Agora no portal:

N° 74 : “ROSH HASHANA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Setembro de 2012

Ao por do sol do dia de hoje, demarca-se mais um "Rosh Hashana" (pronuncia-se Rôsh Rachaná).  A expressão é hebraica, e significa, literalmente, "cabeça do ano"; designa o início do novo ano judaico, de acordo com antigas tradições rabínicas.  Corresponde à expressão árabe "Ros as-Sanah", que demarca o início do ano islâmico (incidente em outra data). 

O Rosh Hashana judaico de hoje efetua a transição do término do ano 5772 para o início do ano 5773.  Isto mesmo: na tradição rabínica de Israel, inicia-se hoje o 5773° ano da história humana.  
Judeus de antigas tradições relacionam o Rosh Hashana com o dia em que Deus criou Adão e Eva, mas também o relacionam com o Yom Kippur, o dia vindouro do julgamento (ou vingança) divino; são dez dias cerimoniais, que separam as duas celebrações.  Sua instituição remonta aLevítico 23.24, e a expressão é literalmente citada em Ezequiel 40.1. 

No dia do Rosh Hashana, judeus celebram a chegada do novo ano com comidas típicas (chalá, que é o pão redondo, maçã com mel, romãs e tâmaras, e ainda a carne da cabeça de carneiro). Do chifre de carneiro, faz-se o shofar,  uma espécie de 'berrante' em menor escala, que serve para anunciar e festejar o novo ano (Rosh Hashana), mas também para anunciar a proximidade do juízo vindouro (Yom Kippur).

O Novo Testamento na língua hebraica faz uso do shofar  (trombeta, à semelhança dos trezentos de Gideão) para prenunciar o dia da vinda do Messias, o dia do julgamento de suas causas. 
Cronologicamente, posso primeiro citar I Ts 4.16: "Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, e ouvida a voz de arcanjo, e ressoada a trombeta [shofar] de Deus, descerá dos céus; e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro". Neste texto, o shofarproclama o auspicioso evento da vinda próxima do Messias, juntamente o da ressurreição daqueles que, já sepultos, tiveram sua esperança firmada na sua vinda – e ressurgirão com Cristo!  Então, vem I Co 15.52 : "Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta [shofar] soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados". Neste caso, o mesmo apóstolo pinta um cenário consistente com o anterior, detalhando que aquela voz de trombeta ("kohl shofar") será a derradeira.  Por último, poderia citar a profecia de João, referente ao cenário que lhe foi dado contemplar em visão apocalíptica :  "Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta [shofar] , dizendo:  Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. E virei-me para ver quem falava comigo.  E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; eu sou o que vive; estive morto, mas eis que vivo plos séculos dos séculos. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer." (Apocalipse 1.10-19).  Neste último paralelo, o outro apóstolo, aquele que viu a "Nova Jerusalém", ainda detalha que é como um poderoso shofar  a "grande voz" que anuncia a manifestação apocalíptica gloriosa (epiphaneia) do "Filho do homem". 

Quem dera os judeus, ao celebrarem seu Rosh Hashana, tivessem seus olhos abertos para o significado tipológico de tudo aquilo que lhes foi prescrito para o tempo do Antigo Testamento, e que apontava para o pleno cumprimento nos fatos do Novo Testamento.  Infelizmente, ainda que reavivam, desde 1948, suas tradições, um véu de obscuridade lhes cobre os olhos. Aliás, quem dera também no meio extra-judeu, quer dizer, igualmente entre muitos brasileiros e outros americanos, muitos africanos, muitos asiáticos, muitos europeus, muitos oceânicos, muitos boreais e até austrais, a celebração de um "Rosh Hashana"  de  verdadeira e ampla significação espiritual recebesse retumbante  aclamação. 

O profeta que foi serrado ao meio por ordem do rei Manassés (tradição talmúdica) junta os dois elementos apontados pelo decameron  (os dez dias) da ocasião, com uma proclamação singular sobre o Messias:  "O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos cativos; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os espírito quebrantado…" (Isaias 61.1,2).  Rosh Hashana prenuncia o "ano aceitável do Senhor"; Yom Kippur  prenuncia o "dia da vingança do nosso Deus"! No mesmo profeta Isaias, capítulo 63 verso 4, as duas dimensões do evento são também pregadas : o "ano da redenção" e o "dia da vingança".  Os dois fatos, que em breve hão de acontecer de modo cabal sobre todo este nosso planeta e o universo, andam juntos desde seus eventos tipológicos da história judaica. E o próprio Messias declarou o start up  do cumprimento dessa profecia  quando a leu na sinagoga de Nazaré, séculos depois (Lucas 4.16-21).  Quisera o mundo o percebesse. Quisera o meu leitor, que eventualmente ainda não o percebe, também o percebesse.  E com clareza! Naquele dia, estaremos de pé, junto ao Cordeiro de Deus, que aparecerá como juiz glorioso de toda a terra; e nos postaremos à semelhança dos "trezentos de Gideão", porque, ao som dos shofares, a muralha da oposição cairá, e a vitória do Cordeiro será também a nossa vitória! Aqueles que são seus, naquele dia, não lhe serão ignorados.  Oh, que não passe adiante de ti, que não te ignore, o gracioso Salvador !!!

O hino de hoje foi composto por uma cristã de quem já falei algumas vezes em minhas mensagens.  Fanny Jane Crosby, com sua deficiência visual, era a própria expressão da sensibilidade musical em sua pele.  O hino (assim como a autora) tem recebido (e até precedentemente), algumas críticas por sua suposição de uma salvação universalmente ofertada e amplamente disponível. 
Mas, o que poucos sabem é este hino surgiu de uma de muitas visitas de Fanny Jane a um presídio. É verdade: mesmo completamente cega desde 6 anos de idade, por causa de um erro médico, ela incansavelmente pregava a palavra, fosse falando, fosse compondo, fosse cantando. E visitava prisões para tal. Naquela tarde, na prisão, Fanny Jane falou sobre o cego de Jericó, que clamou a Jesus a plenos pulmões – "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim".  Lembrou que Bartimeu chegou a suspeitar de que Jessus passaria ao largo dele, furtando-lhe a oportunidade de encontrar-se com o divino Mestre.   E foi disso que Fanny Jane falou…  Depois de cantar alguns de seus hinos, e dar seu testemunho, Fanny Jane ouviu a voz carregada de um detento, com tom altamente tangente e entre lágrimas, pronunciar as seguintes palavras: "Please, pass me not, O gentle Saviour !" (Por favor, ó gentil Salvador, não passe ao largo de mim!). 
E foi esse tangente apelo do detento que 'inspirou' a compositora. Pôs-lhe melodia William Doane.  Eis aí o hino, na voz dos Arautos do Rei. Se, dentre os que me lêem, houver alguém que se interesse pela partitura, é só pedir, que mandarei um PDF…

PASS ME NOT, O GENTLE SAVIOUR (1868)
NÃO PASSE AO LARGO DE MIM, Ó GENTIL SALVADOR
Letra : Francis (Fanny) Jane Crosby (1820-1915)
Música : William H. Doane (1832-1915)
 
Pass me not, O gentle Savior,
Não passe ao largo de mim, ó gentil Salvador,
Hear my humble cry;
Ouve meu humilde clamor; 
While on others Thou art calling,
Enquanto a outros Tu chamas,
Do not pass me by.
Não passe ao largo de mim. 
 
Let me at Thy throne of mercy
Permita-me, ante teu trono de misericórdia
Find a sweet relief;
Encontrar um doce alento;
Kneeling there in deep contrition,
Ali genuflexo, em profunda contrição,
Help my unbelief. 
Socorre minha falta de fé.
 
Savior, Savior,
Salvador, Salvador
Hear my humble cry,
Ouve meu humilde clamor,
While on others Thou art calling,
Enquanto a outros Tu chamas,
Do not pass me by.
Não passe ao largo de mim.
 
Versos não constantes da gravação :
Trusting only in Thy merit,
Confiando tão somente em teu mérito,
Would I seek Thy face;
Que eu ache a Tua face;
Heal my wounded, broken spirit,
Cura meu espírito quebrantado, ferido
Save me by Thy grace.
Salva-me por Tua graça. 
 
Thou the spring of all my comfort,
Ainda que a fonte de todo o meu conforto,
More than life to me,
Mais do que a vida para mim, 
Whom have I on earth beside Thee,
Tenho na terra ao lado de Ti, 
Whom in Heav’n but Thee. 
No céu não há além de Ti.

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional