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N° 69 : “MARATONA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Agosto de 2012

Guor Marial é sudanês (sul) de nascimento, com 28 anos de idade; pertence à tribo Dinka.  Ele será o único competidor da maratona olímpica, neste Domingo, que não terá "pátria" com "bandeira" a representar; mas ele declara que espera chegar bem até ao fim, a despeito da severidade e da dureza da prova, que leva muitos a desistirem, pelo esgotamento do cansaço.  É que seu país – Sudão do Sul – não se fez representar oficialmente na competição mundial. Por isto, ele corre "hour concours". Sua bandeira não será nacional, mas internacional: Ele vai competir sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional.  Em 1994 (com 9 anos de idade), ele escapou de um massacre da guerra civil sudanesa, que dividiu o país em dois, e ceifou 28 membros de sua família.  Seus pais também conseguiram sobreviver, mas fazem 20 anos que ele não os vê. Do campo de refugiados, foi parar no Egito, e dali emigrou para radicar-se nos Estados Unidos. Por causa da demora da decisão do COI quanto ao seu inusitado pedido para competir, que só ocorreu após o início do certame, Marial não chegou a participar do desfile de apresentação. Sua participação ocorrerá em prol da paz mundial, e em honra aos dois milhões de compatriotas que morreram na guerra civil.  Confesso que, mesmo sendo brasileiro, chego a torcer por esse sudanês. 

A maratona olímpica tem sua origem inspirada na guerra greco-pérsica de 490 antes de Cristo. Os persas haviam jurado que, ganha a batalha da planície de "Marathona", viriam a Atenas, violariam as mulheres e matariam os filhos dos atenienses. Por isto, os gregos determinaram às suas esposas que, se não voltassem em 24 horas, elas próprias matassem seus filhos e suicidassem em seguida, para não dar aos inimigos sua honra. Os gregos ganharam a batalha, mas isto levou mais tempo do que o esperado. Temendo que suas mulheres já executassem o plano, o general Milcíades destacou o seu soldado e atleta Filípides, para correr até Atenas e levar a notícia às suas famílias, a fim de evitar a tragédia. Filípides já havia, durante a guerra, feito outras "maratonas": em dois dias, correu cerca de 240 quilômetros a Esparta e outras cidades, pedindo ajuda aos patrícios. Ele recebeu a ordem do general, e prontamente partiu acelerado para Atenas. Venceu os 42 quilômetros e 195 metros que separavam o campo de batalha da cidade a tempo de avisar as mulheres; no entanto, tão grande foi a fadiga do esforço, que só teve tempo de chegar e dizer – "vencemos!". E caiu morto… A maratona olímpica é uma prova em memória do primeiro 'maratonista', e também daqueles que correm por uma boa causa. Foi o que o histórico herói fêz! Basta ver como se dá, naquele longo percurso, para se perceber quão desafiadora, exaustiva, estafante mesmo, ela é… 

Há um outro "general" que tem uma convocação idêntica –  a de correr a maratona por uma boa causa. E essa convocação perpassa aos séculos. O arauto profético que transmitiu sua convocação colocou-a em palavras assim traduzidas: "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus " (Hebreus 12.1,2). 

Aliás, seu desafio a esse empreendimento "atlético" é delineado por contornos típicos.  Por outro intérprete da verdade, ele diz:
"Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis." (I Coríntios 9.24). Parece estranho, mas não é, por ser figura: se só um leva o prêmio, por que o imperativo plural, coletivo? E, quando ocorre a tentação de alguma desistência, de algum esmorecimento pelo caminho, sua voz ainda lembra : "Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?" (Gálatas 5.7).  Não pense que o tom da voz que pronuncia estas palavras é estritamente severo: ao contrário, sua severidade faz-se ouvir com ternura, com compaixão, com amor pelos ouvidos a quem se dirige. 

Já imaginou quantos corredores de maratona sentem a quase irresistível compulsão de parar pelo caminho? Diz-se que o primeiro terço da prova (14 km), é impeto pela vitória, com relativo 'conforto' sob os pés; no segundo terço (mais 14, até o 28° quilômetro), o corpo, o organismo inteiro está 'pedindo insistentemente para parar'; o último terço (que chega ao 42° quilômetro, mais 195 metros), é o trecho que exige uma disciplina mental rigorosa, para vencer todas as resistências que nervos, músculos, tendões e ossos opõem à continuação. Os maratonistas se gabam de que verdadeiros atletas são aqueles que vencem essas resistências, chegando ao final, mesmo não ganhando. Mas o texto lembra que, mesmo assim, só um leva o prêmio. 
Isto porque, na metáfora bíblica,  a corrida é individual, no meio de uma multidão de 'corridas individuais'. Neste caso, levar o prêmio é alcançar a 'linha de chegada' junto com Aquele que a demanda, Aquele que chama à corrida, tendo-o – o Autor e Consumador da Fé – como modelo e alvo.  Aliás, o mesmo texto de Hebreus acima compele a considerar que o nosso modelo singular suportou toda a oposição levantada contra Si, para exortar-nos:
"… para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas ". (Hb 12.3). Nossa maratona está aí – de Domingo a Domingo (ou de Segunda a Segunda, se preferir – há de compreender-se). O Autor e Consumador corre junto. Às vezes, ele corre sozinho, carregando-nos nos Seus fortes braços, para ajudar-nos a vencer qualquer trecho, em qualquer dos 'terços'…  De acordo com os textos (amparados por seus contextos), correr a nossa "maratona" e "levar o prêmio" envolve perseverança, envolve fidelidade ao Mestre, envolve auto-domínio ante o pecado e a transgressão da vontade de Deus, envolve imitação do nosso vitorioso Senhor. É assim que podemos fazer da nossa corrida individual, corrida por uma boa causa. 
Nela, estamos em boa companhia, embora invisível aos olhos da face (por enquanto) !  

Há um histórico cristão do país dos atuais Jogos Olímpicos que vem à minha mente, com o seu personagem alegórico: O "peregrino", de John Bunyan, também empreendeu uma longa jornada, cujo ponto de partida foi a "Cidade da Destruição", rumo à "Cidade Celestial", cujo final exigiu a travessia do "Rio da Morte", até alcançar a "terra de Beulah" (Isaias 62.4). A sua vitória passou a ser garantida quando ele foi livrado do seu pesado fardo às costas, e isto, quando defrontou-se com a cruz, a "rude cruz", a cruz de Cristo.   

Nosso hino de hoje lembra essa alegoria. Embora outro hino tivesse sido muito propício também à mensagem de hoje ("Não é dos fortes a vitória, nem dos que correm melhor, mas dos fiéis e sinceros que seguem junto ao Senhor"), acabei por escolher o "Near The Cross". Sua autora, como muitos sabem, enfrentou a cegueira ao longo da vida, a partir de seus 6 anos de idade, por causa da imperícia de um médico.  No entanto, a cegueira não lhe foi barreira para ter uma vitoriosa jornada em 95 anos de existência terrena junto ao Mestre.  Uma declaração dela própria, quanto ao fato: "Parece-me ter sido intencional, por parte da bendita Providência divina,  que eu deveria ser cega por toda a minha vida, e eu O agradeço por esta providência. Se perfeitos olhos terrenos me fossem oferecidos, eu não os aceitaria. Provavelmente eu não teria conhecido os hinos de exaltação ao meu Senhor, que Ele me deu a conhecer, compor e cantar, se eu tivesse sido distraída com eles.Figuradamente, o hino faz-nos pensar na vida como a "maratona" do Peregrino de Bunyan, em busca do alvo da rica fonte, ao pé da cruz, além do rio. O próprio empreendimento de sua busca, pela "maratona da vida", é a circunstância em que o Autor e Consumador da Fé se põe presente, junto, ao lado, a trazer-nos graça eterna e amparo diário. 

NEAR THE CROSS (1869)
QUERO ESTAR AO PÉ DA CRUZ

Frances (Fanny) Jane Crosby (1820-1915)  
Música de William Howard Doane (1832-1915)

 
1. Quero estar ao pé da cruz,
    De onde rica fonte
    Corre franca e salutar,
    Sobre o rude monte.
Côro:
    Sim, na cruz, sim, na cruz
    Sempre me glorio,
    Té que ao fim vá descansar
    Salvo, além do rio.
2. A tremer ao pé da cruz,
    Graça eterna achou-me;
    Lá a Estrela da manhã
    Raios Seus mandou-me.
3. Sempre a cruz, Jesus meu Deus,
    Queiras recordar-me;
    Dela, à sombra, ó Salvador,
    Queiras abrigar-me.
4. Junto à cruz, ardendo em fé,
    Sem temor vigio,
    Pois ao lar paterno irei,
    Salvo, além do rio.

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Abraços, boa semana, e exitosa "maratona", sob a "bandeira transnacional da terra de Beulah" !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional