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N° 351 : “POLIMENTO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 22 de Julho de 2018

 

Não escondo de ninguém minha paixão pela genealogia das palavras. Por exemplo: a palavra que dá título a esta mensagem foi objeto de minha pesquisa etimológica. O verbo polir vem do latim polire; no latim, chegou ‘desembarcando’ do grego antigo – palleo, cujo substantivo é polios (donde vem, em Português, poliomielite).  Dá origem a polir, mas também a pálido. A ideia original tem a ver com a cor negra abrandada, empalidecida. Polir, portanto, carrega, na origem, a ideia de suavizar, abrandar.

Há polimento para vários tipos de materiais: para a pintura (como do automóvel), para a pedra (como do mármore e do granito, brutos), da peça de cerâmica (como um utensílio, ou mesmo uma prótese ou órtese dentárias), da peça de ornamento (como as que são feitas de metais, ou de porcelana), do piso (mesmo que seja um concreto de cimento, que embeleza-se com o polimento apropriado), do adorno pessoal (como as jóias de ouro, prata, ou qualquer outro metal).

De um modo geral, o polimento é abrasivo. Isto significa que a abrasão, que é um processo de desbaste e de desgaste físico de superfície), torna o objeto polido, isto é, abrandado, suavizado. Polimento, seja qual for o material, tem o poder de remover asperezas provocadas pela deterioração do material, incrustações provocadas por adesão de impurezas, manchas provocadas por contaminações, oxidações provocadas pelo tempo, irregularidades da superfície, provocadas pelo uso. Com isso, traz aos olhos uma superfície destacada por sua beleza, antes escondida.

Quem não aprecia ver um jogo de utensílios de cozinha de prata reluzente, quando polido? Quem não aprecia ver um sorriso que expõe a dentição polida, livre do tártaro e das placas? Quem não gosta de contemplar o próprio automóvel, quando o polimento traz de volta a beleza original da pintura? Quem não aprecia ver o mármore ou o granito, recém saído da marmoraria, polidinho e brilhante? Ou uma aliança no dedo, renovada pelo polimento?

Obviamente que se o objeto sob polimento tivesse sentimento, choraria e gritaria durante o processo; afinal, sendo abrasivo, não tem como não ser doloroso. Uma lixa de ‘grão’ número 80 esfregada no braço ou na barriga várias vezes, dói mesmo.

Na nossa vida também é assim: a beleza daquele “eu” interior, que foi feito à imagem e semelhança do Criador, pode estar oculta, ou mesmo confundida com as impurezas, com as manchas, com as incrustações, com a oxidação… Como, depois que ocorreu a Queda no Éden, todos nós já nascemos com o potencial de todos esses defeitos – aspereza, manchas, incrustações, etc – nada como um ‘polimento divino’ para nos abrandar, nos suavizar, e trazer de volta, em nós, a beleza da imagem e semelhança de Deus.

E, como Deus faz isso? Situação idêntica: o ‘polimento divino’ costuma ser abrasivo, como a lixa. Às vezes, se os defeitos são muito salientes, Deus pode usar “lixa grossa”; mas, às vezes, “lixa fina” pode ser suficiente. Veja: A vereda do justo é plana; tu, que és reto, torna suave o caminho do justo” (Isaias 26.9, NVI). Deus, com seu ‘polimento’ aplicado às nossas vidas, tem por alvo tornar-nos justos, e tornar suave o nosso caminho.

Veja quanta sabedoria divina Tiago expressou em palavras: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tiago 1.2-4, ARA).

Além do mais, ‘polindo-nos’, Deus quer nos preparar para servir de consolação a outras pessoas; Ele, aplicando ‘polimento’ a nós, está nos preparando para nos usar no ‘polimento’ de outrem: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (II Coríntios 1.3,4, ACF).

Ora, se temos necessidade de consolação de Deus, é porque também passamos por tribulações, como diz o apóstolo. Passamos, por causa dos insondáveis e sábios propósitos de Deus!… Porque, Ele quer nos ‘polir’, já que somos ásperos por natureza; incrustados, por natureza; cheios de oxidação e ferrugem, trincas e arranhados, por natureza. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos” (Salmo 119.71, ARC)Uma coisa é certa: “Os sofrimentos do tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18, ARA). Bendito, pois, seja Deus, quando nos coloca no ‘polimento’!

Em 1987, uma família de Cedarville (Ohio) nos visitou em Salvador. Uma canção que eles entoaram em Português ficou marcada na memória. Com uma letra um pouquinho diferente, desfecho esta mensagem com a linda oração que eles cantaram… 

FAZ-ME UM SERVO
MAKE ME A SERVANT

Kelly Willard (1956-…)

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional