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N° 121 : “PRAIA DOURADA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 08 de Setembro de 2013

Não foi Antoine Lavoisier, o sábio francês (1743-1794), quem disse: "Na natureza, nada se perde, nada se cria; tudo se transforma" 
E, tinha ele razão? Fiquei pensando nisto ontem, numa conversa com minha tia, lá na cidade de Alto Jequitibá… Fiquei pensando que Lavoisier deve ter razão, mas desde que se complete a frase – "…para pior " (ou, pelo menos quase tudo, no seu curso natural, entregue à própria sorte, tende a piorar, e não a melhorar).

A conversa com minha tia girava em torno da situação que envolve a decadência moral da cidade, a decadência da produção nas propriedades rurais das famílias e a decadëncia da tradicional celebração setembrina. Onde encontrar, hoje, aquele famoso fubá de milho branco? Minha tia diz: "Qual o que! Já não há muita gente que se anime a plantar, e já não há quem se anime a por em funcionamento um velho moinho de pedra lavrada, movido a água". Saudades! Criada por Annibal Nora em 1909, ao início do seu ministério pastoral naquela cidade, a tradicional celebração, que agora somou 104 ocorrências anuais, já não tem mais o mesmo brilho dos dias do pioneiro, ou dos dias de seu sucessor, Cícero Siqueira. O primeiro, que conto na categoria de tio (por ter sido irmão de Castorina Nora, a mãe de meu avô materno).idealizou a celebração anual com um ideal duplo: cívico e religioso. Ontem, minha tia, ainda operante nos afazeres da celebração, aos seus quase 83 de idade, dizia com certo desencanto: "A verdade é que tudo vai se acabando – o ânimo das pessoas, a tradição, a história, as lembranças… Tudo se perdendo ". É… Provavelmente Lavoisier tinha razão (pensei eu, mas com o meu acréscimo).  Mas, não deixei de ficar admirado, ainda vendo o professor Jabes Werner, decano do antigo Colégio Evangélico, puxando, com passo firme, a marcha junto ao Tenente Adilson, comandante da banda marcial da Polícia Militar de Manhuaçú (esta, cada ano mais diminuta); detalhe: adivinha a idade daquele vetusto educador? noventa e sete anos, indo para noventa e oito (para não restarem dúvidas, vai o dado em algarismos arábicos: 97, quase 98, já planejando para a festa do ano que vem). Será? Deus o sabe! Tomara que sim! 

Onde estaremos nós, no sete de setembro do ano que vem? Onde estará o nosso país, às vésperas de mais uma eleição presidencial, com a tamanha importância com que as tais se revestirão? Onde estarão nossos filhos? Quem sabe, nossos netos? E os nossos antepassados ainda vivos, onde estarão? Será que a cidade terá por lá, ainda, aos noventa e oito, o encorajador do feito anual? O velho hino diz : We are going through the valley, one by one! ("Nós seguimos pelo vale, um a um"). Não temos morada perene por aqui. Quem sabe a hora e o dia de cada um é Deus, o doador e sustenedor da vida. Mas, a verdade é esta, que Ada Habershon colocou em poesia musical em 1908, um ano antes do tio Annibal começar sua "festa cívica".    

Jó reconheceu diante de Deus, e com razão "Lembra-te de que a minha vida nada mais é do que um sopro…" (Jó 7.7, BCF).
No entanto, Davi, com maior precisão, e proporcionando mais pertinência ao reconhecimento do seu provável antecessor, declarou em acréscimo – "Porque em ti [Deus] está o manancial da vida, e na tua luz veremos a luz " (Salmo 36.9, ARA).
Então, quando passar o "sopro", há uma eternidade para se viver. Depois do sopro, ainda há vida, então plena e eterna…

Alguém pode questionar: mas por que a reincidência no tema escatológico, no interesse pelo futuro? Tenho várias razões…
Prá começar, vejo esta reincidência nos textos apostólicos; esta foi sua maneira de confortar a igreja, e de sacudí-la contra o secularismo, contra a acomodação existencial. Vejo esta reincidência também em vários escritos pós-apostólicos; foi a maneira com que os detentores das responsabilidades divinas para com a mensagem evangélica advertiram contra a mesma ameaça dos dias apostólicos. Mas, vejo ainda maior razão: consolação que se estriba na verdadeira esperança. Quando o apóstolo preconizou – "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (I Tessalonicenses 4.18, ACRF), ele acabara de pronunciar declarações importantes para o mesmo fim. Por exemplo, não querendo que os seus leitores se entristecessem da maneira como se entristecem os demais, que não têm esperança;  por exemplo, afirmando que no reencontro terá início uma nova vida de eternidade, toda ela no convívio com o Senhor, que nos deixou quanto ao seu corpo, mas entre nós permaneceu no Espírito. Então, reincidir no tema, antes de qualquer outro propósito, serve ao de proporcionar consolação mútua. E é a Palavra de Deus que o determina.

Pode parecer a alguns não existir coisa mais estranha que esta, de um apóstolo afirmar – "…estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor " (Filipenses 1,23, ARA); ou, de um outro aspirar – "Amém! Vem Senhor Jesus! " (Apocalipse 22.20, NVI). Eles eram escapistas? Tenho certeza de que não; estavam com os pés bem firmes no chão. Mas, eram cheios da esperança, e cheios da legítima expectativa do reencontro, da nova vida, do céu. Se não somos tanto quanto, não ponhamos neles defeitos.

Doutra feita, conversei pessoalmente com o Prof Jabes Werner. Até ouvi seu testemunho pessoal, à frente de sua própria casa, na frente toda a corporação de militares que foi à cidade tocar, no "Sete de Setembro", e na frente de sua esposa, seus filhos e filhas, seus netos e netas (e até bisnetos), e de quantos outros curiosos (como eu) estivessem ali para ouvir. Testemunho de gente que sabe quem é Jesus Cristo, que sabe que a sua vida, enquanto forças tiver, vai lhe manter fazendo o que faz… Mas, que também podia afirmar como Paulo de Tarso, depois Paulo de Cristo : "porque eu sei em quem tenho crido, e estou bem certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia" (II Timóteo 1.12, ARA). E, se Deus quiser que, aos noventa e oito de idade, esteja ele ali, de novo, ótimo será… Se, porém, não quiser, melhor ainda será! Vale o mesmo para mim e, quem sabe, também para você, que se animou a manter os olhos nestas linhas fugazes até aqui. 2014… Nos encontramos de novo? Sei lá… Talvez… lá… na "praia dourada" !!! Esta é a bendita esperança. Consolemo-nos, pois, mutuamente, com ela.

A melodia que hoje segue traz o tom da esperança escatológica…
O autor escreveu o hino nos dias de intensas incertezas e dores do final de Segunda Guerra Mundial, em meio a perdas mui queridas que a guerra ceifou. Mas, a esperança que retratou é a mesma de que falamos.

IF WE NEVER MEET AGAIN … (1945) 
Se Jamais Nos Vermos de Novo …
Albert E. Brumley (1905-1977)

Soon we'll come to the end of life's journey
Logo nós chegaremos ao fim da jornada da vida
And perhaps we'll never meet anymore
E talvez jamais venhamos a nos ver de novo
Till we gather in the heaven's bright city
Até que nos reunamos na brilhante cidade celestial
Far away on that beautiful shore
Lá, distante, naquela bela praia
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu  
As we struggle through this world and its strife
Enquanto lutamos neste mundo e seus embates
There's another meeting place somewhere in heaven
Há um outro lugar de encontro, nalgum lugar dos céus
By the side of the river of life
Bem ao lado do Rio da Vida 
Where the charming roses bloom forever
Onde as encantadoras rosas florescem perenemente
And where separations come no more
E onde separações jamais nos ocorre de novo
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu   
I will meet you on that beautiful shore
Eu te encontrarei naquela bela praia
Oh! So often we're parted with sorrow 
Oh! Tão frequentemente somos separados com pesar
Bennedictions often quicken our pain
Bênçãos não raro trazem junto nosso sofrer
But we never shall sorrow in heaven
Mas nós jamais vamos nos entristecer nos céus
God be with you till we meet again!
Deus seja contigo, até que nos encontremos de novo!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional