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N° 30 : “UM SÓ PAÍS…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 23 de Outubro de 2011

   Nesta semana,  algumas cenas impressionaram minha mente. E creio que não só a minha… A primeira delas, via TV ou internet, foi a cena da localização do tirano líbio, Muammar Khadafi. Estava ele oculto desde que os rebeldes líbios tomaram Trípoli, a capital do país. Aos que querem as imagens e os reports fazer notar, parece que o tirano foi localizado em tubos de esgotos, na sua própria cidade, a cidade de Sirte. Mas, o que me impressionou na cena? Me impressionou ver a sequência das imagens, desde que ele foi localizado, até ser morto.

   Pelo que, até agora, se toma conhecimento, parece que se montou um espetáculo grotesco, digno da Roma dos Césares ensandecidos. Pela história, aqueles tempos de Roma rivalizam com os horrores do nazismo hitlerista, em termos do "espetáculo" que o ser humano é capaz de fazer com a vida dos seus semelhantes. Não estou aqui defendendo os horrores que ele mesmo – Khadafi – produziu, com a vida dos seus próprios compatriotas, enquanto no exercício despótico do seu "governo". Claro que não: deplorável também! Mas, não consigo, por outro lado, achar justificativa para aquela cena: um homem vil, porém já dominado, pedindo clemência no mínimo para viver, e sendo agredido, sendo arrastado, sendo ferido e sendo baleado inclementemente, no peito e na cabeça, num clima de celebração. Não tenho outras palavras: cenas dignas de Auschwitz (entre outros lugares, nos anos '1940) ou do Coliseu romano. Pelo que lutam os rebeldes líbios? Basicamente, pela libertação de sua pátria. A mensagem que querem passar ao mundo é que querem de volta a sua pátria, livre, democrática, "mãe" de todos os cidadãos da nação. Mas, para tal, exibiram ao mundo este famigerado "espetáculo".

   A outra cena que impressionou minha mente foi a comparação entre duas fotos que ontem vi, numa exposição em Powerpoint. Quem as apresentava, dentro de uma série de slides, era o Pr. Diogo Inawashiro – já falei dele em Setembro. Diogo está se preparando para retornar ao Japão, terra onde nasceram seus avós, que vieram para o Brasil em meio ao movimento migratório do século XX. Mas, vamos às fotos que menciono. Elas têm uma história inteira por detrás. A primeira, era a cena de um ser humano, japonês (não sei se homem ou mulher), pendente numa corda atada ao pescoço; trazia, ao lado, uma foto da capa do manual bilíngue (japonês e inglês), que ensina várias maneiras, práticas, econômicas e rápidas, de se cometer um suicídio. Segundo o Pr. Diogo, já foram vendidos (livremente) mais de um milhão de cópias, especialmente entre jovens. Verdadeiramente, um manual para outra forma de "espetáculo grotesco com a vida do ser humano"! É o retrato daquele país, que tem muitas virtudes, entretanto parece-me falsamente chamado de "terra do sol nascente".

    Mas eu disse que a cena que ficou na minha mente era de contraste – contraste com uma segunda foto, um outro slide da apresentação. Também a de um japonês, homem, alto e esguio, de pé, vestido com um terno, aparentando ter entre 20 e 30 anos de idade, chamado "Ogata" (se entendi corretamente). Ele estava de pé, recebendo uma porção de água sobre sua cabeça, e derramando água 'sob' sua cabeça, mais precisamente a partir de seus olhos. Estava ele sendo batizado pelo Pr. Diogo Inawashiro, lá, no mesmo país do "sol nascente". Uma verdadeira cena de "sol nascente". Eu sei: você ainda não compreendeu a razão da impressão do contraste das fotos em minha memória.  Falta uma informação para isto. É que o copioso choro do Ogata, naquele momento, nem pelo Pr. Diogo havia sido bem compreendido. Precisou ele perguntar ao jovem por que tanta comoção. E ele explicou:

– Pastor, eu já havia, em 2009, tentado o suicídio por duas vezes, e consegui escapar das minhas próprias mãos. Neste ano de 2010, eu tencionava fazê-lo pela terceira vez, mas já estava estudando todo o método, de modo que eu mesmo não conseguisse falhar. E agora, no ano em que eu tencionava, definitivamente, tirar minha própria vida, acabei por ganhá-la, definitivamente! E isto é um outro tipo de (permitam-me a palavra, que vou usar num senso muito positivo e são) "espetáculo"! Aliás, um magnífico e tangente espetáculo – um "espetáculo de sol nascente"!

   Histórias como esta, dão um certo colorido à ordem bíblica (Mt 28.18-20), pelo que o Pr. Diogo está renunciando ao país onde nasceu – o Brasil – e partindo, dentre em breve, para o Japão, onde pretende dedicar o restante de sua vida. Trata-se de um "caminho de volta", em comparação com a emigração de seus ancestrais, a adoção temporária (e vitalícia) de uma nova pátria, com o fim de proclamar  a nova "pátria, superior, isto é, celestial" (Hebreus 11.16).  É emulador, é encorajador, ouvir o Pr. Diogo acerca do seu projeto. E a vontade irreversível de ser parceiro dele nesse projeto, já é uma realidade. Estas lembranças da semana me fazem pensar (de novo) na essência do ensino bíblico quanto à convencional divisão de nações. Aparentemente, tudo começou com Babel – e começou por causa da vaidade humana. Em Gênesis, vemos que, depois do Dilúvio universal, os líderes entre os serem humanos estimularam um contingente, e disseram: "Vinde, edifiquemos para nós uma cidade, e uma torre, cujo topo chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra". (Gn 11.4)

 Mas, Deus não aprovou o plano humano, e interferiu. Interferindo, confundiu-lhes as línguas. Cada grupo, de cada língua, teve que se ajuntar à parte, e assim surgiram as nacionalidades grupais. Para o cético de Bíblia, isto pode até parecer fantasioso… Afinal, ele é cético mesmo… Mas, é curioso: não existe, até hoje, explicação mais razoável e consistente sobre como surgiram as nações e línguas. E estou certo de que jamais surgirá. Entretanto, Deus tinha planos maiores e mais avançados. Daquele grupo de nações, embrionárias, não surgiu aquela que seria por Ele privilegiada para receber a exclusividade do seu relacionamento, de sua comunhão, de sua revelação. Então, para atingir seu objetivo, resolveu Deus construir, constituir uma nação, que servisse, TEMPORARIAMENTE, aos seus propósitos. E assim, veio Israel, de Abraão, Isaque e Jacó. No entanto, a nação de relacionamento divino definitivo ainda deveria ser aguardada mais à frente, na História. E veio: com a vinda de Cristo, com o Pentecostes, essa nação definitiva passou a ter, também, sua constituição definitiva, em continuação a Israel. Certo número de líbios, de japoneses, de brasileiros, de ingleses, de árabes ou de judeus, a título de amostra, gente com passaporte terreno temporário, com cores diversas (o nosso ainda é verde?), têm agora um segundo passaporte – um passaporte de uma cor de tom "azul" que não existe no mundo, nem no espaço acima dele. É um azul único – o azul do "terceiro céu". Para os descendentes de Abraão, valeu a promessa: "Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas serão o meu povo". (Jr 31.1) Para os demais descendentes (líbios, japoneses, brasileiros, etc…), a adição nessa mesma promessa foi traduzida assim: "Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos " (Apocalipse 7.9).

   Anote isto: haverá um tempo em que a luta líbia pela "libertação" de sua pátria, a lembrança do vai-e-vem de gerações entre Japão e Brasil, e outras convenções que tais, nada mais significarão. Haverá uma nova pátria, um novo país, uma nova nação, única para todos estes. É para ali que vamos, é para lá que caminhamos, é o lugar que aspiramos. "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo.E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor. (Isaias 65.17-19)

   A propósito, o hino de hoje é uma das versões, em Português, da mundialmente famosa melodia Londonderry Air. A melodia é uma tradicional composição musical irlandesa. Diversas letras já têm sido colocadas sobre a melodia. Uma das composições mais conhecidas de todo o meio evangélico em língua inglesa é "The Tender Apple Blossom", da autoria da irlandesa Katharine Tynan Hinkson (1861-1930). A versão em vernáculo aqui cantada é uma poesia de esperança. Desconheço quem a verteu.

Londonderry Air
LINDO PAÍS 
Melodia irlandesa tradicional

Há um país nas terras de além rio
Cheio de flores, de prazer e luz
É destinado às almas resgatadas
Lá não terão mais lutas nem mais cruz.

Pois é ali que a morte não mais entra
Nem mais pecado o brilho tirará
Jesus, o Rei dessas mansões tão lindas
Os salvos todos com prazer abraçará.

Lindo país, eu vejo a brisa mansa
Acariciar campinas e jardins
E embalar as palmas prateadas
Dos perfumados vales com jasmins.

E quando o sol se põe no horizonte
Eu julgo ver em sonhos esse lar
Vejo os amigos já ressuscitados
E todos nós o nosso Bom Jesus louvar!
E todos nós o nosso Bom Jesus louvar!

AudioPlayer online (Controle de volume à direita)

Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional