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Nº 012 – “A MENINA DOS OLHOS”

Ministérios EFRATA – Arautos de Vida
Janeiro de 2015

Como vou começar a história da Lúcia, a “Lúcia do Petrônio”? Ela é o ‘arauto de vida’ desta edição. Bem, escolhi uma afirmação sua, muito significativa, para começar. Então, aqui vai uma parte:

– Passar por todos estes procedimentos só foi possível pela misericórdia de Deus. Fui tratada como a menina dos olhos de Deus! Os efeitos colaterais, diante de outros que compartilhavam a dor, foram imunizados…

Lúcia conheceu Petrônio em 1990. Ele havia saído de Vazante, Minas Gerais, antes de plenitude da mocidade, para tentar a vida na capital mineira. Um dia, porém, quando as férias dele o levaram de volta a Vazante, algo mudaria o curso da vida. Dona Maria, a mãe do Petrônio, já se tinha tornado amiga de Lúcia; aliás, da família… E, como toda mãe que preza o filho, falava dele. Ah, sim, falava mesmo; “era o orgulho da mãe”. Mas, naquele ano de 1990, alguém os apresentou. Então, ein?! Esse era tão propagado filho da Dona Maria, de quem tanto já tinha ouvido falar?… Já dá prá imaginar no que resultou aquela apresentação, não? Pouco mais de quatro anos de namoro e noivado, e casaram-se em 18 de Março de 1995. Vieram morar em Belo Horizonte.Todo casal normal almeja filhos; Lúcia e Petrônio não seriam diferentes, porque ambos queriam, pelo menos o primeiro. Eles queriam, e muito, mas… Deus não quis! A severa endometriose da Lúcia, que a levou a três cirurgias (a última, um tanto agressiva), não possibilitou gestação. Oito anos de tratamento, até chegarem a um pit stop da estrada da vida:

– A condição física, emocional e financeira nos fez repensar e entender que Deus tinha propósitos maiores em nossa vida, além de filhos…

Lúcia tem sido uma mulher de fé verdadeira, consciente e bem estribada em Deus; e isto lhe tem sido vital. Além disto, quão importante sempre partilhar a (e da) mesma fé com o esposo.

– Pude receber todo carinho, compreensão, apoio e orações me encorajando sempre. Deus nunca permitiu que eu ficasse deprimida; deu graça e consolo para cada dia. Mas, a história prossegue e, com ela, mais algumas novidades que o ‘tempo’ tinha de trazer… Em fins de 2012, Lúcia descobriu que ‘as provas’ da endometriose não eram ‘provas finais’… A mamografia deixara o mastologista preocupado. Só ele? Claro que não: imagine a Lúcia, e o Petrônio. A ressonância magnética foi acompanhada de gentilezas fora do comum por parte da equipe, pensou ela. A imaginação já abrigava pensamentos mais inquietantes; muito mais. Enquanto isso, Lúcia orava a Deus. Com o passar do tempo, com o aprofundamento dos exames, e com a face mais grave do médico, a oração se transformava em súplicas e em rogos aos céus. E tome Raio X, e tome ultrassom, preparativos, risco cirúrgico…  Era preciso extirpar o corpo estranho, sem ainda se saber se era de natureza maligna ou benigna. Lúcia continuou seus afazeres, seu trabalho, sua vida de comunhão com Deus e, suas orações. Nós, que a víamos com freqüência, nem poderíamos imaginar que, debaixo do ‘véu natural’ daquela face sempre simpática e carinhosa com todos, estava um coração tão apertado. Parecia a sunamita: “Vai tudo bem?” era a pergunta do profeta Eliseu, por intermédio do porta-voz… “Vai tudo bem, tudo em paz!”, respondia a sunamita, ainda que com o coração materno dilacerado pela perda do filho. Assim, a Lúcia…

Cirurgia efetuada, lá vai o “material” para laboratório oncológico. “Foi o tempo mais longo da minha vida, aquela espera”.Chegara a hora da verdade. Ora, a hora da verdade não poderia ser traumática, porque Lúcia conhecia (e conhece) o seu Deus; e o Deus de Lúcia é o Deus de poder (acima dos médicos e dos medicamentos), de livramento (acima das mais difíceis circunstâncias), de cura (mesmo que a ameaça seja a mais cruel). Pronto! Sabe o que aconteceu com o resultado daquela biópsia? Sabe qual foi a resposta divina a todas as orações (ela não estava orando sozinha), as orações daqueles longos dias de espera? “Carcinoma lobular”! Isto mesmo!! Estamos todos sujeitos!!! Crente adoece, assim como adoece o não crente; crente adquire um câncer assim como o adquire um não crente; e crente morre, assim como morre o não crente. “Estamos todos no mesmo barco”, disse o pregador, depois do tsunami asiático. A diferença não está nos fatos externos, mas nos internos (área privativa do coração e da alma). O que viria pela frente? Mais cirurgia (mastectomia), reconstrução mamária, e assim por diante. Pós-cirúrgico difícil – só quem passa sabe: sem posição para sentar, sem posição para dormir. Mas, havia um detalhe, que não foi apenas um detalhe: Havia um Deus presente! Cuidador! Provedor! Confortador!  Entre ela e Petrônio, lembranças de verdades aprendidas, agora elevadas a um significado exponencial: Em tudo somos atribulados, porém não angustiados, perplexos, porém não desanimados (I Co . 4.8, ARA).

E agora? O médico havia dito que, provavelmente, não seria necessária a quimioterapia. Que alívio! Com palavras da própria Lúcia: “Meu mastologista me ligou pedindo para eu ir ao seu consultório. Estava ainda chorando, perguntei-lhe por que deveria ir; ele só me disse que explicaria pessoalmente. Quando cheguei, ele estava com tudo pronto. Disse-me que o oncologista havia conversado com ele sobre meu caso e só havia um jeito de confirmar com certeza a necessidade de passar pela químio. Existe um exame, não disponível no Brasil, que custa mais ou menos R$ 17.000,00; muito difícil de conseguir… Fiquei pensando – este médico tá de brincadeira, ele acha que vou poder fazer isso? Não acreditava que havia me chamado para dar mais uma notícia ruim. Só então falou que estava indo para um congresso nos Estados Unidos, trabalho científico, e deveria levar um caso para apresentar; ele havia decidido que o caso seria o meu, após a conversa com o oncologista. Eu não iria pagar nada; ele só precisava de minha autorização! Autorizei, e fiquei aguardando o resultado por quase um mês; estava muito tranquila e confiante de que não seria necessário o tratamento. Quando recebi a ligação do meu médico dizendo que havia chegado a resposta, fui tomada de um choro tão grande e uma certeza que não tinha dado certo, antes de ir ao consultório… Fui orando o tempo todo, pedindo a Deus para me sustentar e carregar no colo, pois estava sem forças. Ao chegar lá, gozava de uma paz tremenda, não entendia… A resposta que eu não queria ouvir, foi a que veio; tudo ao contrário do que eu pedira a Deus: confirmou um teor de malignidade muito grande (80%) e era necessário passar pela químio. E mais: de todos os casos do Brasil que foram apresentados no congresso (e foram apenas cinco!), só o meu teve tal resultado nocivo”.

Consequência: quimioterapia da mais forte, radioterapia diária, fora mais cinco anos de químio oral. Passar por todos estes procedimentos só foi possível pela misericórdia de Deus. A declaração da Lúcia, transcrita ao início, está incompleta. Agora, vem completa:

– Fui tratada como a menina dos olhos de Deus! Os efeitos colaterais, diante de outros que compartilhavam a dor, foram imunizados. Pude consolar e falar de Cristo em todo período de tratamento com várias amizades. `Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me, à sombra das tuas asas.” (Salmo 17.8, ARA) .

Hoje, Lúcia superou toda aquela fase tenebrosa, e prossegue com a químio oral. Naqueles momentos, não podia faltar a queda do cabelo, dos cílios e das sobrancelhas, baixa defesa orgânica, mal estar cíclico, enfrentar tudo e todos. Diz ela que tudo lhe mostrou, em experiência própria e singular, a fragilidade, a miséria humanas e a total dependência de Deus; pensar no lar celestial, no conforto do eterno porvir, tudo mais que perfeito, sem dor, sem choro, sem câncer Pois Ele conhece a nossa estrutura, e sabe que somos pó. (Salmo 103.14, ARA); E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram (Ap 21.4, ARA). Usufruir da confiança possível somente em Deus, e do descanso disponível somente nEle também… Nutrir a certeza de que Ele está no controle de todas as coisas e tudo faz como Lhe agrada, como diz o cântico baseado no Salmo 115.

– Deus foi sustento e sempre o será para minha vida.  Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para se comparar com a glória por vir a ser revelada em nós. (Rm 8.18, ARA). E Lúcia, ao lado de Petrônio (com quem somará contas, dentro de poucos dias, de vinte anos de convívio agraciado pelo céu) preservou, ainda com mais vigor, sua vida, sua fé, sua comunhão. Mais que isso: Lúcia passou a ser uma cristã muito mais intensamente focada no afã de ensejar que outras pessoas conheçam o mesmo Deus de ação soberana, sábia, superior e independente, mas também de amor, provimento, força, graça, sustentação e misericórdia. Por todo este testemunho, Lúcia Machado, a “Lúcia do Petrônio”, é Arauto de Vida!

Quando Noé soltou a pomba na janela da arca, depois de todo aquele dilúvio que cobriu (e destruiu) a terra (está lá, em Gênesis, entre os capítulos 6 e 9, inclusive), e a pomba trouxe a Noé o raminho de  oliveira no bico, a mensagem era clara, do jeito que Deus tinha dito: o dilúvio não será para sempre… Haverá vida, outra vez, e ainda há esperança! Confira, especialmente em Gênesis, capítulo 8. Concordemente com a nossa mensagem, nosso hino-tema é também mensagem de arautos de vida. Mesmo que o 'dilúvio' seja longo e hostil, não vai chover para sempre; há vida, depois dele… 

Nosso hino temático também fala disto. Na voz suave de Cynthia Clawson…

IT   WON’T    RAIN   ALWAYS…  (1981)
NÃO VAI CHOVER PARA SEMPRE…
Letra : Gloria Gaither (1942…)
Música : Bill Gaither (1936…) & Aaron Wilburn (1950…)

Someone said that in each life:
Alguém disse que em cada vida  
Some rain is bound to fall:
Alguma chuva é fadada a cair
And each one sheds his share of tears:
E cada um entorna seu tanto de lágrimas
And trouble troubles us all:
E problemas afetam a todos nós
But, the hurt can't hurt forever:
Mas, a dor não pode ferir para sempre
And the tears are sure to dry…:
E as lágrimas por certo hão de se estancar… 

And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
The clouds will soon be gone:

As nuvens logo se dissiparão
The sun that they've been hiding:
O sol que elas têm ocultado
Has been there all along…:
Tem estado lá, em todo o tempo…
And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
God's promises are true!:
As promessas de Deus são reais
The sun's gonna shine in His own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He’s gonna see you through!…:
E Ele vela por ti…
The sun's gonna shine in God's own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He will see you through!…:

E Ele há de velar por ti! …

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Abraços
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

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