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N° 145 : “NUTRIÇÃO DA ALMA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 09 de Março de 2014

À beira do Rio Ilissos, em algum século antes do advento de Cristo, fora de Atenas, o jovem discípulo Fedro, talvez imaginário, se encantava com os ensinamentos do mestre Sócrates. E é o verdadeiro discípulo, Platão, quem transmite os diálogos para os pósteros. Num deles, aparece o “Mito da Carruagem”, na qual Platão explica sua teoria de tríplice composição da alma humana. “O ser humano é como uma carruagem, puxada por dois cavalos – um branco, irascível, outro negro, concupiscível…” O cocheiro quer dominar os instintos dos animais, para conduzir seguramente a carruagem… Mas, enquanto o cocheiro conta apenas com a força inteligível, os cavalos têm a força física. Para Platão, assim se afigura o ensinamento socrático sobre a alma: a carruagem é o corpo; os cavalos são os sentimentos e instintos; o cocheiro é a razão, a inteligência.

De que é feita a alma humana? De que substância é constituída? Como é mantida? Muitos estudiosos diriam – ‘seu tolo: não é de substância, é de energia !’. Pensam eles que a alma é essencialmente impulso energético, elétrico talvez… Seria ela o próprio conglomerado nervoso, desde o cérebro até as menores ramificações? Nesta hipótese, até se poderia desconfiar que seja matéria mesmo. Então, é preciso nutri-la, alimentá-la, como também se alimenta o corpo? Vamos parar por aqui!… É melhor perguntar para os psicólogos (até há alguns ilustres entre os leitores, aqui)… Mas, os psicólogos (salvo honrosas exceções) não estão tão preocupados com a constituição da alma, quanto estão com seu comportamento. Então, vamos perguntar para os psiquiatras que, além de certo conhecimento da psyque humana, também têm o conhecimento das ciências de Hipócrates (até há pelo menos um ilustre da classe entre os leitores, aqui)… Mas, igualmente os psiquiatras (também, com honrosas exceções) não tanto se preocupam com a alma e sua nutrição; antes, se preocupam mais com seus sintomas, e seus deficits… Que tal, então, os neurologistas? Ih! Não me prosperam as esperanças de responder às nossas questões, afastadas do campo das enfermidades, objeto principal do interesse médico.

Então, está bem! Vamos perguntar aos pastores, aos teólogos. Afinal, não costumam eles, no intróito de suas mensagens bíblicas, ou até de alguns de seus ritos, dizer em oração – ‘Agora, ó Deus, alimenta a nossa alma…’ ? Ou então, não chegam a anunciar, na vesperal de sua pregação – ‘Vamos, agora, nutrir a nossa alma!’ ? No entanto, se sua prática subsequente frustrar o discurso, aumenta-se a confusão; assim como não se medica, de fato e de verdade, com placebo, tampouco se nutrem almas com arremedos. Pior ainda se, além de frustrar, contrariar – ao oposto de alimentar, sua administração vier a dilacerar, ferir, machucar, ‘arrancar pedaços’, introduzir corpos estranhos, fragilizar ante as invasões viróticas e bacterianas, presentes a mancheias no cardápio das idéias e opiniões…

Lá em Grenoble, ao pé dos Alpes, próximo da fronteira com a Suíça e com a Itália, está por um fio a alma de um homem mundialmente renomado – Michael Schumacher. Pelo menos, é o que dizem vários especialistas. O que se poderia fazer para realimentá-la à vida? Humanamente falando, nada – dizem eles. É um acontecimento lamentável que, mesmo que não tenha relação direta com a intrigante indagação que vou agora recordar, não deixa de trazê-la à memória: “Pois, que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?” (Mateus 16.26, ARA). Quem lançou esta reflexiva indagação foi Jesus. Merece consideração e resposta. A partir dela, pode-se chegar à conclusão de que alimentar convenientemente a alma é algo que tem valor insuperavelmente mais elevado do que alimentar o corpo, ou mesmo o patrimônio e os celeiros.

A alma é uma substância não material, designada de psyque no idioma dos filhos de Helena, designada nephesh no idioma dos filhos de Abraão. Procede de um ato criativo de Deus quando, ao formar o primeiro da raça humana, soprou sobre aquele um fôlego de vida, e o homem passou a ser “alma vivente” (Gn 2.7). É também designada de pneuma (espírito).  Não se nutre das substâncias da tabela periódica da química (o Oxigênio, o Hidrogênio, o Carbono, o Nitrogênio, os sais, os metais, e assim por diante). Nem por isto deixa de carecer de nutrição.

Que a alma tem ‘fome’ e ‘sede’, isso lá não mais é passível de dúvida: “Rendam graças ao Senhor… pois dessedentou a alma sequiosa, e fartou de bens a alma faminta” (Salmo 107.9, ARA). Sua nutrição é espiritual, e só pode ser encontrada nos suprimentos ricamente vitaminados da Palavra de Deus. Ela pode sofrer superaquecimento… Mas até isto tem jeito: “Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do Seu Nome” (Salmo 23.3, ARC).  Pode abater-se, como se abatem as forças físicas; mas, o tônico da alma é diferente do tônico da carne e do sangue: “Por que te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei: "Salvação da minha face e meu Deus!(Salmo 42.11, BCF). Pode-se frequentar as mais aparelhadas academias para cultura física, mas é por meio da alma, que os mais saudáveis exercícios da natureza humana lhe compartilham a inaudita e inefável face de Deus: “Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma. “ (Salmo 143.8, ARA). Até mesmo os danos que vier a sofrer  – quem não os sofre? – têm perfeita restauração nas ‘oficinas’ da Palavra de Deus: “A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos.” (Salmo 19.7,8, NVI).

Não há nenhum mal em cuidar zelosamente do corpo, da saúde e até da aparência.  Mal, há, em descuidar da alma… Deixá-la com fome e sede da Palavra de Deus… Isolá-la de Deus… Isso faz um mal terrível, irreparável!

A mensagem musical de hoje é uma composição de tempos de apelos missiológicos. Seu autor encorajou ninguém menos que o grande Stanley Jones (1884-1973), missionário metodista que permaneceu mais de 50 anos na Índia (onde até morreu), testemunhando ao povo e ao próprio Ghandi. Vale uma palavra de advertência, em decorrência da sugestão da tradução que aqui será interpretada: não se iluda, pensando que compositor prega um modo de Cristo falar à alma à parte da Escritura Sagrada. Ao contrário: é com ela e por ela que ele, em sua poesia, anseia desfrutar dos ricos nutrientes partilhados por Cristo à alma. Ouvi-la, hoje ainda, faz-me lembrar a voz da minha mãe, que já o cantava em ocasiões muito peculiares, quando ainda pequeno eu era.  

Speak To My Soul (1897)
FALA À MINHA'ALMA, Ó CRISTO
Leander Lycurgus Pickett (1859-1928)

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'