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N° 80 : “PORQUE ELE VIVE!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 04 de Novembro de 2012

Poucos dias atrás, recebi a recomendação para assistir um acervo de imagens que alguém julgou útil para minhas aulas. Não creio que sejam todas as pessoas aptas para ver tais imagens, sem guardar impressões fortes e psicologicamente marcantes. Trata-se de acervo que mostra um ritual da região de Tana Toraja, na Indonésia: determinados clãs familiares, naquele país, fazem uma celebração com seus mortos,  designada como "Ma'nene", uma festiva "troca de roupa". Eles retiram, de suas covas, os seus mortos, abrem-lhes os caixões diante de todos os familiares, e fazem um cerimonial de troca de roupas dos cadáveres, "em honra aos seus espíritos". Isto mesmo: por considerarem "velhas" as roupas dos cadáveres semi-mumificados, trocam-lhes as roupas; com isto, pensam homenagear seus espíritos, já 'libertos' do corpo. 

De outra parte do mundo, vem-nos certa tradição tida como cristã, desde a idade medieval: alguns cristãos passaram a seguir ensinamento de que é aconselhável dedicar um dia à intercessão pelos espíritos dos que já faleceram. No ano de 998, um monje europeu, chamado Odilon, abade do mosteiro de Cluny (França), passou a pregar um dia para tal prática. Poucos anos depois, passou a ser uma observância por ordem papal. O dia de "Finados", dois de novembro, segue-se ao dia chamado "de todos os santos"… E este, copiando algumas tradições pagãs (principalmente celtas), começa na vesperal, o que originou os rituais de Halloween. No Brasil, constitucionalmente tido como país laico, virou até feriado nacional, e assim permanece até hoje. Nesta semana, cemitérios por toda parte do país (e até mundo) foram varridos e limpos, para receber massas de pessoas para seus rituais. Pessoalmente vi, num deles, mulheres prestando serviço, lavando tumbas (mármore, granito) e fotos. Foram milhões e milhões, em todo o Brasil. Só na capital paulista, os jornais deram conta de que dois milhões de pessoas afluíram. É um quadro contextual que faz-nos retomar o que o nosso Velho-Sempre-Novo-Livro-de-Deus pode dizer sobre o assunto.

Por um lado, esse Livro diz que "morte" não é o fim. Não é como insanamente apregoou o famoso poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade  – "morreu, acabou; não há mais nada!". Ah, isto não. É a palavra de Drummond, contra a palavra do Deus Criador. E, nessa balança, incomparavelmente melhor ficar com o que Deus diz… No dia vindouro, que a Bíblia chama de "Dia do Grande Trono Branco", o futuro tem voz de passado profético: "Deu o mar os mortos que nele estavam; a morte (hades) e o além deram os mortos que neles havia" (Apocalipse 20.13, ARA) "Morreu, acabou!", coisa nenhuma… Há um recomeço, futuramente…  E, em duas direções distintas, diga-se de passagem… Com tal predição profética, a Escritura nos adverte de que todos os espíritos que deixam seus corpos, na morte, vão a eles retornar, na ressurreição que está próxima, mui próxima.

Por outro lado, diz-nos o nosso Livro que a morte não tem que significar desesperança. Por mais contraditórias que possam parecer as palavras, com Cristo até a morte é vida.  "Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte dos seus santos"(Salmo 116.15) "Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer" (I Coríntios 15.36) "Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto" (João 12.24). Com estas palavras, a Escritura nos conforta, por meio da figura e da analogia, dizendo que a morte é o ponto de partida para a vida, e vida eterna. Com isto, o verdadeiro cristão não celebra a morte; ele celebra a vida. Melhor, celebra a vida, quando a vida é com o Autor da Vida!   

Por falar nisto, é preciso lembrar que esta celebração da vida, que inclusive traz a nós outra visão da própria morte, é totalmente possível porque temos aquele pioneiro na história. Esse pioneiro é Cristo Jesus. A vitória dele sobre a morte é também garantida como a nossa própria vitória sobre a morte. "Nossa", quer dizer, quem estiver nele, com ele, por meio dele, sob ele – Jesus Cristo, o autor e consumador da nossa fé.  No evangelho de João, há uma sucessão de afirmações do próprio mestre, que conectam sua obra e suas virtudes à forma sublime de vida que com ele passamos a desfrutar, desde aqui, até ao infinito:  "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (3.36) "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (5.24)"O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (10.10) "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão" (10.28) "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (11.25) "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (14.6)   "Quando Jesus ressuscitou, anjos disseram a quem foi procurá-lo na sepultura: "Por que buscais entre os mortos ao que vive?" (Lucas 24.5)  Pois, posso dizer que a mesma pergunta pode ser aplicada aos que morrem no Senhor; e chegará o dia em que esta realidade será plena e definitiva. O conhecimento da Palavra de Deus é alvissareiro. Ele adverte sobre a morte, sim. Mas, acima de tudo, aponta para a vida que se sobrepõe à morte. Esta vida está em Cristo, e pertence aos que lhe pertencem. "Porque buscais entre os mortos aquele que vive?", perguntaram os anjos… Porque Ele vive, nós também vivemos, e viveremos (ainda que morramos, em caráter temporário) !!!  

Para terminar, segue uma suave execução instrumental do antológico Because He Lives (Porque Ele Vive); você pode até cantar com ela. Em 1970, o casal autor deste hino vivia dias muito turbulentos. Bill estava enfrentando uma séria enfermidade (mononucleose), e o contexto em que vivia a família trazia muitas e severas apreensões. Sua esposa, Gloria, esperava o nascimento do terceiro filho (e ele, sem saber quanto viveria). Imaginavam eles – "que mundo é esse, em que nascerá e viverá esta criança? ". Que mundo lhes preocupava quanto ao seu terceiro filho? Ascensão das drogas, da criminalidade, maior risco de guerras, avanço da atitude pregada pelo slogan nitszcheano "Deus está morto!" nas escolas …  Tudo isto isto, no meio de suas aflições pessoais, apertava-lhes o coração. Então, quando nasceu Benjamim, Deus lhes trouxe o conforto e a segurança de Sua Palavra, a despeito de todas as apreensões. Foi como se " a vida estivesse mostrando sua vitória sobre a morte", disseram. Eis, abaixo, as duas letras  – original e uma versão em nosso idioma.

BECAUSE HE LIVES (1970)
William (1936…) and Gloria Gaither (1942…)

God sent His son, they called Him, Jesus;
Deus enviou Seu filho, chamaram-no Jesus
He came to love, heal and forgive;
Ele veio para amar, curar e perdoar
He lived and died to buy my pardon,
Ele viveu e morreu para remir meu pecado
An empty grave is there to prove my Savior lives! 
Uma tumba vazia lá está, provando que meu Salvador vive!

Because He lives, I can face tomorrow,
Porque Ele vive, posso encarar o amanhã
Because He lives, all fear is gone;
Porque Ele vive, todo o temor se foi;
Because I know He holds the future,
Porque eu sei que Ele governa o futuro 
And life is worth the living,
E viver vale a pena
Just because He lives!
Justamente porque Ele vive!

How sweet to hold a newborn baby,
Quão doce é segurar nas mãos um recém-nascido 
And feel the pride and joy he gives;
E sentir o orgulho e a alegria que ele proporciona
But greater still the calm assurance:
Mas é ainda maior a serena segurança:
This child can face uncertain days because He Lives! 
Esta criança pode enfrentar os  dias incertos… porque Ele vive!

Em Português, eis a letra mais usual : 
Deus enviou, seu Filho amado – prá nos salvar, e perdoar
Na cruz morreu por meus pecados, mas ressurgiu e vivo com o Pai está!
 
Porque Ele vive, posso crer no amanhã
Porque Ele vive, temor não há
Pois eu bem sei, eu sei, que a minha vida
Está nas mãos do meu Jesus que vivo está!
 
Um dia eu vou cruzar o rio; irei, então, prá o céu de luz
Verei que lá, em plena glória, vitorioso reina e vive o meu Jesus! 
 
ou
 
E quando enfim chegar a hora, em que a morte enfrentarei
Sem medo, então, terei vitória, verei na glória o meu Jesus que vivo está!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional