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O Bem e o mal a cada dia

N° 299 : “QUANDO DEUS NÃO É SUFICIENTE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 20 de Maio de 2017

A professora Angélica Campolim, mãe de Bianca, Cláudia, e do falecido Júlio, esposa do Cláudio, resolveu colocar este título no seu livro. O livro compila experiências da saga de Júlio, que foi vencido pela leucemia em 2015, aos 22 anos de idade. Disse ela: “Meu sofrimento foi ao quadrado porque, além do meu filho, perdi toda a minha base religiosa”.

Júlio começou seu embate com a leucemia em 2013, quando cursava o quarto ano de arquitetura em São Paulo. Dos sintomas iniciais – edemas na boca e na virilha, veio uma gripe, difícil de ser debelada. Os exames mostraram o problema com a medula óssea do rapaz. Em 2014, recebeu o transplante de medula da própria mãe. Mas a imunidade caiu, e ele passou a ser dependente de transfusão, principalmente para recomposição de plaquetas. Um fungo que se alojou no pulmão reduziu ainda mais suas chances de sobrevivência. Em Junho de 2015, sucumbiu.

Não há como não acolher sentimento solidário àquela mãe a àquela família. É fora de qualquer dúvida que a força devastadora de uma perda em tais circunstâncias abate, e abate muito. Sentir abatimento na adversidade, na perda, é normal e compreensível. Talvez, só quem já passou por circunstância semelhante consegue aquilatar com propriedade.

Entretanto, devo dizer que não existe uma só unidade de tempo em que Deus não nos seja suficiente. E, nisto que digo, não vai crítica ao título do livro daquela mãe, ou sequer de algo em seu conteúdo. Acredito que o passar do tempo possa trazer, a ela e à sua família, de volta a compreensão disto. Não terá sido a primeira vez, nem a pior das circunstâncias.

Não me sai da memória aquela cena do inverno de 1974. Minha tia, sentada na cadeira que estava entre duas urnas: uma, do esposo Inéias; outra, da filha Ilma. Enquanto a outra filha, Ilza, ainda lutava pela vida em um hospital, os dois já tinham sido vítimas daquele tenebroso acidente de trânsito. Mas ela superou! Ela sempre manteve sua fé em Deus; essa fé a levou a superar as perdas, e a assegurou esperança de reencontro no porvir. E a fortaleceu no ministério de ajudadora de pessoas em aflição.    

Foi assim, também, com vários personagens da Bíblia. Lembremo-nos de Jó, o caso mais notável. Conversando por estes dias com um missionário do Oriente, contou-me ele que reside numa cidade onde é forte a tradição de ter sido aquela a Uz de Jó. Já imaginou o que é, num mesmo dia, receber, uma atrás da outra, as seguintes notícias: a primeira – uma milícia de marginais atacou hoje o seu gado, carregou tudo, e matou os empregados que tomavam conta; a segunda – ocorreu hoje um incêndio como uma faísca que caiu do céu, exterminou todas as suas ovelhas no redil, e ainda tirou a vida dos pastores que tomavam conta delas; a terceira – um bando atacou seus camelos hoje, matou os guardadores e levou todos os camelos; a quarta – sabe a casa onde seus filhos estavam, hoje, festejando? Pois bem: veio um vendaval que derrubou as paredes, as paredes caíram por sobre eles, e todos os seus filhos morreram?… Sabe lá o que é isso?

E depois de receber todas essas avassaladoras notícias, perceber que por toda a pele – dos pés à cabeça – começam a aparecer tumores terríveis, a ponto de querer raspar as feridas com um caco de telha?  Já pensou numa situação dessa? Pois bem! Ficou registrado que em nenhum momento, com toda essa devastação, Jó maldisse a Deus, e nem mesmo O considerou menos justo do que é…

O salmista nunca deixou de passar por adversidades e de enfrentar inimigos. No entanto, seus salmos proclamam como Deus é bom e suficiente:

1. “O Senhor é o meu Pastor, de nada terei falta… Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum pois Tu está comigo… (Salmo 23. 1,4, NVI).  

2. “Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!” (Salmo 34.8, NVI);

3. “Sinto-me muito fraco e totalmente esmagado; meu coração geme de angústia. Senhor, diante de ti estão todos os meus anseios; o meu suspiro não te é oculto… Senhor, em ti espero; Tu me responderás, ó Senhor meu Deus!” (Salmo 38. 8,9,15, NVI).

4. Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e
o meu Deus”
(Salmo 42,5, NVI).

Deus é suficiente? Deus é mais do que suficiente: além das circunstâncias desta vida, as quais estão todas sob o domínio das Suas soberanas mãos, Ele provê a redenção gloriosa e eterna. Ainda que o vale seja de dor, de sombras, de trevas ou de morte (como salienta, pelo Espírito de Deus, o salmista) o vale não é tudo… Eu sei que “bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida” (Salmo 23.6, ARA); e, depois do vale, “habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre!” (Salmo 23.6, ainda).

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 298 : “TABERNÁCULO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Maio de 2017

Num relance, a primeira lembrança foi do Nick Vujicic (1982-…). Nick nasceu na Austrália, embora de família sérvia. Foi o primeiro filho do casal; porém, quando nasceu, e a enfermeira lhe trouxe para os braços da mãe, esta teve a reação inicial de recusar-se a pega-lo: Nicholas nasceu com a Síndrome Tetra-Amelia. Por causa da síndrome, nasceu sem as duas pernas e sem os dois braços. Os pés, atrofiados e deformados, vieram colados ao tronco, por falta de pernas. Num deles, dois dedos apenas; mesmo assim, tiveram que ser descolados por uma cirurgia. Passado o impacto inicial, seus pais, cristãos, aceitaram o filho, entendendo que Deus teria um propósito para a vida dele.

Nick, hoje com 34 anos, casado, dois filhos, tem duas graduações de nível superior, se vira razoavelmente bem com seus limites, e é palestrante internacionalmente conhecido. Seus temas, em geral, trabalham motivação humana, especialmente dirigidos aos ouvintes que se acham muito limitados. Na sua abordagem, fala de como Jesus produziu, em sua vida, razão para viver, mesmo debaixo de todas as limitações. Seu best-seller é Sem Pés, Sem Braços, Sem Aflições.

Foi Nick quem primeiro veio à lembrança daquele paciente, diante do médico. Numa semana em que já estava às voltas com a expectativa de uma desconfortável cirurgia abdominal, e o oftalmologista lhe havia dado a ‘boa notícia’ de que teria que fazer um reparo a laser na retina, o ortopedista completou a sequência de ‘boas notícias’: esta cirurgia que fiz em você, treze anos atrás, já passou mais de dois anos do prazo médio de validade.

O paciente ainda perguntou ao ortopedista: mas, e agora, o que me espera?  E o médico respondeu: na hora que esgotar a validade, podemos providenciar uma prótese para o seu joelho… Precisava de mais ‘boas notícias’? Mas, a lembrança do Nick Vujicic ajudou a frear-lhe os ímpetos inconformados do espírito. Nenhuma prótese poderia resolver-lhe a falta de braços e pernas… 

Daí, veio a outra  lembrança, a do escritor de 2600 anos atrás: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente” (Habacuque 3.17-19, ARA).

Por natureza, somos mais inconformados do que agradecidos; somos mais murmuradores do que bendizentes; somos mais descontentes com o que parece nos faltar do que felizes com o que nos é disponível. A facilidade com que a adversidade nos abate se torna um desafio imenso para o exercício pessoal de fé, contentamento, dependência, suficiência.

Certamente o apóstolo Paulo tinha o profeta Habacuque em mente, quando começou os escritos da carta aos Romanos; a tradução “de fé em fé”, presente no verso 17 do primeiro capítulo ("se revela, no evangelho,  de fé em fé"), não retrata tão bem a forma grega original. Aqui, o sentido é melhor traduzido pela expressão “da fé para a fé”, apontando para procedência e alvo. Isto importa em nascer pela fé, espiritualmente, e exercitar dia a dia a fé, nela crescendo continuamente. Como? Com experiências de vida comuns a todos, em alguns casos mais marcantes, como o meu personagem anônimo acima, perante o médico; ou , muito  mais, como no caso do Nick Vujicic.

Ao escrever, originalmente, aos habitantes da Acaia, o Espírito de deus faz, por meio de Paulo, um registro encorajador (para eles e para nós): Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (II Coríntios 5.1-4, ARC).

Então, não podem exercer tanta influência assim, sobre nosso espírito, as efêmeras limitações que o nosso corpo sofre; não, pelo menos no sentido do abatimento e da ansiedade. Pernas, braços, rins, fígado, olhos, pulmões – tudo há de ser reconstruído maravilhosamente, numa categoria gloriosa, eterna, indestrutível, indefectível. Portanto, no sentido de produzir crescimento e robustecimento da fé, sim! Afinal, quando o transitório tabernáculo do corpo se desfizer, o edifício que  depois dele usufruiremos terá as marcas das mãos do Supremo Deus, com quem a eternidade será vivida.  

O hino que encerra esta mensagem de hoje foi escrito “sob encomenda”: especificamente por encomenda de quem interpretou o hino, com sua voz de baixo, o mais grave do mundo, segundo o Guiness. Foi por ele interpretado pouco tempo antes de sua partida. Mensagem que lembra um dos textos acima citados.  Nosso áudio player online, colocado logo após a transcrição da letra (traduzida), permite ouvi-lo…

 

THE LORD STILL LIVES IN THIS OLD HOUSE
O SENHOR AINDA RESIDE NESTA VELHA HABITAÇÃO

William R. Burns
Interpretação de John Daniel Sumners (1924-1998)

If this earthly tabernacle
Se este tabernáculo terrestre
Would be dissolved today,
Hoje se desfizesse
I'd trade it for a finer one
Eu o teria já trocado por um melhor
That would not pass away
Que não mais se desfaria
But 'til the day arrives when
Mas, enquanto não chega o dia em que
It's time for moving out
Dê-se o tempo de partir
It's such sweet peace to know the Lord
É uma doce paz saber que o Senhor
Still lives in this old house.
Ainda reside nesta velha habitação.

The sweetest fellowship I've known
A mais terna comunhão que tenho desfrutado
Has fortified these walls
Fortificou estas paredes
And peace has reigned since
E paz vem reinando desde que
He's been walking up and down these halls
Ele transita prá cima e pra baixo nestes pavilhões
There’s snow upon the rooftop now
Há neve no telhado, hoje em dia
And these hinges are near worn out
E estas dobradiças estão desgastadas
It's such sweet peace to know the Lord
É doce a paz ao saber que o Senhor
Still lives in this old house.
Ainda reside nesta velha habitação.

To Him it's been a dwelling place
Para Ele, tem sido lugar de habitação
Where He kept my hand in His
Onde Ele tomou a minha mão na Sua
To me, it’s home away from Home
Para mim, isto é morada longe da Morada
It’s all that really is
Isto é o que, em verdade, é
And it sure ain't fine and fancy
Com certeza, não é tão bela e chique  
And all I can boast about
E tudo de que posso me vangloriar
Is after all the years the Lord
É que, depois de todos estes anos, o Senhor
Still lives in this old house.
Ainda reside nesta velha habitação.

There were times when He had the right
Houve ocasiões em que Ele usou do direito
Just to up and move away
De ligeiramente se erguer e afastar
And there were times and days, I knew, it took
E houve tempos e dias, eu sei, derramou
God’s amazing Grace to stay
A superna graça divina, permanecendo

That's why I can sing and shout!
Eis porque eu posso cantar e bradar
It's such sweet peace to know the Lord
É doce a paz ao saber que o Senhor
Still lives in this old house.
Ainda reside nesta velha habitação.

To Him it's been a dwelling place
Para Ele, tem sido lugar de habitação
Where He kept my hand in His
Onde Ele tomou a minha mão na Sua
To me, it’s home away from Home
Para mim, isto é morada longe da Morada
It’s all that really is
Isto é o que, em verdade, é
And it sure ain't fine and fancy
Com certeza, não é tão bela e chique  
And all I can boast about
E tudo de que posso me vangloriar
Is after all the years the Lord
É que, depois de todos estes anos, o Senhor
Still lives in this old house.
Ainda reside nesta velha habitação.

After all these years the Lord
Depois de todos estes anos, o Senhor
Still lives in this old house!
Ainda reside nesta velha habitação.

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 297 : “RENÚNCIA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 07 de Maio de 2017

Reproduzo, aqui, parte do recente depoimento do ex-diretor de serviços da Petrobrás, Renato Duque, ao juiz Sérgio Moro, começando com uma das perguntas deste último:
… o senhor também recebeu esses valores [propina]?
Recebi, sim senhor, e me arrependo!…  Gostaria de dizer, desde já, que o dinheiro que tem, gostaria de assinar qualquer documento para repatriar o mais rápido possível; não tenho interesse nesse dinheiro [sic].

– As investigações apontam que o senhor tem duas contas offshore em Mônaco, com um saldo de 20 milhões de Euros [cerca de 70 milhões de Reais]; esse dinheiro, essas contas são do senhor mesmo?
– São, e eu gostaria novamente de enfatizar: quero assinar qualquer documento para repatriação, para que esse dinheiro volte a quem de direito.
– Só essas duas contas, ou tem mais?
– Tem outra, no Banco Cramer; também renuncio!    

Assim, não tendo declarado o saldo da terceira conta fora do país, é certo que tenha juntado um montante superior a 70 milhões de reais, só de propinas do Petrolão. Renato Duque é o mais antigo detento de prisão preventiva da Lava-Jato: foi preso, inicialmente, em Novembro de 2014; novamente (e desde então) em Março de 2015. Só agora, mais de dois anos passados, a prisão preventiva dele surte algum efeito prático benéfico para as investigações.

O que chama atenção, porém, é o tom de declaração de renúncia. Condenado em três processos criminais, somando penas que ultrapassam 50 anos de prisão, Duque, que tem 61 anos de idade, confessou seus crimes. Tendo confessado, é pouco provável que as instâncias superiores mudem sua situação. Em cada dia de sua permanência na carceragem, além do aparente conflito a que chegou, por uma fortuna que não lhe era lícita, é um tanto certo que uma pergunta se repete na sua mente: tenho mais de 70 milhões lá fora, mas estou condenado a ficar na prisão algumas dezenas de anos; que me adiantará toda essa fortuna?  Mesmo que fique preso apenas um terço, ainda assim, sairia da prisão apenas quando já tivesse mais de 85 anos de idade. Corre o risco de sair só para o cemitério…     

É uma história que muito bem ilustra o que ensina o Senhor, na Escritura: “E chamando para si o povo, com seus discípulos, disse-lhes: se alguém me quer seguir, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque, o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. Pois, de que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma? Ou, que dará o homem em troca pela sua alma? (Marcos 8.34-37, BCF).

Pode Renato Duque ter tido um surto de bondade, de bom caráter, de alta moralidade? Pode! Ele e Deus sabem… Mas, o que ninguém tem dúvidas é que ele está abrindo a boca, confessando culpa, renunciando à fortuna, delatando outras pessoas, para ganhar, em troca, algum tempo de redução de pena.

Mudando de personagem: se eu e você não fizermos o mesmo, renunciando, corremos o sério de risco de passar todo o tempo de vida neste mundo e, no fim, perder a alma. E isto não tem volta; é caminho de eternidade. Jesus disse claramente: quem quiser salvar a sua vida, isto é, quiser tirar todo o proveito possível da sua vida, sem pensar em como Deus quer que ela seja vivida, pode perder sua alma… Por outro lado, quem renunciar a privilégios da vida por amor de Jesus Cristo e do seu evangelho, salvará a sua alma! Salvará a sua alma!! Salvará a sua alma!!!

De modo análogo ao que uma fortuna de mais de 70 milhões de Reais para nada serve a um condenado, sem chance de aproveita-la, assim o mundo inteiro debaixo de nosso braço, ou sob nossos pés, valerá alguma coisa, com a alma fadada ao inferno.

Infelizmente, há muitas pessoas que ainda preferem o mundo (ou a maior porção dele possível), sem perceber que suas almas estão na beira do inferno…  E, há também um grande número de pessoas que tiveram suas almas livradas do inferno, mas ainda não conseguem cumprir, corretamente, o que Jesus exigiu para segui-lo: “Se alguém quer vir após mim, a si  mesmo se negue, tome dia a dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9.23, ARA). Renúncia! Renúncia diária! Algo difícil de se entender, raro de se fazer, imprescindível a quem quer viver! Viver em graça, aqui; em glória, na eternidade!

 Judson Wheeler Van DeVenter (1855-1939) era um homem muito talentoso, artista. Converteu-se ao evangelho aos 17. Tocava e ensinava treze instrumentos musicais, tal era sua versatilidade. A certa altura da vida, sentiu-se chamado a dedicar-se aos empreendimentos evangelísticos; a promissora carreira, porém, lhe segurava. O dilema se transformou em crise, até que, em 1896, num momento de clímax, resolveu ele ceder ao apelo do Espírito. Disto, logo surgiu a composição musical que influenciou tanta gente  -de Billy Graham a Oprah Winfrey. Aqui, na voz de Giselli Cristina, em versão vernacular.

Ouça, com nosso
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N° 296 : “QUARENTENA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Abril de 2017

Não sou cabalista – já vou logo dizendo…

“Quarentena” é uma palavra, em nosso idioma, de origem italiana (quarantina), que, por seu turno, vem do latim (quadraginta). Significa qualquer conjunto de quarenta unidades: dias, castigos, anos, etc… A medicina antiga considerava que o tempo de manifestação de uma moléstia contagiosa seria de quarenta dias; daí, as autoridades sanitárias de grandes cidades portuárias européias decretaram a quarentena – período de quarenta dias em que a tripulação dos barcos deveria aguardar fora do porto, antes de aportarem à cidade. Nada se manifestando, os marinheiros desciam normalmente.

No setor obstétrico, tornou-se ‘lei’ determinar às mães, imediatamente após o parto, a quarentena de dias de cuidados especiais, para o bem delas e de seus bebês.  A lei mosaica dos judeus estabelecia que, em determinados casos, a culpa de um homem seria cobrada com açoites; entretanto, havia um limite: uma quarentena, que era o máximo a aplicar-se a um infrator, de cada vez. Para evitar-se o risco de excedimento, era comum os judeus aplicarem “uma quarentena de açoites menos um”, que equivalia a 39. Paulo, por cinco vezes passou por isto (II Coríntios 11.24).

Na maioria das vezes, de fato, uma quarentena é contada em dias… Mas, poderia ser quarentena de anos, por exemplo. O número “quarenta” é recorrente e significativo, na Escritura. As chuvas torrenciais do Dilúvio de Noé duraram quarenta dias inteiros; isto significou um intenso período de juízo divino sobre a terra (Gênesis 7.17). Ao término daqueles quarenta dias, só as almas que estavam na arca restavam vivas no planeta.

No antigo Egito, a técnica do embalsamamento durava quarenta dias; assim se fez com Jacó, antes de trazerem seu corpo de volta a Canaã (Gênesis 50.3). Quarenta dias inteiros foi também o tempo em que Moisés permaneceu na presença de Deus, no Monte Sinai (Êxodo 24.18). Foi um período glorioso na vida de Moisés, mesmo sem comer nem beber; o seu rosto resplandeceu por estar na presença de Deus tão próxima.

Quarenta dias foi o tempo em que Josué e Calebe, junto com mais dez homens, prospectaram a terra da promissão, como espias (Números 13.25). Foi um tempo em que dois foram aprovados, aos olhos de Deus, e dez foram reprovados, ante os mesmos olhos. Por conta da infidelidade daquele povo, quarenta anos foi o tempo de sua peregrinação no deserto, antes que a geração seguinte tomasse posse da promessa na terra (Números 14.32-34). Aqueles quarenta anos também foram tempos de provação severa.

Por quarenta dias o gigante filisteu chamado Golias afrontou a Deus, desafiando o povo de Israel (I Samuel 17.16). Mais provação que se colocou à frente do povo de Deus. Saul reinou quarenta anos, Davi reinou quarenta anos, e Salomão reinou quarenta anos. E em todos esses períodos, jamais faltou provação sobre provação.

 Quarenta côvados, tinha o lugar mais íntimo da comunhão de Deus no santuário de Israel – chamado “Lugar Santo” (I Reis 6.17). Quarenta dias peregrinou Elias até o Monte Horebe, sem comer nem beber, em busca da presença de Deus (I Reis 19.8).

Como se não bastassem as quarentenas de provações dos homens comuns, o próprio Filho de Deus foi submetido a uma quarentena de tentações diabólicas, em completo jejum (Lucas 4.2). Ali foi o máximo de provação e tentação, juntas…

Entretanto a última quarentena significativa da Revelação de Deus se dá a partir da ressurreição de Jesus: “Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus” (Atos 1.3, NVI). Nesse momento da história, tudo muda. Quarentenas de tentações e provações não aparecem mais na Escritura. Em lugar disto, surge uma quarentena vitoriosa, regozijante. Seu tema principal passa a ser o Reino de Deus, a esperança bendita da glória.

Nossa quarentena, hoje, é mista. Encontramo-nos, hoje, em parte sob provas e tentações; em parte, sob o estigma da quarentena do Cordeiro Vencedor. A vitória do Cordeiro de Deus é a nossa vitória; a vida triunfante por ele conquistada é também nossa; o reino de Deus, do qual ele, com propriedade total, falou naqueles dias, é o reino no qual somos investidos, e para o qual cultivamos esperança e expectativa magistral. Aqueles quarenta dias foram os últimos, seus, aqui no mundo. Mas, o sabor da vitória já estava com ele. Estamos, também, em quarentena derradeira aqui neste mundo; mas, o sabor da vitória já está, também, conosco.

Não sou cabalista – disse desde o começo. Quarenta é apenas um número ilustrativo. Tempo de ouvir e de falar sobre o Reino de Deus – a mais gloriosa esperança! Estamos em quarentena! Viva sua quarentena como a viveu Jesus!

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N° 295 : “NÃO ERA O FIM: ERA SÓ O COMEÇO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Abril de 2017

Houve um tempo em que a ficção foi um gênero em alta produção nos filmes. Lembro-me de alguns exemplares: o Túnel do Tempo era uma série que permitia viajar ao passado; os protagonistas iam e voltavam, levando seu conhecimento do presente, tentando interferir na história; Viagem ao Fundo do Mar, com o Almirante Nelson e o Capitão Crane, misturava a curiosidade pelas maravilhas do oceano com diversas invenções típicas de Hollywood; Perdidos no Espaço cativou a atenção de várias pessoas, naquela geração… A família Robinson, tripulando a nave Júpiter 2, parecia fadada a nunca mais voltar ao planeta terra. Viagem ao Centro da Terra fascinava, sob a utópica tarefa sugerida pelo seu título.

Para muitos, é do mesmo gênero a narrativa da ressurreição de Jesus.  O fato de o evento de ressurreição não ser contado entre os eventos naturais da história do planeta deixa os céticos em profunda dúvida quanto à ocorrência de Cristo. Maior que a incredulidade quanto a essa ressurreição, certamente é o desconhecimento do poder de Deus, e a rejeição da realidade de que o Messias encarnado era também divino. Reuben A. Torrey (1856-1928) disse que “a ressurreição de Cristo é a pedra angular da doutrina do evangelho, o Gibraltar da evidência cristã, o Waterloo do liberalismo”.

Pedra angular é, na antiga tradição das construções, a principal pedra do alicerce; ela era lavrada de modo inteiramente regular, oferecendo o ângulo preciso para a continuidade do alicerce nas demais direções. É uma pedra de gabarito: dela dependia a precisão do alicerce; e, da precisão do alicerce dependia precisão ortogonal da construção.

Gibraltar é o estreito geográfico que separa o Mar Mediterrâneo do Oceano Atlântico; o continente europeu do continente africano. Sua referência para as navegações está na imponente Rocha de Gibraltar, marco mais importante do estreito. Dizer, por analogia, que algo ou alguém é o Gibraltar de uma situação significa dizer que é a segurança em que repousa a situação. Uma gigante mundial do mercado de seguros – empresa centenária – usa a efígie da Rocha de Gibraltar como símbolo da segurança que oferece aos seus clientes.

Waterloo foi o lugar que dá nome à batalha (1815) que pôs fim ao temido império francês de Napoleão Bonaparte (1769-1821). O liberalismo descrê da ressurreição de Cristo, porque descrê que na sua pessoa estava a natureza divina, tanto quanto a humana; e, descrê deste fato, porque o Deus que diz conhecer só conhece à distância. Para estes, nada adianta oferecer todos os testemunhos, todas as evidências, todas as provas de que o túmulo de Arimatéia se fez vazio: tal como os líderes judeus, resistirão a todos os fatos.

“Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?’ O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” ( I Coríntios 15.55-57, NVI).

Para quem conhece a Deus de verdade, transformado e convencido pela Sua Palavra, redimido pelo poder que continua em ação, não resta dúvida. “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita” (Romanos 8.11, ARA).

Dentre as mensagens que hoje recebi, em alusão à Páscoa, uma chamou especialmente minha atenção. O cenário mostrava o Gólgota; os dizeres: “Tudo parecia o fim, mas, na verdade, era só o começo!” Poucas palavras, grande significação…  A cruz não era o fim – era o começo! Três dias depois, um antigo exemplar da corrupção do poder: os guardas romanos, aterrorizados pela visão angelical, tal qual um raio fulgurante que mostrou o túmulo vazio naquela manhã de Domingo, receberam propina para defender a falsidade:
Tomem aqui este dinheiro; de agora em diante, digam que o corpo foi roubado enquanto vocês dormiam. E deixem as autoridades por nossa conta: lhe$ convenceremo$ de deixar você$ em $egurança!   

 Não deu certo! Porque, aquilo não era o fim: era só o começo! A pedra angular da doutrina do evangelho, o Gibraltar da evidência cristã, o Waterloo do liberalismo e de toda forma de ceticismo, estavam definitivamente estabelecidos! Jesus Cristo ressuscitou, e nós também ressuscitaremos!…

Ouça o coral masculino cantando, prá finalizar, Jesus Is The Cornerstone…

JESUS IS THE CORNERSTONE (1986) 
Jesus é a Pedra Angular
Lari Goss (1945-     )

Jesus is the Cornerstone,
Jesus é a Pedra Angular,
Came for sinners to atone; 
Veio para propiciar os pecados de pecadores
Though rejected by His own, 
Ainda que rejeitado pelos 'Seus' [João 1.11]
He became the Cornerstone!
Ele se tornou a Pedra Angular 
Jesus is the Cornerstone!
Jesus é a Pedra Angular!

When I am by sin oppressed,
Quando estou oprimido pelo pecado 
On the Stone I am at rest;
Sobre esta Pedra eu encontro descanso
When the seeds of truth are sown,
Quando as semestes da verdade são semeadas 
He remains my Cornerstone!
Ele permanece minha Pedra Angular
Jesus is my Cornerstone!
Jesus é a Pedra Angular!

Rock of Ages, cleft for me,
Rocha Eterna, fende-te para me proteger 
Let me hide myself in Thee…
Deixa-me ocultar em Ti… 
Rock of Ages, so secure,
Rocha Eterna, tão segura, 
For all time it shall endure;
Há de prevalecer para todos os tempos;
Till His children reach 'their home',
Até que Seus filhos cheguem ao 'seu lar',
He remains the Cornerstone!
Ele permanece a Pedra Angular!

Till the breaking of the dawn,
Até que venha o rompimento da alvorada,   
Till all footsteps have ceased to roam;
Até que todos os passos vagueantes cessem;  
Ever let this truth be known,
Para sempre ecoe esta verdade, 
Jesus is the Cornerstone!
Jesus é a Pedra Angular!
Jesus is the Cornerstone!
Jesus é a Pedra Angular!

Jesus is the Cornerstone!!!
Jesus é a Pedra Angular!!!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 294 : “ARECACEAE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 09 de Abril de 2017

Arecaceae! Que palavra é esta? Será que existe, em algum idioma do planeta? Existe sim! Desde a antiguidade, há uma ciência para a nomenclatura das espécies vivas; entretanto, foi o cientista sueco Carl Linnaeus (1707-1778) quem a revolucionou, tornando-se o responsável pelo sistema moderno de nominação. Na milenar rivalidade entre grego e latim, acabou prevalecendo esta última.

Arecaceae é a nomenclatura científica para toda a grande família de palmeiras. São mais de 180 gêneros, com mais de 2500 espécies em todo o mundo, sob esta família vegetal. Só no Brasil, são mais de 120 espécies endêmicas, isto é, nativas do nosso solo pátrio.

Belas, exuberantes, as palmeiras carregam um simbolismo próprio em diversas culturas no mundo. Os árabes diziam (e ainda dizem) que uma palmeira tem tantas utilidades quantos são os dias do ano; o antigo Egito legou ao mundo pré-cristão o símbolo da esperança de triunfo, de vitória nos embates, associado à palmeira; no Oriente, desde a Mesopotâmia até ao Mediterrâneo, era símbolo de vida, rompendo sobre a morte… Moedas romanas dos primeiros imperadores já mostravam suas efígies, acompanhadas de louros e palmas, símbolos dos seus triunfos.

Quem não se lembra das gravuras de oásis do deserto nos livros, em que exemplares de alguma espécie de palmeira sempre aparecem junto à fonte de águas? No livro do êxodo de Moisés e seu povo, depois que este se livrou do exército egípcio, e depois que passou pelas águas amargas de Mara, no deserto, chegou aos oásis de Elim, onde havia doze fontes de águas e setenta palmeiras… (Êxodo 15.27).

E foram ramos de palmeiras (Arecaceae) que marcaram o simbolismo da Páscoa que crucificou o Filho de Deus. À medida que Jesus entrava em Jerusalém, no lombo de um jumentinho, o povo se manifestava com alegria: “No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!” (João 12.12-13, ARA).

Era dia de celebração, era dia de alegria, era dia de esperança de vida! Oh! Salva-nos, Senhor… Esse sentimento era legítimo, e estava autorizado pela palavra profética: “Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta(Zacarias 9.9, NVI).

Qual o significado profético daquilo tudo? Para o povo, o simbolismo já era um tanto familiar: no templo, Salomão havia mandado esculpir, por dentro e por fora de suas paredes, imagens de querubins, palmas e flores (I Reis 6.29); ali estava a ideia de pujança, de redenção, de soberania e de triunfo. O Apocalipse confirma essa cultura do Povo da Aliança, desenhando a visão: “eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Apocalipse 7.9, ACF). Palmas significavam, também, gesto de submissão ao Rei que veio em nome do Altíssimo.

Então, no cenário doloroso daquela Páscoa, pelo qual o Salvador dos homens haveria de ser elevado à cruz, havia uma clara mensagem de poder, de celebração, de soberania, de triunfo, próximos. Logo depois da cruz, viria uma vitória inusitada, maravilhosa, miraculosa, extasiante. O Cordeiro de Deus, crucificado pelos pecados dos homens, sairia vitorioso, ao final. Com palmas, sem o saber de antemão, o povo já anunciava e festejava o seu reino a aproximar-se.

Esta Páscoa, não celebramos com palmas nas mãos, nem pelo caminho; não as Arecaceae… Antes, celebremo-la com a genuflexão do espírito, as palmas simbólicas da devoção e da submissão. A propósito: vale a pena pensar que tipo e que grau de devoção e de submissão… E, por fim, medir a devoção e a submissão que professamos diante dEle. Páscoa! Tempo oportuno para isto…

 Em 1970, o casal Gaither vivia dias muito turbulentos: enfermidade séria, contexto de apreensão familiar… Expectativa da chegada do terceiro filho (sem saber quanto ele viveria). Nasceu Benjamim; Deus lhes trouxe o conforto e a segurança de Sua Palavra, a despeito de todas as apreensões. Foi como se " a vida estivesse mostrando sua vitória sobre a morte", disseram. Inevitável, a lembrança da semana final (e triunfante) do Messias. 

Após a transcrição (traduzida) da letra, a execução… 

BECAUSE HE LIVES (1970): PORQUE ELE VIVE!
William (1936…) and Gloria Gaither (1942…)

God sent His son, they called Him, Jesus;
Deus enviou Seu filho, chamaram-no Jesus
He came to love, heal and forgive;
Ele veio para amar, curar e perdoar
He lived and died to buy my pardon,
Ele viveu e morreu para adquirir meu perdão
An empty grave is there to prove my Savior lives! 
Uma tumba vazia lá está, provando que meu Salvador vive!

Because He lives, I can face tomorrow,
Porque Ele vive, posso encarar o amanhã
Because He lives, all fear is gone;
Porque Ele vive, todo o temor se foi;
Because I know He holds the future,
Porque eu sei que Ele governa o futuro 
And life is worth the living,
E viver vale a pena
Just because He lives!
Justamente porque Ele vive!

And then one day, I'll cross that river
E então, um dia, hei de cruzar o rio

I'll fight life's final war with pain; 
Enfrentarei a última batalha com dor
And then, as death gives way to victory, 

E, assim, como a morte é um portal para a vitória
I'll see the lights of glory and I'll know He reigns! 
Verei as luzes da glória e confirmarei que Ele reina!
 

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

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N° 293 : “BOM NEGÓCIO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 02 de Abril de 2017

   Precisamente no dia 30 de Março de 1867, cento e cinquenta anos atrás, um negócio dos mais loucos foi efetuado; embora amplamente criticado por toda a sociedade em volta do protagonista da compra, poder-se-ia dizer, na verdade, um “negócio da China”, não fossem outras as nações envolvidas.

   Pela bagatela de 7,2 milhões de dólares, a Rússia vendeu aos Estados Unidos um desprezado território, que todos estimavam não valer coisa alguma. O território era chamado Alyeska, que veio a ser, para os norte-americanos, Alaska. O secretário de estado que bancou a compra, com dinheiro público, foi William Seward (1801-1872). Por causa da opinião generalizadamente contrária, o negócio foi chamado de “A Loucura de Seward”.

   O que havia ali? O que, além de neve e gelo a maior parte do ano? Um território imenso, coberto boa parte do tempo por gelo e neve, pra que serviria? A Rússia já tinha muito disso, na Sibéria. Acontece que o tempo foi passando… Logo, os aventureiros que para ali migraram, começaram a descobrir ouro (e não foi pouco ouro). Depois, veio a descoberta de gás e de petróleo (e não pouco, de cada). Isto, sem contar outras riquezas minerais, e o pescado.

   Com o passar do tempo, a “loucura de Seward” demonstrou-se um dos melhores negócios (senão o melhor de todos) já estabelecido entre duas nações. Seward tem sua biografia descrita como um daqueles espíritos que, não raro, andam à frente da opinião pública, em vez de ficar seguindo atrás dela, domesticado. Mas, isto tomou tempo para suplantar a genérica opinião de negócio insano.

   Para se ter ideia, o maior estado dentro do território contínuo norte-americano é o Texas; este, é um pouco maior do que Minas Gerais (que já é grande). Pois bem! Na área do Alaska caberiam dois Texas, e ainda sobraria espaço para mais metade. Nada mau… Ao contrário: bom negóciο! Excelente!

   Eu posso falar de um ‘bom negócio’ também. À primeira vista, poderá parecer “loucura”, como disseram de William Seward. Mas, não: o tempo (ou, melhor ainda, a eternidade) mostrará que ‘bom negócio’ terá sido.  O construtor celeste garante: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar” (João 14.2, ARC).

   E, tem outra: assim como ninguém imaginava as grandes riquezas no solo do Alaska, que fizeram daquele estado uma potência econômica, também ninguém imagina as riquezas celestes do porvir, reservadas para os que vão com Cristo Jesus: “mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (I Coríntios 2.9, ARA).

   O investimento vale a pena, sem sombras de dúvidas: “Sabemos que, se a nossa morada desta casa terrestre for desfeita, temos de Deus um edifício, casa não feita por mãos humanas, que durará para sempre nos céus” (II Coríntios 2.9, BCF).

   E digo mais: assim como Seward era diferenciado, no meio de sua geração, porque andava na frente, com visão de futuro, e não a reboque, assim também sucede com quem envereda por este empreendimento celeste de que estou falando. Não cabe ficar seguindo a multidão, limitada de visão. Ao contrário, o melhor de todos os empreendimentos importa, também, numa postura arrojada, desafiadora, no meio de sua geração.

   Se nos zombam, o futuro fará a correção da zombaria; se dão de ombros diante de nós, o futuro reverterá o desdém; se nos acham loucos, nos lembraremos do que a Escritura diz, quanto aos loucos, em dois distintos sentidos: por um lado, “Louco: esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20, ACF); por outro lado, “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (I Coríntios 1.18, NVI).

   Pois, “quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Lucas 12.25, ARA). Mau negócio, investir tudo nos lugares celestiais? Não, de modo algum! Sem querer mercantilizar a mensagem do evangelho redentivo, diria, apenas com as figuras das palavras: Bom negócio! Excelente!

   Termino com um áudio singular. Ira Stamphill  foi um pastor e evangelista norte-americano. Sua infância e adolescência foram muito sofridas, como ele próprio testemunhou. Pessoalmente, sou um grande apreciador de algumas de suas composições:Suppertime, I Know Who Holds Tomorrow,  He Washed My Eyes With Tears, We'll Talk It Over, e outras mais (foram muitas). Nesta gravação, um grupo canta ao vivo, informalmente regido pelo próprio Stamphill, pouco antes de haver falecido. O hino foi composto quando, pode-se dizer, Ira estava ainda em sua mocidade  – 35 anos de idade, quatro anos após a Segunda Grande Guerra. A voz que conduz, aqui interpretando, é a de Eva Mae LeFevre, aos 75 anos de idade, tendo seu filho (e pastor) Mylon LeFevre ao seu lado. Curiosidades: (1) o próprio compositor faz parte desta execução, com um contracanto; (2) este hino foi tangentemente interpretado, numa inusitada gravação de hinos, por Elvis Presley, em 1960.

Ouça aí e acompanhe a letra… Depois da letra, execute-a, no player…

MANSION OVER THE HILLTOP (1949)
A Mansão no Topo da Montanha
Ira Forest Stamphill (1914-1993)

I'm satisfied with just a cottage below
Eu tenho-me por satisfeito com apenas uma cabana cá embaixo
A little silver and a little gold
Um mínimo de prata e um mínimo de ouro
But in that city where the ransomed will shine
Mas naquela cidade, onde os resgatados há de fulgir
I want a gold one that's silver lined
Eu espero uma [morada] de ouro com brilho prateado (otimismo!)

    I've got a mansion just over the hilltop
    Eu ganhei uma mansão lá no topo do monte
    In that bright land where we'll never grow old
    Naquela terra brilhante onde nunca mais envelheceremos 
    And some day yonder we'll never more wander
    E algum dia lá adiante nós não mais haveremos de vaguear
    But walk on streets that are purest gold
    Mas [sim] andar nas ruas de puro ouro.

Don't think me poor or deserted or lonely
Não me imagine pobre, deserdada(o) ou solitária(o)
[I'm not one bit discouraged – 
Não estou nem um pouquinho atemorizada]
I'm not discouraged – I'm heaven bound
Não estou atemorizada(o) – Meu foco está no céu  
I'm just a pilgrim in search of the city

Não sou mais que uma peregrina em busca da cidade
I want a mansion, a harp and a crown
Eu quero uma mansão, uma harpa e uma coroa. 
 

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Abraços, boa semana !
Ulisses

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Nº 292 : “O MAIS PERTO DE DEUS”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 26 de Março de 2017

    Leio esparsamente essas revistas de bordo de maneira diferente do que a da maioria. A maioria, quando se senta na poltrona do avião, pega nas tais revistas por curiosidade passatempo. Dependendo da duração da viagem, mesmo tendo dezenas (ou mais de uma centena) de pessoas em volta, estamos ‘sós’. Não estando preparados para alguma leitura mais útil, torna-se, portanto, uma maneira de passar aquele tempo. Sem contar a curiosidade por um punhado de informações que, não raro, expõem a vida alheia.

    Eu, não. Se nada melhor tenho às mãos, abro à procura de informes que me possam ser úteis em algum momento posterior. Então, da última viagem, trago uma menção. A matéria, pra variar, explorava a vida e as preferências de uma artista da tevê. Mesmo sendo famosa para o público, sua fama é irrelevante para mim; assim, nem vou citar seu nome. Até porque, eu acho que nunca tinha visto sua figura antes.

    A matéria era daquele tipo de respostas a diversos tópicos: nome, idade, naturalidade, tempo na profissão, etc… A maior parte da matéria era uma lista de preferências pessoais: melhor filme, melhor trilha sonora, música que mais ouviu nos últimos  tempos, livro que andou lendo recentemente, cidade que ainda gostaria de conhecer, mania pessoal, etc…

    Desta feita, a pergunta que me chamou atenção foi: “Show inesquecível”. E a resposta, bem ao pé-da-letra: “Caetano Veloso e Gilberto Gil na turnê de 50 anos. Assisti da coxia. Foi o mais perto que cheguei de Deus”. É curioso: descobri que Gilberto Gil (1942-…) compôs uma canção a pedido de Roberto Carlos (Se Eu Quiser Falar com Deus), que este acabou não usando. Dela, diz-se que este disse: “o Deus que eu conheço não é assim”.

    Mesmo que, para aquela artista, assistir a dupla de sua admiração nos bastidores do palco, bem próximo do cenário, dizer que foi o mais próximo de Deus que chegou tenha sido mera força de expressão, preciso eu pontuar: o mais perto de Deus é coisa bem diferente.

    Há quem pense que o mais perto de Deus deve ser o alto de uma montanha; ou, então, o fundo de uma caverna; talvez, quem sabe, o encanto do bosque…  Mas Deus mesmo nos informa que procurar o lugar mais perto dEle não depende da física espacial: “Se subo ao céu, lá estas; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também… Na alvorada… Nos confins dos mares…” (Salmo 139,8-10, ARA). Então, o mais perto de Deus não depende da altura, da profundidade, da extensão ou da solidão.

    Há quem pense que a intensidade dos atos devotivos aproxima de Deus. Quase todo dia passo em frente a um lugar onde ouve-se a voz de um dirigente de ato religioso. Pela intensidade crescente de sua voz, de sua conclamação aos presentes, faz-me pensar que esta é a sua convicção. Deus não é como a caricatura divina que o profeta Elias desafiou, diante dos profetas de Baal: “Gritem mais alto!… Quem sabe está meditando, ou ocupado, ou viajando; talvez esteja dormindo, e precise ser despertado” (I Rs 18.27, NVI). De modo algum é assim o Deus verdadeiro: “Eis que não adormecerá e nem dormirá o Guarda de Israel” (Salmo 121.4, BCF).

    O Espírito de Deus, por meio do apóstolo, notificou eloquentemente que não é tão difícil achegar o mais perto de Deus, porque Ele “não está longe de cada um de nós” (Atos 17.27, ACF). Por outro apóstolo, o Espírito de Deus indica que determinada condição de nossa aproximação de Deus o traz para bem perto de nós: “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração” (Tiago 4.8, NVI). Não é possível estar perto de Deus em pecados inconfessos.

    Dizem que para bom entendedor, meia palavra basta. Neste caso, com uma palavra inteira, até os entendedores menos aptos alcançam a verdade. Se alguém quer chegar o mais perto possível de Deus, não precisa mudar de lugar, não precisa aumentar o tom de voz ou a intensidade da devoção. Bastam três condições: invocá-lo de coração sincero, faze-lo com disposição de purificação pessoal.  Sim, porque, “perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade!” (Salmo 145. 18, ARC). Por último, que o seja na mediação de Cristo Jesus, que diz: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14.6).  

   Ninguém menos do que o compositor do grande clássico “Mais Perto Quero Estar” (Nearer My God, to Thee), tocado pela orquestra enquanto o Titanic afundava, compôs também o hino derivado do Salmo 145, versos 17 e 18. João Gomes da Rocha adaptou a letra para nosso idioma. É o hino que produz o nosso desfecho de hoje.
“Bem perto estás, Senhor, dos que te invocam
De todos que te invocam em verdade!”

JUSTO ÉS SENHOR! (JUSTUS DOMINUS)
Lowell Mason (1792-1872)
Adapt. João Gomes da Rocha (1861-1947)  

Ouça, com nosso
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Abraços, até à próxima (Tiago 4.15)
Ulisses

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Nº 291 : “QUEM CORROMPE O HOMEM?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 19 de Março de 2017

   “O homem nasce bom; a sociedade é que o corrompe”. Certamente já ouvimos (ou lemos) isto em algum lugar, em algum momento. Alguns atribuem esta afirmação ao filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Por ela, dissemina-se que a grande infelicidade do homem está ao seu redor, porque no meio em que ele vive, a sua pureza natural se contamina, se deteriora, se corrompe.

   Na verdade, o que Rousseau disse foi um pouco diferente. Segundo ele, a natureza do homem, quando nasce, é dotada de liberdade, mas correntes de supressão da liberdade o cercam; é dotado de singeleza de espírito, de simplicidade, e depende de educação, para impedir que as forças corruptoras da sociedade o prejudiquem. É como se ele nascesse neutro e isento, piorando quando em contato com o meio em que vive.  Por causa disso é que se associa a frase lá do início com Rousseau.

   Se for assim, não se pode atribuir a uma espécie de maldade inerente do homem vender salsichas e linguiças, por melhor que seja o rótulo, embutidas com uma de quantidade de papelão, a preencher-lhe certa porcentagem; não se pode julgar o homem, quando mistura produtos químicos com a carne já em decomposição, de modo a mascarar sua decomposição; não é culpa da própria natureza do ser humano, quando alguns profissionais do alimento, com a concordância (ou, quem sabe, ordem) dos seus superiores da hierarquia da empresa, reprocessam parte de uma carne moída, ou  de mortadela, ou de presunto, já além do prazo de validade, para aproveitar a parte que está a se perder.

   Quando um grupo de operários, cumprindo ordens de seus superiores, mistura cabeças de porco junto à carne a ser processada e vendida, ou mistura resíduos em decomposição de aves, para aumentar a quantidade da embalagem, ou adiciona ácido ascórbico para restaurar aspecto sanitário à carne putrefata, não é isto um vício decorrente da natureza própria do homem. Quem assim procede foi induzido pela corrupção da própria sociedade. É assim que pensam – e defendem – os seguidores dessa concepção, em toda a sua extensão.

   Sinto muito desapontá-los, todos. Amparado na autoridade e no conhecimento de quem conhece o homem, tanto por fora quanto por dentro, direi que não é assim. Essa autoridade, na qual me amparo, pertence a ninguém menos do que quem fez o homem, viu a sua derrocada moral, mas também providenciou sua recuperação, a seu modo.

   De fato, podemos começar aqui: “Vede, isto tão somente achei: que Deus fez ao homem reto, mas ele foi em busca de muitas invenções” (Eclesiastes 7.29, ARC). Algo lhe aconteceu, ainda no começo, que mudou toda a trajetória – sua e de seus descendentes: “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado neste mundo, e pelo pecado a morte, assim passou também a morte a todos os homens por um homem, no qual todos pecaram” (Romanos 5.12, BCF).   Então, veja como Deus descreve os fatos, em Sua Palavra inerrante: Deus primeiro fez o homem bom, mas o pecado o corrompeu.

   Você há de convir que parece com o que os seguidores de Rousseau (e até ele próprio) defendem. O diagnóstico derivado do conceito de Rousseau é verdadeiro; porém, somente para um homem, não para todos: o primeiro, Adão. Depois dele, não há um justo, nem um sequer (Romanos 3.10, ARA). Assim, depois de haver-se corrompido o primeiro, todos que dele procedem também nasceram corrompidos, e não são naturalmente bons. Não é a sociedade que o corrompe, na verdade…

      O procurador federal Deltan Dallagnol disse, poucos dias atrás, que a corrupção, no Brasil, é sistêmica; o ministro do STF Luis Roberto Barroso disse que a corrupção, no Brasil, é sistêmica e estrutural; o jornalista Marco Antonio Villa disse que a corrupção, neste país, é sistêmica e arraigada. Entendo que eles estão certos, e estão falando de um conceito específico de corrupção. Eu, que não sou procurador, não sou ministro, nem sou jornalista, digo até mais do que eles: todos nós – o procurador, o ministro, o jornalista e eu também, como meras amostras de toda a humanidade (“toda”, mesmo) já nascemos com uma tal inclinação pecaminosa (a Bíblia chama de corrupção), que só um poder efetivo pode mudar isso: o evangelho remidor e resgatador de Jesus Cristo!

   Que fique bem claro, e que ninguém se iluda: “Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3.4-6, NVI).  Amém! Graças a Deus!  

   Bill e Gloria Gaither contam que a vida de um homem lhes ‘inspirou’ a compor um hino: Pecador Salvo Pela Graça! Esse homem foi George Younce (1930-2005). George tinha 17 anos, quando deixou seu lar, alistando-se entre os paraquedistas. Lá, o que se esperava durar três meses de aprendizado de uma arte, tornou-se uma ‘escola’, por três anos, de tudo de que deve um jovem se afastar: fumo, maconha, álcool, vida de bar, e assim por diante. Dali, já um tanto esquecido dos valores espirituais que antes aprendera, seguiu para o Alasca, em busca de aventuras. Foi lá, longe de casa, que Deus lhe mostrou, numa noite de sono inconciliado, quão corrompida estava sua vida, quão apodrecido se tornara seu coração. E a esperança, onde fora parar? George reconheceu quão sem esperança estaria, sem Jesus…

 Voltando, dedicou seu coração ao Senhor, e sua vida ao seu Mestre. Quando contou sua história ao casal Gaither, encomendou-lhes: Que tal vocês comporem uma canção que fala da minha história? Vocês já sabem o que sou – não passo de um pecador, resgatado pela graça de Deus!… Não tardou surgir o hino, cujo estribilho diz:

Sou apenas um pecador, salvo pela graça de Deus
Quando eu caminhava para a morte, Ele tomou o meu lugar
Agora, eu vivo e respiro sob liberdade
Com cada fôlego de vida que eu tenho
Amado e perdoado, de volta à vida
Sou, tão somente, um pecador, salvo pela graça!

Ouça o hino, sob a interpretação de Heritage Singers.

SINNER SAVED BY GRACE (1986)
PECADOR SALVO PELA GRAÇA
Bill (1936-…) and Gloria Gaither (1942-…)

If you could see what I was once
Se você pudesse ver o que fui, um dia
If you could go with me
Se você pudesse ir comigo
Back to where I started from
Lá atrás, de onde comecei
Then I know you would see
Então eu sei que você veria
A miracle of love that took me
Um milagre de amor que me arrebatou
In its sweet embrace
Em seu terno abraço
And made me what I am today:
E me fêz o que hoje sou:
An old sinner, saved by grace!
Um velho pecador, salvo pela graça!

CORO
I’m just a sinner saved by grace!
Sou apenas um pecador, salvo pela graça!
When I stood condemned to death,
Quando caminhava condenado à morte
He took my place
Ele tomou o meu lugar
Now I live and breathe in freedom
Agora eu vivo e respiro em liberdade
With each breath of life I take
Com cada fôlego de vida que tenho
Loved and forgiven
Amado e perdoado
Back with the living
De volta com vida
I’m just a sinner saved by grace!
Sou, tão somente, um pecador salvo pela graça!

How could I boast of anything
Como eu poderia me vangloriar de qualquer coisa
I’ve ever seen or done?
Que eu jamais tivesse visto ou feito?
How could I dare to claim as mine
Como eu ousaria reivindicar como minhas
The victories God has won?
As vitórias que Deus conquistou?
Where would I be, had God not brought me
Onde eu estaria, não me tivesse o Senhor
Safely to this place?
Trazido a salvo até onde me encontro?
I’m here to say I’m nothing but
Estou aqui para dizer que nada mais sou, senão
A sinner saved by grace!
Um pecador salvo pela graça!

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Ulisses

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N° 290 : “ALEPPO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Março de 2017

 

    Os irmãos de Yamen, de apenas 9 meses de idade, disseram aos resgatadores que a criança nunca havia dado um sorriso. Sonya Krush, resgatadora da Caritas International, sugeriu que a criança jamais tinha dado um sorriso porque jamais tinha visto alguém sorrir.

    Foi em condições precaríssimas, em meio a muito lixo e escombros de guerra, que a Caritas encontrou as seis crianças em Aleppo. Dividindo um único colchão nas ruínas, racionavam, diariamente, a pouca comida que o mais velho conseguia. Mohammed, de 12 anos, e sua irmã Hanna, de 10 anos, ficaram com a responsabilidade dos demais irmãos, desde que, num bombardeio à cidade, seu pai desapareceu, e sua mãe foi levada presa entre os ‘rebeldes’ sírios. Ibrahim (9), Doha (6), Zakaria (5) e o pequenino Yamen, de apenas nove meses, juntavam-se a Mohammed, o mais velho, fazendo de Hanna a única menina do grupo, a nova ‘mãe’ de Yamen. Este deixou a equipe admirada de como sobreviveu: quando os pais desapareceram, tinha 7  meses.

    Para conseguir alguma comida e água, Mohammed saqueava casas destruídas, em busca de metais para vender. Ele próprio, escondeu dos resgatadores um frasco de perfume que tinha, e que usava para beber: o álcool era sua fuga. Nas noites frias, além de se defender do frio, as crianças também tiveram que se defender, várias vezes, de intrusos que lhes vinham pilhar a comida racionada. E assim, sobreviveram por dois meses, depois do desaparecimento dos pais, até o  resgate. As fotos, delas tiradas quando ainda estavam em seu “lar”, mostram semblantes tristes, abatidos e desesperados. Roupas imundas, cabelos imundos, mãos imundas, foram todos recolhidos a um orfanato, onde ganharam comida e roupa limpa. Uma história profundamente comovente, que mostra a crueldade da guerra civil.

    “Aleppo”, em aramaico antigo, significa “branco”, em referência ao solo rico em mármore. Situada no extremo noroeste da Síria, fica bem ao lado de Antakia, a antiga Antioquia dos tempos bíblicos; esta, hoje, não mais no território sírio, e sim no turco. Próximo da metrópole que teve mais de cem mil cristãos, após o tempo do mártir Inácio, discípulo de João, que sucedeu a Pedro no pastorado da cidade, Aleppo recebeu a influência do cristianismo de Antioquia. Nos tempos de Alexandre, o Grande (356-326 a.C.), Aleppo foi chamada de Beréia; a motivação foi a Beréia da Macedônia, onde, mais tarde, os ouvintes de Paulo foram taxados de mais nobres que os de Tessalônica, porque conferiam na Escritura o que Paulo lhes dizia (Atos 17).

    Que dizer de um cenário e uma história tristes como estes? Primeiro, dizer do reconhecimento de mérito que merecem todos os que estão  se esforçando por minorar o sofrimento daquele povo, envolvido num conflito que já dura seis anos. Os que empreendem tais esforços por causa do evangelho de Cristo, são dignos de ouvir sua declaração: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25.40, NVI).

    Depois, ainda lembrando quanto um fato como esse incita o espírito solidário, agradecer tocantemente a Deus, porque vivemos sob paz; os que vivem sem ela dariam tudo para tê-la. “Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, na qual também fostes chamados em um mesmo corpo. E sede agradecidos" (Colossenses 3.15, BCF).

    Ademais, é inevitável voltar a pensar no lugar do descanso eternal que nos aguarda, onde “a morte já não existirá; já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisa passaram" (Apocalipse 21.4, ARA). É o lugar da nossa bendita  esperança. É ali que toda lágrima será enxugada, toda separação será reparada pela doce companhia do Cordeiro de Deus e dos remidos com ele, toda tristeza será suplantada pela alegria que ali, com fartura inesgotável, será usufruída. Oh! Que glória, que gozo será! Imagens como as das ruínas de Aleppo, do  desamparo de Mohammed, Hanna e seus irmãos, ficarão definitivamente para trás, no esquecimento da eternidade, que trará o cultivo somente dos fatos bons e gratificantes da existência celestial.

    O último dizer é uma oração, comovida e solidária: Deus, tu que estás no céu, mas também estás aqui no Brasil tanto quanto estás na Síria, alivia o sofrimento daquele povo, faz cessar aquela guerra atroz, e leva a redenção ao Mohammmed, à Hanna, aos seus irmãos, e a tantos quantos a graça bendita puder, segundo teu querer e tua bondade, alcançar. No Cordeiro, o Resgatador!

    Deixe concluir com minha mensagem musical. Foi escrita por um missionário da Georgia, Estados Unidos. Após passar longo tempo fora de casa, em seus estudos e depois no ministério missionário, decidiu que era hora de visitar os pais em casa. Isto se deu em 1914. Entretanto, com o tempo passado, foi ele advertido: – Olha, já se passou muito tempo desde que você saiu de casa;  seu pai passou por algumas enfermidades e lutas, e essas enfermidades o envelheceram muito. Não se assuste quando chegar em casa e, principalmente, não o assuste". De fato, o susto ocorreu. Pensando e reconhecendo que seu pai já não era mais o mesmo, que em breve já não estaria mais no mundo, e que ele próprio – filho, ainda que mais novo – caminhava para a mesma sina, mas lembrando das promessas do Livro das Palavras do Eterno, compôs ele esse magnífico hino. A interpretação, em inglês, é de Jim Reeves, apenas com a primeira e a última estrofes.

IN A LAND WHERE WE'LL NEVER GROW OLD (1914)
Numa Terra Onde Nós Nunca Envelheceremos
James Cleveland Moore (1888-1962)

I have heard of a land on the far away strand,
Eu tenho ouvido de uma terra naquela praia distante
’Tis a beautiful home of the soul;
Trata-se de um belo lar para a alma
Built by Jesus on high, where we never shall die,
Edificado por Jesus nas alturas, onde nunca morreremos
’Tis a land where we never grow old.
Trata-se de uma terra onde nunca envelheceremos.

Never grow old, never grow old,
Nunca envelheceremos, nunca envelheceremos
In a land where we’ll never grow old;
Numa terra onde nunca envelheceremos
Never grow old, never grow old,
Nunca envelheceremos, nunca envelheceremos
In a land where we’ll never grow old.
Numa terra onde nunca envelheceremos

When our work here is done and the life crown is won,
Quando nosso labor aqui se cumprir, e conquistada a coroa da vida 
And our troubles and trials are o’er;
E quando nossos problemas e provações terminarem
All our sorrow will end, and our voices will blend,
Toda a nossa tristeza vai findar, e nossas vozes se misturarão
With the loved ones who’ve gone on before.
Com os amados que tiverem ido antes de nós.

Ouça, com nosso

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Bom Domingo, boa semana,

Ulisses.

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional