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N° 14 : “E ELE SE IMPORTA?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 03 de Julho de 2011

Minha mensagem de Domingo passado gerou reações. Algumas, solidárias. Outras, sem que deixassem de o ser, não deixaram também de somar questionamentos. Lidar com fatos que não compreendemos, e que o nosso lado natural, humano e especulativo resiste, é inteiramente compreensível. Me lembro que, quando ocorreu o tsunami de 2005, com a devastação, a inquietação que dele decorreu, fui desafiado a pregar uma mensagem, ao ensejo. Por aqueles dias, observei que um jornalista atrevido fez um comentário (rádio, TV, coluna impressa) no qual se reportava a algumas considerações que tinha ouvido a respeito do fenômeno. Dentre elas, destacou o jornalista que alguém afirmara que Deus estava no controle, e que nada, mesmo um tsunami, estaria fora de seu domínio. O jornalista, então, fez o seguinte comentário: – "Se é que Deus existe, deve estar brincando com a humanidade; mas, se existe, devo dizer-lhe que se trata de uma brincadeira de muito mau gosto!". Daí, elaborei uma mensagem que tinha 3 argumentos para "tentar" dar uma palavra sobre o nefando fenômeno, e ainda "responder" ao tal jornalista. Bem, é lógico que não estava ao meu alcance (nem em pretensão) responder a ele – ele nem sabe que eu existo… Mas, poderia ser que alguém mais, no meio do povo que ouviu minha mensagem, tivesse visto ou ouvido o próprio…

   Na minha mensagem – As Lições de Um Tsunami – me reportei à "catástrofe" pessoal de Jó, focando o capítulo 34. A palavra de Eliú, a quem, pessoalmente, considero um profeta intensamente tipológico do próprio Cristo, foi extremamente desafiadora. Tanto que, depois dele, ninguém mais ousou falar, e foi o próprio Deus quem assumiu a palavra. Além disto, nada do que Deus falou, dali em diante, retificou uma só palavra de Eliú (diferentemente do que fez com Jó, e com seus 3 amigos). Muito ao contrário, só ratificou.

 Meus argumentos foram metafóricos:

1. "Estamos todos no mesmo barco"… (significando que, nas circunstâncias da vida, Deus não faz acepção de pessoas – tudo nos é relativamente comum).

2. "O timoneiro não é sádico"… (significando que a acusação do jornalista, parecida com a do cético John Stuart Mill, é pura falácia).

3. "Os acidentes do percurso são sinais da chegada" (significando que tudo o que nos ocorre serve para advertir e admoestar sobre os dois destinos finais).

   Sofre o justo, sofre também o ímpio (e vice versa)… Morre o justo, também morre o ímprio… Se a morte é por um cataclisma, ou por um ônibus ou avião que se precipita, não ocorre, a priori, escolha de quem vai ou fica por ser ou não ser temente a Deus. No vôo 447 da Air France poderia haver crentes – por que não?; Deus não tinha compromisso de resguardar da morte (ou do fundo do oceano) esses crentes, à diferença dos não crentes. E mais: Deus não está brincando com a humanidade, definitivamente. Cuidado com esse tipo de brincadeira com Deus, porque Ele não se deixa escarnecer. Os discípulos perguntaram a Jesus, diante de um cego de nascença: Senhor, quem pecou – este, ou seus pais – para que assim nascesse? Jesus logo tratou de dissipar-lhes a ilusão, fruto de uma falsa doutrina, "doutrina" essa que passou por um "reavivamento" contemporâneo. Por fim – tal como Deus também mostrou a Jó – as situações estranhas e efêmeras da presente vida servem para advertir quanto à que é definitiva, futura. Jó entendeu a lição, com o seu "dever de casa" ("Eu antes te conhecia só de ouvir, mas agora…"). Mas, inquietações permanecem; pois as dores e os sofrimentos estão aí, todos os dias… Dúvidas, continuam assaltando; pois, hoje conhecemos como que por espelho…

   Uma das pessoas que correspondeu comigo ilustrou a forma como lida com essas inquietações, e julguei que vale a pena reproduzi-la, hoje: "Nessa metáfora, imagino Deus montando um grande quebra-cabeças, do qual ele já tem a figura final. A figura final é a realidade final quando da redenção da criação, no fim deste mundo e início dos novos céus e nova terra. Acontece que para montar o quebra cabeças Ele usa peças que vão chegando ao longo do tempo, peças essas que somos nós." Daí, surge agora uma nova pergunta; com essa nova pergunta, reverto agora a minha atenção para o outro lado da questão: E, se Deus se importa com as peças, QUANTO Ele se importa? Mais uma vez, vamos ao Manual do Criador (e Redentor): Salmo 40.17 : "Eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim; tu és  o meu amparo e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu." Salmo 121.3 : "Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda" Mateus 6.25-34: "Não valeis mais vós muito mais do que as aves?… se Deus veste assim a erva… quanto mais a vós outros… vosso Pai celeste sabe que necessitais de [todas essas coisas]… Não vos inquieteis com o dia de amanhã… !" João 16.33 : "No mundo tereis aflições; mas, tende bom ânimo – eu venci o mundo!" Romanos 8.37 : "Em todas essas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" I Pe 5.7 : "Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós"… Por mais incompreensível, por mais "in-compartilhável", por mais solitária, por mais inaceitável, por mais … qualquer outra coisa do gênero que também comece com "in", ainda assim se sustenta de pé, sobranceira e altaneira, a verdade : ELE SE IMPORTA ! ELE CUIDA DE NÓS ! ELE NÃO NOS ABANDONA ! ELE NÃO NOS DESAMPARA !!! Ele se importa, muito, totalmente! Mesmo que não mereçamos (é o meu caso).

   O autor do hino abaixo era um ministro metodista. Foi num período em que passou por uma dupla provação que ele compôs essa letra (que é maior do que copio abaixo). A dupla provação atingiu, a um só tempo, sua saúde e seu ministério. As tentações que vieram junto com as provações (sempre é assim) lhe atingiram em cheio a alma, com profundos questionamentos. Podemos adivinhar que tipos de questionamentos – normalmente os "por que's interrogativos, reflexivos… Seu conforto e seu escape veio com o bálsamo oferecido por um dos textos acima anotados (precisamente o de Pedro).

 Há uma versão adaptada em português, que coloco, em vozes mistas (embora um pouco mais pobre em poesia). 

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional