Unidos, e seis vezes a taxa brasileira. No mundo, segundo a OMS, são 1 milhão por ano. 

   No Japão, como no resto do mundo, são os conflitos existenciais que levam à quase totalidade dos suicídios (o restante decorre dos problemas patológicos/neurológicos, que obstruem a sanidade mental, levando a atos fora de controle).  Lá, 45% das causas estão relacionadas à descrença numa vida com saúde, e 25% estão relacionados à descrença numa vida economicamente e minimamente saudável. A cosmovisão das religiões japonesas não cria qualquer senso de culpa ou sensação negativa em relação ao suicídio. Muito ao contrário do cristianismo. Isto faz-me lembrar aquele que é considerado, contemporaneamente, o maior dos poetas brasileiros – Carlos Drummond de Andrade. O mineiro, numa entrevista a um repórter da Folha de São Paulo, pouco tempo antes de morrer, respondeu à várias perguntas, entre elas:

– "Qual a opinião do senhor acerca do suicídio ?"

– "Acho um ato heróico de grandeza moral !"

   O desencantamento com a vida não é privilégio dos suicidas compulsivos. Os problemas que nos afetam são muitos. Insônia é um sintoma cada vez mais frequente, tendo a maior parte de suas causas nas apreensões do dia. Não há dúvidas de que, apesar dos avanços tecnológicos, e do aumento expressivo de oferta acessível de bens que parecem criar qualidade de vida, ou daqueles que comumente são usados para medi-la, os fatos reais vão mostrando um padrão de vida cada vez mais estressante e depressivo.Por outro lado, muitas das "âncoras" da vida saudável do passado parecem ir se tornando cada vez mais fragilizadas:

– a família

– o casamento

– a própria religião

– finanças, carreira profissional

– perdas familiares

– a sôfrega busca por uma uma vida "bem sucedida"

    O que fazer? Como lidar com esse tipo de situação aflitiva, hoje em dia? A fórmula que eu conheço ainda é a "velha fórmula"; ainda bem que o "prazo de validade" não se esgota. A fórmula está mais do que suficientemente testada em muitas vidas, não muito diferentes das nossas, resguardadas as proporções de épocas e circunstâncias. O meu "velho livro preto" produz eco quase que diário em minha lembrança, e na de muitos que a ele recorrem, de que devemos estar "certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, Ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!" (I Pedro 5.9-11) Falando em tese, nós não somos melhores nem piores do que os que amaram ao Senhor no passado. "Sofrimentos iguais aos vossos" significa, na minha leitura, que vários dentre a nossa irmandade, espalhada pelo mundo (e pelos séculos), tiveram lá suas aflições familiares. Afinal, tão de carne e osso quanto nós eram eles. Certamente, tiveram lá suas dificuldades no casamento – os servos de Deus, e também as servas de Deus. Quantos deles, com toda certeza, se decepcionaram com a instituição eclesial do seu tempo, ou com as pessoas que a conduziam, ou com os líderes de então.Qual deles, falando no geral, não passou por algum aperto aflitivo das finanças? Se houvesse banco naqueles tempos, não raro haveria, mesmo entre eles, um dia de cheque que voltou, ou algum bloqueio bancário por razões ilegítimas. Pode ser que não tivessem tudo quanto queriam, mas não lhes faltou o que precisavam. Quantos deles não passaram a vida contando as perdas de seus queridos, até que se lhes chegou a própria vez (gloriosa vez)?  E, quanto à "vida bem sucedida"? Quão ilusória, sob a aparência dos olhos alheios, não se lhes mostrou a sina do dia-a-dia?

   Pode até ser que, diante da expectativa da ciranda, ficassem afetados (e, então, "quase" deprimidos). Então, concluo que nada há a reparar nas palavras: "sofrimentos iguais aos vossos". Nada mesmo! Estamos todos no mesmo barco!!! Sim, estamos, embora às vezes pensemos que somos os únicos. Mas, quando o olhar obtuso nos faz pensar que estamos só no barco, o olhar elevado, sob as alças da Palavra e as asas do Espírito, nos faz lembrar que no barco há mais alguém… Aquele que estava lá, com os fiéis do passado, e está ainda hoje! Quanto aos que não têm o temor do Soberano Altíssimo, a grande diferença é a "esperança". Por isto, meu "velho livro preto" ainda lembra:"Não queremos que ignoreis … nem que vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança!" (I Ts 4.13). Sem isto, tantos tiram de si mesmo a vida. E ainda há falsos profetas seculares a diagnosticar isso como "ato heróico de grandeza moral", ademais, é necessário reforçar a admoestação das palavras de vida eterna: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. " (II Cor 7-18)

   Sabe uma lembrança que soma significativamente nesta reflexão? Nossa identidade com Cristo. Por essa identidade, nos é prometida uma vitória, tal qual a de Cristo. Nos é prometida também uma nova natureza, celestial e triunfante, no gozo eterno. E, ainda, um lugar à destra do Todo-Poderoso do Universo, na Nova Criação, junto com o Cordeiro, o Unigênito, o primogênito.

Mas, é também verdade que "… convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados." (Hebreus 2.17,18) Esse mistério glorioso – nossa identidade com Cristo – faz uma diferença colossal. Ele sofreu tanto quanto sofremos, no mínimo. Desencantou-se tanto quanto nos desencantamos, no mínimo. Embora não lhe faltasse o alimento de cada dia, a racionalização dos recursos deste mundo lhe foi uma realidade familiar, peculiar. Desapontamentos com a turma religiosa não foi novidade escassa para ele… Desilusões pelo quanto foi mal compreendido, e perseguido, isto ele conhecia de perto. Em tudo foi semelhante a nós. E nós seremos semelhantes a ele. Então, vale guardar : "…para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem coisas do presente, nem do porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8.18, 36-39)

  O hino de hoje é especialmente significante. O intérprete que canta a segunda estrofe tinha acabado de passar por duas sessões de tratamento radioterápico precisamente na garganta, na manhã que antecedeu aquele dia, bem como naquela própria manhã. Na verdade, vinha ele lutando com um câncer na garganta havia alguns anos. Pouco mais do que um ano adiante, esse câncer o levaria para junto do seu Senhor. Ouvi-lo dizer, em forma de canto, aquela parte da poesia de Ira Stamphill, em que afirma:

– Minha dor interior, eu ocultarei com um sorriso…
Eu esperarei pelas razões [divinas] até que chegue a hora
E, mesmo que ele me prove, sei que sempre descobrirei
Que o que Deus faz transforma os sofrimentos como o fogo transforma a prata, eliminando sua escória… 

Deve ter sido especialmente tocante para aquele grupo que cantava com ele. Para quem conhece algo da vida e das demais composições de Ira Stamphill, difícil é pensar que "esconder o sofrimento atrás de um sorriso" seja um ato de cenário artístico"para inglês ver". Antes, só pode ter sido a expressão de alguém que diz: meu sofrimento pode fazer doer meu coração, mas não deixarei que ele apague meu sorriso, nem minha fé, nem minha esperança, nem minha vida, nem minha glória em Cristo, em quem estou oculto, e com quem me identifico!

WE'LL TALK IT OVER (1949)
NÓS TRATAREMOS DISTO
Ira Forest Stamphill (1914-1993)

Though shadows deepen, and my heart bleeds,
Ainda que sombras se aprofundem, e meu coração sangre
I will not question the way He leads;
Não questionarei o modo como Ele conduz
This side of Heaven we know in part,
Daqui do lado de baixo do céu nós conhecemos em parte
I will not question a broken heart.
Não questionarei, se meu coração se quebranta.

Coro
We'll talk it over in the bye and bye.
Nós daremos por encerrado este assunto no momento oportuno
We'll talk it over, my Lord and I.
Trataremos disto, meu Senhor e eu
I'll ask the reasons – He'll tell me why,
Eu pedirei os motivos – Ele me dará os porque's [se o quiser]
When we talk it over in the bye and bye.
Quando encerrarmos o assunto, no momento oportuno. 

Danny Gaither:
I'll hide my heartache behind a smile
Eu ocultarei a minha dor interior por meio de um sorriso
And wait for reasons 'til after while.
E esperarei pelas razões até que chegue a hora
And though He try me, I know I'll find
E ainda que Ele me prove, eu sei que [sempre] descobrirei
That all my burdens are silver lined.
Que todas as minhas aflições são revestidas de prata.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
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N° 22 : “PRECIOSA GRAÇA…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 28 de Agosto de 2011

  A música é uma dádiva divina. Ainda no início, na descendência primária de Adão, Jubal foi considerado o pai da música, dos que tocam instrumento. O culto vétero-testamentário trazia uma música consagrada. A arte, a música consagrada é aquela que não se sobrepõe ao espírito da mensagem bíblica, "carregada", "transportada" pela música. Música evangélica com excesso de aparato e arte tolda o valor do próprio culto. A música (melodia), na mensagem musical, é similar ao chamado "excipiente q.s.p" ("Quantidade Suficiente Para…") em determinados medicamentos;pode até dar forma e sabor, mas definitivamente não é o "princípio ativo". O "princípio ativo" é a mensagem, e isto, quando delineada com, na e pela Palavra

   Dentre a variedade de instrumentos, o piano é sobremodo singular, um instrumentos de cordas percutidas.Quis eu aprender tocá-lo, mas já era tarde, tanto na idade quanto na disponibilidade de tempo para o estudo. No teclado do piano há sequências de teclas tradicionalmente brancas, sempre em número de 7 (teclas "marfim"), que são as teclas das notas musicais "naturais". Há também as sequências intercaladas de teclas pretas, sempre em número de 5 (teclas "ébano"), que são as notas "sustenidas". Assim, perfaz-se o total convencional de 88 teclas. Determinados estilos musicais acabaram por se servir, num piano, exclusivamente de um ou de outro conjunto das teclas. Quero dizer: ou das teclas de marfim, ou das teclas de ébano. Por exemplo: O estilo "negro spiritual", estilo típico das canções nostálgicas e escatológicas dos escravos, mormente no século XIX, puderam ser todas musicalmente notadas nas teclas pretas. Ou então já "nasceram" assim musicalizadas. "Rio Profundo" (Deep River), Swing Low, Sweet Chariot , "Vai, Moisés" (Go Down Moses), e tantas outras, foram compostas, em alguns casos sem o auxílio de instrumentos musicais, mas se encaixam perfeitamente nas escalas "pretas" do piano. Por isto, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, devido à tradição evangélica, esta escala do piano é também chamada "Slave Scale" (Escala dos Escravos). É uma curiosidade interessante: tocam-se todos os "negro spirituals" exclusivamente nas teclas pretas.

   Dentre os lindos "negro spirituals" que se tornaram conhecidos do cancioneiro evangélico, certamente o mais famoso e popular é "Amazing Grace". John Newton (1705-1807) compôs esse hino depois de um "quase" naufrágio, onde sentiu que haveria de perder a vida com toda a sua tripulação. Era filho de um mercador inglês de escravos, também de nome John Newton. Perdeu sua mãe com apenas 6 anos de idade. Seu pai deixou para ele a profissão, depois de algumas viagens – filho acompanhando o pai – servindo-se de, e transportando escravos. Por ter fugido do serviço militar naval, foi apanhado como desertor, e punido. Preferindo sofrer sua punição como serviçal de um mercador de escravos, foi abusivamente tolhido, e muito sofreu. Um dia, navegando a caminho da Inglaterra, a tempestade atacou furiosamente a embarcação. Sentindo o pavor de quem imagina que em poucos momentos estariam todos no fundo do mar, bradou: – Senhor, tenha misericórdia de nós!" Reconhecendo que foi a graça divina que o salvou, naquele dia, Newton teve uma radical mudança em sua vida. A reflexão nas palavras que pronunciou, a lembrança da Bíblia e de Deus, trouxeram-no à presença de Cristo. A comparação do regime da escravatura com a sua própria vida, como escravo do pecado e da morte, influíram de modo profundo em sua mente e coração. E daí nasceu o hino. Daria até para escutar, em imaginação, o próprio John Newton, cantando o hino, entre lágrimas e soluços. Não poucos, nem de umas, nem de outros.

   O hino canta a "graça eterna", a "graça excelsa", "a graça suficiente", a "graça preciosa, a "graça benfazeja". A mesma graça cantada e pregada por Davi, de modo inspirado e revelacional: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória. porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam. Assim cumpre-me bendizer-te, enquanto eu viver…" (Salmo 63.1-4) De fato, a Graça do Altíssimo, o Benevolente, o Graciosíssimo, é melhor do que a vida. Davi tinha plena razão. E essa razão não era dele, era do Espírito! Ela, a graça, é a porção que mais precisamos para cada dia. Sem ela, não deveríamos ousar por fora o pé, ou abrir a boca, ou "pôr mãos ao arado" de cada dia. Por isto o salmista diz "em teu nome levanto as mãos". Mais do que uma expressão cultual de mera forma, trata-se de uma disposição expressa de viver, como aquel'outra, do hino "Com tua mão, segura bem a minha, pois eu tão frágil sou, ó salvador… Que não atrevo a dar jamais um passo, sem teu amparo, Cristo, meu Senhor!"  É por causa dessa "preciosa graça" que o apóstolo, sob lutas mil, sob provações e espinhos (até "na carne"), aprendeu, da própria voz de Deus – "a minha graça te basta" (II Coríntios 12.9)

   Que graça infinita. Eu me confesso dela dependente, a cada dia, talvez mais do que todos que eu conheço. Eu me confesso um peregrino, um estrangeiro sobre a terra (Hebreus 11.13) em busca constante da Graça do Inefável. Ainda que eu me atreva a dar meus passos, sei que eles nunca poderão ser acertados, bem direcionados, sem a assistência da Graça indispensável do Providente, o Providentíssimo. Que ela nos valha, que ela nos supra, e nos sustente de pé, a cada dia, até àquele dia, em que a Graça há de completar, em nós, a Redenção!

   Ouça duas execuções de "Amazing Grace": uma, apenas instrumental, com flauta andina, violino, piano, banjo, etc… Outra, a capella, na voz (bem inteligível) dos Arautos do Rei…

Amazing Grace
Preciosa Graça (alguma data entre 1860 e 1870. Olney, Inglaterra)
John Newton (1725-1807) 

Letra original:
Amazing grace! (how sweet the sound)

That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now am found,    
Was blind, but now I see.

’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!

Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.

The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.

Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.

The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
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N° 21 : “VÊ-LO-EI POR MIM MESMO…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 21 de Agosto de 2011

Por estes dias,  acontecimentos na Europa (Noruega, Inglaterra, etc.) têm trazido de volta o fantasma do Nazismo. Só quem desconhece a história, ou quem a ela tampa os olhos, ignora quão nefasta foi aquela época e aquela ideologia. Alguns que ainda vivem sabem de testemunho ocular. Falando de Nazismo, lembrei-me disto por causa de uma ocorrência imprevista recém relacionada a um professor e colega no seminário, pela qual uma disciplina que lhe caberia neste semestre foi transferida a mim (ao menos temporariamente).  Trata-se da segunda unidade, de uma sequência de duas, de História do Pensamento Cristão. Em estudos e preparativos, ontem, deparei-me com a necessidade de falar sobre Nietzsche (1844-1900). É que a "ressurreição" do pensamento de Nietzsche no período nazista trouxe consigo pelo menos duas vertentes ao pensamento cristão no período da guerra e do pós-guerra. A propósito, chamou-me a atenção o fato de que, nesta semana, ocorre a data em que, aos 55 anos de idade, morreu Nietzsche. Um que é considerado dos grandes filósofos alemães do século XX (Martin Heiddeger) afirmou: "Na Alemanha, até à guerra, se era, ou contra ou a favor de Nietzsche; nada menos do que isso".

Sabe quem foi ele? Filho de uma família luterana de vários pastores, Nietzsche chegou a pensar em ser pastor, ele próprio, no começo de sua adolescência. Mas, os dias da sua mocidade, e os estudos da universidade, o afastaram de Deus. E afastaram mesmo. Poucos imaginam quanto, como… Tornou-se um ácido crítico do cristianismo. Aliás, não só do cristianismo – da religião. O anti-semitismo de Hitler deveu-se, em grande parte, ao anti-semitismo de Nietzsche.   Auto-intitulou-se um ateu, deixando um legado de afirmações, na História e nos escritos, de arrepiar siberianos. Exemplos:

– "O cristianismo e o budismo são religiões em decadência, embora o budismo seja cem vezes mais realista que o cristianismo".

– "Para mim o ateísmo não é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto."

– "O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."

– "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? – Triunfo!".

– "O Evangelho morreu na cruz."

–  "O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."

– "O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade … "

– "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."

– "As convicções são cárceres; convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."

– "O depois de amanhã me pertence."

– "Deus está morto, mas o seu cadáver permanece insepulto."

– "Será o Homem  um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?"

   Chega? Então está bem. Vou parar por aqui. Mas, que tem mais, tem… Tem muito mais. Pouca gente sabe, mas, embora sem jamais ter lido Nietzsche, há muitos "gurús" hoje que têm sua "cabeça feita" por pensadores que, direta ou indiretamente, têm-se inspirado nessa mentalidade maligna. Esse homem costumava afirmar tratar-se de uma cegueira irracional sem comparação a expectativa de morrer e ver a Cristo na outra existência, a eternidade. Para ele, não haveria como esperar por uma eternidade. Muito menos esperar "ver a Cristo". "Tolices de crianças"! ("Quem não se fizer como uma criança, jamais pode ver o Reino de Deus!") As lembranças da Palavra de Deus, nessa diretiva, lhe causavam um sentimento comparado a asco – era o que dizia. Que diferença de expectativa! Que diferença de esperança!! Que diferença de convicção!!!

   Quando lemos o conteúdo revelado, o que o Espírito faz robustecer no coração do remido é algo inteiramente diferente: "Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser.Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é" (I João 3.2) Alguns alunos me perguntam, quase todo ano: Mas, quando nos encontrarmos com Cristo, também poderemos ver suas marcas nas mãos, e sua ferida do lado? Eu deixo escapar um sorriso (mais por dentro do que por fora), e digo… – Claro que não, meu filho. Isto seria o mesmo que dizer que quando ocorrer a nossa ressurreição, nosso corpo não será o de glória, mas alguma coisa ligeiramente melhorada deste corpo terreno. Seremos glorificados com Cristo. Seremos transformados para portarmos corpos de glória, assim como ele foi transformado, após a ressurreição, ao ensejo da ascensão, adentrando o céu. Lá ele se encontra em seu novo corpo celestial, de glória, à semelhança do qual também seremos revestido na ressurreição e na Regeneração de toda a criação. É assim que o veremos. Mas, voltando à esperança, diz mais a Escritura: "Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido". (I Coríntios 13.12) O veremos face a face, portanto. Como ele seremos. Pode haver glória maior? Naquele dia, todos o verão; até Nietzsche, que questionou quem errou – se Deus, quanto ao homem, ou se o homem, quanto a Deus.

   A fé é algo verdadeiramente incomum: Nunca, jamais, alguém voltou da instância da eternidade, para testificar se existe mesmo, ou não, esse lugar celestial. Deus no-lo revelou, em Sua Palavra, a Palavra de Seu Filho. Pela fé, cremos. Não é "tiro no escuro", porque o Espírito testifica com o nosso espírito. E Ele deu à Sua Palavra múnus suficiente, para auto-sustentação. Veja que preciosa declaração, a de Jó : "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que, por fim, se levantará sobre a terra; depois, revestido este meu corpo, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros. De saudade me desfalece o coração". (Jó 19.25-27) 

   O autor das letras que vão em mensagem musical, hoje, referenciou-se  nesta precisa passagem, à luz do Novo testamento, para compor o poema. Foi ele mesmo quem lhe pôs notação musical. Mas, brindo a você com uma execução instrumentos e voz, em nossa língua. Maranatha! Vem, Senhor Jesus!! Deleite-se aí… Conforte-se aí… Fortaleça-se aí…

Face to Face
Eu Face a Face Vê-lo-ei (1898)
Herbert Johnson

1. Em breve irei, de meu Jesus, 
   O rosto meigo contemplar. 
   Quanta alegria fruirei 
   E doce paz irei gozar! 
   Ante Seu trono adorarei, 
   E meu louvor então darei; 
   Almejo estar no eterno lar, 
   E face a face o contemplar.

CORO: Eu, face a face, vê-lo-ei; 
      Por graça salvo, cantarei; 
      Sim, face a face, vê-lo-ei
      E Dele sempre então serei.

2. A vida aqui irá passar, 
   O novo Éden Surgirá. 
   Pecado ali não se achará, 
   Nem mal algum existirá.
   Pois o Senhor com a sua luz 
   Já os baniu na rude cruz; 
   Almejo estar no novo lar, 
   E sua face contemplar.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 20 : “RUMO AO LAR…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Agosto de 2011

Depois que me mudei para o bairro Jaraguá, no final de 1988, foi necessário refazer vários relacionamentos comerciais e de serviços das necessidades básicas da família. Antes, residimos certo tempo no bairro Sagrada Família, depois de residr outro tempo em Salvador, na Bahia, e em Recife, Pernambuco. Um novo prestador de serviços aqui, uma nova relação comercial ali, oficinas para automóvel, farmácia, padaria, etc…. Conheci algumas pessoas com quem até hoje mantenho aquela relação de fornecedor-cliente. Dos tais, alguns indicaram peculiaridades muito interessantes. Conto dois casos: Primeiro, o do "Bicicletário FAPA".

  O Adriano era um simpático lojista de peças e serviços em bicicletas. Cativava as crianças e adolescentes, tal a paixão com que executava seu serviço. Aos finais de semana, organizava "pedaladas" coletivas com a meninada pelo bairro e alhures. Dois de meus filhos estavam começando a andar de bicicleta naquela fase, e o fornecedor se tornou, digamos…, "necessário", por causa da sucessão de tombos. Meu mais velho, a despeito do seu autismo de criança especial, teve a graça divina de aprender a andar de bicicleta (e anda até hoje); e o Adriano tinha um carinho todo especial por ele… A principal colaboradora do Adriano era sua mãe, já de boa idade, naquele tempo. Na entrada da lojinha, havia uma placa, com a seguinte inscrição: "Estamos aqui, prosseguindo o que ele começou ". "Ele", no caso, era o homem da foto ao lado da inscrição; era seu pai…

 O segundo caso, começou de modo diferente. Eu conheci primeiro o dono da oficina – Márcio, que lidava com vidros, portas e retrovisores de automóveis. Era comum ter ele, ao seu lado, o filho primogênito – Charles, ainda bem menino, às vezes brincando, mas às vezes ajudando. Dez  anos se passaram, e o meu amigo mudou o nome de sua oficina para "Pai & Filho Autovidros". O Charles, àquela altura, era já seu "sócio". Mais dez anos se passaram, e hoje o Márcio, pai do Charles, é só a lembrança. O filho teve que tornar-se "o homem  da casa", e também da oficina. Mas o Charles, não só manteve o nome da oficina ( "Pai & Filho Autovidros"), como também colocou uma foto do pai, e anuncia a todos que lá vão primeira vez, se perguntarem, a quem ("abaixo de Deus, por ser ele temente) deve ele tudo o que conseguiu  na sua vida.

   Lembro-me sempre das duas histórias e tenho uma apreciação "cardiológica" muito grande por aqueles dois filhos. Dizem que o  "dia dos pais" surgiu por causa de uma filha norte-americana que quis homenagear seu pai, merecedor de honras por ter assumido (e cumprido) a responsabilidade de criar seis filhos, após a morte "prematura" da esposa. A data em que se comemora, em cada país, pode dever-se ao fator histórico (como nos Estados Unidos e em vários países do hemisfério norte), ou ao fator religioso, ou ao fator comercial. E, como seria meritório e natural, veio depois do "dia das mães". No Brasil, no início, o fator determinante da data foi o religioso: o "importador" da praxe fêz coincidir com a data atribuída a certo "santo" do romanismo. Depois, o fator da data passou a ser o comercial, quando oficializado no segundo domingo de agosto – hoje.

   Nós, pais, assim como as mães, temos ciência de que a nossa incumbência é temporária. Só uma relação paternal é eterna por natureza: a que existe no âmbito da divindade. Essa relação supraracional, tocante ao nosso entendimento natural, reservou o papel hipostático de "Pai" à primeira pessoa da trindade divina,  e reservou o de "Filho" à segunda. Por conta disto, o Filho afirma aos remidos, dentre as criaturas humanas, com uma propriedade singular: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos lugar"(João 14.1,2). Trata-se de uma relação natural (porque é da natureza divina) e também sobrenatural (porque se encontra muito acima da nossa compreensão). Quanto a nós, declara a Palavra que, pelos privilégios da "adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito da Sua vontade, e para o louvor da glória de Sua graça", ele nos concedeu "gratuitamente, no Amado" (tudo conforme Efésios 1.5,6),  a regalia desta relação filial, por extensão. Recebemos o "Espírito da adoção, baseados no qual clamamos Aba, Pai" (Romanos 8.15)E é esse mesmo Espírito que recebemos, na conjuntura da adoção de filhos, que "testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8.16). Não precisamos de provas exteriores, não precisamos de equações aritméticas de atestação empírica, não precisamos de corroboração de sinais visíveis ou de provas documentais (como atestados ou certidões de cartórios). O  "cartório" está no céu: o Espírito testifica com o nosso espírito – somos filhos de Deus! E, o que o Espírito testifica com o nosso espírito, nada pode ofuscar, nem toldar, nem muito menos apagar. Tampouco os fatores externos podem subtrair…  Pela posse delegada desse Espírito, o nosso espírito clama Aba, Pai. E por isto, o clamor chega às raias do gemido pela nossa redenção, pela nossa "re-união" com o Pai, o único eterno pai, com a ardente expectativa que aguarda a revelação dos filhos de Deus (Romanos 8.19).

   A palavra de conforto e de robustecimento espiritual que o Filho nos deu, como acima citado, faz com que o apóstolo Paulo nos recomende as lembranças, firmes e sólidas da genuína esperança, como se vê em II Coríntios 6.16-18, que traz o "refrão" constante da Aliança na Escritura:"Habitarei e andarei com eles; serei o seu  Deus, e eles serão o meu povo. … e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso".Que bendita promessa! Que bendita esperança !! Que bendita glória!!! "Promessa, esperança e glória" – daria até um belo sermão, na elaboração refinada de alguns dos meus hábeis colegas.

   Pouco tempo atrás, um sensível compositor sacro capturou em conexão estas duas realidades da relação paternal-filial, numa poesia/música de rara inspiração e beleza. Mais uma vez, infelizmente, vai na língua inglesa. Mas vai um singelo socorro, ao mesmo tempo. Na interpretação seguinte, o próprio compositor se juntou a um quarteto – dois "velhos" (George Younce e Glen Payne, já transferidos para a glória) e dois jovens (Ernie Haase e Scott Fowler) acompanhados de um exímio pianista, também já "transferido" (Roger Bennett)… Ouça, acompanhando esta poesia :

GOING HOME
Rumo ao Lar
William J. Gaither (1938… )

Bill Gaither :
Many times in my childhood
Muitas vezes, em minha infância
We traveled so far
Viajávamos, às vezes para longe
By nightfall, how weary I'd grow.
Ao cair da noite, quão cansado eu ficava 
Father's arms would slip 'round me…
Os braços de meu pai deslizavam em redor de mim
And gently, he'd say –
E, gentilmente, ele dizia
My son, we're going home".
Meu filho, estamos indo para casa

Bill + George, Glen, Ernie, Scott / Roger :
Going home… I am going home…
Rumo ao lar… eu vou rumo ao lar… 
There is nothing to hold me here.
Nada há para deter-me aqui
I caught a glimpse of that heavenly land,
Já ganhei um vislumbre daquela terra celestial
Praise God, I am going home
Glória a Deus, estou indo ao lar.

George Younce :
Now, the twilight is fading…E agora,
o crepísculo vai chegando ao seu ocaso
And the day soon shall endE o dia logo vai terminar
I get homesick the farther I roam
Fico nostálgico, tanto quanto mais vagueio (Jó 19.27)
But my Father has led me
Mas meu Pai me tem conduzido
Each step of the way,
Cada passo da jornada
And now, I'm going home (thank God).
E agora, estou indo para casa (graças a Deus)
Going home… I am going home…
Rumo ao lar… eu rumo ao lar… 
There is nothing to hold me here.
Nada há para deter-me aqui
For I caught a glimpse of that heavenly land,
Pois eu já ganhei um vislumbre daquela terra celestial,
Praise God, I am going home.
Glória a Deus, estou indo ao lar.

Repare não: os aplausos levam em conta que era, como certamente foi, a última apresentação em que juntos estariam George e Glen.

Agora, se você quiser o vídeo com áudio, clique no endereço http://www.youtube.com/watch?v=Ovc1Io9b8tM

 Você verá coisas, digamos, diferentes – Por exemplo, George pede a Bill (o compositor) que cante o primeiro verso, e brinca, dizendo que não se preocupe, pois ele (George) pode ensinar a letra… Glen Payne abrindo uma risada aparentemente estranha no meio de um dos versos – Glen era um homem extremamente sensível e emotivo; era essa a maneira com que ele retraía as lágrimas insistentes, em determinados momentos de apresentações. Foi, também, a última apresentação do quarteto. O auditório, pressentindo ser a última apresentação da dupla de… "velhos", prorrompe em aplausos.Concentre-se no que precede.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional