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Nº 251: “MISSÃO DE MATERNIDADE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 08 de Maio de 2016

Ártemis, no Olimpo, filha de Zeus e Leto, irmã gêmea de Apolo, também chamada de Diana pelos latinos, era a “deusa” grega da fertilidade, da concepção, da caça, protetora dos animais e das meninas. As mulheres de Éfeso eram religiosamente induzidas a depositar nela sua esperança e confiança em ter uma “boa hora”, um bom parto.  Na Espanha medieval, a figura mitológica foi substituída pelas primeiras venerações à “Nossa Senhora do Bom Parto”, naquele tempo chamada de “Nossa Senhora do Ó” (em São Paulo, a capela de um bairro, dedicada a esse ícone de Maria, originou o próprio nome do bairro – “Freguesia do Ó”).

Quando o apóstolo Paulo escreveu a primeira carta pastoral ao seu discípulo Timóteo, estava este na Éfeso de Diana, Ártemis. Na carta, dirigiu ele ao pastor diversas instruções sobre como pastorear os cristãos efésios. Entre as instruções, algumas dirigidas às mulheres (especialmente no capítulo 2, versos 9 a 15). Quero dedicar atenção especial aos versos 14 e 15, que vou, aqui, reproduzir em tradução livre, do grego: “E, Adão não foi seduzido; a mulher, sim, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia, ela se redimirá, em sua missão de maternidade, se resignar-se no exercício da fé, do amor e da santidade”.

O que é a “missão da maternidade”? É gestar um (ou mais) filho. A gestação é a primeira fase da missão; árdua, penosa, mas graciosa e gratificante, proeminente, destacada, galardoada. É, também, conceber o(a) filho(a); esta segunda fase também é penosa, preocupante, às vezes muito desconfortável e desgastante… Mas, também é ilustre, é privilegiada, é sublime, mais do que todas as coisas deste mundo.

Numa terceira fase, essa missão implica em amamentar; esta fase representa algo que a mãe mais vai fazer por seu filho(a) em toda a vida: dar de si, por ela(a)! A quarta fase da “missão” é a administração da infância: alimentar, instruir e educar, ensinar a andar sobre os próprios pés, ensinar a relacionar com os semelhantes… A fase, em si, é uma poesia, o que faz das minimamente hábeis nela verdadeiras poetisas.

A quinta fase da “missão” é complicada e conflitante: nenhuma mãe consegue lidar facilmente com ela. É a fase em que começa o desgarramento… Seu ‘bezerrinho’ (ou seria um ‘cabritinho’, uma ‘cabritinha’?) já não mais anda só juntinho com a mamãe; descobriu o senso de ‘libertação’. No entanto, o senso da "missão" não lhe traz qualquer alteração de essência: é a mesma missão de mais de dez anos passados.  

Chega a pior fase da “missão”: parece que o desgarramento se tornou inevitável… Apareceu um 'usurpador' (ou uma 'usurpadora') a tomar-lhe ‘a propriedade’ (“Assim, deixará o homem a seu pai e à  sua mãe, e se unirá à sua mulher…”). Variam as maneiras de lidar com a situação, mas a “missão” continua, porque é para a vida toda, entende ela.

E depois? Já que a “missão” é para a vida toda, não será o  desgarramento que vai mudar, radicalmente, a ‘missionária’; ou, encerrar sua “missão”… O jeito é adaptar-se à situação, ao novo quadro. E há, não poucas, que se adaptam maravilhosamente bem, porque descobriram, com sabedoria, os requisitos e os papéis da nova fase da “missão”.

Mas, Paulo, o apóstolo, não explicita tudo isso; faço-o eu, no meu devaneio hermenêutico sobre uma única expressão: “missão de maternidade”. Diz mais o que, o apóstolo? Diz que essa “missão”, para a mulher, é uma espécie singular (e também sublime) de redenção: ela se redime de ter sido, através de Eva, enganada e iludida, levando seu marido à queda. E mais um pouco: diz que há uma condicionante, para a “missão” valer, para ela, como redenção: se resignar-se no  exercício da fé, do amor e da santidade. Fé, Amor e Santidade!!! Três palavras, três virtudes, três exercícios, três exclamações. Já dizem tudo.

Não diz o apóstolo que a maternidade própria é um caminho único para tal espécie de “remissão”. Seria um contracenso, especialmente conhecendo tudo o mais quanto ele ensina nesta seara. Ele usa uma linguagem genérica. Aquelas que não têm o dom pessoal da maternidade não devem se sentir de fora; não estão alijadas. Há ‘corredores’ próprios nesse pavilhão para o exercício resignado da fé, do amor e da santidade, que faz muito bem aos filhos, ainda que não sejam propriamente seus. Não estou falando de gatinhos e cãezinhos (sem nenhuma restrição ao cuidado pelos animais). Estou falando de uma capacidade e uma sensibilidade superiores que estas recebem, do Criador, para serem hábeis preceptoras de filhos alheios, como se fossem seus. Nisto, também se redimem, em sucessão a Eva.

“Missão de maternidade”: excetuando a Missão Maior, a do Filho de Deus em favor da humanidade perdida, compartilhada com Seus seguidores, não há, no mundo, outra maior!    

Para celebrá-la, homenageando as mães, deixo mensagem musical sobre o amor de Deus, do qual o materno é a mais perfeita figura terrena. Seu compositor clamou pelo amor remidor de Deus quando ainda estava atrás das grades de uma prisão. Ao ouvir o hino, você poderá ter uma idéia sobre o que pensou e sobre o que vislumbrou, no futuro, quando passou pelas portas da prisão, libertado.

GRANDE AMOR, SUBLIME, ETERNO
HE THE PEARLY GATES WILL OPEN (1917)
[Ele Abrirá as Brilhantes Portas ] Frederick Arvid Blom (1867-1926)

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Bom Domingo, até a próxima!!… (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional