Agora no portal:

Tag Archives: Nº 016 – “HAKANI”

Nº 016 – “HAKANI”

Ministérios EFRATA – Arautos de Vida
Maio de 2015

“Hakani”, no idioma da etnia Suruwaha, residente na bacia do Rio Purus da Amazônia brasileira, significa “sorriso”. Mas, para este significado vir a traduzir-se na vida daquela menina, a trajetória foi longa. Hakani tem, hoje, 20 anos de idade, visto que nasceu em data não conhecida do ano de 1995. Entretanto, como é comum, seja entre indígenas ou não, determinadas circunstâncias das uniões conjugais ou da gravidez costumam resultar em filhos com deficiências; é o que se pode esperar de incestos e de ‘casamentos consanguíneos’ próximos, ou da ingestão de ervas impróprias no período de gestação. E eis a história de Hakani: a menina nasceu com déficit motor nos membros inferiores, assim como na função da fala, decorrentes de hipotireoidismo agudo; assim como seu irmão, Niawi. 

Um dia, certa tempestade climática foi entendida pelo provo Suruwaha como manifestação de “maldição dos espíritos maus”, por causa da tolerância dos pais em relação à menina na tribo. A tradição primitiva é que crianças com defeitos tiveram sua alma arrancada pelos espíritos, e não deveriam ter nascido. A lei da tribo (assim como em muitas das mais de duzentas etnias amazônicas) é a condenação à morte de crianças com deficiência; usualmente, a condenação implica em obrigação dos pais de enterrar viva sua criança. De muitas daquelas crianças ouve-se o choro, sob a terra das covas rasas, por uma noite inteira, até morrerem.

Os pais de Hakani – Dihiji e Bujini, se recusaram a faze-lo; antes, preferiram suicidar-se, ingerindo raízes venenosas. A responsabilidade ficou para o avô; este tentou mata-la com uma flechada no coração, mas a flecha atingiu apenas o ombro. Movido de remorso, o avô de Hakani também se suicidou. Coube, então ao irmão mais velho, Arwaji, cumprir o ritual, enterrando viva a menina. Mas o segundo irmão, Bibi, não concordava com aquilo. Não conseguiu salvar Niawi (irmão também deficiente), mas conseguiu salvar Hakani, desenterrando-a ainda com vida. Por isto, teve que pagar o preço, sendo abandonado por toda a tribo, inclusive pelo irmão mais velho.

Por três anos, Bibi cuidou da irmã Hakani, tentando que ela aprendesse a andar; na face dela, o ‘sorriso’ (“Hakani”) lhe fugiu. Por fim, acabou levando-a aos cuidados de um casal, quilômetros rio abaixo. Com 5 anos de idade, Hakani pesava 7 quilogramas, e media apenas 69 centímetros. Esse casal adotou Hakani como se fosse sua própria filha. Alimentou-a, medicou-a e, em um ano, Hakani já estava dando primeiras palavras e passos; seu peso dobrou, e a estatura aumentou bastante. Seu mal foi identificado (hipotireoidismo agudo) e erradicado. Neste ano, Hakani alcançou 20 anos de idade; sua face é alegre e brilhante. Naqueles anos, o sorriso (“Hakani”) voltou aos seus lábios; no restante de sua infância e na sua adolescência, não apenas aprendeu a andar e a falar, como também a dar um testemunho altamente tocante aos que lhe ouvem.  Num evento comovente, encontrou-se novamente com Bibi, que a salvou. Seu testemunho decorre do que aprendeu de Deus, de Seu propósito para a vida, da salvação em Cristo Jesus, da esperança para a vida presente, e da esperança de vida eterna. Aquele casal, que deixou sua terra natal para viver próximo aos Suruwaha por mais de 20 anos, foi o principal instrumento para mostrar àquela garota, hoje uma jovem alegre, que há, sim, esperança para a vida; principalmente, quando essa esperança é movida e nutrida pela Palavra de Deus, que eles conheciam e conhecem.

Infelizmente, há até entre autoridades constituídas quem pense que a tradição indígena precisa ser respeitada, mesmo que tal tradição resulte em resultados tão nefastos e horrendos, como o infanticídio e o suicídio de adultos. Houve quem dissesse que “a Declaração Universal dos Direitos Humanos não se aplica aos povos indígenas”. Para não poucos que se lembram dessa infeliz declaração, isto equivale a dizer que povos indígenas não se enquadram no mesmo patamar que os demais seres humanos.

O testemunho de Hakani faz lembrar um outro, muito importante na história. Não pertence a uma criança – pertence a um adulto; não pertence a um nativo das selvas – pertence a um homem muito letrado nas ciências mais evoluídas do seu próprio tempo; não pertence a um praticante de religião primitiva – pertence a alguém que, dantes, pertencera a uma das religiões mais respeitadas da época (a ponto de Alexandre, o Grande, imperador e conquistador helênico, poupa-la em suas conquistas mundiais); trata-se de Paulo, antes Saulo de Tarso: Dando graças a Deus Pai, que nos fez dignos de participar da sorte dos santos em luz; que nos livrou do poder das trevas, e nos transferiu para o reino de Seu Filho muito amado” (Col 1.12,13). Para ele, sua procedência, status e passado não o deixavam e posição de vantagem quanto a qualquer nativo, no tocante ao binômio “império das trevas”  versus “Reino do Filho do amor de Deus”. 

Hakani é um testemunho vivo de que há esperança, há vida, depois da tormenta, depois do “dilúvio”… Não são precisos muitos ingredientes para alimentar tal esperança: apenas um pouco de amor e sentimento fraterno (que emana de Deus Rm 5.5), um pouco de esclarecimento genuíno (a Palavra de Deus, tem ‘de sobra’, suficiente), um pouco de determinação para colocar boas intenções em prática.   

Quando Noé soltou a pomba na janela da arca, depois de todo aquele dilúvio que cobriu (e destruiu) a terra (está lá, em Gênesis, entre os capítulos 6 e 9, inclusive), e a pomba trouxe a Noé o raminho de  oliveira no bico, a mensagem era clara, do jeito que Deus tinha dito: o dilúvio não será para sempre… Haverá vida, outra vez, e ainda há esperança! Confira, especialmente em Gênesis, capítulo 8. Concordemente com a nossa mensagem, nosso hino-tema é também mensagem de arautos de vida. Mesmo que o 'dilúvio' seja longo e hostil, não vai chover para sempre; há vida, depois dele… 

Nosso hino temático também fala disto. Na voz suave de Cynthia Clawson, ouça a mensagem, com o nosso player online…

IT   WON’T    RAIN   ALWAYS…  (1981)
NÃO VAI CHOVER PARA SEMPRE…
Letra : Gloria Gaither (1942…)
Música : Bill Gaither (1936…) & Aaron Wilburn (1950…)

Someone said that in each life:
Alguém disse que em cada vida  
Some rain is bound to fall:
Alguma chuva é fadada a cair
And each one sheds his share of tears:
E cada um entorna seu tanto de lágrimas
And trouble troubles us all:
E problemas afetam a todos nós
But, the hurt can't hurt forever:
Mas, a dor não pode ferir para sempre
And the tears are sure to dry…:
E as lágrimas por certo hão de se estancar… 

And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
The clouds will soon be gone:

As nuvens logo se dissiparão
The sun that they've been hiding:
O sol que elas têm ocultado
Has been there all along…:
Tem estado lá, em todo o tempo…
And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
God's promises are true!:
As promessas de Deus são reais
The sun's gonna shine in His own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He’s gonna see you through!…:
E Ele vela por ti…
The sun's gonna shine in God's own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He will see you through!…:

E Ele há de velar por ti! …

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Abraços
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional