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N° 329 : “PERISSOS”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 28 de Janeiro de 2018

“Olha, depois que eu passei vinte e cinco dias dentro daquele lugar, e saí, eu passei a ver a vida com outros olhos”. Foi o que me disse um amigo meu, poucos dias atrás, depois de tais dias na prisão.

Trata-se de um amigo que conheci onze anos atrás, numa cidade nordestina, a partir de relações iniciadas meramente por razões, digamos, comerciais. Por uma questão de preservação de identidade, vou ocultar a cidade, e vou atribuir a ele o pseudônimo de Ari. Pois bem! Ari é um nordestino sem curso superior; portanto, sua detenção não teve qualquer regalia. Não é político; portanto, não teve foro privilegiado. E, por que foi detido? Ari foi acusado, injustamente, de ter sido o homicida de um seu conterrâneo e colega de trabalho.

O colega de Ari foi assassinado a tiros num episódio inusitado, em seu próprio carro. Por ter tido uma pequena rusga com esse colega, o Ari foi logo apontado como possível autor do crime, quando a polícia começou a investigação. Com isso, foi detido preventivamente.

Uma prisão não é lugar agradável; com certeza, não! No nordeste brasileiro, pode ser ainda mais tenebroso do que aqui no sudeste. Se o cidadão sabe que não é culpado do crime de que se tornou suspeito, é angustiante. Pensar na família, lá fora, durante todo o tempo da detenção, é uma angústia ainda maior. Curiosamente, mesmo tendo provada sua inocência, e sendo liberto, Ari continuou sofrendo discriminações.

Sei de casos em que a pessoa passa anos e anos, até ser provada sua inocência. Nos Estados Unidos, David Ranta, novaiorquino, foi solto pela comprovação de sua inocência em 2013; mas já tinha passado 23 anos na prisão. Na Carolina do Sul, George Stinney, adolescente negro de 14 anos, teve cancelada, em 2014, sua condenação pela morte de duas meninas brancas; foi provada sua inocência. Entretanto, George já havia sido executado 70 anos atrás. Foi a tecnologia moderna que permitiu identificar o verdadeiro culpado; 70 anos depois de um inocente ser executado.

Quando ouvi a afirmação de Ari – a que abre esta mensagem – a primeira lembrança que veio à minha mente foi uma afirmação de Jesus: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e perder; mas eu vim para terem vida, e a terem na maior abundância” (João 10.10, BCF).

É certo que Jesus contou esta pequena parábola para se referir aos religiosos de coração falso que enganavam o povo, e lhes extorquiam haveres. Eles reivindicavam que eram filhos de Abraão, filhos de Deus, portanto. Mas Jesus lhes refutou: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade…” João 8.44, ARA). Fica claro, portanto, que, ao se opor Jesus aos sacerdotes e líderes hipócritas de Israel, estava se opondo ao ‘pai” deles – o diabo!

Portanto, sei que o diabo se deleita na desgraça humana, no seu infortúnio, na sua angústia, no seu sofrimento. E toda vez que qualquer de nós se encontra numa dessas situações, o diabo fica feliz, como se antecipasse um pouco do inferno na nossa vida. Mas o inferno será muito pior… Se o homem que tem dúvidas quanto ao futuro de sua alma, quanto à eternidade, quanto a céu ou inferno, experimentasse um pouquinho do inferno antes de morrer, provavelmente valorizaria muito mais a contraproposta de Jesus: “eu vim para terem vida, e a terem na maior abundância” (fartura, profusão, sem bastança, sem limites).

A palavra “abundância” é a preferida pelos tradutores em Português, para traduzir a palavra grega perissos (ou perisson, no texto). Perissos é, literalmente, “além do limite”. “Abundância” vem do latim: Ab (além, ou proveniência) + undare (ondas); literalmente, representa o transbordamento incontrolável das águas em ondas. Em Efésios 3.20, os tradutores traduzem a mesma perissos como “infinitamente mais”.

É isto o que podemos ter em troca. Mas (sempre tem um “mas”), só com Jesus! Só Jesus tem vida em abundância (perissos) para dar… Pelas páginas da Bíblia, a vida na maior abundância que só Jesus tem para dar é perissos (além dos limites) porque ultrapassa esta vida, e adentra a eternidade. É uma troca e tanto: em vez do inferno, sem Jesus, céu! Com Jesus, o estado temporário de prisão nesta vida, já proporciona liberdade condicional por aqui, e definitiva na eternidade.

Eu nunca fui preso; nunca fiquei detento. Mas, hoje, sabendo o que poderia ser viver sem Cristo, sabendo o que poderia ser a eternidade sem Cristo, posso dizer algo parecido com o que disse o Ari: depois que Cristo me libertou da escravidão de uma vida inútil e sem sentido, em que o pecado seria responsável pela minha catástrofe, olho para a vida com outros olhos. Com olhos que contemplam a eternidade… Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5.17, ARC). Muito obrigado, Jesus!

 

Quanto à canção que encerra a nossa mensagem, conto uma história: certo missionário foi pregar numa prisão na Jamaica; falou ele para várias centenas de presos. O carcereiro perguntou se ele gostaria de falar a um grupo menor, noutro recinto – eram os que estavam condenados à pena de morte. Roy Gustatson foi e pregou; depois, cantou o hino abaixo.  Um dos presos gritou-lhe:
– Pregador, vou para a forca na próxima Terça;  há esperança de céu para mim?

O missionário, extremamente comovido, falou-lhe do ladrão da cruz, que obteve entrada no céu em seus últimos minutos com Jesus. O homem se derramou em lágrimas, e pediu ao pregador para cantar, de novo, o hino. No estribilho, aquele condenado, com 'um pé no cadafalso', pôs-se de pé, e passou a cantar junto as palavras:
“Now I belong to Jesus, Jesus belongs to me; not for the years of time alone, but for eternity!”
[Sou de Jesus agora, Cristo Jesus é meu; não só nos dias que se vão, apenas, mas por toda a eternidade – em tradução mais que livre].

SOU DE JESUS AGORA
Now I Belong to Jesus (1942/1943)

Norman John Clayton (1903-1992)

Ouça, na voz de harmoniosos cantores adventistas, com nosso

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Até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)

NOTAS (versões bíblicas):

ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
ARC – Almeida Revisada e Corrigida, Soc. Bíblica do Brasil
BCF – Versão Católica de Antonio de Figueiredo
NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional.