Agora no portal:

N° 266 : “CANONIZADOS TAMBÉM?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 04 deSetembro de 2016

 

 

Na data  de hoje, lá na Cidade do Vaticano, o bispo romano chamado de “Papa” canoniza Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), às vésperas de seu aniversário póstumo. Nascida na cidade macedônica de Escópio, que então pertencia ao estado do Kosovo dominado pelos turcos, sob o nome de Anjezë Gonxhe Bojaxhiu, tinha ela pais albaneses. Sua fama se propagou a partir do trabalho de caridade na índia, país onde se naturalizou. Sob a alegação de que houve curas miraculosas em enfermos graves, curas estas ocorridas pelo suposto concurso de suas graças medianeiras, após a morte da freira, Jorge Mario Bergoglio (Francisco I) declarou “canonizada” a religiosa.

A canonização é um instrumento previsto no Código de Direito Canônico da Igreja Católica Apostólica Romana, que dá poderes ao Papa para declarar e certificar alguém como “santo”. “Santo”, nessa linguagem, é alguém que passa a merecer culto na forma de veneração (dulia) dos fiéis da igreja, sendo capaz de interceder junto a Deus (postumamente), obtendo graças aos seus devotos. A palavra canonização vem da palavra grega cânon, que significa regra.

Segundo o processo concluído no Vaticano, Madre Teresa é responsável pela cura miraculosa de uma indiana, em 2003, e de um brasileiro, em 2008. Chegando perto do quinto centenário da Reforma, é bom que se ressalte que parte do cristianismo, a ala reformada, se afastou de tal dogma e prática (dentre outros), por identifica-lo como altamente conflitante com o ensino da Escritura. No sentido estrito, portanto, canonização ‘promove’ alguém à condição de intercessor e intermediário de graças junto ao trono divino. No sentido amplo, porém, significa atribuir a alguém o caráter de “santo”. Pelo catálogo do Vaticano, já são mais de oito centenas.  

E o que diz a Escritura Sagrada sobre os “santos”? Excetuando as citações sobre Deus, que é santo no caráter absoluto, referências aos santos são muito numerosas. Mesmo no Antigo Testamento, já são identificados com todos os que cultuam a Deus na terra (Salmo 16.3), com os que cantam salmos a Deus e oferecem graças ao Seu Nome (Salmo 30.4), com os que temem ao Senhor antes que morram (Salmo 34.9), com os que recebem o  favor e o amparo divino (Salmo 37.28), com os que herdarão o reino eterno de Deus (Daniel 7.18), com todos os que retornarão com Cristo para o Dia do Juízo Final (Zacarias 14.5). Excetuando os livros apócrifos, que o Romanismo converteu, de “deutero-canônicos” (“supostamente canônicos”) em canônicos no Concílio de Trento (1546-1563), não há um único texto bíblico no Antigo Testamento que autorize a identificação especial que leva à canonização similar à de Madre Teresa.

No Novo Testamento, a fartura de textos que identificam os “santos” com todos os fiéis crentes em Cristo é ainda maior. O apóstolo Paulo chama de “santos” aqueles cristãos aos quais perseguiu e levou à prisão (Atos 26.10); chama também de “santos” os irmãos que receberiam a oferta beneficente que ele levaria a Jerusalém (Romanos 15.25). Aos coríntios, esclarece que os “santos” são aqueles, remidos em Cristo, chamados para viver de um modo diferente (repito – DIFERENTE!): “Paulo… apóstolo… aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor em qualquer lugar deles e nosso” (I Coríntios 1.2, BCF).

Aí está uma indicação, uma identificação, distintiva e comprometedora. Distintiva, porque identifica quem são os santos, os quais o são por serem separados e chamados para a comunhão santificadora de Deus. Comprometedora, porque são santificados para se santificarem… Chamados para ser santos. Por isto, “modo diferente”.

Não há muitos cristãos, hoje, aspirando ser santos, aspirando andar em santificação. Não há muitos cristãos, hoje, aspirando viver de modo diferente – diferente do mundo, diferente dos ‘iguais’, diferente de quem antes eram; antes de conhecerem a Cristo. Cristo chama cristãos, não à canonização, mas à santificação: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente, na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquEle que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento; porque está escrito: ‘Sede santos, porque Eu sou santo” (I  Pedro 1.14-16, ARA).        

Canonizados também? Naquele sentido, do Direito Canônico romano, estaríamos fora! E, de fato, estamos… Porém, no sentido bíblico, se alguém estiver fora, é porque não pertence a Cristo; se pertence a Cristo, é “santo”, chamado para santificação, para nova vida, em Cristo!  Qual o padrão de comparação, de referência? Ninguém menos do que o Santo: Deus! Ser santo, no sentido bíblico, é procurar, tenazmente, diariamente, ser imitador de Deus! Sem outra escolha!

Convido seus ouvidos a ouvir a mensagem cantada sobre o Santo, na antiga interpretação a cappela dos Arautos do Rei, com a memorável composição do grande Franz Schubert (1797-1928).

Ouça, com nosso

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
 

Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional