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N° 82 : “MORREU POR MINHA CULPA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 18 de Novembro de 2012

Eu não tenho mais filhos pequenos, muito menos em idade lactante. Meu filho mais novo já passou alguma coisa dos vinte anos.
Mas não consegui deixar de me sintonizar, quero dizer, até me consternar com um jovem pai, com quem ocorreu um fato de marcar 'eternamente'. 
Clóvis Perrut Mantilla, de 29 anos e, até quanto me chega ao conhecimento, um cristão evangélico, publicou a seguinte oração que fez ao Senhor nosso Deus: "Senhor, se possível, leva a mim para junto de ti, mas deixa minha anjinha nesta terra. Mas se essa não for a tua vontade, eu sei que não posso falar com ela, e só o Senhor pode me ouvir. Então, por favor, leia isto para ela: 'Meu anjinho, minha Manuzinha, você é o meu coração, e morreu por minha culpa. Mas eu nunca quis te causar nenhum mal. Enquanto eu levava o seu corpinho para o hospital, pedi prá o Papai do Céu  me levar no seu lugar. Mas Ele escolheu  você, pois você será um anjo mais belo e puro, e esse mundo terrível não é digno de você; espere o papai aí. Em breve estaremos juntos, só não sei o dia… Mas eu , a mamãe e o Juan iremos nos reencontrar com você no céu. Os dez meses e dez dias que você esteve conosco foram os mais belos, felizes  e maravilhosos de nossas vidas. Sempre vou te amar, meu anjinho… Até daqui a pouco, papai".

Manuela Suhet Mantilla, de apenas dez meses e dez dias, morreu no hospital, poucos minutos depois de ter sido retirada de dentro do Honda Civic do pai, onde foi esquecida após o horário de almoço, até o fim da tarde. Ninguém viu – o carro tinha insulfilm; ninguém ouviu seu eventual choro (se chorou) – o carro estava todo fechado. Todos os dias, Manu era levava para a creche por outras pessoas, inclusive a mãe. Mas, naquela Sexta-feira, dia 09 de Novembro, houve uma mudança na rotina, por necessidade de Camila. Então Clóvis ficou incumbido de levar Manuela. Só que alguns fatores acabaram por acarretar a trajédia: esta não era a sua rotina, e um telefonema ao celular, no meio do caminho, arrebatou toda a sua atenção, ele se esqueceu da filha que dormia no bercinho do banco de trás (estes são apenas alguns dos fatores mais revelados, porque certamente há os não revelados). Deixou o carro na porta de um restaurante, onde haveria um almoço de negócios; e, de lá, saiu com outra pessoa, deixando o caarro onde estava (com a filha dentro). Ao final da tarde, Camila foi buscar sua filha na creche, mas ela não estava lá. Quando ela ligou para Clóvis questionando onde estava a filha, foi que o disparo de sua memória detonou toda a reserva de adrenalina no seu sangue. Saiu  ele em disparada, pegou um táxi, e também uma carona de moto, até chegar onde havia deixado o carro, com a filha dentro (sabe como é, esses carros modernos fecham tudo automaticamente num apertar de botão). Era tarde…  Procurei ler um pouco mais sobre a situação, alguns comentários dos internautas, etc… Num primeiro momento, a maioria esmagadora dos comentários horrorizava aquele pai com uma imagem monstruosa. Depois da publicação desta prece, que foi feita a caminho do hospital, e ali completada, muitos comentários de natureza diferente começaram a surgir. Para a psicóloga Maria Valésia Vilela, que deu depoimento a um meio de comunicação, há riscos para a vida de Clóvis: "Ele pode até se suicidar, se ficar muito atormentado por este sentimento de culpa…  Para minimizar a dor, é preciso um tratamento psicológico em que ele perdoe a si mesmo”, diagnostica, defendendo ainda uma mudança temporária da família para outra cidade. “A sociedade próxima a ele nunca vai aceitar sua falha e isso pode prejudicá-lo ainda mais”Descobri, também, que o casal é membro de uma igreja evangélica na área de Volta Redonda, estado do Rio, onde aconteceu a tragédia. 
Na delegacia, uma frase repetida por Clóvis, com a atitude que ele exibia, comoveu até os policiais e delegado: "Ela morreu por minha culpa! "

Eu, pessoalmente, confesso que desde o primeiro momento em que ouvi da notícia, sem ainda saber os detalhes que hoje sei, me senti altamente condoído com aquele pai. Tentei imaginar-me na sua situação, e percebi quão inimaginável é. Me condoí com ele, mesmo sabendo que esta – condoer-me com ele – é uma empreitada um tanto impossível. Oro a Deus, que é o Perfeito e Infinito nestes assuntos de condoer-se com o homem, que seja Compassivo como só Ele sabe e pode ser, com aquela família – o Clóvis, a Camila e o Juan, de apenas 4 anos.  Contudo, se você teve a paciência de ler-me até aqui, que tal ler mais algumas linhazinhas, bem a propósito?
Por exemplo: a frase muitas vezes repetidas pelo Clóvis  – ela morreu por minha culpa – não me sai da cabeça.  E, não tanto por causa daquele fato, mas, também, por outro fato que a frase me lembra.  Um fato de muito maior significação, de muito mais elevado sentimento, de muito mais profunda dor, de muito mais extenso alcance, de muito mais autêntica verdade.  Trata-se daquele de quem  o apóstolo diz : "E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou ." (II Coríntios 5.15, ARA).
Para ele essa frase cabe, enfaticamente, como uma 'luva', como afirmou o profeta, mais de cinco séculos antes que se desse o fato:  "Verdadeiramente ele tomou sobre a si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si;  e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido
Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades;  o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados."(Isaias 53.4,5).
Se há alguém de quem se pode fazer tal afirmação – "morreu por minha culpa! ", esse alguém é o Filho de Deus.  E ele sabe disso; sabia desde o princípio – tanto é que afirmou : "Ninguém tira a minha vida de mim; pelo contrário, eu, voluntariamente a dou…" (João 10.18, trad livre). E, tudo isto, porque "o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido"  (Lucas 19.10). O texto de Deus declara, com autoridade judicial que nem o STF (Brasilia), nem a Corte Internacional de Haia podem refutar – todos são culpáveis (e culpados) perante Deus (Romanos 3.19). E mais: de acordo com I Coríntios 15.3, foi precisamente por conta de nossas culpas diante da face de Deus, que Ele – o Filho de Deus, enviado ao mundo – morreu! 

Dependendo de quem é você, que chegou a ler-me até aqui, prevejo uns três tipos de reações diferentes, em face dessa história toda. 
Primeira possibilidade: se você é um 'filho de Deus' (I João 5.13) e está na Sua comunhão, isto provavelmente te estimula a uma nova rendição, sem reservas, a Ele (releia a primeira citação bíblica acima, de II Coríntios 5.15).
Segunda possibilidade: se você é um filho de Deus, e sabe disto, mas sabe que sua comunhão com Deus não anda lá estas coisas, provavelmente isto te estimula a tomar uma nova posição diante dele (porque "o amor de Cristo [que morreu por nossa culpa] nos constrange ", como diz o verso anterior ao que aqui relembro). 
Terceira possibilidade: se você ainda não sabe ao certo se é um filho de Deus, ou apenas pensa que o é tão somente por ter sido criado por Deus (o que não garante a ninguém ser "filho de Deus"), é provável que você queira entender melhor o que é esse 'negócio' de "ele morreu por minha culpa" (frase idêntica à do Clóvis, sobre a Manuela, sua filha). Já tentou imaginar quanto custou, ao coração de Deus, entregar seu próprio Filho para morrer por pessoas como eu e você, que nunca fizemos (nem jamais vamos conseguir fazer) uma mínima ação que tal sacrifício viesse a merecer? Se você não consegue, como eu, se imaginar sob o sentimento que arrebatou mente e coração do Clóvis, como poderia chegar perto do coração de Deus, naquele ato de entrega à morte do Seu Unigênito Filho, por mim e, quem sabe, por ti?   
 
Finalizando: podemos deixar a vida do Clóvis e da Camila (e até do Juan) com Deus, que saberá tomar conta deles com toda a sabedoria e consolação possíveis; da Manuela, já não há mais o que se possa fazer… Deus a tomou para si! O Clóvis chegou a desejar que Deus o levasse, em lugar de sua filha. 
Mas, quanto a nós, que por aqui ainda ficamos, que a frase do Clóvis, embora trazida por mim a um outro contexto, ecoe o suficiente para carregar-nos para muito mais perto de Deus, porque Ele morreu por minha, por nossa culpa ! Foi precisamente em nosso lugar que Ele o fez!

Presenteio você, como 'remate' desta mensagem escrita, uma mensagem musical, como de costume. 
Infelizmente, ainda não consegui identificar a origem e a autoria do hino… O LP (isto mesmo: LP, "bolachão", vinil, "CD de Itú"…) que tenho, de onde vem esta gravação, não diz o nome original nem a  autoria. Não consegui, ainda, com meus recursos. Se alguém, que me lê, souber me indicar, fico grato. 
Só uma recordação aponto: anos atrás, precisamente em 1989, tive o privilégio de ouvi-lo dentro de um velho Opala quatro portas, que virou uma verdadeira 'caixa de ressonância', da rodoviária até o bairro do Jaraguá, entre outros hinos… 
Foi quando trouxe o Quarteto Âncora de Valadares a Belo Horizonte, para apresentar-se na igreja que estava sob meus cuidados. 
Lá dentro, de vidros fechados, o vozeirão do Isaias Pacheco (esse 'felizardo' já está na glória) e dos irmãos Silva fazia tremer o velho Opalão – doce lembrança que fica até quando eu também for prá lá… 

MORREU POR MIM

Cristo morreu na cruz em dor, seu sangue as manchas me lavou
E perdoou os erros meus – Tudo foi pago, livre estou…

Morreu por mim, morreu por mim, e do pecado me livrou…
Hei de cantar nos dias meus: Cristo morreu e salvo estou!

As harpas de ouro pelo céu os anjos fazem ressoar
Pois que Jesus em dor morreu, mas os perdidos resgatou!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional