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N° 22 : “PRECIOSA GRAÇA…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 28 de Agosto de 2011

  A música é uma dádiva divina. Ainda no início, na descendência primária de Adão, Jubal foi considerado o pai da música, dos que tocam instrumento. O culto vétero-testamentário trazia uma música consagrada. A arte, a música consagrada é aquela que não se sobrepõe ao espírito da mensagem bíblica, "carregada", "transportada" pela música. Música evangélica com excesso de aparato e arte tolda o valor do próprio culto. A música (melodia), na mensagem musical, é similar ao chamado "excipiente q.s.p" ("Quantidade Suficiente Para…") em determinados medicamentos;pode até dar forma e sabor, mas definitivamente não é o "princípio ativo". O "princípio ativo" é a mensagem, e isto, quando delineada com, na e pela Palavra

   Dentre a variedade de instrumentos, o piano é sobremodo singular, um instrumentos de cordas percutidas.Quis eu aprender tocá-lo, mas já era tarde, tanto na idade quanto na disponibilidade de tempo para o estudo. No teclado do piano há sequências de teclas tradicionalmente brancas, sempre em número de 7 (teclas "marfim"), que são as teclas das notas musicais "naturais". Há também as sequências intercaladas de teclas pretas, sempre em número de 5 (teclas "ébano"), que são as notas "sustenidas". Assim, perfaz-se o total convencional de 88 teclas. Determinados estilos musicais acabaram por se servir, num piano, exclusivamente de um ou de outro conjunto das teclas. Quero dizer: ou das teclas de marfim, ou das teclas de ébano. Por exemplo: O estilo "negro spiritual", estilo típico das canções nostálgicas e escatológicas dos escravos, mormente no século XIX, puderam ser todas musicalmente notadas nas teclas pretas. Ou então já "nasceram" assim musicalizadas. "Rio Profundo" (Deep River), Swing Low, Sweet Chariot , "Vai, Moisés" (Go Down Moses), e tantas outras, foram compostas, em alguns casos sem o auxílio de instrumentos musicais, mas se encaixam perfeitamente nas escalas "pretas" do piano. Por isto, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, devido à tradição evangélica, esta escala do piano é também chamada "Slave Scale" (Escala dos Escravos). É uma curiosidade interessante: tocam-se todos os "negro spirituals" exclusivamente nas teclas pretas.

   Dentre os lindos "negro spirituals" que se tornaram conhecidos do cancioneiro evangélico, certamente o mais famoso e popular é "Amazing Grace". John Newton (1705-1807) compôs esse hino depois de um "quase" naufrágio, onde sentiu que haveria de perder a vida com toda a sua tripulação. Era filho de um mercador inglês de escravos, também de nome John Newton. Perdeu sua mãe com apenas 6 anos de idade. Seu pai deixou para ele a profissão, depois de algumas viagens – filho acompanhando o pai – servindo-se de, e transportando escravos. Por ter fugido do serviço militar naval, foi apanhado como desertor, e punido. Preferindo sofrer sua punição como serviçal de um mercador de escravos, foi abusivamente tolhido, e muito sofreu. Um dia, navegando a caminho da Inglaterra, a tempestade atacou furiosamente a embarcação. Sentindo o pavor de quem imagina que em poucos momentos estariam todos no fundo do mar, bradou: – Senhor, tenha misericórdia de nós!" Reconhecendo que foi a graça divina que o salvou, naquele dia, Newton teve uma radical mudança em sua vida. A reflexão nas palavras que pronunciou, a lembrança da Bíblia e de Deus, trouxeram-no à presença de Cristo. A comparação do regime da escravatura com a sua própria vida, como escravo do pecado e da morte, influíram de modo profundo em sua mente e coração. E daí nasceu o hino. Daria até para escutar, em imaginação, o próprio John Newton, cantando o hino, entre lágrimas e soluços. Não poucos, nem de umas, nem de outros.

   O hino canta a "graça eterna", a "graça excelsa", "a graça suficiente", a "graça preciosa, a "graça benfazeja". A mesma graça cantada e pregada por Davi, de modo inspirado e revelacional: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória. porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam. Assim cumpre-me bendizer-te, enquanto eu viver…" (Salmo 63.1-4) De fato, a Graça do Altíssimo, o Benevolente, o Graciosíssimo, é melhor do que a vida. Davi tinha plena razão. E essa razão não era dele, era do Espírito! Ela, a graça, é a porção que mais precisamos para cada dia. Sem ela, não deveríamos ousar por fora o pé, ou abrir a boca, ou "pôr mãos ao arado" de cada dia. Por isto o salmista diz "em teu nome levanto as mãos". Mais do que uma expressão cultual de mera forma, trata-se de uma disposição expressa de viver, como aquel'outra, do hino "Com tua mão, segura bem a minha, pois eu tão frágil sou, ó salvador… Que não atrevo a dar jamais um passo, sem teu amparo, Cristo, meu Senhor!"  É por causa dessa "preciosa graça" que o apóstolo, sob lutas mil, sob provações e espinhos (até "na carne"), aprendeu, da própria voz de Deus – "a minha graça te basta" (II Coríntios 12.9)

   Que graça infinita. Eu me confesso dela dependente, a cada dia, talvez mais do que todos que eu conheço. Eu me confesso um peregrino, um estrangeiro sobre a terra (Hebreus 11.13) em busca constante da Graça do Inefável. Ainda que eu me atreva a dar meus passos, sei que eles nunca poderão ser acertados, bem direcionados, sem a assistência da Graça indispensável do Providente, o Providentíssimo. Que ela nos valha, que ela nos supra, e nos sustente de pé, a cada dia, até àquele dia, em que a Graça há de completar, em nós, a Redenção!

   Ouça duas execuções de "Amazing Grace": uma, apenas instrumental, com flauta andina, violino, piano, banjo, etc… Outra, a capella, na voz (bem inteligível) dos Arautos do Rei…

Amazing Grace
Preciosa Graça (alguma data entre 1860 e 1870. Olney, Inglaterra)
John Newton (1725-1807) 

Letra original:
Amazing grace! (how sweet the sound)

That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now am found,    
Was blind, but now I see.

’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!

Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.

The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.

Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.

The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional