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N° 42 : “ELE É QUEM PILOTA…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Janeiro de 2012

    Algumas histórias já ouvi, usadas como ilustrações de vida, retratos da confiança de um filho no seu pai. Conto-lhes mais uma, hoje.

   No dia 17 de Janeiro último, passei por uma experiência que me lembrou aquele dia de Setembro do ano passado, a colisão de múltiplos veículos na subida da via Imigrantes. Quem não se lembra? Houve reports que chegaram a mencionar centenas de veículos, sob chuva e neblina, com mais de 2 quilômetros de engavetamento. Recorri ao acontecido, numa das mensagens anteriores, naquela mesma semana de Setembro. Nessa Terça, dia 17 último, em que estava também subindo a Imigrantes. Comigo, Maiza (minha esposa) e Suzana (minha filha), no banco de trás, vindo de Bertioga a São Paulo, por causa do processo de mudança de Suzana e Thiago para a capital. No banco da frente, à minha direita, Ulissinho. Thiago já estava em SP desde o dia anterior. Já no começo da subida, ainda entre Guarujá e Santos, o céu ficou preto e fechado, com a tempestade que logo veio. Para quem se lembra, foi aquela terça em que a enorme tempestade inundou boa parte de São Paulo, de Santo André, de São Bernardo do Campo, e arredores. A subida ficou extremamente perigosa. A Anchieta já estava bloqueada, por causa de acidentes. A Imigrantes ficou sobrecarregada. Maiza e Suzana, no banco de trás, estavam assustadas; a vontade era que parássemos. Mas, parar como? De que jeito? Quem conhece a Imigrantes na serra, sabe o que estou dizendo.Quem lembra dos detalhes daquele acidente múltiplo, em Setembro (detalhes esses que não saíam da minha cabeça, enquanto subíamos) já percebeu o tamanho do risco.  Os que já estavam parados na lateral direita da pista – até ônibus e caminhões – certamente não estavam parados por opção, porque essa opção, ali, principalmente sob tais circunstâncias, é simplesmente a pior de todas. Eu olhava pelo retrovisor, e via duas faces tensas e assustadas. E não posso negar que eu mesmo estava tenso e preocupado. 

    O fato mais curioso foi quando olhei para o "passageiro" à minha direita. Há alguns dos que me lêem que não sabem: meu filho mais velho (na idade, 28) é autista. Sua idade mental ainda se encontra na fase da "primeira infância". Mas, se não fosse tomar tantas linhas (encompridando este texto), eu lhes demonstraria que ele não é, assim, tão inocente e ingênuo quanto a certos riscos. Entretanto, quando olhei para ele, a apreensão que ele esboçava, se esboçava, era um tanto leve e insignificante, para as circunstâncias. Maiza ainda comentou com Suzana: "É, porque ele confia no pai, que está dirigindo! " Pronto! Lembrei-me do que eu queria dizer. Precisamente isto, esta cena, esta percepção, estas palavras, que quero trazer à tona, para o que quero dizer. Uma circunstância que me faz pensar em dois quadros opostos, e em contraste. Um quadro, analogia da vida de quem não tem a Deus por Pai, e não conta com Ele para as "Imigrantes sob tempestades" da vida. Sim, porque a nossa vida, isto é, a de todos nós, tem seus momentos ensolarados, tem seus momentos de brisa fresca, mas também tem seus momentos de tempestade e vendaval. Quão terrível é atravessar tais momentos sem ter a certeza de que há um Pai "com a mão no volante", com a mão no "timão" (como disse meu irmão, nesta semana, à minha filha). E quão inútil é atravessar a bonança e a brisa fresca, sem perceber Aquele que ambos os contextos proporciona. Andar pela bonança com auto-confiança parece ser bom. Mas é quando vem a tempestade, em meio às carretas e os "bi-trens" desenfreados, os quais parecem querer nos "engolir", que sentimos a nossa mão precisar da "mão-que-vem-de-cima". 

    O outro quadro é este: saber que, na bonança ou na tempestade, na brisa ou no vendaval, sozinhos na estrada ou no meio dos "monstros sobre rodas", a "mão-que-vem-de-cima" está ali, segurando sempre a nossa mão. Isto, lamentável dizer (mas, necessário dizer) é privilégio de "filho". E "filho", não é qualquer um (não, do ponto de vista natural)… "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber, os que crêem no Seu Nome" (Jesus, em João 1.12) Então, nesse quadro, nesse cenário, é um privilégio sentir como aquele meu "passageiro" da direita. Sabe, há duas maneiras pelas quais aprendemos a confiar em Deus: pela experiência e pela Sua Palavra. Contudo, a experiência, sozinha, não traz "seguridade" à confiança – ela fica volátil ! Não tem "âncora". A Palavra de Deus, com seus ensinamentos precisos e suficientes sobre Deus, traz significação à experiência. Tem de ser assim. Ela é a "âncora" (Hebreus 6.19). Meu filho autista, se é que confia em mim, confia pela experiência. Mas ele é autista. A "infância" não sai dele. Os que confiam no Senhor, é que "são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece firme para sempre" (Salmo 125.1) são aqueles que moldam a sua experiência à Palavra, simplesmente porque esta também  permanece  para sempre (Salmo 119.89). Por isto, o profeta trouxe aos "filhos da Aliança" a lembrança dos firmes propósitos divinos, falando assim: "Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei; não temas, porque eu sou contigo. Não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel." (Isaías 41.9-10)Nada como ter a Deus por Pai, confiar que Ele anda conosco, e que nos dirige, tanto na bonança quanto na tempestade. Nada como saber que Ele pilota… Como diz o antigo cântico infantil: "Meu barco é pequeno, e grande é o mar, Jesus segura minha mão. Ele é o meu piloto, e tudo vai bem, na viagem prá Jerusalém" (Jerusalém, aqui, é a metáfora do  céu – Gálatas 4.26; Hebreus 12.22; Apocalipse 21.2).

    Falando em cântico (e em barquinho), aqui vai o que desfecha a mensagem de hoje. A autora era esposa do ministro metodista John D. Wilson, na Pensilvânia. As lutas do ministério, junto com aquelas da lida familiar, eram sempre intensamente compartilhadas pela esposa. Também o era a deposição dessas lutas diante do Todo-Poderoso, em oração. Numa dessas épocas, sentindo como se estivessem num pequeno barquinho no meio de um mar revolto, o texto bíblico lido em Isaias 41.10 (aquele, de linhas acima) trouxe a Emily um grande conforto, conforto esse que ela partilhou com o esposo. Da letra da Palavra de Deus à letra do hino foi pouco tempo que passou, logo a seguir. Ao piano, acrescentou Emily a música, e então temos esse belo hino em versão de língua portuguesa. Infelizmernte, a versão não captou precisamente o sentido da última estrofe, que aqui tento captar (mesmo sem rima):

Quando eu chegar ao Rio Jordão
E suas turvas águas eu ver
Na beirada, verei meu Salvador
E – eu sei – [também ali] Ele há de me pilotar

[“Rio Jordão” é mais uma metáfora inspirada na Bíblia, porquanto foi a última travessia dos filhos de Israel, antes de tomar posse da “terra prometida”]

I WILL PILOT THEE
OH, NÃO TEMAS, SOU CONTIGO (1895)
Emily Divine Wison (1865-1942)

1. Se a fé por vezes falta, 
   Quando o sol não posso ver, 
   A Jesus eu digo humilde: 
   Oh, vem meu piloto ser…

CORO: "Oh, não temas, sou contigo, 
      Teu Piloto até o fim!
      Não te importes com o perigo – 
      Eis a mão, confia em Mim.
"

2. Quando a tentação me envolve 
   E não posso a Cristo ver,
   Eis que em meio à tempestade, 
   Ouço o Salvador dizer:

3. Quando a alma está ferida 
   Pelas ondas da aflição, 
   Volvo o olhar ao meu Piloto, 
   E este canto escuto então:

4. Se do mar à praia chego, 
   Mesmo havendo turbilhão, 
   Vejo meu Piloto ao lado,
   Creio em Sua direção.

Em inglês :

Sometimes when my faith would falter
And no sunlight I can see
I just lift my eyes to Jesus
And I whisper, "pilot me."

    "Fear thou not for I'll be with thee
    I will still thy Pilot be
    Never mind the tossing billows
    Take my hand and trust in Me
"

Often when my soul is weary
And the days seem oh! So long…
I just look up to my Pilot
And I hear this blessed song

When I come to Jordan's river
And its troubled waters see
On the brink I'll see my Savior
And I know He'll pilot me

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses.

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional