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N° 148 : “LINGUAGEM OCULTA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Março de 2014

Morreu ontem, aos 89 anos de idade, Jeremiah Denton. Quem foi ele? Foi um oficial aviador da marinha norte-americana, que combateu na guerra do Vietnam. Seu avião foi abatido no antigo Vietnam do Norte, mas ele ejetou-se, sendo preso pelos vietcongs ao atingir o solo com seu para quedas. Um episódio singular e interessantíssimo de sua vida deu-se na prisão vietcong, onde permaneceu por oito anos, sendo quatro em confinamento solitário. Tal aprisionamento levou-o ao limite da sanidade mental e da fome. Em 1966, foi ‘convocado’ da prisão pelas forças comunistas do governo, para dar um depoimento televisionado. A expectativa era a de aproveitar sua fragilidade para detratar o governo norte-americano. Enquanto respondia as perguntas, anuindo que era tratado adequadamente sob a condição de prisioneiro, Denton passou ao mundo, pela tevê, uma mensagem em linguagem ‘oculta’. A ‘linguagem oculta’ era o Código Morse. Mas, como, sem ter um único instrumento ou transmissor às mãos? Denton soletrou, ante a ignorância dos oficiais vietcongues, a palavra “tortura”, apenas piscando os olhos. Isto mesmo: enquanto respondia às perguntas, Denton ia piscando, em Código Morse, cada letra da palavra “tortura”. Ninguém, entre as pessoas que ignoravam o código de comunicação, desconfiou da sua mensagem em linguagem oculta, isto é, codificada. Mas foi assim que sua mensagem alcançou o mundo fora da prisão. Depois dos oito anos de horrores, quando quase morreu, Jeremiah Denton foi liberto, voltou à sua pátria, elegeu-se senador, e escreveu a autobiografia – “Quando o Inferno Estava em Sessão”. Sua idéia de mandar uma mensagem ‘oculta’ aos seus algozes virou lenda e filme. Ontem, chegou ao fim sua jornada de vida.

Você, leitor, conhece Código Morse? Os radioamadores da “velha guarda” o conhecem bem. Quando, mais de trinta anos atrás, prestei meu exame ao órgão oficial de habilitação entre eles, destreza na linguagem “Morse” era exigida para as categorias mais avançadas. Foi ainda na primeira metade do século XIX que surgiu, pela criatividade do novaiorquino Samuel Morse. Hoje, está um tanto relegada à história, mas foi responsável por significantes eventos que a escreveram, daqueles dias até bem próximo dos nossos. Trata-se de uma linguagem similar à linguagem dos bits e bytes da informática, em que dois tipos de sinal – um de duração três vezes mais longa do que o outro – se combinam para formar todas as letras de um idioma. Comumente, estes dois sinais são graficamente representados por um “.” (ponto) e um “–“ (traço), mas seu uso geral é na forma sonora. Combinando-se as letras, têm-se palavras; combinando-se as palavras, tem-se a mensagem. Foi assim que Jeremiah procedeu: alternando piscadas d’olhos longas e curtas, ‘pronunciou’ T-O-R-T-U-R-E, enquanto respondia perguntas. Quer checar? As ferramentas de busca às fontes de vídeo e áudio armazenadas na internet te mostrarão as imagens históricas, reais. Fantástico, não? Você teria uma idéia assim? Quanto a mim, sei lá!…

Peço sua permissão para usar a menção deste fato tão pitoresco para lembrar algo que se dá na comunicação de Deus para os homens. Posto que Deus nos criou, até quando ocorreu o episódio histórico do Dilúvio universal, nos dias de Noé, o mundo falava uma única linguagem. Todos os ‘terráqueos’ se entendiam sem qualquer embaraço. Mas, foi só a descendência de Noé desafiar a Deus, tentando construir a torre de Babel, que Deus interferiu, multiplicando as matrizes idiomáticas do mundo. Dali prá diante, só se entendiam aqueles da mesma ‘tribo’ filológica. E ali começou a história da diversidade linguística do planeta. Se você quiser conferir como foi, vá ao ‘livro’ de Gênesis, capítulos 6 a 11.

No entanto, por muitos anos, quando Deus queria comunicar-se com alguém da humanidade, Ele arranjava um jeito de produzir um discurso no idioma que esse tal praticava. Por vezes, isto se dava até na forma de diálogos. Ocorre que, um dia, decidiu Deus que era hora de comunicar a um segmento da humanidade, de modo permanente, a primeira parte de todo o conhecimento mais útil que Ele poderia proporcionar ao homem; em que idioma o faria? De que nação? Qual seria a escolhida? Bem! Igualmente pelo Gênesis, tomamos ciência de que essa felizarda nação ainda não existia. Deus a constituiu, num processo que durou séculos, a partir de Abraão, o patriarca da fé. Séculos mais tarde, a segunda parte – a parte final – da comunicação divina para os destaques da Sua criação veio, porém noutro idioma. E, assim, temos o Antigo Testamento, primordialmente em hebraico, e o Novo Testamento, primordialmente em grego. Depois, bastaria providenciar traduções. Tudo resolvido, não?

Nem tanto! Alguém pode ser hábil a ler hebraico, ler todo o Antigo Testamento, e não descortinar o que Deus pretende com tudo que foi escrito. Pode parecer ‘linguagem oculta’ (como o Morse, para os que lhe ignoram os códigos). Igualmente, pode alguém ser versado no grego dos dias de outrora, ler todo o Novo Testamento, e continuar tudo “falando grego”. Mesmo que leia as duas partes no vernáculo, o efeito pode continuar sendo o mesmo.  

Antes que você, talvez lendo estas páginas pela primeira vez, pense que vou detratar a Bíblia, digo logo, de antemão: o problema não está no autor da comunicação (Deus, no caso), nem na linguagem (se original ou traduzida, a Bíblia). O problema está em nós, leitores. Falta-nos, na situação mais típica da natureza humana, o recurso de entendimento mais necessário. Sem ele, tudo fica parecendo “Código Morse” para os profanos daquela requintada linguagem. Refiro-me ao Espírito de Deus. Digo que a Bíblia tem autoridade, consistência e clareza próprias: “Vossa Palavra é facho que ilumina meus passos, é luz em meu caminho” (Salmo 119.105, BCF). Seu conteúdo é todo virtuoso: “A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma. O testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração. O mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido, e permanece para sempre. Os juízos do Senhor são verdadeiros, e todos igualmente justos. (Salmo 19.7-9, ARA). Mas, digo também que a necessidade da atuação do Espírito de Deus é inseparável dela, de modo a conduzir o leitor da Bíblia aos mais elevados significados do texto “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente.” (I Coríntios 2.14, NVI). A propósito: “discernir espiritualmente” é discernir com e pelo Espírito.

Acontece uma coisa: O Espírito de Deus não está disponível aos que procuram a Palavra de Deus sem passar pela ‘porta da salvação’ em Jesus Cristo. Ele não se prontifica a esclarecer a Escritura aos que não pertencem ao Reino do Filho de Deus. Eis a razão pela qual a rendição a Cristo é de suma importância para conhecer todos os mistérios de Deus revelados na Bíblia. Você quer conhecer a extensão, e a profundidade, e a sublimidade do Livro do Eterno? O Eterno Espírito de Deus, dote de quem tem a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, é indispensável. É o Espírito de Deus quem exerce o papel preponderante naquele em quem se dá o fenômeno descrito aqui – “Ora, sem fé é impossível agradar-Lhe [a Deus], porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que o buscam.” (Hb 11.6, ARC).  Quem não lê a Bíblia, ou lê ocasionalmente, ou lê apenas intelectivamente, se priva do maior tesouro das riquezas eternas: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus… (Rm 11.33, ARA). Quem a lê sem a assistência preceptora, divina, do Espírito de Deus, corre o permanente risco de não desvendar o que Deus efetivamente revela em suas páginas; de não descerrar o valor eterno de seus escritos. A linguagem pode ser familiar, mas a mensagem pode não ser captada. É imprescindível pedir e depender do Espírito de Deus para alcançar suas riquezas sem paralelos.

Por outro lado, a comunicação que se dá entre nós e Deus, nessa ordem de procedência, ainda que idiomática para os casos mais usuais, pode suplantar a necessidade do idioma. Podemos nos dirigir a Deus na mente, isto é, no Espírito, e Ele consegue captar e entender “Porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. " (I Coríntios 2.10, ACRF). Além das palavras, até nossos pensamentos e sentimentos revelam a Ele o que somos, o que queremos, onde erramos, em que falhamos, ou em que acertamos. Ainda que necessária, quando diante de outras pessoas, no encontro solitário com Deus pode estar oculta a linguagem. Mesmo assim, Ele nos desnuda por inteiro, e nos conhece, e sonda, e perscruta. Mas, o mesmo requisito antes apontado, para compreensão da comunicação ‘de lá prá cá’, é também o eficaz meio de fazer com que nossas palavras, mesmo ocultadas sob o código oculto da mente, ou do coração, alcancem a presença do Todo-Poderoso. Como está escrito: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6, BCF) e  Porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” (Romanos 8.26, ARC)

Enfim, não é que a linguagem de Deus nos seja oculta. Ele se comunica conosco em linguagem que está ao nosso alcance entender. Só precisamos do Espírito Santo, assistindo-nos na leitura de Sua Palavra. Muito menos nossa linguagem, por mais pobre que seja, O faz incapaz de identificar o que queremos dizer-Lhe. Só precisamos do “protocolo de comunicação” adequado: buscar-Lhe, em oração sincera, gabaritada pela Sua própria Palavra, conduzida no Espírito, por meio do Seu Filho. Nada mais! Sem complicações !! Nada tão complicado quanto aprender Código Morse!!!

Fique, agora, com a mensagem musical de um cristão que disse como o salmista Davi: “Recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?” (Salmo 56.8, ARA). Das lágrimas vertidas pelas provas da vida, diante de Deus, transformou-as ele, todas, em palavras de sujeição e busca do Altíssimo.

“TEARS ARE A LANGUAGE GOD UNDERSTANDS” (1971)
LÁGRIMAS SÃO UMA LINGUAGEM QUE DEUS ENTENDE
Gordon Jensen (1951…)

Often you wonder why tears come into your eyes 
Quão freqüente você se surpreende com lágrimas que vêm aos olhos
And burdens seem to be much more than you can stand 
E sobrecargas parecem ser muito mais do que possas suportar
But God is standing near, He sees your falling tears
Mas Deus está por perto, Ele vê tuas lágrimas a cair 
Tears are a language that God understands!
Lágrimas são uma linguagem que Deus entende!

GOD SEES THE TEARS OF A BROKENHEARTED SOUL
Deus vê as lágrimas de uma alma quebrantada 
HE SEES YOUR TEARS AND HEARS THEM WHEN THEY FALL 
Ele vê tuas lágrimas, e ouve quando caem
GOD WEEPS ALONG WITH MAN AND TAKES HIM BY THE HAND 
Deus chora junto com o homem, e o toma pela mão
TEARS ARE A LANGUAGE GOD UNDERSTANDS!
Lágrimas são uma linguagem que Deus entende!

When grief has left you low it causes tears to flow
Quando o pesar te deixa caído, faz caírem as lágrimas 
When things have not turned out the way that you had planned 
Quando as coisas não acontecem do jeito que planejaste
But God won't forget you… His promises are true 
Mas Deus não se esquecerá de ti… Suas promessas são verdadeiras 
Tears are a language that God understands!
Lágrimas são uma linguagem que Deus entende!

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Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'