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N° 180 : “NINGUÉM TEM PACIÊNCIA COMIGO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Novembro de 2014

Acho que não há uma criança neste país, na faixa etária que vai dos 3 anos até 83, que tenha se incomodado de assistir na TV episódios repetidos do Chaves. Chaves é o personagem criado pelo artista mexicano Roberto Gómez Bolaños (1929-2014). Suas frases de efeito se transformaram em bordões para várias utilidades: para uma conversa descontraída, ou mesmo para recursos de uma aula. Nesta semana, Bolaños deu o último suspiro na terra. Publicaram-se diversos depoimentos de personalidades, como, por exemplo: “O Chaves foi para o céu… Bolaños, vai com Deus!”; “Garanto que Deus vai se divertir muito! Descanse em paz…”; “Que os céus te recebam com a mesma alegria que sempre nos deste (sic)”; “Uma pena que a morte não é como uma viagem para Acapulco, com passagem de ida e volta…”.

Dentre as frases de efeito de seus personagens, várias muitos sabem de cor: “Isso, isso, isso” (de que faz parte a mímica com os dedos da mão); “Não contavam com minha astúcia”; “Se aproveitam de minha nobreza”; “Que burrico; dá zero prá ele!”; “Todos os meus movimentos são friamente calculados!”… E, mais uma: “Ninguém tem paciência comigo!”. Pelo que parece, é a típica frase do personagem que, usualmente, faz coisas que não devia ter feito e é repreendido; ou, que provoca alguns desastres pitorescos.

Há pouca dúvida de que certos bordões do mundo artístico são reflexos do mundo real. Quem nunca se sentiu incompreendido? Quem nunca se sentiu valorizado bem abaixo do que esperava? Quem nunca se sentiu pouco popular, ou pouco apreciado, ou pouco aceito? Quem jamais se sentiu ressentido com pais, com familiares, com pessoas chegadas, pronto para dizer o mesmo que o personagem – ninguém tem paciência comigo…? A convivência sujeita a tal possibilidade. E há diferentes reações possíveis: uns superam mais facilmente reagindo… Outros superam de forma bem mais difícil, retraindo-se… E há, ainda, os que não superam… Isto é peculiar ao ser humano. Faz parte do que é natural no plano horizontal.

Só existe um ser que tem, em si mesmo, quantidade inesgotável de paciência com plena potencialidade de manifestar. Se existir alguma verdade no desabafo – “Ninguém tem paciência comigo!”, esta verdade tem a obrigação de deixar de fora da queixa somente um ser. Sim, somente um ser, e não é criatura – é Criador! É Deus mesmo! Dele, Ele próprio afirma: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (II Pedro 3:9, NVI). É bem verdade que o fato de a paciência de Deus, isto é, a Sua longanimidade, estar sendo manifesta a todos, universalmente (quero dizer, a mim, a qualquer um que aqui lê, e também a qualquer outro que aqui não lê), não significa que todos serão por Ele perdoados. Para perdão, é preciso algo mais que depende também de nós.

Não obstante, para ser justo, justo de fato, com esse tipo de afirmação que se tornou bordão artístico do personagem Chaves, trazendo para a realidade, melhor seria dizer: “Ninguém tem paciência comigo, exceto Deus!”. Veja só que afirmação incontestável: “Não precisa olhar duas vezes para um homem para citá-lo em justiça consigo.” (Jó 34:23, BCF). Quem afirmou isso, como na Bíblia se encontra, o fez plenamente amparado pela autoridade divina. Por que Deus não nos lança, a todos, sob o fogo devorador de sua ira e justiça? Exatamente porque Ele é rico em paciência longânima. Afinal, a declaração adveio precisamente por conta do diagnóstico inquebrável: Não há trevas nem sombra assaz profunda, onde se escondam os que praticam a iniqüidade.” (Jó 34.22, ARA).

O fato é que Deus, sim, é paciente (e é capaz de ter paciência infinita, se a Sua justiça própria o permitisse); é longânimo (e o poderia ser indefinidamente, com condescendência interminável, se a Sua retidão e Sua santidade próprias permitissem). Sem embargo, Ele é paciente muito mais do que, dizendo a grosso modo, deveria ser; muito mais do que poderíamos jamais merecer. Deus é paciente, é benigno, é misericordioso, é longânimo – muito mais do que qualquer um poderia esperar. Mas, não é bom contar com isso para sempre, porque basta-lhe um único olhar sobre nós, e já poderíamos ser levados à presença do Seu tribunal. Se ainda não o fomos, é por causa da Sua longanimidade, da Sua paciência. Quando formos, a continuidade eterna de Sua bondade sobre nós dependerá apenas de estar Cristo Jesus, o Seu Filho, ao nosso lado. Se estiver Ele do outro lado, significará que estaremos nós do lado errado. Então, como dizia minha mãe quando eu era pequeno: “Adeus, viola!”. Porque Deus é paciente e longânimo hoje, no tempo em que Ele mesmo considera tempo de longanimidade. Portanto, ainda que pudéssemos dizer, com toda verdade – “Ninguém tem paciência comigo!”, lembre-se de Deus. Porque Ele tem tido. Mais do que poderíamos almejar… Muito, muito mais do que poderíamos pensar em merecer.

O autor do hino que hoje encerra nossa reflexão o compôs numa fase difícil. Passava ele por dupla provação. A dupla provação atingiu, a um só tempo, sua saúde e seu trabalho, o ministério. As tentações que vieram junto com as provações (sempre é assim) lhe atingiram em cheio a alma, com profundos questionamentos. Podemos quase adivinhar que tipos de questionamentos – normalmente os "por que's" interrogativos, reflexivos… Seu conforto e seu escape veio com o bálsamo oferecido pela Palavra de Deus, precisamente na epístola de Pedro. Quem canta em solo é Doug Oldham (tio de Joni Eareckson Tada), com companhia de Ben Speer e coro de Gaither Homecoming.Depois da transcrição da letra, o nosso AudioPlayer Online… 

DOES JESUS CARE? (1900)
JESUS SE IMPORTA?
Frank E. Graeff (1860-1919) & Joseph Lincoln Hall (1866-1930)

(Doug Oldham) Does, does he [Jesus] care when my heart is pained
Será que Jesus se importa, quando meu coração está dolorido
Too deeply for mirth or even a song? …
Profundamente sequioso por um pouco de alegria, ou mesmo uma canção
When the burdens press, when the cares press down and distress,
[Se importa ele] Quando as aflições oprimem, e as preocupações sobrecarregam e atormentam 
And my way grows weary and long?
Quando o caminho se torna enfadonho e longo? 

CORO (RESPOSTA PARA TODAS AS PERGUNTAS)
Oh yes, He cares, I know He cares,
Oh, sim, Ele se importa, eu sei que ele se importa
His heart is touched with my grief;
Seu coração é tangido por meus pesares
When the days are weary, the long night's dreary,
Quando os dias são fatigantes e a longa noite é sombria
I know my Savior cares.
Eu sei que o meu Salvador se importa! 

(Ben Speer) Does Jesus care when my way is dark
Será que Jesus se importa, quando meu caminho se escurece, 
With a nameless dread and fear?
Com um inominável temor e tremor?
As the daylight fades into deep night shades,
Quando a luz do dia se tolda, adentrando as negras sombras noturnas
Does He care enough to be near? 
Será que se importa o bastante para estar por perto? 

CORO
(Doug Oldham) Well, about it: Does he care when I've tried and I failed
Bem, [ainda] sobre isto: Importa-se ele quando eu sou tentado, e falho
To resist some temptations so strong?
Em resistir a algumas tentações que são tão potentes?
And when, for my deep grief, I find no relief,
E, quando, para minha profunda tristeza, parece não haver alento, 
Though my tears flow all the night long?
Ainda que minhas lágrimas fluam noite a dentro?
Here’s the good news:…
Eis a melhor notícia:… 

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional