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N° 20 : “RUMO AO LAR…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Agosto de 2011

Depois que me mudei para o bairro Jaraguá, no final de 1988, foi necessário refazer vários relacionamentos comerciais e de serviços das necessidades básicas da família. Antes, residimos certo tempo no bairro Sagrada Família, depois de residr outro tempo em Salvador, na Bahia, e em Recife, Pernambuco. Um novo prestador de serviços aqui, uma nova relação comercial ali, oficinas para automóvel, farmácia, padaria, etc…. Conheci algumas pessoas com quem até hoje mantenho aquela relação de fornecedor-cliente. Dos tais, alguns indicaram peculiaridades muito interessantes. Conto dois casos: Primeiro, o do "Bicicletário FAPA".

  O Adriano era um simpático lojista de peças e serviços em bicicletas. Cativava as crianças e adolescentes, tal a paixão com que executava seu serviço. Aos finais de semana, organizava "pedaladas" coletivas com a meninada pelo bairro e alhures. Dois de meus filhos estavam começando a andar de bicicleta naquela fase, e o fornecedor se tornou, digamos…, "necessário", por causa da sucessão de tombos. Meu mais velho, a despeito do seu autismo de criança especial, teve a graça divina de aprender a andar de bicicleta (e anda até hoje); e o Adriano tinha um carinho todo especial por ele… A principal colaboradora do Adriano era sua mãe, já de boa idade, naquele tempo. Na entrada da lojinha, havia uma placa, com a seguinte inscrição: "Estamos aqui, prosseguindo o que ele começou ". "Ele", no caso, era o homem da foto ao lado da inscrição; era seu pai…

 O segundo caso, começou de modo diferente. Eu conheci primeiro o dono da oficina – Márcio, que lidava com vidros, portas e retrovisores de automóveis. Era comum ter ele, ao seu lado, o filho primogênito – Charles, ainda bem menino, às vezes brincando, mas às vezes ajudando. Dez  anos se passaram, e o meu amigo mudou o nome de sua oficina para "Pai & Filho Autovidros". O Charles, àquela altura, era já seu "sócio". Mais dez anos se passaram, e hoje o Márcio, pai do Charles, é só a lembrança. O filho teve que tornar-se "o homem  da casa", e também da oficina. Mas o Charles, não só manteve o nome da oficina ( "Pai & Filho Autovidros"), como também colocou uma foto do pai, e anuncia a todos que lá vão primeira vez, se perguntarem, a quem ("abaixo de Deus, por ser ele temente) deve ele tudo o que conseguiu  na sua vida.

   Lembro-me sempre das duas histórias e tenho uma apreciação "cardiológica" muito grande por aqueles dois filhos. Dizem que o  "dia dos pais" surgiu por causa de uma filha norte-americana que quis homenagear seu pai, merecedor de honras por ter assumido (e cumprido) a responsabilidade de criar seis filhos, após a morte "prematura" da esposa. A data em que se comemora, em cada país, pode dever-se ao fator histórico (como nos Estados Unidos e em vários países do hemisfério norte), ou ao fator religioso, ou ao fator comercial. E, como seria meritório e natural, veio depois do "dia das mães". No Brasil, no início, o fator determinante da data foi o religioso: o "importador" da praxe fêz coincidir com a data atribuída a certo "santo" do romanismo. Depois, o fator da data passou a ser o comercial, quando oficializado no segundo domingo de agosto – hoje.

   Nós, pais, assim como as mães, temos ciência de que a nossa incumbência é temporária. Só uma relação paternal é eterna por natureza: a que existe no âmbito da divindade. Essa relação supraracional, tocante ao nosso entendimento natural, reservou o papel hipostático de "Pai" à primeira pessoa da trindade divina,  e reservou o de "Filho" à segunda. Por conta disto, o Filho afirma aos remidos, dentre as criaturas humanas, com uma propriedade singular: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos lugar"(João 14.1,2). Trata-se de uma relação natural (porque é da natureza divina) e também sobrenatural (porque se encontra muito acima da nossa compreensão). Quanto a nós, declara a Palavra que, pelos privilégios da "adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito da Sua vontade, e para o louvor da glória de Sua graça", ele nos concedeu "gratuitamente, no Amado" (tudo conforme Efésios 1.5,6),  a regalia desta relação filial, por extensão. Recebemos o "Espírito da adoção, baseados no qual clamamos Aba, Pai" (Romanos 8.15)E é esse mesmo Espírito que recebemos, na conjuntura da adoção de filhos, que "testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8.16). Não precisamos de provas exteriores, não precisamos de equações aritméticas de atestação empírica, não precisamos de corroboração de sinais visíveis ou de provas documentais (como atestados ou certidões de cartórios). O  "cartório" está no céu: o Espírito testifica com o nosso espírito – somos filhos de Deus! E, o que o Espírito testifica com o nosso espírito, nada pode ofuscar, nem toldar, nem muito menos apagar. Tampouco os fatores externos podem subtrair…  Pela posse delegada desse Espírito, o nosso espírito clama Aba, Pai. E por isto, o clamor chega às raias do gemido pela nossa redenção, pela nossa "re-união" com o Pai, o único eterno pai, com a ardente expectativa que aguarda a revelação dos filhos de Deus (Romanos 8.19).

   A palavra de conforto e de robustecimento espiritual que o Filho nos deu, como acima citado, faz com que o apóstolo Paulo nos recomende as lembranças, firmes e sólidas da genuína esperança, como se vê em II Coríntios 6.16-18, que traz o "refrão" constante da Aliança na Escritura:"Habitarei e andarei com eles; serei o seu  Deus, e eles serão o meu povo. … e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso".Que bendita promessa! Que bendita esperança !! Que bendita glória!!! "Promessa, esperança e glória" – daria até um belo sermão, na elaboração refinada de alguns dos meus hábeis colegas.

   Pouco tempo atrás, um sensível compositor sacro capturou em conexão estas duas realidades da relação paternal-filial, numa poesia/música de rara inspiração e beleza. Mais uma vez, infelizmente, vai na língua inglesa. Mas vai um singelo socorro, ao mesmo tempo. Na interpretação seguinte, o próprio compositor se juntou a um quarteto – dois "velhos" (George Younce e Glen Payne, já transferidos para a glória) e dois jovens (Ernie Haase e Scott Fowler) acompanhados de um exímio pianista, também já "transferido" (Roger Bennett)… Ouça, acompanhando esta poesia :

GOING HOME
Rumo ao Lar
William J. Gaither (1938… )

Bill Gaither :
Many times in my childhood
Muitas vezes, em minha infância
We traveled so far
Viajávamos, às vezes para longe
By nightfall, how weary I'd grow.
Ao cair da noite, quão cansado eu ficava 
Father's arms would slip 'round me…
Os braços de meu pai deslizavam em redor de mim
And gently, he'd say –
E, gentilmente, ele dizia
My son, we're going home".
Meu filho, estamos indo para casa

Bill + George, Glen, Ernie, Scott / Roger :
Going home… I am going home…
Rumo ao lar… eu vou rumo ao lar… 
There is nothing to hold me here.
Nada há para deter-me aqui
I caught a glimpse of that heavenly land,
Já ganhei um vislumbre daquela terra celestial
Praise God, I am going home
Glória a Deus, estou indo ao lar.

George Younce :
Now, the twilight is fading…E agora,
o crepísculo vai chegando ao seu ocaso
And the day soon shall endE o dia logo vai terminar
I get homesick the farther I roam
Fico nostálgico, tanto quanto mais vagueio (Jó 19.27)
But my Father has led me
Mas meu Pai me tem conduzido
Each step of the way,
Cada passo da jornada
And now, I'm going home (thank God).
E agora, estou indo para casa (graças a Deus)
Going home… I am going home…
Rumo ao lar… eu rumo ao lar… 
There is nothing to hold me here.
Nada há para deter-me aqui
For I caught a glimpse of that heavenly land,
Pois eu já ganhei um vislumbre daquela terra celestial,
Praise God, I am going home.
Glória a Deus, estou indo ao lar.

Repare não: os aplausos levam em conta que era, como certamente foi, a última apresentação em que juntos estariam George e Glen.

Agora, se você quiser o vídeo com áudio, clique no endereço http://www.youtube.com/watch?v=Ovc1Io9b8tM

 Você verá coisas, digamos, diferentes – Por exemplo, George pede a Bill (o compositor) que cante o primeiro verso, e brinca, dizendo que não se preocupe, pois ele (George) pode ensinar a letra… Glen Payne abrindo uma risada aparentemente estranha no meio de um dos versos – Glen era um homem extremamente sensível e emotivo; era essa a maneira com que ele retraía as lágrimas insistentes, em determinados momentos de apresentações. Foi, também, a última apresentação do quarteto. O auditório, pressentindo ser a última apresentação da dupla de… "velhos", prorrompe em aplausos.Concentre-se no que precede.

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional