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N° 16 : “AOS PÉS DE QUEM?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 17 de Julho de 2011

O mundo está enchendo-se de "gurus". Cada dia surge um novo. A TV tem os seus… A internet também. A literatura está farta deles. A Ciência, nem se fala… Até a Política está recheada de gurus…

    Um "Richard Dawkins" para alguns, que se enchem de brio (letal) quando este se inflama a designar "Deus" como um "delírio humano", e a "religião", como a "raiz de todos os males". Um "Lula" para multidões que, sem muito norte na vida, se auto-glorificam na figura de apedeuta de suposto sucesso internacional (até Obama o decantou entre pares…). Um grande comunicador aqui, um outro ali, e o número de ídolos dos meios de comunicação é uma "questão de múltipla escolha" (ponha "múltipla" nisso…). Talvez o nome de Julian Assange não te seja tão familiar, logo à primeira vista; mas, se menciono junto o nome "Wikileaks", pronto: quem não se lembra do "homem-quase-deus" que desbancou segredos de estado trancados a sete chaves, apenas com os truques da internet (e uma ajudazinha de alguns seguidores)… Espanto: depois que foi preso, multiplicaram-se os seus grupos de apoio e de seguidores ao redor do mundo.  Parece que o ser humano se "desmama" para a sua emancipação cultural e intelectual através da infiltração de idéias, conceitos, e até trejeitos próprios de seus ícones. Mal nos surpreendemos a nós mesmos, e nos vemos imitando "gurus"; alguns, bons de serem imitados, outros – maioria – não! Quando a vaidade é exacerbada, a mente e o coração do homem são arrebatados a uma inversão das posições: "de agora em diante, quero deixar de imitar, e passar a ser copiado". Isto equivale à investida numa nova fase, tácita: "de agora em diante, 'guru' também serei!"

   Me lembro de um dos meus valorosos professores, quando quis ilustrar essa realidade humana. Se não me falha a memória, citou ele um dos netos (ou netas), acompanhando a ele próprio e sua esposa no supermercado. Enquanto a esposa olhava com atenção os produtos, pegando com as mãos e examinando com os olhos, ele, sem nada pegar, andava pelos corredores, com as mãos para trás, andar taciturno, olhando aleatoriamente as gôndolas. De repente, ficou admirado ao olhar para trás de si, e viu o neto (ou neta, não me lembro mais, já fazem tantos anos…) andando pelos corredores, poucos passos atrás dele, com o mesmo tipo de andar taciturno, mãos para trás, sem nada pegar (raridade, para crianças), olhando sabe-se lá o que em cada prateleira. Cena quase perfeitamente reprisada. É o jeito humano de ser: imitador por natureza. Talvez por tais tipos de coincidências alguns estejam ainda convencidos de que o homem veio do … … … macaco. 

    Me lembro de uma história que uma tia sempre contou: Certa vez minha mãe lhe cedeu o filho (eu) para passar com ela alguns dias, distante de casa… Na hora de pegar o ônibus, o pequeno "Ulisses", com seus 3 para 4 anos de idade (obviamente ainda analfabeto), fez o mesmo que o tio acabara de fazer: 5 passos à frente do ônibus, para olhar o rótulo do mesmo e conferir o destino. Dizia ela, sempre achando graça: "Como quem soubesse ler alguma coisa, foi lá à frente do ônibus, conferiu o letreiro e, como alguém decidido, seguiu atrás do tio e da tia, a entrar no ônibus, como se já convencido – é esse mesmo!" Penso que todos nós podemos nos recordar de modelos que nos moldaram em alguma medida. Até hoje me vejo, vez por outra, usando o modo peculiar que meu avô usava para endireitar calça e cinto, ao mesmo tempo, junto à cintura, sem usar as mãos – somente os carpos. Modelos: se forem bons, nada de mal (muito pelo contrário). Até Paulo disse : "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo" (I Coríntios 11.1)

    Falando nisto, aí está a boa dica. Eis aí o melhor modelo. Certa vez, num discurso de paraninfo aos meus alunos "paraninfados", disse-lhes que a última aula iria começar depois da formatura. Disse-lhes também que o "plano de aulas" eu lhes daria naquele mesmo momento, sem mais demoras: "Esquadrinhem os evangelhos, escrafunchem os quatro do começo ao fim; detraiam deles todas as virtudes e todas as características pessoais do Mestre, do Senhor Jesus Cristo.Daí por diante, imitem-no. Será a última aula, mas sem hora para tocar a campainha de término." Sim, porque, neste mundo, podemos nos desapontar com nossos modelos, até aqueles que reputávamos "os bons" de se imitar. Mas, há um com quem jamais se desaponta – o Mestre por excelência. Policarpo de Esmirna, ante a fogueira que lhe esperava, ante os oficiais romanos que lhe prometeram libertação, se apenas exconjurasse de Jesus Cristo, respondeu corajosamente: "Há mais de 80 anos que O sirvo, e ele jamais me dasapontou; como o desapontaria eu a esta altura?" Foi o que faltou para ser lançado às chamas.

    O registro de Lucas 10.38-42 é, por demais, tangente. Enquanto Marta andava de um lado para outro, em torno de seus muitos afazeres, Maria quedava-se aos pés de Jesus, a ouvir-lhe os ensinamentos.

Para mim, nunca pareceu que este texto (as palavras de Jesus) incriminaram Marta por causa do grau de responsabilidade com que procurava desincumbir-se de seus muitos afazeres. Entretanto, levar uma repreensão ao Mestre, porque concordava este que Maria nada estivesse a fazer junto dela, senão apenas "quedar-se junto aos seus pés a ouvir-lhe os ensinamentos", já soava demais, além da conta. Daí, recebeu uma repreensão do Mestre! "… pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa". Foi o que Jesus lhe demandou compreender. A melhor parte, escolhendo entre muitos afazeres e o "quedar-se aos pés" do Mestre, foi a escolha de Maria, não de Marta. Quem teria sido o modelo de Marta? O que Maria escolhera para si, já estava claro, evidente! Também nós precisamos nos aplicar no melhor juízo das melhores "coisas" ou "partes", para resultar nas melhores escolhas, para usufruir os melhores benefícios. A propósito, que tal fazermos, cada um de nós, uma séria avaliação das nossas escolhas de modelos, e das nossas escolhas de dedicação e devoção?

   Há um autor desconhecido, que o meio musical evangélico contemporâneo só pôde conhecer por suas iniciais. Mas, a sua poesia captura isto com maestria. Sua base foi esse relato do evangelista Lucas. Ela segue abaixo, certamente composta no terceiro quadrante do século XIX. A música foi composta por seu contemporâneo, Asa Hull, nascido em New York em 1828, e falecido por volta da virada do século. Ouça através do nosso áudio player online a interpretação do grupo Bill Gaither and Homecoming Friends. Abaixo, sua letra, e uma pequena ajuda para os que não puderem discernir a língua original.

SITTING AT THE FEET OF JESUS- 1970
PERMANECENDO AOS PÉS DE JESUS
J. H. T. &  Asa Hull (alguma data no terceiro quadrante do séc XIX)

Sitting at the feet of Jesus,
Permanecendo sentado aos pés de Jesus
Oh, what words I hear Him say!
Oh, que palavras ouço-lhe dizer
Happy place! So near, so precious…
Que feliz lugar! Tão íntimo, tão precioso…
May it find me there each day;

Que possa eu ser lá achado, a cada dia;
Sitting at the feet of Jesus,
Permanecendo sentado aos pés de Jesus,
I would look upon the past,
Olharia eu para o passado,
For His love has been so gracious;
[Reconhecendo que] seu amor tem sido tão gracioso;
It has won my heart at last.
Afinal, conquistou meu coração.

Wesley Pritchard + Joy Gardner + Stephen Hill
Sitting at the feet of Jesus,

Permanecendo sentado aos pés de Jesus
Where can mortal be more blest?
Onde pode, um mortal, ser mais abençoado?
There I lay my sins and sorrows,
Ali deponho meus pecados e minhas tristezas
And, when weary, find sweet rest;
E, quando fragilizado, [ali] encontro doce descanso;
Sitting at the feet of Jesus,
Permanecendo sentado aos pés de Jesus,
There I love to weep and pray
É onde eu amo colocar-me em contrição e oração
While I from His fullness gather
Enquanto eu obtenho, de Sua plenitude,  
Grace and comfort every day.

Graça e conforto a cada dia.

Bless me, O my Savior, bless me,
Abençoa-me, oh meu Salvador, abençoa-me
As I sit low at Thy feet
Ao assentar-me quedado aos teus pés
Oh, look down in love upon me,
Oh, deriva [dos céus] o teu olhar de amor sobre mim
Let me see Thy face so sweet;
Permita-me contemplar tua tão doce face 
Give me, Lord, the mind of Jesus,
Dá-me, Senhor, a mente de Cristo
Keep me holy as He is;
Guardando-me santo como Ele é;
May I prove I’ve been with Jesus,
Que eu possa estar convicto de estar com Jesus 
Who is all my righteousness!
O qual é toda a Justiça para mim!
(Repete-se)

Sitting at the feet of Jesus  … !!!

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional