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Nº 008 – “JOY”

Ministérios EFRATA – Arautos de Vida
Setembro de 2014

Alguns anos atrás, uma empresa do ramo de engenharia onde eu trabalhava foi absorvida pelo terceiro maior conglomerado empresarial italiano. Logo que isto aconteceu, vários funcionários da empresa começaram a ser despachados para desempenhar serviços em diferentes países. No meu caso, cogitou-se de ser eu enviado para a Tailândia. Por razões que não vêm ao caso, acabei não indo… Lembrei-me disto logo que li a crônica que me foi enviada pelo meu venerando professor e particular amigo, o Pr. Frans Leonard Schalkwijk, residente na Holanda. A crônica me veio especialmente para essa seleção de mensagens – Arautos de Vida, mas faz parte de um volume, a ser em breve publicado pela Casa Editora Presbiteriana: Meditações de um Peregrino.

A Tailândia é um extenso país asiático. Até década de Trinta, no século XX, tinha o significativo nome de Sião, pelo que nos vêm as diversas composições com “siamês” ou “siamesa”. Depois da revolução, ocorrida no país em 1932, teve seu nome mudado para o atual. A religião milenarmente predominante no país é o Budismo, mas o Islamismo vem, há décadas, crescendo aceleradamente, sendo já o segundo contingente. Isto se nota especialmente em províncias do sul, em torno do golfo, como é o caso da província de Pattani, cerca de 550 quilômetros ao sul de Bangkok.

Foi naquela província que duas missionárias européias dedicaram os esforços finais de suas vidas: a britânica Margaret Morgan e a holandesa (naturalizada neo-zelandesa) Minka Hanskamp. Elas eram enfermeiras, trabalhando pela OMF (Overseas Mission Fellowship), num hospital cristão. Sua dedicação principal era o atendimento de hansenianos; mas, sempre aliando a assistência física com a assistência espiritual. Certa tarde de Abril de 1974, foram elas levadas do hospital, de carro, sob o pretexto de “levarem atendimento a feridos nas montanhas”. Na verdade, era um seqüestro de cunho político-religioso. No próximo parágrafo, transcrevo as palavras do meu mestre…

Servindo no seminário presbiteriano, morávamos no Recife, onde recebemos um telefonema urgente do meu cunhado em Nova Zelândia: “Orem, pois a Minka foi sequestrada por guerrilheiros islâmicos”. Ela era a irmã mais velha da minha esposa e trabalhava no sul de Tailândia, como enfermeira, entre hansenianos. Com uma colega, estava ajudando leprosos numa clínica, quando um carro parou e as duas moças foram levadas “para ajudar uns feridos nas montanhas”. Poucas semanas depois a minha sogra recebeu, na Holanda, uma carta da própria Minka, contando que tinham sido presas e que, para sua libertação, os guerrilheiros exigiam uma fortuna, além de um pronunciamento da Missão contra o Estado de Israel. Claro que a Missão não poderia fazer isto… Uns seis meses se passaram com umas notícias breves. No que provou ser a última cartinha, a Minka citou Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça,… todavia eu me alegro no Senhor” (Hc 3.17-19). Depois, houve meio ano de profundo silêncio, até que outro telefonema de Nova Zelândia nos informou que os restos mortais das moças tinham sido encontrados; morreram com uma bala na nuca. Quando foram sepultadas, ao lado do hospital da Missão em Saiburi, muitas moças da nação thai se apresentaram para servir na enfermagem, o que nunca tinha acontecido antes. Anos depois, um dos guerrilheiros contou que seu grupo tinha ficado impressionado com a paz que elas tinham, quando souberam que iam ser mortas. Somente pediram licença para lerem a Bíblia e orarem.

Ao final da redação, pastor Frans Leonard menciona um dos segredos da missão de Minka Hanskamp: o acrônimo JOY. Joy  é um vocábulo da língua inglesa, que significa “alegria”, “gozo”. Mas, lembra o meu honorável mestre, como um acrônimo, “JOY” também lembra a seguinte composição: J-Jesus & Y-You, Nothing (0 = zero) Between!   Em nossas palavras, Jesus e Você, Nada Separando = Alegria. Margaret e Minka foram executadas por causa de seu amor a Cristo, sua missão por ele. Perderam a vida aqui no mundo, ganharam logo a vida no além, na presença de Cristo, “na doce aragem celestial, [onde] flutua o canto angelical, da multidão que Deus remiu, em coro que jamais se ouviu” (palavras do magistral hino Beulah, de Edgar Page Stites).

Certamente que, sob a tortura do sequestro, sob a mira dos guerrilheiros, nenhuma outra motivação poderia existir para paz e serenidade, senão a doce paz daquele que disse: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (João 14.27, ARA). Certamente que, no meio de uma situação em que todas as forças externas, circunstanciais, estariam conspirando para esgotar as forças – físicas, psíquicas e espirituais – Minka Hanskamp e sua colega tinham, dentro de si, uma fonte verdadeira – a mesma de Neemias e os exilados que estavam a reconstruir a vida: …a alegria do Senhor é a vossa força! (Neemias 8.10, ARA).

Como pode isto se dar? Como pode este tipo de atitude se produzir em alguém que está para enfrentar, de modo atroz, o derradeiro momento? Só há uma resposta: JOY! Minka Hanskamp, e Margaret Morgan com ela, foram “arautos de vida”!  Como Noé e sua pomba… 

Quando Noé soltou a pomba na janela da arca, depois de todo aquele dilúvio que cobriu (e destruiu) a terra (está lá, em Gênesis, entre os capítulos 6 e 9, inclusive), e a pomba trouxe a Noé o raminho de  oliveira no bico, a mensagem era clara, do jeito que Deus tinha dito: o dilúvio não será para sempre… Haverá vida, outra vez, e ainda há esperança! Confira, especialmente em Gênesis, capítulo 8. 

Concordemente com a nossa mensagem, nosso hino-tema é também mensagem de arautos de vida. 

Mesmo que o 'dilúvio' seja longo e hostil, não vai chover para sempre; há vida, depois dele… 

Nosso hino temático também fala disto. Na voz suave de Cynthia Clawson.

IT   WON’T    RAIN   ALWAYS…  (1981)
NÃO VAI CHOVER PARA SEMPRE…
Letra : Gloria Gaither (1942…)
Música : Bill Gaither (1936…) & Aaron Wilburn (1950…)

Someone said that in each life:
Alguém disse que em cada vida   
Some rain is bound to fall:

Alguma chuva é fadada a cair
And each one sheds his share of tears:
E cada um entorna seu tanto de lágrimas
And trouble troubles us all:
E problemas afetam a todos nós
But, the hurt can't hurt forever:
Mas, a dor não pode ferir para sempre
And the tears are sure to dry…:
E as lágrimas por certo hão de se estancar… 

And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
The clouds will soon be gone:
As nuvens logo se dissiparão
The sun that they've been hiding:
O sol que elas têm ocultado
Has been there all along…:
Tem estado lá, em todo o tempo…
And it won't rain always:
E não há de chover para sempre
God's promises are true!:
As promessas de Deus são reais
The sun's gonna shine in His own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He’s gonna see you through!…:
E Ele vela por ti…
The sun's gonna shine in God's own good time:
O sol há de brilhar no tempo próprio Dele [Deus]
And He will see you through!…:
E Ele há de velar por ti! …

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Abraços
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional