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N° 63 : “DECEPÇÕES?… “

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 01 de Julho de 2012

Li, não muitos dias atrás, como um depoimento, uma frase chocante. Reproduzo-a aqui …  "Não sei o que é pior : o amigo que vira um inimigo, ou o amigo que vira um desconhecido!" Existe isso? Uma coisa e outra?  O pior é que existe sim. Talvez você, que me lê, já tenha passado por esta cena, no drama da vida.  Alguém que, inesperadamente, passou a ignorar-lhe.. ou mesmo fazer-lhe oposição… Eu também já… São situações que causam decepções e dor. 
 
Quando há mal entendido, e há chance de esclarecer o mal entendido, há chance também de reverter a decepção. Foi o que me ocorreu, certa ocasião. Nessa, a que me refiro, tive a 'clarividência' de suspeitar da circunstância que acabaria por criar o mal entendido, e tive a chance de provocar (e obter) êxito no esclarecimento.  Mas já houve ocasião que jamais cheguei a saber das razões pelas quais consegui afastar de mim um amigo… É claro que, na avaliação genérica, é possível aventurar várias razões quando as decepções separam amigos: intriga promovida por terceiros, inveja, maledicência, mentira, falsidade, suposições equivocadas; mas também incompreensão, insensibilidade, vaidade… Curiosa a ironia da admoestação salomônica: "As riquezas multiplicam os amigos, mas ao pobre o seu próprio amigo o deixa”  (Pv 19:4). 
 
Decepção é uma experiência relativamente comum na história humana, individual e coletiva.  Mulheres se decepcionam com seus "príncipes encantados", a quem disseram um "sim" no altar um dia;  e homens se decepcionam com suas mulheres – daí, vêm separações (algumas visíveis, outras invisíveis)… 
Companheiros de jornada e de amizade se decepcionam entre si, porque uma falha (ou uma sequência delas) se tornou inaceitável… Eleitores se decepcionam com seus eleitos (isto é até bem comum, concorda?) Fãs se decepcionam com seus ídolos… Filhos  se decepcionam com pais… Alunos com professores… 
 
Certa vez, quando uma turma de alunos que se formavam resolveu fazer de mim seu homenageado paraninfo, incluí uma advertência seguida de recomendação tangente à questão em minha última palavra a eles, como professor. Talvez não me lembre com precisão das palavras e das construções sintáticas que usei, mas foi mais ou menos assim: "E agora, preciso destacar-lhes um fato importante: as decepções virão, e talvez já tenham vindo não poucas durante seu período de estudos.  Eu mesmo posso ter sido responsável por algumas delas… Afinal, mesmo seus professores somos humanos, e sujeitos a desapontar. Também vocês não estarão livres de serem os 'atores' nisto. Mas preciso também acentuar  um outro fato da mais alta importância: lembrem-se de que o Mestre, a quem servimos, é aquele que não desaponta jamais. Podemos nele confiar de tal maneira, sabendo que, quanto mais o sirvamos, mais constataremos quão confiável ele é; ele jamais vos desapontará!" 
 
E é verdade. Vejam que o seu tom aconchegado, quando afirma – "já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; tenho-vos chamado de 'amigos', porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (João 15.15) – traz consigo o estigma de alguém que compartilha o que lhe é mais íntimo ("tudo quanto ouvi de meu Pai"). Provas de quão confiável ele é, ele mesmo já deu com suficiência. Quando acusado injustamente, pediu perdão para seus algozes… Quando negado por um dos seus mais próximos discípulos, não lhe pesou a cobrança pela negação, mas confiou-lhe um ministério pastoral… Quando rejeitado pelos seus, sua própria gente, lamentou com pesar essa rejeição ("…quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos, e tu não o quisestes…) Quando levado à cruz, afirmou que dar a sua vida seria um ato voluntário… Quando quis ilustrar seu amor longânimo, retratou-o com a figura do pai longânimo da parábola do "filho pródigo"…  Quando prestes a deixar o convívio dos discípulos, ainda assim prometeu – "não vos deixarei órfãos"…  Se alguém ousou dizer que Jesus Cristo o desapontou, é porque nada entendeu da pessoa do Filho de Deus! Se alguém ainda ousar dizer que ficou desapontado com Jesus Cristo, é provável que esteja, simplesmente, confundindo os "discípulos" com "seu mestre"! Faz-me lembrar (de novo) Policarpo de Esmirna : "após esses 86 anos, em que tenho servido ao meu bom Mestre, sei que ele jamais me decepcionou…" 
 
Por isto, admoesta a Escritura : "… porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.  Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" (Hebreus 13.5,6). E o apóstolo Pedro, aquele que foi cordialmente perdoado por haver negado três vezes seu bom mestre, tem autoridade suficiente para  exortar: "… lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (I Pedro 5.7) Há algumas figuras que a Bíblia toma emprestadas para ilustrar características do Filho de Deus, nosso amigo.  Uma delas é "pedra", "rocha". Entre outras possibilidades, esta figura permite depreender quão imutável, quão insuscetível ele é. 
Podemos nele confiar porque ele não muda ao sabor das circunstâncias que afetam as emoções, o pensamento e a vontade humana.  

Então, vale a pena repetir, para guardar e não esquecer : Pode o amigo, até o mais chegado, nos decepcionar um dia; podemos nós mesmos ser a causa da decepção. Mas há um que não desaponta jamais …  "Nele a gente pode confiar…  Jesus, Jesus – o seu nome é Jesus Cristo !"
 
Deixe-me, por fim, apresentar o nosso hino de hoje… O autor foi ordenado pastor presbiteriano no mesmo ano em que estourou a Primeira Guerra Mundial. Tinha uma paixão especial pelos empreendimentos evangelísticos, tendo, inclusive, trabalhado com Billy Sunday. E, ninguém menos que Osvald Smith foi quem, com ele e seu irmão, trabalhou por mais de duas décadas. No ano de 1932, encontrou em sua cidade um judeu, a quem começou a evangelizar.  O judeu resistia a todas as suas investidas, chegando ao clímax de questionar : "Por que deveria eu reverenciar um judeu já morto?" Ackley deu-lhe uma resposta a esta objeção mas, terminada a conversa, a pergunta não lhe saía da cabeça. Foi daí que surgiu, também de sua composição, o belíssimo hino "He Lives" (Ele Vive). Quanto ao hino da nossa escolha, resultou de uma dura experiência de desapontamento da parte de uma pessoa de quem não esperava. A passagem apostólica de I Pedro 5.7 foi consoladora sobre sua vida. A consciência de que Cristo é aquele amigo que nunca desaponta foi a sua inspiração.

Heartaches (1938)
MÁGOAS 
Alfred Henry Ackley (1877-1960)

1. Se tens mágoas volve agora a Cristo,
    O melhor Amigo que tu tens,
    Eis que está a ti sempre achegado,
    Pronto a dar-te Seus melhores bens.
    Leva a Cristo as tuas mágoas,
    Vai com Ele ter, vai sem mesmo te deter,
    Leva a Cristo as tuas mágoas
    Que Ele as muda todas em prazer.

2. Se a ingratidão ferir-te a alma,
    Se amarguras vêm ao coração,
    Vê então que Cristo está ao lado,
    E te dá consolo na aflição.

3. Cristo compreende as tuas dores,
    Quer tua alma enferma restaurar,
    Oh, confia em Seu amor imenso,
    Que só Ele pode alívio dar!

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Bom final de semana, boa semana a seguir!
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional