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N° 216 – “FARELO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Agosto de 2015

“Farelo” é uma palavra que vem do latim: vem de “far”, que significa trigo; farelo é a migalha desprezível do trigo, depois que se extrai o grão, a parte considerada nobre. Desprezível, não! Porcos comem farelo, não só de trigo, mas de vários cereais e de folhas… Daí o ditado: “quem com porcos dorme, farelo come”… Ademais, não deveria ser tão desprezível assim, dada a quantidade de bons nutrientes que se tem descoberto no farelo, inclusive do arroz. 

Assim foi encontrado um grupo de pelo menos 30 trabalhadores, em pleno século 21, em certa região brasileira. Trata-se de um dos quatro municípios da costa norte piauiense, que perfazem os 66 quilômetros do seu curto litoral. Os trabalhadores foram flagrados numa blitz do Ministério Público, no município de Luís Correia. Contratados a trabalho típico de semi-escravidão, eram operários da colheita da palha da carnaúba. Quem nunca apreciou um mármore ou um granito bem polido e brilhante? Pois, saiba que pode estar custando o sangue de gente explorada, como os que foram encontrados na fazenda piauiense: a cera da carnaúba é comumente usada para o polimento na indústria de marmoraria, além de muitas outras utilidades. O “alojamento” daqueles trabalhadores era também abrigo de porcos: porcos no chão, farelos espalhados, operários dormindo pendurados em redes sobre eles, com seus pertences também pendurados ao telhado.

 Que situação ilustrativa! Faz lembrar um discurso do Mestre Divino: Um homem teve dois filhos. E disse o mais moço deles seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. E ele repartiu entre ambos os haveres. E, passados não muitos dias, entrouxando tudo o que era seu, partiu o filho mais moço para uma terra muito distante, num país estranho, e lá dissipou a sua herança, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sucedeu haver naquele país uma grande fome e ele começou a necessitar. Retirou-se, pois, dali, e acomodou-se com um dos cidadãos daquela terra, que o mandou aos seus campos, para guardar os porcos. Desejava ele encher a sua barriga dos farelos que os porcos comiam, mas ninguém lhos dava. Até que, tendo entrado em si, disse: Quantos jornaleiros há na casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu, aqui, pereço à  fome!” (Lucas 15.11-17, BCF, atualizado). Triste! Triste demais!

 Esta narrativa é chamada de “parábola do filho pródigo”; mas, bem que poderia ser chamada de “parábola do pai longânimo”, porquanto o personagem que merece o maior destaque é o pai amoroso e longânimo, não o filho perdulário. Dormir entre os porcos, como os operários piauienses da carnaúba, já é suficientemente degradante. Passar fome a ponto de comer farelo, lavagem, que aos porcos era dado, degradação multiplicada. Aquele moço errou várias vezes: primeiro, pedindo antecipação de herança, desprezando o amor e o provimento paternos; a Bíblia diz: “A posse antecipada de uma herança no fim não será abençoada” (Provérbios 20.21, ARA). Errou, também, sendo gastador; errou, ainda, demorando-se a cair em si… Mas, um dia caiu na realidade, lembrou-se do seu lar e do seu pai, e reconheceu que de onde saíra jamais deveria ter saído. Ensaiou dizer ao pai, e praticamente disse, conforme Jesus ilustra em palavras: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros” (Lucas 15:18,19, ACF). E foi-se a ele…

 O fato é que o pai daquele moço, quando o avistou ainda longe, correu, abraçou-o, beijou-o, e restituiu-lhe a dignidade de filho. Que retrato é esse? É o retrato do amor divino, que, de um auto-renegado, troca farelos suínos por finos manjares (vejaIsaias 55.2); troca farrapos de vestimenta por vestiduras brancas de alvura celestial (veja Apocalipse 3.18), que troca o descalço dos pés da escravidão pelos calçados firmes e seguros do evangelho da paz (veja Efésios 6.15), e que troca, por fim, a humilhação malcheirosa de uma pocilga, por mansões celestiais edificadas pelo Filho de Deus, o Redentor, em ruas de ouro (veja Apocalipse 21.18). É claro que estou usando, aqui, figuras (figuras bíblicas); a realidade da troca é muito mais magnífica! É esse amor divino que, mais do que todos os outros apontamentos possíveis pelo ensino da parábola, é intensamente retratado por Jesus. Vale a pena experimenta-lo, se você não o conhece de verdade; vale a pena desfrutá-lo intensamente, se você o desfruta timidamente…  

Sobre este assunto, um dos compositores norte-americanos se expressou com uma beleza singular; e o grupo “The Gaither Vocal Band” interpreta de maneira magistral, em execução que o nosso Áudio Player online te possibilita ouvir (com minha tradução 'muito' livre)…

THE LOVE OF GOD (1949)
O AMOR DE DEUS
Vesphew Benton "Vep" Ellis (1917-1988)

The love of God has been extended to a fallen race
O amor de Deus vem sendo estendido a uma raça caída
Through Christ, the Saviour of all men, there's hope in saving grace!
Por meio de Cristo, o Salvador de todo homem, há esperança na graça salvadora!

The love of God is greater far than gold or silver ever could afford
O amor de Deus é muito mais valioso que do que o ouro ou a prata possam comprar
It reaches past the highest star, and covers all the world!
Alcança muito mais do que a mais remota estrela, e cobre o mundo inteiro!

Its power is eternal, its glory is supernal
Seu poder é eterno, sua glória é superna
When all this earth shall pass away, there'll always be the love of God!
Quando todo este planeta fenecer, ainda haverá sempre o amor de Deus!

It goes beneath the deepest stain that sin could ever leave
Ultrapassa em muito a mais profunda mancha que o pecado jamais possa deixar 
Redeeming souls to live again who will on Christ believe!
Redimindo almas para reviver, aquelas que crerem em Cristo!

[Volta à 2ª e 3ª estrofes acima]

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Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional